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10 ANOS DE COLABORAÇÃO IPEC/PETI

sociais relativamente à redução e eliminação desta injustiça infli- gida às crianças. Desde então, registámos a tomada de diversas medidas e iniciativas na sequência das Conferências de Lisboa em diversos países europeus e na comunidade lusófona. Entretanto, Portugal continuou a dar passos pioneiros na monito- rização e luta contra o trabalho infantil dentro das suas fronteiras. Levou a cabo dois inquéritos sobre trabalho infantil, em 1998 e 2001. Ambos foram totalmente financiados pelo Governo de Por- tugal. De todos os países que cooperam com a OIT na aplicação de inquéritos sobre trabalho infantil, apenas quatro – Brasil, Filipi- nas, Portugal e Turquia – o aplicaram duas vezes, possibilitando conhecer a evolução do fenómeno e das suas características. Os inquéritos ao trabalho infantil levados a cabo por Portugal constituem uma boa base de acção na luta contra o trabalho infantil. E acção vigorosa foi de facto empreendida pelo Gover- no Português desde 1999, através de um Plano de Acção com envolvimento forte e directo do PETI. O PETI demonstrou a sua capacidade e eficácia ao lidar com o problema neste país, com a ajuda e apoio das agências governamentais mais relevantes e dos parceiros sociais. O seu trabalho traduziu-se num exemplo a ser seguido e foi isso que o IPEC fez na sua actividade em outras regiões do mundo.

No que diz respeito a acção concreta, tenho, ao longo dos anos, ficado impressionado por tudo o que Portugal, o PETI e os parcei- ros sociais têm conseguido alcançar. São abundantes os exem- plos de ajuda a crianças em circunstâncias difíceis, e em vários sectores, melhorando a sua escolarização, reduzindo a sua de- pendência do trabalho, lidando com problemas de exclusão e en- contrando formas de as retirar da marginalidade e da exposição ao crime e às drogas. Tipicamente, todas estas iniciativas foram levadas a cabo com base em estudos sólidos, consultas alarga- das e formulação política séria. Os resultados desta abordagem integrada estão aí para serem vistos por todos e, também para servirem de exemplo a outros países, nesta e em outras regiões. O IPEC tem observado de perto a forma como Portugal tem lida- do com estes problemas das crianças e dos jovens e como tem

sido capaz de colocar a sua experiência ao serviço de programas de cooperação em benefício de outros países. Estamos por isso muito gratos pelo seu trabalho pioneiro nesta importante área do trabalho e do desenvolvimento social.

Certamente, que nem tudo foi fácil e linear para Portugal – ou para qualquer outro país – nesta luta pela defesa das crianças. O PETI e outros actores sociais enfrentaram desafios, dificuldades e desapontamentos, desde logo porque a área do trabalho e do desenvolvimento social, dada a sua dinâmica e mobilidade dos seus problemas, nunca encontra a solução perfeita, definitiva ou livre de debate e crítica. Contudo, a determinação e profissiona- lismo aplicados pelo PETI na sua missão são verdadeiramente exemplares e eu não perderei esta ocasião para elogiar a sua li- derança, colaboradores e voluntários, por tudo quanto fizeram e continuarão a fazer pelas nossas crianças.

Gostaria de concluir expressando o desejo de ver a cooperação entre Portugal e a OIT, no âmbito do combate ao trabalho infantil, continuar a frutificar e a resultar em benefícios mútuos. Embora já não seja actualmente funcionário da OIT, não tenho quaisquer dúvidas que o seu Director-Geral e colaboradores, incluindo o Escritório da OIT em Lisboa e, especialmente, o IPEC, estarão sempre a vosso lado na prossecução desta nobre tarefa. Ao assinarmos conjuntamente o prefácio das actas da Conferên- cia organizada pelo vosso Governo em 2001, o Ministro do Traba- lho e eu próprio escrevemos encorajando “todos aqueles que se dedicam arduamente à promoção de uma infância digna para os jovens e os elementos mais vulneráveis da nossa sociedade. Te- mos esse dever perante as crianças de hoje e os adultos de ama- nhã, pois cabe-lhes o direito de poderem desenvolver os seus talentos e forças para, então, darem o seu contributo à sociedade a que pertencem em condições de trabalho dignas.”

Este constitui um tremendo desafio para todos nós. O PETI, com o vosso apoio, continuará prosseguindo-o durante a segunda – e ainda jovem – década deste grande Programa Português.

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A RELAÇÃO CPLP/PETI

Introdução

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, é o foro multilateral privilegiado para o aprofundamento da amizade mú- tua, da concertação político-diplomática e da cooperação entre os seus membros.

Como compromisso politico, a VI Conferência de Chefes de Es- tado e de Governo da CPLP, realizado em Bissau a 17 de Julho de 2006, aprovou uma Resolução sobre o Combate à Exploração do Trabalho Infantil no Mundo da Língua Portuguesa e decidiu recomendar à Reunião Ministerial, a promoção, no âmbito dos Estados membros que ainda não o fizeram, da ratificação e im- plementação das convenções da OIT sobre as priores formas de trabalho das crianças (n.º 182) e sobre a idade mínima de admis- são ao emprego (n.º 138); encorajaram, ainda a união de esforços com vista à prevenção e eliminação da exploração do trabalho infantil, envolvendo os parceiros sociais, assim como o sector pri- vado e outras organizações da sociedade civil.

Protocolo de Colaboração CPlP – OIT/lisboa

Em Agosto de 2005, a CPLP e a OIT/Lisboa, no seguimento do espírito do memorando de entendimento assinado entre as duas organizações, em Genebra em 19 de Novembro de 2004, decidi- ram estabelecer um Protocolo de Cooperação.

Pretendiam ambas as instituições unir esforços na melhor pros- secução dos objectivos e comprometeram-se a colaborar mutu- amente em todos os domínios envolvendo a utilização da língua portuguesa, nomeadamente: nas publicações da OIT; na interli- gação de portais electrónicos; na elaboração e desenvolvimento de bases de dados; na divulgação de programas de formação pela OIT em língua portuguesa, trocar regularmente informações sobre as actividades que cada uma delas esteja a promover. Decidiram adoptar projectos conjuntos nomeadamente nos se- guintes domínios: o fenómeno da globalização e a sua dimensão social; as questões de saúde no meio laboral em particular o esta- belecimento de campanhas de informação e prevenção no domí- nio das pandemias; a promoção do diálogo social, nomeadamente através do estabelecimento de instrumentos de diálogo e concer-

tação social nos países da CPLP; colaborar no estabelecimento e mobilização de recursos para programas de desenvolvimento socioeconómico; colaborar em programas de formação profissio- nal e promoção do emprego; colaborar no domínio do aperfeiçoa- mento da legislação laboral e protecção dos trabalhadores.

Participações do Secretariado Executivo nas acções do PETI

Em 2006, em conjunto com o Secretariado Executivo da CPLP, é organizada a Conferência «Combate à Exploração do Trabalho Infantil no Mundo de Língua Portuguesa» e é neste contexto em que a CPLP dá inicio o seu relacionamento com o PETI.

A Conferência teve como objectivos fundamentais:

Reafirmar que o combate à exploração do trabalho infantil é •

uma prioridade política dos países de língua oficial portugue- sa;

Divulgar estratégias, políticas e programas que vêm sendo de- •

senvolvidos à escala nacional e internacional para combater as piores formas de trabalho infantil nomeadamente no quadro do PETI/Portugal, IPEC/Brasil e IPEC/OIT;

Trocar experiências e disseminar boas práticas no âmbito da •

prevenção e eliminação da exploração do trabalho infantil em particular no mundo de língua portuguesa;

Facilitar o acesso, por parte dos países da CPLP, aos disposi- •

tivos de apoio técnico e de financiamento existentes ao nível internacional, em particular por parte do IPEC/OIT;

Adoptar estratégias de colaboração no âmbito da CPLP neste •

domínio.

Sob o lema «O nosso trabalho é estudar», reuniram assim em Lisboa, de 11 a 13 de Maio de 2006, delegações de todos os países da CPLP, chefiadas pelos (as) respectivos (as) Ministros (as) do Trabalho e dos Assuntos Sociais. Este foi um momento especialmente significativo, uma vez que os (as) Ministros (as) do Trabalho e dos Assuntos Sociais da CPLP assinaram uma Decla-

ração Política1 conjunta, afirmando o seu combate à exploração

do trabalho infantil.

declaração Política dos (as) Ministros (as) do Trabalho e dos 1 http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/pdf/declar.pdf

Jovelina Imperial

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A RELAÇÃO CPLP/PETI

assuntos Sociais da CPlP

«Os Ministros do Trabalho e dos Assuntos Sociais da CPLP, reu- nidos em Lisboa a 11 de Maio de 2006, por ocasião da Confe- rência «Combate à Exploração do Trabalho Infantil no Mundo de Língua Portuguesa», no ano de celebração do 10º aniversário da CPLP (…)

Declaram:

1. Reafirmar que o combate à exploração do trabalho infantil e às suas causas é uma prioridade política da CPLP e de cada um dos seus Estados-membros;

2. Promover no âmbito dos Estados-membros da CPLP, a ratifi- cação e implementação das Convenções da OIT sobre as piores formas de trabalho das crianças (n.º 182) e sobre a idade mínima de admissão ao emprego (n.º 138);

3. Unir esforços com vista à prevenção e eliminação da explora- ção do trabalho infantil, envolvendo os parceiros sociais, assim como o sector privado e outras organizações da sociedade civil; 4. Potenciar a troca de experiências e a disseminação de boas práticas nesta área, beneficiando do apoio da OIT e, em particu- lar, do Programa IPEC;

5. Reforçar a cooperação multilateral entre os Estados-membros na base da reciprocidade de benefícios com apoio de organismos e organizações governamentais e não governamentais nacionais, regionais e internacionais;

6. Adoptar, no decorrer da próxima Reunião dos Ministros do Tra- balho e dos Assuntos Sociais da CPLP, um Plano de Acção da CPLP com base na proposta a ser elaborada na presente Con- ferência;

7. Introduzir esta temática de forma regular nas Reuniões dos Mi- nistros do Trabalho e dos assuntos Sociais da CPLP a fim de, em particular, dar cumprimento ao referido Plano de Acção e avaliar os seus resultados;

8. Divulgar amplamente esta Declaração em reuniões internacio- nais e, em especial, na 95ª CIT.»

Durante a Conferência foi desenhado um Plano de Acção2 no

âmbito da cooperação multilateral. Este não substitui os planos de acção nacionais, embora os possa complementar. As metas conjuntas nele inscritas tiveram em consideração as constantes do Relatório Global de 2006 - «O fim do trabalho infantil: Um ob- jectivo ao nosso alcance»:

A ratificação até 2010, por todos os Estados-membros da CPLP, das Convenções n.º 138 e 182 da OIT e o cumprimento das res- ponsabilidades delas decorrentes;

A adopção até 2010, por todos os Estados-membros da CPLP, de estratégias e de programas operacionais de combate à explo- ração do trabalho infantil e às suas piores formas;

A concepção e implementação de medidas adequadas de dura- ção determinada até final de 2008, com o objectivo da efectiva abolição das piores formas de trabalho infantil até 2016, conforme a recomendação do Plano de Acção Global integrado no Rela-

2 http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/pdf/plano.pdf

tório Global «O fim do trabalho infantil: um objectivo ao nosso alcance».

Paralelamente aos trabalhos da Conferência, um grupo de oito jo- vens dos oito Estados-membros da CPLP, que foram no passado crianças vítimas de trabalho infantil, apresentaram igualmente a

sua Declaração3 conjunta.

No seguimento desta grande iniciativa, a CPLP organizou uma ini- ciativa pública que decorreu a 8 de Junho de 2006, em Genebra, paralelamente à 95ª CIT. Os(As) Ministros(as) do Trabalho tiveram a oportunidade de apresentar, através de uma Mesa Redonda, em português, no Palácio das Nações em Genebra, as conclu- sões da Conferência. Esta Mesa Redonda contou com a partici- pação dos delegados dos parceiros sociais, consolidando assim um dos compromissos firmados na Declaração.

Por outro lado, o Plano de Acção preparado na Conferência viria a ser adoptado na VII Reunião dos(as) Ministros(as) do Trabalho e dos Assuntos Sociais da CPLP, que teve lugar em Bissau, a 4 e 5 de Setembro de 2006. O plano prioriza os seguintes eixos: i) infor- mação, troca de experiências e trabalho em rede; ii) campanhas conjuntas de sensibilização; iii) harmonização de metodologias; iv) e cooperação técnica e formação.

Uma das primeiras iniciativas levadas a cabo prendeu-se, preci- samente, com este último ponto, e passou pela organização de

uma sessão formativa4 subordinada ao tema: «Combate ao traba-

lho infantil nos países de língua portuguesa», realizada em Turim de 11 a 15 de Dezembro de 2006.

Esta iniciativa resultou de uma parceria entre o IPEC, o Centro de Formação da OIT de Turim e os Escritórios da OIT do Brasil e

de Lisboa, com o apoio dos Governos do Brasil e de Portugal5 e

com o alto patrocínio do Secretariado Executivo da CPLP. Esta sessão propunha-se reforçar as competências do pessoal técnico e dirigente dos Estados-membros em matéria de trabalho infantil, incluindo sensibilização, recolha de dados estatísticos, ferramen- tas pedagógicas, questões de género, actividades operacionais, implementação das Convenções n.º 138 e n.º 182, adaptação das legislações nacionais e reforço do diálogo social e participação da sociedade civil.

No final da formação, para além da capacitação dos participan- tes, outros três resultados foram obtidos: troca de experiências e boas práticas, com especial relevo para as apresentações do PETI/Brasil e do PETI/Portugal; apoio à criação de planos de ac- ção nacionais; e operacionalização do Plano de Acção resultante da Conferência.

O secretariado Executivo participou ainda, na primeira reunião

dos Pontos Focais6, no âmbito da Declaração Conjunta, assinada

a 11 de Maio de 2006, pelos(as) Ministros(as) do Trabalho e dos Assuntos Sociais da CPLP, teve lugar a 29 e 30 de Março de 2007 em Lisboa. Esta reunião pretendeu dar seguimento ao Plano de Acção adoptado na Guiné-Bissau. Nesse quadro está actualmen- te em desenvolvimento um Documento de Projecto enquadrador das actividades necessárias para atingir as metas estabelecidas.

3 http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/pdf/jovens.pdf 4 http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/html/portugal_forma- cao_ipec_pt.htm

5 Através do então Gabinete para a Cooperação do MTSS

6 Representantes mandatados pelos(as) Ministros(as) do Trabalho e dos Assuntos Sociais da CPLP e comunicados ao Secretariado Executivo da CPLP

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A RELAÇÃO CPLP/PETI

Notas Finais

A abolição total do trabalho infantil e das suas piores formas, em particular, e a prossecução de um trabalho digno para todos só será possível com o compromisso de todos os actores do mundo laboral.

A capitalização de boas experiências, como a do PETI, deve ser garantida e assume enorme relevância, quer no contexto euro- peu, quer no contexto do mundo de língua portuguesa.

Considerando que a eliminação da exploração do trabalho infan- til constitui uma preocupação comum dos Estados membros da CPLP, e que deve constituir um objectivo político, social e econó- mico dos Governos, parceiros sociais e demais organizações da sociedade civil da CPLP, atendendo à importância do movimento mundial neste combate, o compromisso político assumido no âm- bito da CPLP, para o combate à exploração do trabalho infantil no mundo da língua portuguesa, deve ser sublinhado e concretizado

através de estratégias e de programas operacionais de combate à exploração do trabalho infantil e às suas piores formas.particular, e a prossecução de um trabalho digno para todos só será possí- vel com o compromisso de todos os actores do mundo laboral. A capitalização de boas experiências, como a do PETI, deve ser garantida e assume enorme relevância, quer no contexto euro- peu, quer no contexto do mundo de língua portuguesa.

Considerando que a eliminação da exploração do trabalho infan- til constitui uma preocupação comum dos Estados membros da CPLP, e que deve constituir um objectivo político, social e econó- mico dos Governos, parceiros sociais e demais organizações da sociedade civil da CPLP, atendendo à importância do movimento mundial neste combate, o compromisso político assumido no âm- bito da CPLP, para o combate à exploração do trabalho infantil no mundo da língua portuguesa, deve ser sublinhado e concretizado através de estratégias e de programas operacionais de combate à exploração do trabalho infantil e às suas piores formas.

Joaquina Cadete, Moderadora:

Muito obrigada Dr.ª Jovelina Imperial. Aproveito para saudar os dois represen- tantes dos pontos focais do Brasil e da Guiné-Bissau que estão cá. Talvez não saibam que cada estado membro tem um ponto focal junto da CPLP para o trabalho infantil, para o combate ao tra- balho infantil. Muito obrigada pela vossa presença.

Foi outra vez com certeza de todos es- tes trabalhos que os decisores políticos e ontem ouvimo-lo, puderam tomar deci- sões. Fizemos um enorme trabalho com a publicação daquele livro, a obra que eu considero a obra do PETI nestes 10 anos, uma obra monumental para a qual contri- buíram 11 académicos e os 8 opúsculos que efectivamente têm o contributo de todos aqueles que são os operacionais. E é neste momento que eu quero publi- camente prestar a minha homenagem,

obviamente a todos os que escreveram e que muitos deles já falaram, mas a al- guém que a mim particularmente muito me ajudou na organização desta obra, cuja envergadura eu não me balancei a fazer sozinha, que é minha amiga Teresa Maio Carmo, um grande obrigado pelo seu conhecimento e os nossos parabéns também.

Na recta final vamos ouvir, compendiar, aquilo que é importante para nós, o rasto

do PETI, que rasto do PETI fica no futu-

ro.

Hermano Carmo é diplomado em Ad- ministração Ultramarina, licenciado em Ciências Sociais e Políticas, mestre em Ciência Política pelo ISCSP, e doutor em Ciências de Educação, especializado na organização de sistemas de formação. É agregado em Política e Acção Social pela Universidade Aberta. É professor catedrático da Universidade Aberta e do Instituto de Ciências Sociais e Politicas, onde tem colaborado na área da Ciên-

cia Política, Sociologia, Politica e Serviço Social e Ciências da Educação. Desde 1970 tem desempenhado várias funções técnicas docentes e de direcção em or- ganismos ligados à segurança social e à educação, nomeadamente ao ensino su- perior. Tem trabalhos nos domínios das Ciências Sociais, Politica e Serviço So- cial, Ciências de Educação e Ciência Po- lítica, dos quais são publicados 6 deze- nas sobre forma de artigos ou ensaios. E passo a palavra para terminarmos a Hermano Carmo que nos vai falar exac- tamente do rasto do PETI. A palavra é sua.

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O RASTO DO PEETI/PETI

Antes de mais, gostaria de agradecer à Dr.ª Joaquina Cadete o convite e o desafio para procurar seguir o rasto do PETI. A ideia do nome não é minha, é dela e penso que é um excelente nome, talvez porque eu seja de uma família de caçadores fiquei seduzido logo pelo nome, e acho que é extremamente importante, já vos vou explicar porquê.

Gostaria também de fazer os meus agradecimentos à Dr.ª Sofia Oliveira, que foi de um empenhamento inexcedível para comigo e me arranjou imensos materiais, sem os quais eu não poderia naturalmente ter reflectido. Muito obrigado.

Vou seguir a minha comunicação em 4 passos, que, será basi- camente a síntese daquilo que encontrarão no capítulo no livro. Esses quatro passos têm a ver com duas questões que eu me pus quando me abalancei a responder a este desafio. Seguidamente falar-vos-ei do dispositivo de observação que procurei conceber para ver se conseguia seguir o rasto do PETI. Depois em 3º lugar falaremos sucintamente dos rastos encontrados e, finalmente, concluiremos a nossa reflexão.

Inicialmente havia duas questões prévias que se me punham quando o desafio me foi feito. Eu tinha consciência que ao ob- servar e analisar um problema social hoje, sobretudo se esse pro- blema é um problema muito complexo, confrontamo-nos com um problema que encontramos na sociedade de informação, e que o Edgar Morin identificou uma vez como «nevoeiro informacional». Isto é: perante um determinado problema temos muitas vezes, por um lado, informação a mais que é inútil, que denomina de «sobre-informação»; por outro lado, temos informação útil a me- nos, ou «sub-informação», e temos ainda uma série de informa- ção deformada, apelidada pelo autor de «pseudo-informação». Portanto, esta questão, é uma questão que é permanente na nos- sa vida quotidiana no séc. XXI: quando estamos a analisar pro- blemas sociais, há que saber navegar no interior deste nevoeiro informacional.

O que significa, dito de uma maneira muito simples, que há que saber seleccionar informação relevante: esta é que é a questão metodológica básica. Era importante saber no meio deste tal ne-