• Nenhum resultado encontrado

Raio X das redes de EA no ano

NOVAS TECNOLOGIAS MUDAM A CENA

Dois fenômenos interligados marcaram a entrada do século 21 e influenciariam as ações que se seguiriam no campo da EA, afetando escolas, seus entornos, governos, sociedade civil. Primeiro, a globalização, cuja reação contrária mais marcante foi uma manifestação de ativistas em Seattle (EUA), paralela à reunião da Organização Mundial do Comércio em 1999 (motivaria a criação do Fórum Social Mundial, em 2001). Segundo, o avanço das tecnologias digitais, que mudariam a forma das pessoas se relacionarem no mundo todo.

Um centro de referência virtual para a EA

Foram várias as tentativas, nos anos 1990, de reunir em bancos de dados a constelação de experiências em EA promovidas pelos diferentes atores sociais, em todas as regiões do país. Sua consolidação facilitaria a vida de educadoras/es em busca de idéias e referências para suas atividades de EA, e também de formuladoras/ es de políticas públicas.

Mas foram necessários três fatores para deslanchar o Sistema Brasileiro de Informação sobre Educação Ambiental (SIBEA), em 2000. De um lado, o lançamento do Projeto Governo Eletrônico (eGov), que previa disponibilizar informações aos brasileiros através da internet. De outro, o estabelecimento do Programa Nacional de Educação Ambiental e da Política Nacional de EA, criada por lei em 1999, que previram a difusão de conhecimentos sobre a questão ambiental, bem como de experiências de EA locais e regionais bem sucedidas.

Por fim, e com base nisso, a previsão, no Programa Plurianual de Governo 2000-2003 (PPA), de recursos para o desenvolvimento, pelo MMA, de um abrangente banco de dados sobre o tema. Para refletir as diferentes posições políticas e culturais, bem como a diversidade dos conhecimentos locais, pensou- se num sistema compartilhado por instituições representativas de EA. Por isso, o ministério realizou reuniões com diferentes setores, em 2001 e 2002.

O primeiro resultado da interação seria a seleção de 150 palavras-chave divididas em 15 grupos, que orientariam o banco de dados. Em seguida, o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) disponibilizou o equivalente a US$ 500 mil para financiar projetos voltados à geração de dados. Daí nasceu, por exemplo, o projeto Tecendo Cidadania, desenvolvido pela Rebea – que se tornou parceira do SIBEA na iniciativa –, e o apoio à estruturação de novas redes de EA, como veremos adiante.

Por fim, criou-se o Grupo de Gestão do SIBEA (GGSIBEA), composto por cinco representantes do governo federal (MMA, MEC, Ibama), um do Conama, e seis da sociedade civil (indicados pela Rebea, Centro de EA do Senac, e associações nacionais de Pós-Graduação Pesquisa em Ambiente e Sociedade e de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação). Entre seus direitos, a definição de prioridades, políticas e padrões de alimentação do sistema. Mas havia o dever de atuar na co- gestão do sistema, ajudando a inserir e validar dados. Em agosto de 2002, criou-se uma lista de discussão desse grupo, para a troca de idéias.

Usando as ferramentas de interatividade disponíveis pelo padrão tecnológico da época, após o cadastro no sistema, a pessoa poderia inserir suas informações, indicando palavras-chave para auxiliar a busca posterior da/o internauta. Os dados seriam validados, antes de entrarem no ar. As informações ganhariam destaque por um tempo, sendo então substituídas por outras, mais recentes. Mas ficariam armazenadas em um banco de dados do sistema.

Na prática, foram criadas seções sobre instituições, pessoas do ramo (educadoras/es ambientais, especialistas, pesquisadoras/es), atividades (programas, cursos, projetos), materiais de apoio (bibliografia, teses, periódicos etc.), legislação, notícias e agenda. Seguiram-se padrões internacionais de organização dos dados, com várias possibilidades para realizar a consulta: por palavra-chave, matriz de assuntos, datas e/ou regiões.

Só que, com o rápido avanço das tecnologias da informação, em poucos anos o Sistema ficou defasado. Em 2005, com recursos do convênio de cooperação técnica com a Unesco, o Órgão Gestor da PNEA iniciou a reforma tecnológica, que resultaria no relançamento do SIBEA em 2007, como veremos adiante.

Retrato de um tempo em que a tecnologia ainda engatinhava, se comparada ao que viria depois, o MMA previu inicialmente a atualização mensal das notícias de sua nova seção de EA. Algum ganho de agilidade, prometiam os responsáveis pelo projeto, se daria com a reformulação da base de dados. Esta, por sua vez dependeria do andamento de outro projeto: o Sistema Brasileiro de Informação em Educação Ambiental (SIBEA), cuja estruturação começou no primeiro semestre de 2000.

Enquanto isso, nessa era “pré-blogs” e “pré-listas de discussão gratuitas”, a seção de EA do sítio do MMA passou a hospedar, a partir de julho daquele ano, a EA Latina, uma lista de discussão sobre EA criada em 1996 por um grupo de biólogas/os ambientalistas no Rio de Janeiro, que já contava com cerca de 350 membros.

Dois especialistas – Jaime Robredo, ex-professor titular da Universidade de Brasília em Ciência da Informação, e Emerson Cordeiro – foram convocados para cuidarem da implementação do SIBEA, com lançamento previsto para o ano seguinte. Um diagnóstico prévio subsidiou a previsão de Enio Rocha, diretor de EA do ministério, de que seria preciso investir no monitoramento das informações. “O controle social sobre o programa passará a ser medido quando o futuro SIBEA for avaliado”, escreveu ele, num balanço para o Avança Brasil.

Não por acaso, no mesmo ano, o Centro de Informação e Documentação do MMA (CID Ambiental) começou a incentivar as chamadas Salas Verdes. Com isso, materiais doados pelo ministério, sem acompanhamento de seu uso posterior, iriam para espaços criados por quaisquer atores sociais (ongs, governo, empresas), visando disseminar informações ambientais51.

Associado à marca do V Centenário da Descoberta do Brasil, mas também parte do pacote de novidades virtuais nos ministérios, MMA, Ibama e MEC criaram o primeiro Curso Básico de EA a Distância, cujo piloto ocorreu justamente na região da Costa do Descobrimento. Apresentado como resposta à reivindicação por capacitação em EA, feita em 1997 na Conferência Nacional