• Nenhum resultado encontrado

Pátio é uma expressão êmica para designar o terreno onde vivem várias unidades familiares de uma mesma rede de parentesco É uma categoria recorrente na literatura sobre grupos populares porto-alegrenses e que

CAPÍTULO IV FEMINISTAS OU FEMININAS? O TRIO DE PLPs ATUANTES DO PARTENON

64 Pátio é uma expressão êmica para designar o terreno onde vivem várias unidades familiares de uma mesma rede de parentesco É uma categoria recorrente na literatura sobre grupos populares porto-alegrenses e que

Entre Feministas eMulheristas 113

Elvira tomou uma providência: chegou de surpresa na boate em que seu marido estava tocando naquela noite. Lá chegando, surpreendeu seu marido com uma amante: a cantora do grupo, que também era praça da BM. Disse ao seu marido que tinha ido ver o show e pra saber dele, porque ele não andava aparecendo em casa e que ia ficar ali na frente olhando o show e que se tivesse uma olhada que eu desconfiasse, ia voar copo de chope no palco. Que eu ia acabar com eles, ia arrasar, fazer um escândalo, acabar com a reputação do grupo, que eles não iam conseguir mais nenhum lugar pra tocar. Conta Elvira que seu marido nem respirava lá em cima e quando acabou o show, ela foi com seu marido para casa e chamei ele pra conversa. Eu disse pra ele: ‘escuta aqui, qual é o teu problema? O que tá acontecendo

contigo? E ele respondeu-lhe que não havia nada.

Passaram-se alguns dias e Elvira foi chamada novamente na cidade de seu pai, já que o estado de saúde dele se tinha agravado, levando ao seu falecimento. A história do comportamento de ME repetiu-se. Quando retorna a Porto Alegre, Elvira decide dar um flagrante em ME. Houve outro show e, embora seu marido a tivesse proibido de ir até lá, Elvira foi escondida e na primeira oportunidade, puxou a amante de seu marido pelo braço: 'escuta, depois do show tu vem aqui que eu quero falar contigo!’. Segundo ela, quando o show acabou a mulher não apareceu, escondendo-se dela. Seu marido quando a viu foi perguntar- lhe o que ela estava fazendo ali, ao que ela respondeu que tinha ido falar com a sua amante. Durante a conversa com ME, Elvira avistou a suposta amante saindo rapidamente. Correu atrás da mulher, puxando-a pelo braço para uma conversa. O diálogo que teve com a tal mulher me foi assim reproduzido, daí eu disse: 'escuta aqui, eu disse que queria conversar contigo. Tu não precisa ter medo, eu não vou te agredir'. Daí ela tirou o braço assim e me disse; ‘o que tu quer comigo? ’ ‘Eu quero saber o que tá acontecendo com o meu marido. Porque o que é meu eu não divido. Até agora que eu saiba ele é meu home e eu quero saber se é ainda.' E ela: ‘eu não tenho nada pra falar contigo, se ele tá assim, é porque tu deve ter falhado com ele ’.

Elvira conta que se enfureceu com a mulher, chamando seu marido que as observava de longe para fazer uma "acareação": 'vem aqui, escuta só o que essa vagabunda tá dizendo, eu quero que tu diga agora aqui onde fo i que eu falhei contigo. ’ E ele quietinho. Daí eu disse pra ela ‘sabe que tu tem razão? Falhei, falhei sim. Se eu falhei fo i em não acompanhar meu

possui um significado analítico importante, por revelar a convivência da rede de parentesco num mesmo espaço físico.

Entre Feministas eMulheristas 114

marido em todos os lugares que ele ia tocar e fo i só nisso. ’ Na seqüência, Elvira ameaça a amante de seu marido, ordenando-a que o deixasse em paz, caso contrário ela poderia "acabar com a vida" da tal mulher. A amante sai correndo, refugiando-se no camarim. Segundo conta Elvira, ela e seu marido passaram a discutir, até Elvira estapeá-lo. Perguntei-lhe se ele não havia revidado, ao que ela diz: não, nunca! Coisa mais engraçada, ele nunca me tocou um dedo. Foi uma baixaria, na frente de todo mundo. Daí ele saiu, dizendo que não ia pra casa comigo. Eu saí atrás da mulher, passei a mão num pau e fu i atrás dela no camarim. Mas ela me fugiu!

Após este ocorrido, seu marido saiu de casa, passando dias fora, voltando alguns dias e saindo novamente. Elvira conta que essa foi uma época muito difícil, já que estava grávida, sozinha, o problema na sua coluna se tinha agravado e o seu filho estava sofrendo. Conta que o marido não colocava nada pra dentro de casa. Gastava todo o dinheiro dele com as vagabundas por aí. E não era justo, né? Eu colocando tudo pra dentro de casa e ele nada. Aquilo já tava me deixando mal, aquela situação tava me humilhando, me rebaixando mesmo como mulher. Ah, daí eu pensei, com o barrigão aqui, ‘eu não sou mulher pra isso ’! Tirei ele de casa! Daí ele ficou um tempão sem aparecer. Neste momento de sua narrativa, pode-se perceber a atualização de determinados códigos culturais que apontam para a valorização da lógica do provedor e do pacto de reciprocidade conjugal (Cf. Fonseca, 1991, Zaluar, 1994 e Sarti, 1996), as quais caracterizam as relações de gênero entre grupos populares urbanos. Voltarei mais tarde a esta questão.

Elvira conta ainda que sua cunhada - a irmã de seu marido - não se conformava com a situação em que ME a havia deixado. Então, as duas resolveram fazer compras para o bebê que estava por nascer, e pôr as contas no nome dele. Feito isto, foram enfrentá-lo no quartel em que trabalhava. A gente chegou no quartel e ele me viu e veio todo doce: ‘meu bem! fazendo compra é? ’ Sim, né Alinne. Por que ele andava fazendo as patifaria dele por aí mas eu nunca deixei de ser a mulher dele. Quando ele viu as notas no nome dele, esse home virou bicho. Disse que não ia pagar nada, que ele não tinha nada que ver com isso. Daí a gente botou a mão na cara dele e disse um monte de verdade pra ele, que ele era um sem-vergonha, irresponsável, como ele podia abandonar a família assim, a mulher grávida de um filho dele. Porque só faltava ele dizer que o filho não era dele, né. Mas eu disse pra ele que era um pena eu tá grávida, senão eu colocava um homem no meio das minha perna. Uma vez mais. Elvira atualiza valores que compõem a lógica relacionai de gênero entre grupos populares urbanos,

Entre Feministas e Mulheristas 115

na qual, segundo Fonseca (1991), a honra masculina está diretamente associada com o comportamento sexual de sua mulher. Nesse contexto, se o homem não cumpre adequadamente o seu papel, a mulher desobriga-se da fidelidade sexual, ameaçando publicamente a honra masculina (Cf. Fonseca, 1988). Como nos contextos dos grupos populares os espaços público e privado se interpenetram, será a palavra da mulher na esfera pública a instituir a moralidade vigente, manipulando através das fofocas, piadas e acusações a imagem pública do homem.

Após este incidente, Elvira conta que seu marido foi voltando para casa de mansinho, até retornar definitivamente quando faltavam três dias para o nascimento do seu filho. Segundo conta, após este incidente, ele se acalmou, tendo apenas mais um caso em 97. Restrinjo-me aqui apenas à primeira história, a qual parece ser um marco significativo na vida de Elvira, posto que a partir daquele momento Elvira deixou de trabalhar e passou a dedicar- se ao trabalho comunitário: é, fica gastando dinheiro na rua, que gaste comigo! Ele me dá tudo. Peço dinheiro sempre pra ele, quando ele diz que não tem eu vô lá e pego. Hoje mesmo eu pedi pra ele e ele me disse que não tinha. Eu sabia onde tava o dinheiro dele, fu i lá, no bolso da calça dele e tirei 50 conto e coloquei na minha bolsa. Mas eu sei que é tudo dinheiro que ele tá juntando pra colocar na casa. Agora tá preocupado com a casa. Ele ganha 600 por més e não dá pra nada. Eu sei que o coitado sofre, fica chateado por não poder me dar as coisas.

Mas, segundo Elvira, o fato de ela não ter um trabalho remunerado não é vivido de forma muito tranqüila pela sua família. Ela contou-me que é muito cobrada por isto: ah, ele enche o saco! Ele e os filho. Uma vez ele me falou que eu só ficava por aí batendo perna, que eu tinha que conseguir um emprego. Ah, mas eu virei bicho, guria. Disse pra ele ‘mas vai ti fudê, cara! Tá pensando o que comigo? Tu não tem moral nenhuma pra me cobrar nada, ainda mais me dizer uma coisa dessas. ’ Santo remédio, daí ele não falou mais. As vezes ele tenta dá uma faladinha assim, dá uma indireta, mas eu já vou logo cortando.

Mas ao mesmo tempo em que enfatiza todos estes problemas vivenciados por ela junto ao seu marido, Elvira também relativiza seu comportamento, ressaltando as imensas qualidades de seu marido: Olha, Alinne, eu não tenho nada pra dizer dele, sabe. Ele é uma rica criatura. Se ele tem uma coisa, ele divide com todo mundo. Ele quer ver todo mundo em volta dele feliz. E um cara bom, bom pai, aqueles filho têm loucura por ele e ele pelos filho, não deixa faltar nada em casa, é amigo, companheiro, brincalhão. Tu acredita que nós nunca

Entre Feministas eMulheristas 116

discutimo? Nunca brigamo. Só que tem isso, é? Olha, se eu te falar mal dele é mentira. De coisa que ele fez, só tem essas 2 ocasião que eu te contei. Não tenho o que reclamar dele.

Assim, Elvira envereda-se para sua vida comunitária, tando na luta há mais de 10 anos/ Ela é ativa participante da Associação das Esposas dos Praças da Polícia Militar (AESPOM), tendo ocupado o cargo de vice-presidente por algum tempo. Durante um período, foi representante desta associação junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (COMDIM). A partir da AESPOM, Elvira esteve à frente de inúmeros protestos pela melhoria dos salários da BM. Nesta entidade, organizou e participou de "panelaços" - protestos em frente ao Palácio do Governo Estadual, no qual as esposas de brigadianos portavam e brandiam suas panelas vazias, na busca de maiores salários para seus maridos. Com o mesmo intuito, Elvira, junto a mais 25 mulheres, acampou-se na Praça da Matriz, em frente ao Palácio do Governo Estadual, fazendo inclusive greve de fome por 45 dias.

Além destas atividades, participou de uma invasão da área verde, de propriedade da BM, já mencionada anteriormente. Elvira contou-me, entre risos, que: a gente invadiu, quer dizer, se apossou. Fica melhor falar assim, porque a outra palavra é muito carregada, tem um outro sentido ideológico muito forte, se apossar é mais fraca, é melhor . Trata-se de um local próximo à casa de Anete, onde Elvira conseguiu finalmente ter sua própria casa, comprando uma casa de madeira pré-fabricada do marido de uma companheira nossa de luta, Anete.

Entre estas atividades, Elvira fez o curso de PLPs, e assumiu o trabalho no SIM/Partenon desde seu princípio, chegando a ser uma de suas coordenadoras. Em 1997, esteve inclusive em São Paulo participando de um Encontro de Mulheres, representando as PLPs/Partenon, com o intuito de levar um relato das experiências da sua atuação em Porto Alegre. Além disto, é participante da Associação de Moradores da Vila São Miguel (ACOVISMI) juntamente com Anete e Alice, e também organizando uma nova associação de moradores da recentemente formada "Chácara do I BPM". Também é delegada do OP de sua região, participando ativamente de todas as atividades e reuniões. Das três PLPs atuantes do Partenon, Elvira é a única que não tinha afiliação partidária, justificando o fato por gostar de ser uma avezinha, voando livre e pousando de galho em galho, leia-se de partido em partido. Contudo, este quadro muda ao longo dos meses em que estive com ela: filiou-se ao PSB, indicada por Anete. Neste partido, atua juntamente com sua amiga e sua irmã, companheiras de luta como enfatiza, na recém formada Secretaria da Mulher deste partido.

Entre Feministas eMulheristas 117

1.3. Alice

Alice é uma mulher mulata, magra, esguia. Gosta de andar sempre na moda, combinando as peças que veste. Costuma usar muitos anéis, brincos e colares, e sempre carrega batom na sua bolsa. Nascida em 1960, em Rio Grande, interior do Rio Grande do Sul, é a irmã mais nova de Elvira. Antes de se mudar definitivamente para Porto Alegre, em meados de 1997, vivia entre esta cidade e Pelotas, no interior do Rio Grande do Sul. Alice é também uma pessoa de personalidade marcante, estando sempre pronta para uma "briga".

Tem uma postura corporal que combina com a sua personalidade: caminha sempre ereta, como se estivesse em uma passarela, tem gestos largos que acompanham o ritmo e o alto tom de sua fala. Os seus maneirismos invariavelmente a fazem entrar em conflitos abertos e discussões calorosas com sua irmã e com Anete durante os plantões, ou com quem quer que seja nas reuniões que freqüenta. Estas características por vezes a levam a ser rotulada por diferentes pessoas de maluca, raivosa, destrambelhada, entre outros adjetivos que ouvi, ainda menos lisonjeiros. Somada a estas, outra característica pessoal é a sua extrema disposição; está sempre muito agitada, chegando a ser irrequieta. Está sempre pronta a fazer esforços físicos e a tomar providências, seja na organização e limpeza do espaço físico onde são feitos os plantões do SIM e para ajudar voluntariamente onde se faz necessário, seja para bater perna pelas ruas do Partenon.

Estudou até à sexta série primária e não possui nenhum trabalho remunerado. Contou- me que se sustenta com o dinheiro da herança que o pai deixou. Trata-se, na realidade, da pensão deixada pelo seu falecido pai, funcionário da Rede Ferroviária Federal. Segundo Alice, é ela quem administra a pensão, já que ficou responsável pela mãe, com quem morava em Pelotas antes de se mudar definitivamente para Porto Alegre. Atualmente, sua mãe mora com Elvira em virtude da sua nova casa comportar mais pessoas do que a de Alice. Assim, Alice dá uma parte da pensão do seu pai para Elvira, a fim de cobrir as despesas de sua mãe. Em Pelotas reside ainda o seu outro irmão, também casado.

Quando a conheci, na época do curso de PLPs em 1996, morava com a família de Elvira - seus dois filhos e marido - e sua mãe, já que não era casada. Nesta época, lembro-me de a ouvir falar sobre as festas e cervejadas que fazia com outras colegas solteiras do curso.

Entre Feministas e Mulheristas 118

Numa destas festas, já quase no fim do curso de PLPs, ela conheceu o homem com quem vive até hoje. Apesar de usar aliança, para assinalar o seu estatuto de casada, Alice me contou que não o é no papel.

Durante um período, ela e o seu companheiro - a quem se refere como o seu marido - moravam junto com a família de Elvira. Porém, quando finalmente a nova casa de Elvira ficou pronta e ela mudou de residência, Alice alugou uma pequena peça, nas cercanias da casa de Elvira, onde vive atualmente com seu companheiro. Ela não possui filhos, mas que tem dois sobrinhos maravilhosos, referindo-se aos filhos de Elvira. Quando questionada sobre seu desejo de ser mãe, ela rapidamente responde que somente os terá após conseguir uma casa própria, que planeja construir no terreno que havia recém-adquirido em Viamão, uma pequena cidade-dormitório próxima ao bairro onde reside atualmente.

Ao contrário de Anete, o assunto predileto de Alice era o seu marido. Estava sempre a falar nele: que o havia deixado em casa, cozinhando para ela, que ele estava cuidando da sua mãe para que ela pudesse ir fazer o seu trabalho, o que ele fazia, além da preocupação em conseguir-lhe um emprego, O marido de Alice foi o único marido que pude conhecer, já que ele sempre a acompanhava em inúmeras atividades. É um homem jovem, alto, negro, gordo. Pareceu-me muito tímido; nas poucas vezes em que nos vimos, raramente o ouvi falar. O seu silêncio e aparente introspecção contrastam fortemente com a tagarelice de Alice. Ela mesma assinala este fato, entre risos, ao comentar comigo que não sabia como ele a agüentava, já que ele era um leso\ Alice contou-me que ele está desempregado, mas que o seu oficio é mecânico. Assim, ambos contam com a pensão deixada pelo pai de Alice.

Logo após este comentário, Alice passa a arrolar uma série de "qualidades" do seu marido, com o intuito, creio eu, de não o desabonar completamente aos meus olhos. Lista-me as coisas que ele trouxe para a casa deles, do concurso que está pensando em fazer para ser mecânico da companhia de transportes pública da cidade. Além disto, ele é muito prestativo, já que está sempre na casa de sua cunhada ajudando na capinagem do terreno e cuidando da

sua sogra quando Alice e Elvira não estão em casa - ou seja, a maior parte do dia.

A trajetória de Alice na política comunitária está muito ligada à da sua irmã. Contou- me que começou a interessar-se pela questão dos direitos quando o seu pai faleceu, pois teve de correr atrás de documentação, para conseguir a pensão dele. Depois disto, ela passou a se meter na coisas da Elvira. Mesmo não sendo casada com um brigadiano, como a sua irmã, Alice diz que militava nas mesmas causas que Elvira, tendo participado da invasão dos

Entre Feministas eMulheristas 119

terrenos e da Associação das Esposas dos Praças da Brigada Militar. Participou, inclusive, do acampamento que esta associação fez na Praça da Matriz, em frente ao palácio do governo, e da greve de fome.

O que difere nelas é a filiação partidária de Alice, quem era militante petista há mais ou menos dez anos e atualmente era filiada ao PSB, por indicação de Anete. Segundo contou- me, era ainda delegada do OP da sua região há mais ou menos dez anos: E sempre a gente, sempre as mesmas porque não tem outras. Porque ninguém vai nas reunião, só a gente. Não faltamo uma!”. Além disto, faz parte do Conselho Popular do Partenon (CPP) e é ativista da Associação de Moradores da Vila São Miguel (ACOVISMI), juntamente com Anete e Elvira. A partir destas inserções, participa ativamente de reuniões das Comissão Local Interinstitucional de Saúde (CLIS) e da Comissão Regional de Assistência Social (CRAS). Durante o período desta última fase da etnografia, Alice era uma das coordenadoras do SIM/Partenon, coisa que lhe trazia outras funções, como por exemplo batalhar um local para se instalarem. Assim, participava de inúmeras reuniões com uma equipe da prefeitura, ligada à Assessoria da Mulher, com o fito de negociarem a obtenção de um espaço para o SIM.

Situadas estas diferentes trajetórias, passo a discutir analiticamente algumas regularidades que podem ser vislumbradas nelas. Estas regularidades apontam para o compartilhamento de valores culturais que são comuns ao universo dos grupos populares urbanos. Assim, pode-se identificar na trajetória das três PLPs atuantes a centralidade dos valores referentes à rede de parentesco. Esta constituiria uma base sobre a qual a vida destas mulheres se estrutura. Intrinsecamente ligada a isto, a atualização de valores referentes aos diferentes papéis de gênero revelam a lógica da complementaridade entre o masculino e o feminino, bem como o modelo feminino da "mulher valente". Ao meu ver, estes elementos culturais que marcam a forma de estar no mundo das PLPs indicam as condições da sua forma particular de militância política.

Outline

Documentos relacionados