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3 HIPÓTESES E VARIÁVEIS DE PESQUISA

3.1 Hipóteses de Pesquisa

O universo estudado é o das companhias abertas brasileiras. O ponto de partida para a formulação das hipóteses a serem testadas é que a adoção da certificação ISO 9000 melhora o desempenho financeiro das companhias abertas, assim como essa melhoria é contínua ao longo do tempo e das diferentes versões da norma ISO 9000.

Decidiu-se adotar variáveis que sejam medidas de atividade, rentabilidade e crescimento.

Assim, para as variáveis dependentes estabeleceram-se as medidas relacionadas com rentabilidade, pois capturam o retorno; para as variáveis de controle, estabeleceram-se as medidas de atividade e endividamento, pois capturam o risco.

As hipóteses de 1 a 6 foram testadas por meio do modelo de regressão por dados em painel; o período de análise se inicia em 1995 e termina em 2006.

3.1.1 Hipóteses 1 e 2

Pressupõe-se que a certificação ISO 9000 tem um efeito positivo sobre a lucratividade das companhias abertas.

Assim, pode-se considerar como proxies os índices “Retorno sobre o Ativo Total” (ROA_mod) e o “Retorno sobre as Vendas” (ROS_mod) modificados, ambos medidos antes da depreciação, das despesas financeiras e dos resultados não operacionais.

Simmons e White (1999) e Corbett, Montes-Sancho e Kirsch (2005) adotaram em sua pesquisa o índice ROA por se tratar de uma medida geralmente aceita para o desempenho financeiro de uma empresa.

O ROA mede a eficácia geral da administração de uma companhia em gerar lucros para os detentores de ações ordinárias (GITMAN, 2004, p. 55).

Corbett, Montes-Sancho e Kirsch (2005) adotaram ainda em sua pesquisa o índice ROS como uma medida de lucratividade, de forma a medir o lucro puro por unidade de receita.

Assim, formulam-se as duas primeiras hipóteses como sendo:

H1: Não existem melhorias significativas na taxa modificada ROA_mod das companhias

abertas certificadas ISO 9000.

H2: Não existem melhorias significativas na taxa modificada ROS_mod das companhias

abertas certificadas ISO 9000.

A rejeição às hipóteses H1 e H2 levará à aceitação, portanto, das hipóteses alternativas de que a certificação pela ISO 9000 proporciona às companhias abertas melhores taxas modificadas de retorno sobre o ativo total (ROA_mod) e sobre as vendas (ROS_mod) e conseqüente criação de riqueza e geração de lucro para os acionistas das companhias abertas certificadas.

3.1.2 Hipóteses 3 e 4

A implementação da ISO 9000 obriga a empresa e seus funcionários a trabalharem mais disciplinadamente. O desdobramento dessas atividades pode ser visualizado na Figura 3, a seguir apresentada.

É necessário se projetar procedimentos que garantam que a qualidade seja medida e corrigida, quando necessário. A prevenção de defeitos começa a ser empregada, o que resulta em diminuição de custos operacionais.

Ao se documentar as práticas, a obsolescência pode ser identificada, tornando o conhecimento mais explícito para a empresa, o que aumenta o moral dos funcionários, que deverão produzir mais e melhor.

Com a prevenção de defeitos, a moral e a produtividade aumentadas, espera-se que os custos de se produzir diminuam, justificando a adoção da certificação ISO 9000.

A terceira e a quarta hipóteses são:

H3: Não existem melhorias significativas nas vendas (TOT_VEND) das companhias abertas

certificadas ISO 9000.

H4: Não existe diminuição do Índice Custo de Serviços Vendidos / Vendas (CSVtoVEND) das

companhias abertas certificadas ISO 9000.

A rejeição à hipótese H3 levará à aceitação, portanto, da hipótese alternativa de que há

melhoria significativa nas vendas das companhias abertas certificadas.

A rejeição à hipótese H4 levará à aceitação, portanto, da hipótese alternativa de que há

diminuição no índice custos dos serviços vendidos sobre o total das vendas das companhias abertas certificadas.

3.1.3 Hipótese 5

Além disso, a certificação poderia auxiliar a reduzir a pressão por preços menores: a receita de vendas subiria nesse caso. Mas para se determinar se o crescimento nas vendas refletiria crescimento da empresa ou simplesmente uma redução na rotatividade dos ativos, poder-se-ia considerar o Índice Vendas / Ativos (VENDtoTOT_AT) para análise (CORBETT; MONTES-SANCHO; KIRSCH, 2005).

A quinta hipótese é:

H5: Não existe redução significativa no índice Vendas / Ativos (VENDtoTOT_AT) das

companhias abertas certificadas ISO 9000.

A rejeição à hipótese H5 levará à aceitação, portanto, da hipótese alternativa de que há

3.1.4 Hipótese 6

Como as normas da série ISO 9000 sofreram alterações basilares nos anos de 1994 e 2000, resultando em novos parâmetros normativo-gerenciais, decorrentes da experiência acumulada nos anos anteriores às suas respectivas versões, espera-se que elas tenham incorporado um conjunto de diretrizes e tecnologias que, ao serem introduzidos em uma dada empresa, tenham provocado uma mudança estrutural significativa na forma de serem geridas.

Assim, a implantação da ISO 9000, com sua posterior certificação, poderia ser entendida como uma decisão de investimento de longo prazo. As primeiras companhias abertas certificadas no Brasil no início dos anos 1990 continuam certificadas.

Como já foi visto anteriormente, a implantação e a certificação ISO 9000 requer financiamentos muitas vezes significativos, de acordo com o porte da empresa. As fontes de recursos de longo prazo advêm (1) do capital próprio, ou seja, os recursos dos acionistas e (2) de fontes de terceiros (GITMAN, 2004, p. 403).

Ora, se a ISO 9000 promove algum grau de investimento, é de se supor que a estrutura de capital das companhias possa ser modificada em função disso. Mas um tipo de projeto desse tipo – de longo prazo –, obrigatoriamente tem de se pagar.

Isso deve significar que os acionistas e os tomadores da decisão de se certificar – os gestores – entendem que a certificação é uma ferramenta robusta de gestão, contribuindo para a remuneração do capital dos acionistas. A ISO 9000 seria um projeto com VPL positivo.

Damodaran (2004, p. 253) propõe que, se o retorno sobre o patrimônio líqüido for maior que o custo do patrimônio líqüido, então o projeto deve ser aceito. Se a certificação ISO 9000 for decidida por uma companhia, então um ROE maior que o custo do patrimônio líqüido deve ser atingido.

A grande maioria das pesquisas realizadas por outros pesquisadores se concentrou em coleta de dados de empresas em períodos anteriores a 2000, o que, certamente, não possibilitou captar os efeitos da nova versão da norma nas finanças corporativas.

Surge a sexta hipótese: