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BOA TIPO

4 CONHECIMENTO PROFISSIONAL E PROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE: o

5.1 Fundamentos da metodologia

Neste trabalho, o método constituiu-se uma mediação no processo de revelar a necessidade formativa e expor a estruturação, o planejamento de uma proposta de Sistema Didático para atualização da habilidade de identificar com professores de Biologia do ensino médio na perspectiva das etapas da Teoria de Galperin.

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Para Vigotski (1991, p. 74),

A procura de um método torna-se um dos problemas mais importantes de todo empreendimento para a compreensão das formas caracteristicamente humanas de atividade psicológica. Nesse caso, o método é, ao mesmo tempo, pré-requisito e produto, o instrumento e o resultado do estudo.

Dessa forma, para Vigotski (1991, p. 74), “estudar alguma coisa historicamente significa estudá-la no processo de mudança: este é o requisito básico do método dialético”. Para tal é necessário ir à essência do fenômeno, descobrir sua natureza, em todas as suas fases e mudanças, uma vez que “é somente em movimento que um corpo mostra o que é”.

Essas proposições trazem consigo o princípio da contradição, que promove o movimento que permite a transformação dos fenômenos, e indicam que para pensar (refletir) a realidade é necessário partir do empírico (do aparente) e, por meio de abstrações, chegar ao concreto (o essencial). Isto significa que, no decurso do trabalho, foram utilizados dados qualitativos44 de investigação, assim como métodos empíricos e teóricos que realizaram funções complementares, formando uma unidade dialética. Os métodos empíricos foram responsáveis pela coleta de dados necessários para responder aos objetivos do estudo, enquanto os métodos teóricos foram utilizados na interpretação dos dados empíricos e na construção e desenvolvimento da teoria sob a qual se sustenta o trabalho.

Fazenda (2000, p. 31) aponta que “[...] a partir de conhecimentos parciais obtidos pela limitação do homem, a teoria surge como uma possibilidade de integrá- los e, neste sentido, é sempre um recorte, um retrato parcial e imperfeito da realidade”.

A seleção dos métodos e procedimentos, para a pesquisa, foi a expressão de requisições que respondessem às condições metodológicas mais gerais e à natureza do objeto de estudo, uma vez que os procedimentos metodológicos foram demandados à luz de uma relação proposital com os objetivos indicados. Nessa perspectiva, a pesquisa procura compreender os acontecimentos ocorridos no diagnóstico sob o ponto de vista da integração do individual com o social, permitindo assim a compreensão do fenômeno através da relação entre a aparência e a essência.

44 A utilização da quantidade se resumiu à quantificação dos dados para que pudesse ser apreendida a extensão desses, não sendo objetivo da pesquisa testar hipóteses estatísticas. A quantificação dos dados qualitativos pode ajudar a conhecer e compreender melhor os resultados.

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O rigor da pesquisa foi um critério fundamental. E se manifestou na postura aos critérios de validez e confiabilidade. Não sendo, portanto, somente limitado à rigidez em relação ao rigor teórico metodológico e ao controle metodológico.

A metodologia envolveu instrumentos de natureza qualitativa para caracterizar, responder e explicar o problema da pesquisa, não estando moldada na mensuração, nem na padronização da situação pesquisada. Isto porque, segundo Ghedin e Franco (2011), a pesquisa qualitativa permite a compreensão do cotidiano como possibilidade de vivências únicas, impregnadas de sentido, realçando a esfera do intersubjetivo, da interação, da comunicação e proclamando-o como o espaço onde as mudanças podem ser pressentidas e anunciadas.

Para Bardin (2011), a pesquisa qualitativa é capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas, tanto no seu advento quanto nas suas transformações, como construções humanas significativas.

De acordo com Flick (2013) a desvantagem é que as análises detalhadas e exatas que determinam o que é importante para os participantes, com frequência, requerem mais tempo e a generalização é limitada.

O trabalho investigativo aqui descrito se caracterizou pela busca da compreensão da realidade investigada. Três instrumentos foram utilizados na pesquisa: um questionário45, uma tarefa diagnóstica46 e a observação.

Para o processamento dos dados, obtidos pelos instrumentos de coleta foi utilizado o procedimento de análise de conteúdo segundo Freitas e Janissek (2000) e Bardin (2011). A escolha da análise de conteúdo se justificou na necessidade de ultrapassar as incertezas, advindas da simples leitura das respostas, por meio da compreensão das significações presentes de forma não

45 O questionário foi planejado em duas partes: a primeira parte com perguntas relacionadas à caracterização do perfil sócio profissional dos professores; e a segunda parte, com perguntas abertas sobre conceito, a habilidade de definir e a relação entre as habilidades de definir e identificar.

46 A tarefa diagnóstica foi planejada sob as bases do ensino problêmico proposto por Majmutov (1983). O autor relaciona a formação da independência cognoscitiva e de capacidades criadoras da personalidade à processos de atividade intelectual que podem ser possibilitados por meio de tarefas onde o professor, nesse caso, a pesquisadora, orienta a busca de conhecimentos por meio de uma atividade cognoscitiva do grupo.

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explícita. O foco da análise de conteúdo aqui utilizado foi qualificar os conhecimentos dos sujeitos em relação à habilidade de identificar, bem como suas percepções sobre conceitos e os procedimentos lógicos, nos contextos da epistemologia da ciência e da didática. Nessa perspectiva, teve como objetivo compreender o diagnóstico realizado sob o ponto de vista da integração do individual com o social, permitindo assim a compreensão do resultado através da relação entre a aparência e a essência.

A construção de campos semânticos orientou a pesquisa empírica com elementos da análise para que fossem entendidas as falas dos professores na atividade do diagnóstico. Segundo Núñez e Ramalho (2008), as análises dos campos semânticos possibilitam inferências sobre o conteúdo das representações, o que não significa que sejam compartilhadas por todos os membros do grupo.