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“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.“

FORA DAS ESCOLAS

Também em 1998, a presidência do Ibama, anunciou a criação do Programa de EA e Divulgação Técnico Científica (PEA) como um dos 12 prioritários do órgão federal. Só que a verba prevista no Orçamento da União para esta área, que pela primeira vez ultrapassaria R$ 1 milhão, sofreu contingenciamento. Os coordenadores dos NEAs mobilizaram-se, para definir estratégias alternativas. A resposta foi concentrar as atividades de EA em cursos. Houve dois de

Introdução à Questão Ambiental (40 horas/aula) no Nordeste (para o Incra/CE e

o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), e sete em Roraima, sobre

Queimadas Controladas, em assentamentos de reforma agrária e aldeias dos índios

Macuxi. Em Brasília, 74 educadoras/es participaram do III e IV Curso de Introdução à Educação no Processo de Gestão Ambiental, e, graças a um termo de cooperação

entre o órgão federal e a Universidade de Brasília (UnB), a universidade lançou o mestrado profissionalizante em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Parte das vagas foram reservadas para servidores do próprio Ibama.

JÁ NA ESFERA DAS ONGS...

Deste modo, ganharia vôo próprio o projeto criado pelo WWF com apoio governamental. O novo instituto prosseguiu com a mesma metodologia. Agindo a partir das escolas, inspirava “Raimundos” e “Marietas” a resgatarem a história das comunidades do entorno, compreenderem o contexto, para então criarem ações educacionais que melhorariam seus mundos. Em abril de 2002, quando a ong encerrou suas atividades, os dirigentes do Instituto contabilizaram a realização de 130 oficinas locais, 56 cursos e 500 projetos gerados por participantes. O livro “Muda o Mundo Raimundo!”, de apoio às atividades, foi três vezes reeditado.

Outro bom indicador da evolução da EA está nos projetos apoiados pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). De 1989 a 2002, revela um informe desse órgão de fomento, 270 projetos de EA receberam aporte financeiro. Isso corresponderia, segundo o próprio FNMA, a quase 30% do total de propostas financiadas no período, apresentadas tanto por organizações da sociedade civil, como por instituições públicas.

A estatística inspirou outros levantamentos. O livro “Quem faz o que pela Mata Atlântica” , organizado por Marussia Whately e publicado em 2004 pelo

Instituto Socioambiental, traz um mapeamento de projetos em prol da Mata Atlântica, executados por uma variedade de atores sociais: ongs, órgãos públicos, empresas privadas, instituições de ensino etc.28

EA nas empresas

Um fato novo abriu as portas de empresas para a EA a partir de 1996, ressalta a professora Mônica Simons, especializada nessa área. Até então, a maior parte das ações desenvolvidas por companhias tinha caráter assistencialista. Eram majoritariamente atividades para o público externo, que se confundiam com ações de Relações Públicas. A mudança começou a partir do estabelecimento, naquele ano, da série ISO 14.000. Trata-se de uma certificação voluntária de sistemas de gestão ambiental da International Standard Organization (daí o nome ISO), de aceitação internacional, cujo manual orientador tem, no item 4.4.2, as instruções para o treinamento e capacitação dos funcionários. Mesmo assim, a professora relata que, nos primeiros anos, prevaleceu o entendimento de que a EA direcionada ao público interno da empresa deveria ser ação pontual, para transmissão de conteúdos teóricos. O tema será detalhado mais adiante, num capítulo específico sobre EA nas empresas.

Dos 747 projetos avaliados, mais de um quinto (162) teve a EA como principal componente. Em número, ainda considerando os 747, o estudo destacou o FNMA como principal apoiador (180), seguido de duas organizações ligadas a empresas: Unibanco Ecologia (166) e Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (91). Mais uma confirmação de que o suporte a projetos de EA, que antes tinham em organizações internacionais as principais fontes financeiras, migrara para apoiadores nativos.

A tendência já estava presente no diagnóstico da EA no Brasil feito em 1997 para a I Conferência Nacional de EA. Com base em 470 questionários respondidos, viu-se que a maioria dos projetos de EA tinha financiadores nacionais (48% com recursos governamentais e 19,7% de ongs). O resto, menos de um quinto do total, dividia-se em suporte de governos de outros países (9,5%), não-governamental internacional (8,7%) e outros (13,8%).

Mais dados da mesma pesquisa que ajudam a entender o momento: pouco mais da metade dos projetos avaliados (53,2%) era de órgãos governamentais. Com relação à atividade principal, a maior parcela era de materiais que visavam a sensibilização das comunidades (educação informal, 38,8%). Ações de EA no âmbito do ensino não formal viriam em seguida (32,8%), ficando a educação formal, nas escolas, com a menor fatia (27%).

Apesar dos avanços institucionais, esse quadro pouco havia mudado até 2000, segundo relato de técnicos do MMA feito três anos mais tarde no III Congresso Ibero-americano de EA, em Caracas (Venezuela). A pesquisa também localizou uma forte demanda pela capacitação em EA, o que teria motivado ações, também desse ministério, para preparar diferentes atores sociais para a EA, como veremos mais adiante.

Notas

18 A seção Fichário de “A Implantação da Educação Ambiental no Brasil” resume os PCN, na época restritos à 1.ª a 4.ª série. Na internet, é possível baixar as publicações na íntegra: http://www.fnde.gov.br/home/index.jsp?arquivo=pcn.html (Ensino Fundamental) e http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=com_content&task=view&id=265&Ite mid=255 (Ensino Médio).

19 O livro, de 2002, oferece uma leitura da evolução da EA ( p. 13). Ele está disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/politicas.pdf.

20 Tese de mestrado defendida na Pontifícia Universidade Católica em São Paulo (PUC/SP), em 2006, sobre os PCN para Ensino Fundamental, no campo da matemática. Disponível em: http://www.pucsp.br/pos/edmat/mp/dissertacao_mutsu-ko_kobashigawa.pdf. 21 Estatísticas do Censo Escolar disponíveis em: http://www.inep.gov.br/basica/censo/

Escolar/Sinopse/sinopse.asp.

22 In:“Inovação, currículo e formação”, de M. do C. Roldão (2000), segundo a autora da dissertação.

Artigo de Elizabeth Conceição Santos in: “Panorama da Educação Ambiental no Ensino Fundamental” 2000 ( p. 25). O assunto tem abordagem semelhante na dissertação de mestrado de Patrícia Ramos Mendonça, que atuou na COEA, defendida em 2004, na Universidade de Brasília, com o título de “Educação Ambiental como Política Pública: Avaliação dos Parâmetros em Ação –Meio Ambiente na Escola”. Disponível em: http:// www.rebea.org.br/acoes/tecendo/ponto_007.pdf.

23 Artigo de Elizabeth Conceição Santos in: “Panorama da Educação Ambiental no Ensino Fundamental” 2000 ( p. 25). O assunto tem abordagem semelhante na dissertação de mestrado de Patrícia Ramos Mendonça, que atuou na COEA, defendida em 2004, na Universidade de Brasília, com o título de “Educação Ambiental como Política Pública: Avaliação dos Parâmetros em Ação - Meio Ambiente na Escola”. Disponível em: http:// www.rebea.org.br/acoes/tecendo/ponto_007.pdf.

24 Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/ politicas.pdf.

25 Dois informes do Brasil apresentados naquele evento, ocupam desde a página 44 até a 116 do documento, que está Disponível em: http://www.medioambiente.cu/foro/ documentos/Capitulo5.pdf.

26 “Políticas Públicas de Melhoria da Qualidade da Educação” (p. 12 e 13).

27 Capítulo “Muda o mundo, Raimundo! Educação Ambiental no Ensino Básico do Brasil”, de Léa Depresbíteris, Leila Chalub Mar-tins, Marcos Reigota e Vera Rodrigues, in: “Panorama da Educação Ambiental no Ensino Fundamental” (p. 65-69).

28 Disponível em: http://www.mananciais.org.br/nsa/nsa/detalhe?id=1805 (acessado em 2007).

Ação em

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“O homem não teceu a teia da vida: