• Nenhum resultado encontrado

Grupo focal

No documento patriciamariareiscestaro (páginas 105-108)

3 A CONSTITUIÇÃO DE UM CAMINHO TEÓRICO-METODOLÓGICO

3.2 O CONTORNO DA QUESTÃO DE PESQUISA: A ESCOLHA DOS

3.2.3 Grupo focal

A terceira estratégia metodológica adotada na pesquisa teve como objetivo promover a discussão sobre os saberes/fazeres na creche. Nas abordagens qualitativas, a técnica do grupo focal vem sendo cada vez mais utilizada em vários campos, tais como da saúde, psicologia, serviço social, sociologia e educação.

O grupo focal é composto por uma reunião de pessoas selecionadas para discutir um tema, a partir de suas experiências pessoais. Esse instrumento de pesquisa possibilita

compreender a construção da realidade vivenciada pelos sujeitos, composta de suas práticas cotidianas, atitudes e comportamentos presentes no trabalho. Permite, ainda, a compreensão de contraposições, contradições, diferenças e divergências (GATTI, 2005).

Importante ressaltar que, em Ciências Humanas e Sociais, esse instrumento de investigação deve ser utilizado de forma criteriosa e de acordo com os objetivos propostos do estudo. Na condução do grupo focal, o facilitador ou moderador não deve fazer intervenções afirmativas ou negativas, emitir opiniões particulares, conclusões ou outras maneiras de intervenção direta. Deve propor discussões a respeito do tema e incentivar as trocas, criando condições para que os participantes explicitem pontos de vista, analisem, critiquem, abram perspectivas diante do tema para o qual foram convidados a conversar coletivamente (GATTI, 2005).

Conforme indicam os estudos de Morgan e Krueger (1993), citados por Gatti (2005, p. 9), os grupos focais têm condições de captar, a partir das trocas entre os pares, “conceitos, sentimentos, atitudes, crenças, experiências e reações, de um modo que não seria possível com outros métodos, como, por exemplo, a observação, a entrevista ou questionários”.

Com vistas a agregar dados para dar contorno às questões de partida desta pesquisa, constituímos um grupo focal com cinco estudantes-egressas dos cursos de Pedagogia investigados. Dessas cinco, quatro, na ocasião, atuavam como professoras em três creches conveniadas do município de Juiz de Fora e uma atuara até o ano de 201820.

O convite aos participantes do grupo focal foi feito através de várias maneiras: • 1º) Envio de e-mails aos 46 pedagogos oriundos das IES privadas que

participaram da pesquisa anterior “Sentidos e significados sobre a formação do(a) professor(a) das creches conveniadas do município de Juiz de Fora/MG”; • 2º) Contato com coordenadoras de creches conveniadas de Juiz de Fora; • 3º) Contato com algumas professoras de creches conveniadas de Juiz de Fora,

participantes de um curso de extensão ministrado pela professora Dra. Núbia, em 2018, na Secretaria de Educação.

20 Importante registrar que o mesmo grupo focal foi constituído para a pesquisa de iniciação científica “Com a palavra as professoras: um estudo sobre saberes/fazeres no contexto da creche”, coordenada pela professora Dra. Núbia e da qual sou integrante. Essa pesquisa, iniciada em agosto de 2018, é um desdobramento da Pesquisa “Sentidos e significados sobre a formação do (a) professor (a) das creches conveniadas do município de Juiz de Fora/MG”, desenvolvida pelo Grupo Licedh/ Faced/UFJF e finalizada em 2016 (ARAÚJO; SANTOS; REZENDE, 2018). Tem como objetivo discutir e analisar como ocorre a formação das professoras que atuam em creches a partir de suas próprias vivências e experiências.

Dos interessados a participar da pesquisa, procedentes desses convites acima, formei um grupo no WhatsApp com 11 integrantes, composto por pessoas que tinham feito o curso de Pedagogia a partir de 2007, em duas das instituições pesquisadas (IES Tulipa e IES Rosa) e que atuavam ou tinham atuado como professoras de creches. Informo que não encontrei nenhuma egressa da IES Hortência porque o curso de Pedagogia nessa instituição iniciara-se em 2016, não havendo, portanto,, à época, pedagogas formadas.

O grupo do WhatsApp contava com 10 mulheres e, para a nossa surpresa um homem, que tinha sido professor de creche por um ano após concluir o curso de Pedagogia da IES Rosa, no ano de 2015. Infelizmente, por razões pessoais, ele não pôde participar do grupo focal no dia marcado.

No primeiro momento do grupo do WhatsApp, dei boas vindas, apresentei-me, expliquei do que se tratava as duas pesquisas e disse que a contribuição dele e delas seria muito significativa para o campo da formação e da creche. A partir disso, fomos combinando dia, horário e local para a participação no grupo focal. Em decorrência da dificuldade de reunir as participantes devido a compromissos individuais, dentre outros fatores e depois de muitos agendamentos, sete professoras confirmaram a presença para a participação, porém, no dia, só cinco compareceram.

O encontro aconteceu no dia 18 de janeiro de 2019, às 17 horas, num colégio particular de Juiz de Fora que se localiza numa região mais central da cidade. Eu e mais três integrantes da pesquisa de iniciação científica organizamos a sala, dispondo as cadeiras em círculo para dinamizar a conversa. Colocamos os equipamentos de filmagem e gravação em locais estratégicos e organizamos, em uma mesa, o lanche oferecido às participantes.

Fiquei com a função de mediadora da discussão e fui seguindo um roteiro previamente elaborado por mim e pelas quatro participantes do projeto de pesquisa de iniciação científica, incluindo a Professora Dra. Núbia. O roteiro encontra-se disponível no Apêndice B. A conversa, que ocorreu de forma tranquila, foi uma grande oportunidade para conhecermos as percepções, vivências, experiências, opiniões das professoras sobre a formação inicial recebida no curso presencial de Pedagogia das IES privadas e suas contribuições para a prática educativa-pedagógica junto aos bebês e crianças bem pequenas na creche. Apresento, no Quadro 11, a seguir, as cinco professoras que participaram do grupo focal, identificadas com nomes fictícios, tendo como objetivo preservar a sua identidade.

Quadro 11 – Contextualização das participantes do grupo focal Professora Idade Atuação na creche atualmente Tempo de docência em creche Agrupamento de bebês/crianças em

que atua/ atuou

IES em que se formou

Ano de conclusão do curso de

Pedagogia

1. Ana 39 Sim 4 anos 1 a 2 anos IES Tulipa 2016

2. Júlia 30 Sim 3 anos Berçário I IES Tulipa 2015

3. Julieta 30 Não – atuou de 2016 a 2018

2 anos Berçário I e II 2 anos

IES Rosa 2017

4. Tânia 29 Sim 6 meses 2 anos IES Rosa 2015

5. Sílvia 25 Sim 2 anos e meio 3 anos IES Rosa 2016

Fonte: Elaborado pela autora

Apesar do número reduzido de participantes, menor do que esperávamos, a conversa fluiu muito bem e foi bastante significativa. Algumas professoras já se conheciam por trabalharem juntas na mesma creche. Esse contato e conhecimento prévio entre elas foram um dado positivo, possibilitando um diálogo franco, aberto, comentando, complementando, concordando ou discordando com as falas umas das outras. Acredito que elas ficaram bem à vontade para expor suas opiniões e experiências vivenciadas tanto nos contextos da formação inicial dos cursos de Pedagogia quanto no cotidiano da creche.

No documento patriciamariareiscestaro (páginas 105-108)