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Num levantamento histórico, o Órgão Gestor da PNEA revela que a década de 1990 foi marcada por avanços legais no campo da EA, não só no Brasil. Confira:

Amazônia (INPA), o fogo teria afetado 14,7% (33 mil km2) da área total do Estado.34 Mais atingidos foram o norte do Estado, o sul de Boa Vista, capital de Roraima, e a região de Apiaú, onde viviam cerca de 1,5 mil pessoas em colônias agrícolas.

Informações do Ibama indicaram que 94% dos focos originaram-se do manejo errôneo de pastagens. O fogo escapou dos campos e invadiu áreas de vegetação fechada. Arrasou 9,2 mil km2 de florestas verdes intactas, além de savanas, campinas e campinaranas. Por trás dos números, milhares de tragédias pessoais. O Exército foi chamado para comandar o combate aos incêndios e a ONU chegou a propor ajuda. Pouco antes, em dezembro de 1997, já saíra a notícia de que o desmatamento da Amazônia voltara a crescer.

Foi quando, no Japão, representantes de mais de 125 países propuseram o Protocolo de Quioto, para regulamentar a Convenção das Nações Unidas de Mudanças Climáticas, um dos documentos finais da Eco-92, em 1992, também conhecido como Convenção do Clima. Foi a maior conferência sobre o tema até então. A idéia era propor mecanismos práticos para reduzir a emissão de gases causadores do aquecimento global, para evitar uma tragédia climática no futuro. O Protocolo estabeleceu os chamados Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). Com eles, se uma empresa considerar caro investir em tecnologias mais limpas para reduzir a poluição atmosférica que ela provoca localmente, pode patrocinar projetos que resultem na despoluição do ar, não importa aonde no mundo. Pois o ar é igual para todos. A isso se chamou de comércio de “créditos de carbono”.

Um parênteses para entender o ritual dos acordos internacionais. No âmbito da ONU, não basta definir os termos de um protocolo (como o de Quioto), para que ele passe a vigorar. Antes, os parlamentos de pelo menos 50 nações precisam ratificá-lo. No caso do de Quioto, os EUA, taxados como maiores vilões do aquecimento global, questionavam as evidências das mudanças de clima causadas por atividades humanas. Isso contribuiu para que se passassem sete anos até chegar às 50 ratificações. Assim, o Protocolo de Quioto – discutido em 1997 com regras para até 2012 – passaria a vigorar só em 2005. Momento, aliás, em que vários países industrializados, sobretudo os da União Européia, já tinham suas próprias metas de redução das emissões, alimentando um promissor “mercado do carbono”.

Voltemos para o final dos anos 1990. O calor dos debates de 1998 levou o governo federal a lançar, em julho daquele ano, o Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais na Amazônia Legal (Proarco), extensivo a sete estados amazônicos, onde fica o chamado “arco do desmatamento”. Também criou a Força-Tarefa para Combate a Incêndios Florestais. Não bastou: de junho a novembro de 98, houve mais de 77 mil focos de incêndio e muitos protestos dos ambientalistas.

Fechando o triênio, em abril de 1999 – após seis anos de tramitação –, seria aprovada a Lei 9.795/99 da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). Segundo o documento Educação Ambiental Legal, lançado pela COEA/MEC em 2002, essa lei regulamentou tanto o artigo 9 da lei de 1981, que criou a Política Nacional do Meio Ambiente, como o artigo 225 da Constituição Federal de 1998.

Mas, antes do detalhamento, é preciso avisar que o avanço da legislação ambiental não parou aí. Em 2000, após audiências públicas em todas as regiões do país, saiu a Lei 9.985/00, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc). Dividiu as áreas protegidas por lei entre UCs de proteção integral, em que até a visitação seria restrita, e as de uso sustentável. No ano seguinte, foi a vez do novo Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01), que condicionou a expansão urbana ao bem estar de seus habitantes e disciplinou o estudo de impacto de vizinhança para empreendimentos e serviços potencialmente impactantes ao ambiente urbano e à qualidade de vida. São questões importantes para quem pratica EA.

Notas

29 “Rebea – Apontamentos pessoais para uma história de ação coletiva”, artigo publicado na edição zero da revista (p. 133-139). Até o início de 2008, havia três edições da Revbea (Zero, 01 e 02) disponibilizadas no endereço eletrônico.

30 Todos os relatórios do projeto foram reunidos em: www.rebea.org.br/acoes_tecendo. htm.

31 Texto Disponível em: http://www.rebea.org.br/acoes/tecendo/gestao_001.pdf.

32 “Educação Ambiental. Vinte anos de políticas públicas” publicado em 2003 pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo - Coordenadoria de Planejamento Ambiental Estratégico e Educação Ambiental.

33 O texto “Tabela dos Crimes Ambientais”, do promotor de justiça Gustavo Senna Miranda, do Ministério Público do Espírito Santo resume, didaticamente, infrações ambientais previstas em diferentes leis, suas penas e ações penais relacionadas. Também comenta o efeito de vetos, como o do Art. 43 da Lei dos Crimes Ambientais. Em 2007, podia ser encontrado em: http://www.mpes.gov.br/anexos/centros_apoio/arquivos/10_2096169361982008_ Crimes%20ambientais%20-%20tabela%20comparativa.doc.

34 Na ocasião, o Senado formou uma Comissão Especial para apurar circunstâncias e causas do mega-incêndio. Relatório detalhado Disponível em: http://webthes.senado.gov.br/sil/ Comissoes/ESP/Comissoes/INCENDIO/Relatorios/RF199801.rtf.

35 “Programa Latino-Americano de Educação Ambiental”, publicação do Órgão Gestor de EA, de 2005 (Série Documentos Técnicos, nº 5).

36 “A Formação dos professores em Educação Fundamental”, de Nana Mininni Medina, in: “Panorama da Educação Ambiental no Ensino Fundamental” (p. 19).

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