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Fotos esféricas exibindo mais um modo de estar na interface

5. TRAVESSIAS CARTOGRÁFICAS: PRIMEIRAS ANÁLISES SOBRE O OBJETO

6.2 Soft reader na Interface: adentrando no entre lugar

6.2.6 Fotos esféricas exibindo mais um modo de estar na interface

[Travessia 1174: A seguinte travessia foi feita em mais de um tema do ESA. Ela foi pensada previamente, isto é, quando fazíamos travessias para conhecer o objeto, começamos a perceber que o mapa se convertia em imagens em 360º, ou em fotos esféricas, como identificado pelo GE. Começamos a refletir esses aspectos de acordo as informações propostas naquelas páginas. Perguntas surgiram em meio à travessia, tais como: por que incluir fotos esféricas e certas páginas e não em outras? Como essas fotos em 360º podem auxiliar em diferentes experiências na moldura interface? O que elas propõem para o usuário na imagem interface? Desse modo, tentaremos explorar esse outro modo de refletir sobre o soft reader na interface.]

Passamos por cenas que abordam como as imagens no GE tentam demonstrar estéticas diversas e passamos também pela discussão de como os ícones produzem outros sentidos no ESA e GE. Esta travessia é uma união das duas reflexões, atribuindo um aspecto a mais para a cena de superfície construída: acionar o street view e observar imagens em 360°. A cena de superfície correspondendo às fotos esféricas traz a descoberta sobre como se movimentar na interface que transforma o mapa em imagem de 360°, essas imagens são denominadas de “fotos esféricas” pelo próprio software. Trouxemos exemplos descobertos nas páginas dos temas “Eu sou água” e “Eu sou liberdade” retratados na cena de superfície a seguir:

74 É possível acessar a travessia no link: https://youtu.be/vWnI-gL-Huw.Último acesso em 12 de janeiro

Figura 44: Cenas de superfície de fotos esféricas no Eu sou Amazônia

Fonte: Elaborado pela autora: https://bit.ly/2Zib4MH.

O frame a refere-se ao tema “Eu sou água”, na página 2 de 5 e faz referência a um vídeo chamado “A máquina de água”. A foto esférica traz a representação da samauma, uma das maiores árvores da Amazônia, e acompanha o texto ao lado que aborda a importância de árvores como essa para a formação de chuvas. Nesse frame, a foto esférica se formou sem o clique do usuário. Logo que adentramos na página o mapa se moveu e nos levou para essa foto esférica, diferente do que aconteceu com as fotos esféricas dos demais frames. O frame b, também foi retirado de uma página do “Eu sou água”, nele temos o assunto sobre como a proteção das florestas na Amazônia é essencial para a América do Sul. Mas antes de aparecer a montagem que vemos no frame b, temos no mapa áreas demarcadas em azul e no canto superior direito há indicação para selecionar um local destacado em azul para entrar no street view. Ao selecionar um local aleatório, chegamos em uma rodovia do estado de São Paulo, a SP-065.

Os frames c e d correspondem ao tema “Eu sou liberdade”, neles vemos como o mapa se encontrava antes e depois de acionarmos o ícone símbolo do street view que, nessa página, se encontra abaixo da janela da foto (canto superior direito). Ao acionarmos o ícone em questão, vemos o mapa se mover e se transformar na foto esférica de um campo, com um lago, um barco e árvores ao redor. Não temos informações específicas sobre essa foto, mas ela parece se referir a alguma comunidade quilombola, visto que a (a)

(c)

(b)

página trata do modo como esses povos alcançaram seus direitos, sendo um deles, o território.

Diante dessa contextualização das fotos esféricas presentes no ESA, buscamos compreender quais os sentidos para inserir mais esse modo de interação com o mapa. Por que demonstrar a samauma, a rodovia de São Paulo, ou o território quilombola no street view? Especulamos as seguintes respostas: porque com a ilustração em 360°, podemos visualizar o que se imprime na imagem como construtos de realismo em suas dimensões, e representar com esses aspectos, nesse caso, as grandes dimensões de árvores como essas que vivem na Amazônia. Podemos também nos deslocar da Amazônia brasileira para o sudeste do Brasil e compreender que ambos estão interligados e vivem em uma relação de dependência em relação às consequências ambientais. Por último, com a foto esférica no território quilombola, podemos visualizar a aparência das condições de vivência e acomodação estrutural daquela comunidade, assim como sua organização coletiva naquele ambiente marcado por conflitos. Há uma estratégia em perceber a imagem nesse formato, ligado a um contexto de informação e a uma ideia de que o usuário pode desbravar a região com a imersão na imagem que vem dos códigos do mapa.

Refletimos que as fotos esféricas representam o que Plaza (1993) chama de imagem numérica interativa, a qual se apresenta como uma imagem diálogo, em que a mão e olhos podem visualizar, mudar de tamanho, como no caso do ESA, podem armazenar, passear por elas, incorporando sentidos para a imagem junto ao que há de contexto textual e visual na sua volta. Segundo ele, “O sujeito se desloca visualmente no seu interior questionando através de seu input ou entradas alfanuméricas dos teclados, dedos da mão, corpo, olhos, cabeças, respiração e voz, amalgamando-se com elas.” (PLAZA, 1993, p. 74). Weibel (2000) lembra que se no mundo real é impossível que o observador interno cruze a fronteira e suprima a determinação da interface, no mundo modelo, isso é possível. Assim, como falamos em outros momentos desta pesquisa, na moldura interface do ESA, enquanto uma Amazônia modelo, são emoldurados sentidos de acesso e imersão a diferentes elementos visuais sobre aquele território. Ao seguirmos nesse limiar, cruzamos as “fronteiras” do ESA para, na interface que agrega diferentes temporalidades, desafiar os limites de arranjos possíveis no GE e Google. Essa discussão complementa também a ideia que trabalhamos por toda a extensão da dissertação sobre a presença da imagem-interface (ARANTES, 2015), em que coloca um certo poder na ação do usuário, ao colocar em fluxo (quebrando as fronteiras) os dados e as mídias presentes em cada quadro da tela.

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A camada “Soft reader na interface” nos fez descortinar ambientes que caracterizam o ESA e GE em coexistência, havendo em um momento ou outro um deles com maior evidência. Ainda, pareceu-nos que por trás desses ambientes ou estruturas de dados temos o Google enquanto software, empresa, navegador. Essa diversidade de imagens em vídeo, gráficas, de satélite, podem ser mais bem observadas nesta camada, pois elas nos mostram esse 'solo' diverso que estamos pisando (ou viajando, enquanto viajantes do Google Earth). Com ela, refletimos quantas imagens geramos ou nos deparamos estando naquele universo do ESA e GE

Nas nossas travessias para a produção das cenas de superfície, percebemos a presença constante das outras camadas, por vezes paramos para analisar se estávamos explorando mais a interface ou uma “Amazônia audiovisualizada” e “Falsa opacidade do software”. No entanto, percebemos que todas essas reflexões são emolduradas pela própria moldura interface, sendo ela “um ambiente desenhado para que os diversos fluxos interajam e onde o audiovisual se atualiza numa reclamação constante de intervenção” (MONTAÑO, 2015, p. 6).