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As temáticas contidas no questionário advêm, como visto, da revisão bibliográfica efectuada e pretendem responder ao objectivo do trabalho. Segundo Fowler (1998) existem cinco critérios que são fundamentais para avaliar a qualidade das questões:

• As questões devem de ser compreensíveis;

• As questões têm que ser correctamente administradas ou comunicadas aos inquiridos;

• O que constitui uma resposta adequada deve ser claramente comunicado ao inquirido;

• A menos que o objectivo seja medir o conhecimento, todos os inquiridos devem ter acesso à informação necessária para responder correctamente à questão;

• Os inquiridos devem estar aptos a responder às questões colocadas.

Se as questões obedeceram a estes cinco princípios, o questionário estará apto a ser colocado em prática. Para verificar se as questões do questionário obedeciam a estas condições foi aplicado um pré-teste que confirmou a adequação do questionário para os fins pretendidos (ver ponto 5.2). Neste questionário optou-se por colocar questões abertas para suscitar respostas mais variadas e perguntas fechadas que facilitam o tratamento e

análise dos dados. Antes de se explicar o modo de aplicação do questionário, descrever-se- ão as questões que foram utilizadas e a forma da sua operacionalização.

a) Dados sócio-demográficos:

• Nacionalidade - questão aberta;

• Distrito de residência - questão aberta, colocada apenas aos inquiridos de nacionalidade portuguesa;

• Habitat - questão fechada, com as opções: “cidade”, “vila” e “campo” indicada apenas nos questionários dedicados aos pedestrianistas;

• Sexo - questão dicotómica com as opções feminino e masculino;

• Nível de instrução completo -questão fechada com as opções, “nenhum”, “escola primária”, “ensino preparatório”, “ensino secundário/ técnico-profissional”, “ensino superior”, “outro” (qual);

• Profissão - questão aberta

b) Comportamento geral de viagem

• Distribuição das férias ao longo do ano - questão fechada (“Janeiro”, “Fevereiro”, “Março”, “Abril”, “Maio”, “Junho”, “Julho”, “Agosto”, “Setembro”, “Outubro”, “Novembro” e “Dezembro”);

• Actividades desenvolvidas ao longo das férias -questão com uma escala de Likert com uma classificação de 1 (muito poucas vezes) a 5 (sempre). Após uma revisão bibliográfica considerou-se pertinente analisar um conjunto de itens ligados a actividades efectuadas durante uma viagem turística. Segundo Lang et al (1993) identificar segmentos com base em actividades turísticas é muito interessante para se poder desenvolver pacotes turísticos. Assim escolheu-se um conjunto de actividades propostas num estudo realizado por estes autores e que tinha como base uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto35. Tendo como base esses itens, pediu-

se a um grupo de 20 pessoas que variavam entre pessoas que frequentam trilhos pedestres e não utilizadores desta infra-estrutura para escolherem 18 actividades

35 Este estudo tinha como finalidade identificar segmentos por actividades no mercado de mulheres japonesas que faziam viagens transatlânticas.

que gostam ou gostariam de praticar numa viagem turística (ver Tabela 2). Com base na preferencia indicada por parte de, pelo menos, 50% do grupo em análise.

Tabela 2: Actividades desenvolvidas numa viagem de turismo

Itens Itens

1- Assistir a concertos 20- Passeios pelo campo

2- Assistir a festivais 21- Visitar locais com natureza selvagem

3- Assistir e eventos desportivos 22- Visitar parques naturais/ florestas

4- Escalada/ caminhadas 23- Visitar parques temáticos

5- Conhecer os habitantes 24- Jogar/ frequentar casinos

6- Restaurantes/ comer fora 25- Visitar familiares e amigos

7- Pescar 26- Visitar galerias e museus

8- Pequenas visitas guiadas 27- Visitar montanhas

9- Praticar golfe/ ténis 28- Visitar locais de entretimento

10- Praticar equitação 29- Visitar o litoral

11- Caçar 30- Visitar locais históricos

12- Observar a natureza 31- Visitar locais comemorativos

13- Provar comida típica local 32- Visitar locais arqueológicos

14- Fazer compras 33- Visitar locais militares

15- Visitar cidades 34- Visitar locais com um ponto cénico de marcada

importância

16- Praticar ski 35- Desportos náuticos

17- Apanhar banhos de sol/ actividades de praia 36- Visitar termas

18- Nadar 37- Fazer um passeio panorâmico de um dia de barco,

comboio, autocarro

19- Tirar fotos/ filmes 38- Fazer um cruzeiro nocturno

Nota: as actividades que se encontram a azul são as actividades escolhidas para integrarem o questionário

c) Motivação geral de férias

Segundo Ryan (1994), a motivação é um dos factores mais relevantes num estudo do comportamento do turista. Para este questionário utilizou-se uma questão fechada (ver Tabela 3) com base em várias classificações de motivações utilizadas por diversos autores.

Tabela 3: Motivações

Temáticas Itens Físicas (McIntosh e Goeldner, 1995) Descansar e recuperar

Desporto e actividade física Culturais (McIntosh e Goeldner, 1995) Visitar novos locais

Aprender e experimentar culturas novas Interpessoais (Fridgen, 1991) Conhecer novas pessoas

Visitar familiares e amigos Escape (Crompton, 1979) Escapar à vida quotidiana

Outras Negócios e incentivos

Outro (qual)

d) Preferência por um determinado tipo de paisagem

Os conceitos foram operacionalizados com base num estudo efectuado pela Universidade de Execter (Burton, 1995) em que se pretendiam averiguar as preferências paisagísticas dos inquiridos. Dos termos utilizados nesse estudo adaptaram-se os seguintes itens:

• Paisagem preferida – questão fechada com os seguintes itens: “paisagem selvagem (não alterada pelo homem)”, “paisagem semi-natural mas humanizada”, “paisagem urbana”.

• Paisagem natural – questão fechada com os seguintes itens: “paisagem com pontos elevados (serra, montanha,...)”, “paisagem com arvores”, “paisagem com água (cursos de água, cascatas,...)”, “praia”, “paisagem com pouco relevo (planície,...)”, “paisagem agrícola variada”.

e) Comportamento ambientalmente responsável

Identificou-se um conjunto de afirmações que descrevem acções individuais quotidianas ligadas à preservação da natureza no quotidiano. As afirmações têm como base os critérios utilizados para o cálculo da pegada ecológica, nomeadamente, alojamento, alimentação, transportes, consumo, resíduos (ver Capítulo 3). Esta questão foi desenvolvida com uma escala tipo Likert, com uma classificação de 1 (muito poucas vezes) a 5 (muito frequentemente).

f) Percepção afectiva face à natureza

Esta escala tipo Likert com uma classificação de 1 (discordo plenamente) a 5 (concordo plenamente), foi desenvolvida com base em estudos efectuados por Russel e Lanius (1984) e por Stephen e Rachel Kaplan (1982 citados por MacAndrew, 1993)36. Estes autores identificaram em vários estudos a existência de oito dimensões de percepção afectiva

(“estimulo”, “excitação”, “agradável”, “relaxante”, “medo”, “ansiedade”, “aborrecimento”

e “mistério”). A escala integrada no presente questionário permite indicar o grau de concordância com um conjunto de afirmações que reflectem estas dimensões afectivas.

g) Comportamento do pedestrianista

• Motivação para frequentar um trilho pedestre – questão semi-aberta (ver quadro 10), com apenas uma opção de resposta e que tem como base dados adquiridos num estudo exploratório (ver pagina 126);

• Principal fonte de informação – questão semi-aberta constituída pelos seguintes itens: “Agências de viagens”, “TV”, “mapa”, “recomendações de familiares e amigos”, “rádio”, “guia turístico”, “feiras/ eventos promocionais de turismo”, “brochura”, “Internet”, “Jornais/ Revistas”, “outro (qual) ”.

• Principal meio de transporte – questão semi-aberta constituída pelos seguintes itens: “automóvel próprio”, “moto/Motorizada”, “automóvel de familiares e amigos”, “veículo de aluguer com motorista”, “automóvel de aluguer sem motorista”, “transporte público”, “outro tipo de transporte (qual) ”.

36 Stephen e Rachel Kaplan (1982 citados por MacAndrew, 1993) desenvolveram um modelo que representa as dimensões da sensibilidade estética que o homem tem perante o ambiente natural. Segundo estes autores existem quatro factores que determinam a nossa reacção perante o ambiente: "coerência", "clareza", "complexidade" e "mistério". O factor coerência está ligado à forma como a cena está organizada e como o conjunto funciona como um todo. A complexidade reflecte a variedade de elementos que se encontram numa cena. A clareza e o mistério são propriedades que contemplam experiências futuras no ambiente. A clareza é o grau com o qual um ambiente pode ser analisado rapidamente, ou a propensão de alguém o poder explorar sem se perder. O mistério implica que uma cena contém mais informação do que aquela que pode ser vista num determinado momento, e que a pessoa pode aprender muito mais acerca do ambiente, caminhando por ele e explorando-o. Segundo MacAndrew (1993) muitos autores indicam que as pessoas percebem o mistério como uma qualidade distinta das paisagens naturais e que sentir mistério numa paisagem aumenta bastante a atractividade desta, excepto quando o mistério está associado a medo.

• Constituição do grupo de viagem – questão semi-aberta constituída pelos seguintes itens: “sozinho”, “com amigos”, “casal”, “casal com filhos”, “casal com filhos e outros familiares”, “com familiares e amigos”. E, ainda por uma questão aberta: n.º de pessoas do grupo.

• Forma de organização da visita – questão semi-aberta constituída pelos seguintes itens: “Agência de viagens / operador turístico”, “através do convite de um amigo residente”, “viagem colectiva organizada (excursão)”, “não foi feito qualquer tipo de planeamento com antecedência”, “outro (qual)”. Se os inquiridos escolhem a opção viagem colectiva organizada ainda podem indicar se a fizeram através de “escola/ universidade”, “pessoa individual”, “associação recreativa”, “Câmara Municipal” ou “outra entidade”.

• Alojamento – questão semi-aberta constituída pelos seguintes itens: “Hotel” e respectiva classificação, “Pensão/Albergaria” e respectiva classificação, “Turismo em Espaço Rural (Turismo de Habitação, Agro-turismo, Turismo de aldeia, Casa de Campo)”, “Estalagem”, “Motel”, “Pousada”, “Parque de Campismo”, “Casa de Familiares e Amigos”, “residência Secundária”, “outro (qual)”.

• Distancia do trilho pedestre – questão fechada com os seguintes itens: “Menos que

1 KM”, “entre 1 a 10 Km”, “entre 11 a 20 Km”, “entre 21 a 30 Km”, “mais de 30 Km”.

• Padrão dos gastos - questão fechada com os itens: “nada”, “0 a 10” de “10,1 a 25”, “25,1 a 50” de “50,1 a 75” de “75,1 a 100”, “mais de 100” e “não sabe”.

• Atributos importantes para visitar um trilho pedestre – escala de Likert com uma classificação de 1 (nada importante) a 5 (muito importante). Estes itens foram escolhidos tendo como base o estudo exploratório indicado na página 125. Esta questão é constituída pelos itens indicados no quadro 11.

• Factores constrangedores para a visita de um trilho pedestre – escala tipo Likert de 1 (muito inibidor) a 5 (motivador). Estes itens foram escolhidos tendo como base o estudo exploratório indicado na página 125. A questão é constituída pelos itens indicados no quadro 11.

• Aspectos que poderiam ser melhorados num trilho pedestre – questão semi-aberta que tem como base o estudo exploratório indicado na página 125, constituída pelos itens indicados no quadro 11.

Quadro 11: Itens recolhidos no estudo preliminar

Principais motivos para frequentar um trilho pedestre Atributos importantes para visitar um trilho pedestre

Actividade física Respirar ar puro Beleza paisagística

Conhecer e interpretar o meio ambiente Calma/ sossego

O gosto pelos espaços verdes/ natureza Ouvir os sons da natureza

Gosto pelas caminhadas Isolamento da civilização Outro (qual)

Acessibilidades

Trilho devidamente assinalado

Existência de informação sobre os trilhos pedestres existentes (postos de turismo)

Existência de serviço de guia Existência de interpretação

Possibilidade de encontrar fauna e flora diferentes Proximidade a um curso de água

Ser frequentado por poucas pessoas Silêncio

Qualidade e estado da paisagem

Existência de infra-estruturas de recolha de lixo ao longo do percurso (caixotes do lixo)

Que seja um trilho novo (diferente) Grau de dificuldade do caminho Distância do percurso (muito longa) Distância do percurso (muito pequena)

Factores constrangedores Aspectos a serem melhorados nos trilhos pedestres

Ambiente natural descaracterizado Ausência de mapas

Condições meteorológica Ser frequentado por muitas pessoas Acessos difíceis

Dificuldade de socorro em caso de acidente Falta de atractivos naturais

Falta de informação relativa ao trilho Inexistência de interpretação Inexistência de sinalização Passagem por locais muito perigosos Proximidade com áreas urbanas Falta de segurança dos trilhos Zonas com fraca vegetação

Bons acessos ao trilho

Conservação da vegetação existente

Campanhas de sensibilização para a frequência de percursos Criação de zonas de lazer e descanso

Existência de guias

Existência de controle/ segurança no caso de desorientação ou acidente

Melhoria das condições de acesso Outros (quais)