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PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL

Este é um aspecto que atinge fortemente Portugal, a descida da taxa de natalidade. Embora esta ideia esteja presente no quoti- diano raras vezes se têm presentes os números dessa descida. Assim, tomando como referência os estudos recentes da Prof.ª

Ana Nunes de Almeida e da Profa. Isabel André do Instituto de Ci-

ências Sociais em torno dos dados dos Censos de 1981 a 2001, constata-se que em 1981 residiam no país cerca 2.500.000 crian- ças na faixa etária dos 0 aos 14 anos e em 2001 registava-se ape- nas 1.600.000. Em 20 anos houve um decréscimo na ordem dos 900.000 efectivos que atingiu todas as regiões do país e todas as idades. Esse decréscimo tem vindo a acentuar-se de 2001 até agora e a situação só não é mais grave por o país ainda se carac- terizar por determinados movimentos migratórios, no acolhimento de imigrantes de diferentes nacionalidades. Porque sem a popu- lação imigrante, sobretudo, as mulheres de origem africana que ainda transportam consigo os seus modelos de fecundidade das culturas de origem, claramente, haveria uma sobre-representação de crianças mais velhas na população portuguesa.

Quando se fala de trabalho infantil este é um dado a ter em linha de conta porque uma leitura isolada ou linear de informação es- tatística pode ser enganadora ou pouco profunda. Ao analisar-se o decréscimo de alguns indicadores estatísticos sobre determi- nadas problemáticas sociais que afectam a infância e juventude ter-se-á, paralelamente, de os cruzar com os valores das acentu- adas variações negativas das taxas demográficas da população infanto-juvenil em Portugal.

“Passava os sábados à noite e os domingos durante todo o dia num café conhecido por ser frequentado por homens mais velhos e mulheres «de menos boa fama». (…) Foi apanhada diversas ve- zes a tentar trocar cheques passados em seu nome em estabele- cimentos de comércio local, o que mais reforçava as suspeitas de exploração sexual com consentimento. A família foi sempre alheia a esta informação e a jovem fez um longo percurso até a confirmar à técnica que a acompanhava.” (Russo, 2008)

O tempo da infância é representado como um tempo, tenden- cialmente, associado a uma ideia de bem-estar infantil que deve atravessar esta condição em todas as suas dimensões e fases. O problema começa quando partindo do ponto de vista das crian- ças, como aliás se tem verificado nas expressões apresentadas nestes primeiros slides, esse é um dado muito longe de estar ad- quirido na sociedade portuguesa apesar das mudanças sociais e dos progressos realizados em todos os campos.

A infância é, igualmente, caracterizada por ser um tempo sem res- ponsabilidade. Mas também, simultaneamente, sem autonomia e como refere o Prof. Manuel Sarmento, a dependência e ausência de responsabilidade são dois dos elementos fundamentais para a construção deste mito da infância feliz onde todas as crian- ças são, por assim dizer, obrigadas a serem felizes com base na universalização do modelo singular de «criança-ideal». Torna-se, então, necessário e urgente identificar e perceber as razões que levam tantas trajectórias de crianças, ainda hoje, a serem atra- vessadas por problemas sociais de ordem diversa quando, pa- radoxalmente, nunca como agora as sociedades dispuseram de tanta informação e de tantos meios para efectivar a melhoria das condições de vida de todos os grupos da população. Este é, se calhar, o mais importante dos desafios que aqui se impõe. Impor- ta identificar e questionar o porquê deste desfasamento sob pena de cristalização dos graves problemas que afectam a condição

da infância no país e que vêm, desde há muito, a prolongar-se no tempo. Para melhor se perceber e se poder desconstruir algumas das questões relacionadas com as PFTI há duas ou três linhas de orientação que interessa ter em linha de conta.

Por um lado, levanta-se a questão de perceber como é que se constrói a noção de risco social nas sociedades contemporâne- as; por outro lado, há que ter em atenção que se vive em espa- ços e tempos marcados pela globalização não se podendo falar de um contexto local sem ter presente a noção de uma cultura dita global. Há uma discussão que se vai arrastando no tempo, aqui apresentada nas palavras de Beck (1992): terão os riscos sociais aumentado ou o que se verifica será antes a intensificação e alargamento da sua percepção? Ultrapassa-se, neste posicio- namento, a questão de saber se são os riscos que objectivamente terão aumentado ou se, antes pelo contrário, o que se verifica nas sociedades contemporâneas é a intensificação e alargamento da sua percepção. Porque um e outro ponto representam duas faces de um mesmo objecto, qualquer análise social terá de atender à convergência e ao cruzamento entre ambos.

“Ainda sobre os técnicos, a mãe diz que: «nada resultou, mas só os do PIEF tentavam enquadrar o filho, vinham cá a casa, falavam comigo...» e o jovem remata que nada há-de resultar, só com a morte. «Há quem escolha ser juiz, advogado, eu escolhi ser bandi- do. Já é tarde demais para ser um menino bem comportado, sou mais um outlaw. Esse podia ser o título da minha história: the ou- tlaw». Há dois meses o jovem tentou o suicídio.” (Freitas, 2008)

Enquanto investigadora, o maior desafio não será tanto perceber se agora há mais ou menos risco social, o que interessará mais será perceber, identificar e percepcionar que riscos são estes que atravessam os contextos destas crianças de forma a poder de- pois intervir de modo mais adequado.

“A relação surgiu com o consentimento da família que vivia em condições de precariedade e que viu a vida mais facilitada com a entrada de algum dinheiro em casa, dinheiro este dado em troca de “algumas visitas” [das crianças] ao apartamento deste senhor.” (Felício e Nunes, 2008)

“O contacto próximo com os traficantes permitia-lhe ter os melho- res» lugares da fila reservados para aqueles que, no momento do desespero, lhe pagavam cinco euros para ter acesso a uma dose mais rapidamente.” (Almeida e Mendes, 2008)

Outro factor que raras vezes se considera, quer individual, quer colectivamente, é que existe uma tendência a percepcionar o risco social sempre como um perigo externo, algo que está de fora, no outro, nunca em nós, quase sempre numa perspectiva de (auto-)desresponsabilização. No debate que vem a ser de- senvolvido por diversos autores que se têm debruçado sobre as questões do risco social na sociedade portuguesa, nomeada- mente, do Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coim- bra, destaca-se uma característica da sociedade portuguesa: o risco será, sobretudo, mais percepcionado e vivido como uma ameaça, mais representado como um perigo do que como uma oportunidade, um desafio para mudanças sociais. Ao contrário de outras sociedades cujo nível de desenvolvimento humano é registado como superior, o risco em Portugal tende a ser exclu- sivamente percepcionado como um perigo externo e assiste-se a uma enfatização do processo de politização dos riscos com consequências morais e políticas. Assim sendo, a «sociedade de

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risco» portuguesa converte-se, potencialmente, naquilo que Beck (1992) chama de «sociedade da catástrofe, na medida em que os muitos riscos tendem a ser só debatidos politicamente quando os efeitos da sua disseminação ganham visibilidade, e ganham aci- ma de tudo uma visibilidade extrema pelos efeitos que atingem as populações por eles mais afectadas. Neste sentido, não será de estranhar as maiores dificuldades que se colocam no nosso país, ao tentar-se não só recuperar o atraso em relação a outras so- ciedades, mas como também e simultaneamente promover res- postas minimamente adequadas aos graves problemas sociais colocados no tempo presente. Nesta ordem de ideias, a proble- mática da intervenção precoce assume uma especial relevância tendo-se consciência que, muitos dos seus possíveis resultados, apenas poderão ser visíveis a longo prazo.

Este é um pormenor que atravessa a análise das PFTI. Vivemos em mundos marcados pelo risco, pela incerteza, pela dúvida, pela incerteza, sobretudo, em relação ao futuro. Estes são senti- mentos que afectam também, eventualmente de forma cada vez mais intensa, a vida das crianças e dos jovens. Este sentimento de aparente agravamento do risco social na contemporaneidade está relacionado com a emergência de novos factores de incerte- zas e de imprevisibilidade que reduzem, drasticamente, a capaci- dade de resposta no quadro dos sistemas institucionalizados tal como os temos conhecido até agora.

Sem mudanças sociais nesses quadros, insistir nas mesmas perspectivas e modelos de intervenção será perpetuar a reprodu- ção do insucesso. Importa também perceber que a problemática do risco, associada aos problemas sociais, articula-se não só à globalização das políticas sociais mas também à socialização das políticas globais. Citando Giddens (1996) “os países tornaram-se agora demasiado pequenos para solucionar os problemas gran- des. Mas também demasiado grandes para solucionarem os pro- blemas pequenos.” É, pois, nesta confluência entre o local e o global que o estudo das PFTI se tem de situar.

“Manuela juntamente com uma colega da mesma idade durante os fins de semana, tardes livres e dias em que faltavam às aulas, dirigiam-se para um armazém degradado da cidade, onde em sis- tema de rotatividade tinham práticas sexuais com um grupo de «amigos», cerca de oito jovens do sexo masculino. Estes jovens filmavam as práticas sexuais com os seus telemóveis, enviando estas imagens para telemóveis de outros colegas da mesma esco- la. (…) cediam a fantasias sexuais propostas pelos colegas, algu- mas das quais de grande violência.” (Garcia e Bandeiras, 2008)

E poder-se-á perguntar: mas porquê a insistência nesta ideia? É que do conhecimento que se vai obtendo sobre os seus contor- nos, os resultados apontam para que cada vez mais estas piores formas se encontrem sustentadas e se desenvolvam ao abrigo de redes internacionais, organizadas e estruturadas, que as tor- nam cada vez mais de difícil acesso ao exterior, mais invisíveis a olho nu e com riscos acrescidos para os que nela se encontram envolvidos. Como defende Sousa Santos as mais recentes recon- figurações de tecido social português assentam em dinâmicas que ao mesmo tempo, e em patamares de sobreposição, são de integração numa dada comunidade mas também de fragmenta- ção social, de massificação, de individualização, de selecção e de exclusão social. Pensando no que isso representa em relação ao trabalho infantil torna-se evidente como em qualquer trajec- tória de infância ou juventude esses elementos tendem a estar presentes.

Enquanto fenómeno estrutural e global, todos os acontecimen- tos locais relacionados com as PFTI tendem a estar moldados por factos ocorridos também noutro ponto do planeta. Basta ver como os modelos de referência infanto-juvenis tendem a ser se- melhantes, ou até mesmo iguais, em qualquer ponto do planeta. Numa viagem que se faça à África, à Ásia, pelos diversos con- tinentes, encontrar-se-ão crianças e jovens vestidos da mesma maneira, tendo por modelos de referência os mesmos ídolos, projectando-se no futuro com ambições e aspirações similares em muitos aspectos.

Deste modo, a reflexão sobre o trabalho exercido por crianças e jovens não pode ser, de forma alguma, dissociada das condições sociais e culturais de cada agregado, seja família, bairro, orga- nização, instituição, bem como dos níveis de desenvolvimento social e humano do país. Falar da sociedade portuguesa actual, e em particular dos indicadores sociais e económicos cuja leitura tem necessariamente de atravessar qualquer abordagem sobre o trabalho infantil, implica ter presente o reforço das desigualdades sociais sentido nos últimos anos, com especial destaque para o alargamento do fosso entre ricos e pobres e os cerca de dois milhões de portugueses que se vivem no limiar da pobreza, com larga percentagem de crianças e jovens afectados por diversas formas de exclusão naturalmente reflectidas na escola. Mais do que fazer referência a um conjunto de dados oficiais abrangen- tes de várias áreas (saúde, educação, segurança social, justiça) que revelam ainda o grande atraso da sociedade portuguesa em relação a outras que não apenas europeias, a descida de posi- ções de Portugal no ranking das Nações Unidas sobre índice de desenvolvimento humano traduz as dificuldades acentuadas de um país, que apesar das mudanças sociais atravessadas ao lon- go das últimas três décadas ainda se debate com problemas de carácter muito básico na satisfação de necessidades imediatas das populações.

Facilmente se pode verificar como estas desigualdades consti- tuem terreno fértil para o envolvimento de crianças nas PFTI. A evolução das próprias tipologias relativas à classificação do tra- balho infantil acabam por reflectir estas mudanças sociais e, so- bretudo, traduzir a preocupação dos Estados não podendo delas ser dissociadas. Conforme previsto no art.º 32º da Convenção sobre os Direitos da Criança (1990), é reconhecido à criança «o direito de ser protegido contra a exploração económica ou a su- jeição a trabalhos perigosos ou capazes de comprometer a sua educação, prejudicar a sua saúde ou o seu desenvolvimento físi- co, mental, espiritual, moral ou social».

“No funcionamento familiar Leandro indica que é ele quem muitas vezes cuida da irmã, nomeadamente no que respeita à alimenta- ção «muitas vezes a minha mãe vai para o café e sou eu quem dá as refeições à minha irmã porque a minha mãe nem se preocupa» (…) «eu e a minha mãe nunca falamos e quando falamos é sobre coisas que se vêem. Se a parede está suja falamos sobre a pare- de, se não está, não falamos».” (Santos, 2008)

Mas como, neste âmbito, há umas formas mais graves do que outras porque mais atentatórias contra a dignidade humana, quer pela sua natureza, quer pelas suas consequências, a Convenção nº 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) relativa à Interdição das Piores Formas de Trabalho das Crianças e à Acção Imediata com vista à sua Eliminação, de 17 de Junho de 1999, está na base de uma intensa produção legislativa a nível mundial na prevenção e seu combate. O número de ratificações nos anos

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seguintes é prova desta dinâmica: cerca de 87% dos Estados membros, representativos de mais de três quartos da população mundial. Portugal ratificou-a em 16 de Junho de 2000. De salien- tar a taxa global de ratificações em países africanos, americanos, europeus e árabes, ao contrário dos asiáticos onde os valores são claramente inferiores.

Passam pois mais, pouco mais de oito anos desde que a OIT consagrou esta expressão dando-lhe uma forma e um conteúdo nesta Convenção. E do que é que se trata quando se fala das PFTI? Fala-se de escravatura, de tráfico, de venda, servidão por dívida, prostituição, pornografia, envolvimento em actividades ilícitas e em redes criminosas, trabalho perigoso, recrutamento forçado para conflitos armados. São estes alguns dos casos proi- bidos pelo Direito Internacional, situações muito diversas que sob a mesma capa ocultam diversas situações mas têm um aspec- to comum que é apresentar o grau último de exploração e de submissão a que uma criança pode estar sujeita, as mais graves violações dos seus direitos pelo desempenho de actividades ilíci- tas ou de elevada perigosidade, fundamentalmente, a mando de outrem que tende a impor o seu poder através da coação e da força física, verbal ou psicológica.

“O sistema educativo também não conseguiu ser suficientemente protector, muito pelo contrário, as situações de insucesso escolar foram aumentando, acabando por «empurrar» este jovem e outros nas mesmas condições para o abandono escolar.” (Pereira, 2008) “Era notório o desejo de se sentir adulta e de ser tratada como tal; o desejo de ter alguém para proteger; o desejo de assumir uma responsabilidade especial, a esperança de que o filho lhe desse amor e segurança.” (Monteiro, 2008)

Para além dos documentos anteriormente mencionados, foram também desenvolvidos nos anos seguintes outros dois Protoco- los no âmbito da Convenção sobre os Direitos da Criança, ambos de especial significado neste campo: um relativo à Participação de Crianças em Conflitos Armados (OPAC) e outro relativo à Ven- da de Crianças, Prostituição Infantil e Pornografia Infantil (OPSC). Referência ainda para o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada Transnacional relativo à Prevenção, à Repressão e à Punição do Tráfico de Pes- soas, em especial de Mulheres e de Crianças (Protocolo de Pa- lermo). Trata-se de instrumentos que têm vindo a ser objecto de ratificação ao longo destes anos e segundo a OIT (2006), o OPAC cobre uma em cada três crianças no mundo, o OPSC cobre pou- co mais do que uma em duas e o Protocolo de Palermo apenas uma em cada quatro em todo o mundo. A crescente produção legislativa nesta área traduzirá a exacta medida da importância que os Estados atribuem ao combate às PFTI. E entre outras me- didas legislativas, na Recomendação nº190 relativa à Interdição das Piores Formas de Trabalho das Crianças e à Acção Imediata com vista à sua Eliminação (OIT, 1999), realça-se a importância de prevenção, da sua identificação e da sua denúncia.

Enquanto investigadora, trabalhar nestas áreas levanta um leque de inúmeras questões que não são de fácil resolução. A começar pelos problemas que se colocam do ponto de vista ético. Como entrevistar crianças que estão envolvidas nestes contextos sa- bendo que vão continuar a estar envolvidas na sua participação de crimes, de prostituição ou outras situações de elevado risco para si próprias? E até que ponto é que uma investigação não poderá colocar em risco acrescido as próprias crianças, os jo-

vens ou as famílias que acedem a participar? São aspectos com que os investigadores se confrontam e a que não podem ficar indiferentes.

“Todos os dias achava que não era igual às outras raparigas. Por- que as outras raparigas não tinham problemas. (…) O meu pai, quando eu tinha 14 anos fazia-me trabalhar na horta (…) e carregar um depósito (com dez quilos) com pesticida para dar no arrozal. Levantava-me às 7h00 e, quando não o fazia, vinha a minha mãe dizer: Rita o teu pai está a chamar-te, e lá ia eu, trabalhava até ao meio-dia, e às vezes também às 17h00 da tarde.” (Carvalho, 2008)

À legislação já mencionada acresce um leque de outros diplomas legais sobre aspectos diversos no combate à pobreza, à exclu- são social e à violência, situações que estão na base da entrada de muitas crianças no trabalho infantil, assim como se acentua a necessidade de sensibilização da opinião pública e do envolvi- mento de todas as crianças nestas acções. No fundo, dá-se voz ou procura-se a efectivação do cumprimento do direito à partici- pação, consagrado na Convenção sobre os Direitos da Criança, e identificam-se, a nível mundial, alguns grupos como grupos de especial vulnerabilidade: as crianças mais novas, as crianças do sexo feminino e aquelas que têm necessidades educativas es- peciais independentemente do que é que este conceito significa agora na actual legislação portuguesa. Vê-se pois que as piores formas são uma realidade muito multifacetada.

“O percurso efectuado no PIEF não tinha sido em vão e a Ana sen- tiu necessidade de voltar a procurar a técnica da EMM do PEETI que a tinha acompanhado durante o percurso do 6º ano, sendo assim possível dar início a uma intervenção articulada.” (Valverde, 2008)

“[Sobre o PIEF] o Mário diz: «- Como vai ser quando eu acabar aqui a escola? Já não sei viver sem vocês!» “ (Rodrigues, Severino e Murilhas, 2008)

“«- Curto que os putos [do Jardim de Infância] gostem de es- tar comigo. Dá-me mais pica do que outras cenas que eu fazia antes.» [refere o André sobre as actividades de AISC do PIEF].” (Chambino, 2008)

“As mudanças ao nível do saber-ser e do saber-estar são lentas e graduais, lembrando lesmas. (…) Não nos apercebemos das transformações no dia-a-dia mas elas vão-se operando.” (Barata, 2008)

Segundo a OIT, em 2004, existiriam a nível mundial cerca de 218 milhões de crianças a trabalhar sendo que à volta de 126 milhões numa das piores formas. O recrutamento à força mediante rapto ou até venda, a escravatura ou regime de escravidão, afectarão mais de 5,7 milhões de crianças pelo mundo. A exploração para fins de prostituição ou pornografia infantil, existe um pouco por todo o globo, associada, muitas das vezes, a sectores da activi- dade turística cada vez mais organizados, mais profissionalizados e também, eventualmente, de mais difícil acesso.

Em 2002, a nível mundial, existiam cerca de 300.000 crianças