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Experiências de intervenção em parceria na violência conjugal

VIOLÊNCIA CONJUGAL CONTRA AS MULHERES

3 Modelos de intervenção

3.2 Experiências de intervenção em parceria na violência conjugal

Ainda que a parceria seja um modelo recente na intervenção em situações de violência conjugal, já foi eleito estratégia central para lidar com a violência conjugal (Kelly, 2003). No relatório que dá conta dos resultados da monitorização do processo de implementação da Recomendação Rec(2002)5, a ‘cooperação sistemática inter-agência’

é classificada como ‘vantajosa’35. A vantagem é definida pela orientação racional do processo e por o modelo permitir incluir todas as entidades relevantes, que têm como finalidade garantir uma intervenção rápida e eficaz e às quais a mulher pode recorrer para obter apoio.

As Nações Unidas consideram que a cooperação é ‘a chave do êxito’ do planeamento (definindo soluções) e da intervenção (permitindo uma intervenção holística). Sem contrariar o paradigma criminal como dominante na orientação da estratégia de combate à violência conjugal, as Nações Unidas consideram que ‘a abordagem da justiça criminal só é bem sucedida se for integrada noutro tipo de estratégias’ (Estratégias, 2003:11) 36.

O estudo pioneiro da intervenção em parceria para lidar com a violência conjugal, foi realizado por Clark et al. (1996) sobre os seis casos de parcerias existentes em vários Estados dos EUA. Desde este estudo pioneiro que a importância dos factores culturais e das variantes situacionais na adopção do modelo teórico de parceria para organizar a intervenção sobre a violência conjugal no âmbito local é (teoricamente) reconhecida. O estudo estabeleceu que, na prática, as parcerias assumem diferentes formatos, conjugando estruturas organizacionais com modos de agir, variando em função dos contextos locais em que a parceria se desenvolve. Os estudos mais recentes continuam a

35

O relatório com os resultados da monitorização do processo de implementação da Recomendação Rec(2002)5 foi efectuado em 2005 pelo Comité de Observação para a Igualdade entre Mulheres e Homens (CDEG), um organismo intergovernamental do Conselho da Europa

(http://www.coe.int/T/E/Human_Rights/Equality/11._Equality_Committee/, acedido em Maio de 2008).

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A definição da cooperação como a chave do êxito teve como base uma abordagem de base empírica que reuniu experiências de várias Nações. O Manual de Estratégias das Nações Unidas (Estratégias, 2003) resultou de um processo participado na sua elaboração contando com o contributo de um grupo de especialistas em violência doméstica (oriundos da National Clearinghouse Canadiana, do Serviço Nacional de Estudos de Justiça Criminal dos EUA e de dois organismos especializados na intervenção em situações de violência doméstica). A elaboração do Manual foi supervisionada pelo Departamento Canadiano de Justiça, pelo Instituto de Prevenção e Controlo do Crime de Helsínquia e pelo

Departamento de Prevenção Criminal e Justiça Penal do Secretariado da ONU. A primeira versão do Manual foi revista no 7º Simpósio Internacional de Vitimologia (realizado no Rio de Janeiro em 1991) e depois numa reunião de especialistas em violência doméstica (que teve lugar em 1992 em Vancouer, no Centro Internacional de Reforma da Legislação Criminal e da Política de Justiça Penal). Este processo traduz a importância política do Manual no plano internacional. Em Portugal, o Manual foi traduzido e publicado pela Direcção-geral da Saúde.

confirmá-lo (Allen, 2008; Bennington e Geddes, 2001; Pence e Shepard, 1999; Wolff, 2003).

Apesar de o estudo de Clark et al. ter sido publicado em 1996, a intervenção em parceria na violência conjugal está documentada desde a iniciativa do Projecto DAIP (Domestic Abuse Intervention Project) em 1980. Este projecto deu origem ao Modelo Duluth (adoptando o nome da comunidade em que foi desenvolvido, no Estado americano do Minesota) (Pence, 1999). O DAIP é considerado o ponto de partida experimental nas iniciativas em parceria. A partir dele têm sido várias as iniciativas implementados nos EUA e em alguns países da Europa, sobretudo a partir de 1990 (Sullivan, 2006). As diferenças entre o DAIP e os processos de resposta coordenada envolvendo colaboração comunitária entretanto desenvolvidos manifestam-se fundamentalmente ao nível do conteúdo dos projectos e não tanto na estrutura de organização e funcionamento das parcerias, revelando a capacidade de adequação do modelo ao contexto em que vai ser implementado. A dimensão comunitária reforça que é ao nível local que a diversidade de necessidades, de organizações e profissionais, assim como a heterogeneidade de normas e padrões culturais dominantes assumem expressão (Clark et al., 1996; Pence e Shepard, 1999).

Entre as experiências de parcerias que estão documentadas desconhece-se qual é mais eficaz para lidar com a violência conjugal (Allen, 2005), designadamente porque não se sabe qual foi o impacto gerado nas comunidades depois da introdução deste modelo. A pesquisa tem sido orientada para a melhoria de cada uma das iniciativas (Shepard, 2005) e não para a avaliação de impacto nem para a comparação entre as várias iniciativas.

Teoricamente contamos com alguns ensinamentos do DAIP, dos quais destacamos dois. Em primeiro lugar, o facto de se ter percebido, logo desde esse projecto, que a participação do sistema de justiça é essencial para cumprir os objectivos de segurança das vítimas e a responsabilização dos agressores. Em segundo lugar, o facto de se ter percebido que a participação do sistema de saúde é essencial na promoção do acesso das vítimas ao sistema de apoio - funcionando como ponto de acesso das vítimas ao sistema

de apoio e permitindo retê-las no sistema, envolvendo-as num processo de ajuda. O que se verifica é que mesmo que o pedido de ajuda seja despoletado por uma necessidade específica na área da saúde, a análise abrangente da situação familiar pelos profissionais de saúde representa um contributo que pode ser vital para a segurança das vítimas (Shepard e Pence, 1999).

No Canadá, a necessidade de congregar esforços para lidar com a violência conjugal começou a discutir-se a meados dos anos 1980 (tendo constituído tema central de um Fórum Nacional sobre Violência na Família, realizado em Otava em 1989, Estratégias, 2003). O modelo canadiano de organização da intervenção na ‘violência na família’ foi impulsionado pela necessidade de articular o trabalho de várias entidades (de cariz público e voluntário). A necessidade de coordenação começou por ser sentida pelos profissionais nas casas-abrigo para mulheres maltratadas que se viam confrontados com a falta de respostas de apoio social para as vítimas de violência conjugal.

As primeiras experiências consistiram na criação de ‘comissões coordenadoras centradas na comunidade’, instituídas com o apoio do Governo (em Otava). Os objectivos destas comissões eram a troca de informação entre os serviços e a harmonização dos seus regulamentos internos, levando à compatibilidade de procedimentos. A elaboração conjunta de protocolos de actuação foi um dos resultados deste processo. Na prática, a articulação é feita através da reunião de várias entidades, que se juntam com o objectivo de analisar o problema social e negociar formas de acção conjunta, dando corpo a um processo de decisão colectiva assente na participação. A institucionalização da articulação e a definição de protocolos de actuação, aos quais todos os participantes no processo de negociação ficam obrigados, indicam ratar-se de um processo com uma componente administrativa/ gestionária relevante.

Comparativamente à experiência canadiana, nos EUA os processos são tendencialmente menos formalizados, assumindo natureza de programa ou projecto, integrado num programa mais vasto. Assim, nem sempre se recorre à institucionalização do processo de colaboração. Na maior parte das vezes, os programas estão referenciados em casas-

abrigo ou gabinetes de procuradores públicos (Renzetti, Edleson e Bergen, 2001; Shepard e Pence, 1999) sendo a organização assegurada por grupos de trabalho especificamente criados para o efeito, actuando como dinamizadores das actividades. O envolvimento do sector de justiça (criminal) verifica-se praticamente em todas as iniciativas, constituindo-se entidade dinamizadora de parcerias em diversos Estados americanos.

Esta característica aproxima as experiências dos EUA e do Reino Unido. No Reino Unido, as experiências pioneiras de intervenção em parceria na violência conjugal foram de coordenação entre o sistema de justiça criminal e o sistema de apoio social. Este facto pode explicar-se a partir do processo de defesa das mulheres maltratadas (Dobah e Dobash, 1992). Traduzindo regularidade ente os dois países, verifica-se que foram as activistas, defensoras dos direitos das mulheres e em particular dos direitos das mulheres vítimas de violência conjugal, que tiveram a iniciativa de coordenar os esforços dos sistemas de justiça e de apoio social na protecção das mulheres. As activistas identificaram o sistema de justiça como essencial na garantia da segurança das vítimas e sanção dos agressores, ao mesmo tempo que denunciavam ser nesse sistema que se encontravam as maiores lacunas de funcionamento, com repercussões directas sobre as mulheres. Conforme se expôs no capítulo dedicado ao contributo do feminismo, desde o inicio que a interpretação do sistema de justiça como um agente de opressão das mulheres, não garantindo o seu acesso aos direitos, marcou a luta do movimento feminista. Isto permite perceber a opção por uma estratégia reivindicativa dirigida ao sistema de justiça. A pressão política exercida pelas activistas resultou na sua presença (permanente ou acompanhando mulheres vítimas de violência conjugal) nos Tribunais. Com o passar do tempo, a sua acção foi acolhida dando lugar a equipas que integram profissionais de justiça e dos serviços sociais que estão ligadas aos Tribunais, intervindo nas situações de violência conjugal.

Verifica-se, de uma forma transversal às várias experiências de intervenção em parceria na violência conjugal contra as mulheres, que a abordagem sistémica dá o enquadramento ao processo de organização de uma resposta coordenada de base

comunitária. Este enquadramento teórico influencia a definição dos objectivos para a intervenção que se pretendem alcançar através das parcerias, designadamente: estabelecer uma rede de apoio disponível e acessível para vítimas directas de violência conjugal e para a sua família (sobretudo as crianças), que aproveite o sistema legal na sua máxima capacidade de protecção, reforce a intolerância na comunidade em relação à violência conjugal e aumente o nível de responsabilização do agressor, envolvendo a sociedade na mudança de normas e atitudes que contribuem, de alguma forma, para a persistência da violência conjugal (Pence e Shepard, 1999).

Apesar da falta de estudos de avaliação sobre o impacto da intervenção em parceria nas situações de violência conjugal e no âmbito local, à qual já aludimos, sabe-se que as dimensões associadas ao sucesso das parcerias na intervenção em situações de violência conjugal são: a existência de uma missão partilhada entre os parceiros, a existência de uma liderança inclusiva, a prática de processos de tomada de decisão partilhados e a previsão dos modos de resolução de conflitos internos (Allen, 2005).

A teoria estabelece que o envolvimento de actores-chave nas parcerias é um factor crucial, embora não seja suficiente (Benington e Geddes, 2001) e que o inter- conhecimento e as relações de troca, geradoras de confiança entre os vários actores sociais, antecedem a formalização da colaboração (Allen e Hagen, 2003; Himmelman, 2001).

As parcerias são apresentadas como modelos promissores na intervenção na violência conjugal em três dimensões, inter-relacionadas (Estratégias, 2003; Troy, 2007):

- Na dimensão cognitiva, esperando-se que produzam conhecimento de base empírica.

- Na dimensão política, esperando-se que contribuam de forma directa para a melhoria da intervenção social, testando e definindo boas práticas, e que contribuam de forma indirecta para a melhoria da definição de políticas sociais (radicadas na realidade).

- Na dimensão operativa ou funcional, esperando-se que contribuam para uma melhoria da eficiência dos sistemas de apoio na resposta a situações que se caracterizam por serem de grande complexidade, implicando que nelas interfiram vários serviços de apoio e profissionais, sendo difíceis de detectar e de reter pelo sistema de apoio social formal no acompanhamento.

Acrescentamos uma quarta dimensão que cruza algo de cada uma das anteriores situando-se igualmente no plano das expectativas apresentadas nos discursos sobre a parceria. Espera-se que a parceria, ao favorecer as trocas entre os vários agentes sociais, promova uma renovação na representação da violência conjugal e das estratégias de intervenção (Ronnby, 1996 in Coutinho, 2003). O facto de serem sistemas abertos, permitindo o envolvimento de mais agentes sociais que se vão juntando à parceria em diferentes momentos, significa (pelo menos em teoria) que cada um traz a sua interpretação de violência conjugal contra as mulheres e a sua visão sobre a intervenção social ‘adequada’. A renovação emergirá do encontro das várias perspectivas, estabelecendo a necessidade de mudança. As interpretações (individuais) estão ligadas à cultura organizacional de cada um, a um determinado habitus de intervenção criado na área em que actua, ao poder (pessoal ou organizacional), à eventual experiência prévia de participação em parcerias e à expectativa (individual) em relação aos resultados e ao funcionamento da parceria (Allen, 2005; Bybee e Sullivan, 2002; Wolff, 2003). A profundidade da mudança apresentada é de tal ordem que afecta o sistema de respostas à violência conjugal no seu todo, mobilizando a comunidade inteira. Os efeitos gerados – espera-se – afectarão a representação social de violência conjugal.

Uma vez que não contamos com uma definição de parceria emergente das experiências de intervenção documentadas, das quais aqui demos conta resumidamente, a definição operacional de parceria proposta por Benington e Geddes (2001) foi elaborada a partir das experiências europeias no combate à exclusão social. Apesar de genérica, é a definição adoptada neste estudo por duas razões. Em primeiro lugar por reportar ao contexto europeu, permitindo valorizar a influência da dimensão cultural sobre a tradição institucional e destacar as variáveis de contexto. Em segundo lugar, porque a

definição radica na experiência empírica de intervenção social em problemas sociais persistentes (a pobreza e exclusão social), cuja complexidade tem vindo a ser (re)interpretada permitindo falar num ajuste da construção sociológica dos fenómenos sociais à sua própria mudança.

O conceito de parceria integra quatro dimensões (Benington e Geddes, 2001):

- A existência de uma estrutura organizacional formal, com autonomia na tomada de decisão e na implementação de políticas.

- A mobilização de uma coligação de interesses e empenho voluntário de um leque diversificado de agentes que se assumem como parceiros entre si.

- A definição de uma agenda e de um programa de acção partilhado, traduzindo uma missão partilhada e objectivos comuns.

- O desenvolvimento das práticas de interacção com aprofundamento de relações de troca.

Considerando que as parcerias são sistemas organizacionais de interacção social que assentam em relações ancoradas em valores (Cohen, 1999), acrescentamos uma dimensão ao conceito adoptado fazendo referência explícita ao interconhecimento e à confiança como bases das relações e das experiências nas parcerias. O valor que está em causa, actuando como âncora das relações sociais, é a confiança. Esta dimensão, para além de complementar a definição do conceito de parceria que usaremos no desenvolvimento da parte empírica deste estudo, permite situar a parceria enquanto modelo de intervenção social, valorizando a vertente das relações sociais e desidentificando a definição com a vertente organizacional (Guerra, 2006). Ao acrescentarmos uma dimensão relacional ao conceito de parceria adoptado torna-se mais fácil integrar as exigências envolvidas na intervenção social em parceria (Carmo, 2007).

4 O Processo de Intervenção Social

A realidade é socialmente construída influenciando os sujeitos através da interpretação que dela produzem. Um estudo sobre a intervenção social em parceria na violência conjugal, que assume a perspectiva construtivista e reconhece a influência dos factores culturais sobre a definição dos fenómenos e dos modos (políticos e institucionais) de lidar com os mesmos no âmbito local, assume como pressuposto que a inovação é procurada dentro do contexto conforme é interpretada em determinado momento, confrontando-se com estímulos à mudança e com obstáculos à mudança. Esta componente – definida na dimensão tempo – reforça a ideia de processo, que vai sendo construído e vai contribuindo para a construção da realidade social, e foca a interacção nesse processo.

Desde o inicio do texto que referimos os conceitos de intervenção social, sistema- interventor e sistema-cliente, sem que tenhamos, até agora, definido o conteúdo desses conceitos.

Um processo de intervenção social corresponde a um processo de interacção que envolve um sistema-cliente, com necessidades sociais (percepcionadas enquanto tal ou não, manifestas ou não e expressas num pedido de ajuda, que não é necessariamente formulado pelo sistema que tem a necessidade) e um sistema-interventor37

37 O sistema-interventor é integrado por um conjunto de instituições (que correspondem

fundamentalmente a serviços). O conceito de instituição está mais ligado à noção de relações sociais reguladas por valores, normas e usos, enquanto o conceito de organização tem subjacente a especificidade das estruturas, que são a base das normas e regras de pertença e de funcionamento. Apesar disto o termo organização tem vindo a vulgarizar-se na área da acção social pela divulgação do conceito de ONG acabando por incluir uma dimensão de cultura organizacional que não nos impede de recorrer também a este termo em vez do de instituição. Neste texto, o conceito de organizaçãoé identificado com o de instituição, por representar uma unidade colectiva constituída de forma consciente e intencional com

, que representa um conjunto de recursos de resposta. Esta interacção assenta num processo de comunicação e ocorre num contexto (ambiente ou meio) com o qual cada um dos sistemas estabelece trocas, dando assim lugar a influências mútuas. Este contexto é composto por elementos (variáveis contextuais e situacionais) que fornecem o

enquadramento social (político, económico, cultural) e representam condições promotoras (favoráveis e facilitadoras) ou constrangedoras (desfavoráveis e de bloqueio) à mudança - finalidade da intervenção social. De acordo com esta definição, assumimos como equivalentes os termos processo de intervenção social e processo de ajuda, uma vez que a intervenção social tem início com a formulação de um contacto entre os dois sistemas estabelecendo-se a interacção. O contacto, na maior parte das situações, corresponde a um pedido de ajuda.

O sistema-interventor é composto por um conjunto de agentes ou actores sociais que se institucionalizam em organizações que prestam serviços de proximidade e relacionais (configurando personal social services, Maurel, 2003), remetendo a intervenção social para a prestação de cuidados de proximidade (Chopart, 2003). Estes actores sociais correspondem a serviços sociais, devido aos princípios e ao método de intervenção que adoptam e devido a serem serviços planeados para irem ao encontro de necessidades dos utilizadores.

Neste estudo, o conceito sistema-cliente é usado em vez do termo cliente porque se pretende ampliar a representação mental no sentido da consciencialização de que uma pessoa está em constante interacção com diversos sistemas, mantendo um conjunto de interdependências, mesmo que delas não tenha consciência. O sistema conjugal é um sub-sistema do sistema familiar e este, no limite, faz parte do sistema social. O facto de se ser mulher é paradigmático da influência destas interacções entre sistemas e dos efeitos que produzem sobre um indivíduo, por acarretar efeitos de género (culturalmente definidos) para os sujeitos (enquanto indivíduos e no desempenho de papeis sociais na interacção com outros).

determinados objectivos formais, os quais são prosseguidos de um modo mais ou menos articulado em função de um planeamento.

Figura n.º 1 Processo de Intervenção Social

Fonte: (adaptado de) Carmo (2007:43)

O conceito operacional de intervenção social de Carmo (2000) é o adoptado neste estudo porque distingue de forma clara entre os dois subsistemas principais envolvidos no processo de intervenção social: o sistema-interventor e o sistema-cliente. Assim, o conceito permite uma separação complementar e integrada entre pontos de vista, expectativas, papéis e funções sociais, entre outras atribuições dos dois sistemas, com importância analítica para a Sociologia. Consideramos ainda que o conceito corresponde a uma definição menos orientada para o tipo de actividade desempenhada na intervenção social e mais orientada para a acção colectiva (Guerra, 2006), o que representa uma vantagem face aos objectivos deste estudo.