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METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO DOS ESTATUTOS DA IDENTIDADE

IH — MEDIDAS OBJECTIVAS DOS ESTATUTOS DE IDENTIDADE

Embora não seja uma alternativa à entrevista semi- estruturada é importante começar por referir a escala The Ego Identity Incomplete Sentences Blank (EI-ISB) elaborada por Mareia (1965) que surgiu com o objectivo de determinar a validade dos estatutos de identidade. Simmons (1970) desenvolveu a partir daqui uma escala de escolha múltipla, Identity Achievement Status Scale (IAS). Nesta escala cada questão é seguida de duas alternativas em que cada uma delas indica o estatuto de Identity Achievement. Apesar da corre- lação com outras medidas não fornece uma medida dos diferentes estatutos; dá-nos apenas a informação se o indivíduo está ou não no estatuto de Identity Achievement.

sional, religiosa e política, Adams, Shea & Fitch (1979) elaboraram uma escala The Objective Measure of Ego Identity

Status (OM-EIS). Esta escala consta de vinte e quatro

afirmações, quantificadas pelo sujeito com uma pontuação máxima numa escala de seis pontos em função do grau de concordância com a afirmação, e fornece um resultado que é o somatório da pontuação em cada estatuto. Adams et ai (1979) e Adams (1985) fizeram estudos de avaliação deste instrumento e verificaram no último uma concordância de 70% a 100% para os diferentes estatutos com a entrevista de Mareia. Contudo, num estudo mais recente de Craig-Bray & Adams (1986) a correspondência é muito baixa. Grotevant & Adams (1984) introduziram algumas mudanças neste instrumento a que acrescentaram questões sobre outras áreas: amizade, namoro, papéis sexuais, estilos de vida e tempos livres. Esta versão conta agora com 46 items em que metade se referem a questões de ordem ideológica (o que inclui domínios profis- sionais, políticos, religiosos e filosofia de vida) e a outra metade a questões de ordem interpessoal (que inclui papéis sexuais, amizade, recreio e namoro). Uma versão mais recente foi elaborada por Bennion & Adams (1986) que, não alterando significativamente a versão anterior, fez apenas algumas alterações no domínio interpessoal.

Esta escala foi traduzida para alemão por Schaaphok (1982) que acrescentou a área de intimidade e analisou a relação de 3 traços de personalidade (neuroticismo, rigidez e autoritarismo) com os diferentes estatutos de identidade, verificando uma concordância com os resultados encontrados

identidade com a entrevista de Mareia em 20 sujeitos pertencentes à amostra do estudo de Schaaphok. Apenas uma correspondência de 30% foi verificada.

Da análise dos vários estudos, a concordância entre o OM-EIS e a entrevista de Mareia não é ainda clara Adams (1979) refere que a escala tem dificuldades em discriminar entre os estatutos de Moratorim e de Diffusion; embora pareça diferenciar investimento e não investimento, contudo, não é discriminadora da existência ou não de crise. E de salientar, no entanto, que o instrumento permite uma classificação mais objectiva de pontos de transição entre os diferentes estatutos. Resultados interessantes e estatisticamente significativos tem sido encontrados num grande número de estudos, com este questionário.

Adams (1987) refere que a pouca ou nenhuma concordância entre o OMEIS e a entrevista de Mareia pode explicar-se por duas razões: ou um dos métodos é mais preciso do que o outro para avaliar a identidade, ou ambos são eficazes mas avaliam aspectos diferentes da identidade do eu. De qualquer forma ambas as hipóteses são difíceis de testar.

Focalizada apenas na área profissional, Delias & Jernigan (1981) elaboraram um questionário que poste- riormente estenderam a outras áreas. Este questionário, Delias

Identity Status Inventory (DISI-O), consta de sete séries de

cinco items, em que cada item é uma afirmação baseada nas características dos estatutos de identidade descritos por Mareia. Para cada série de cinco items, o indivíduo assinala aquele que identificou como mais como eu. O estatuto é definido quando o

estatuto. De uma forma geral os resultados encontrados são prometedores; no entanto, é de referir a dificuldade em controlar o factor desejabilidade social que lhes está inerente. Sem dúvida que os inquéritos são grandes facilitadores da investigação, contudo, é importante controlar esta variável: o que é difícil através de questões ou afirmações cuja resposta desejável está mais ou menos implícita. Esta escala foi traduzida e adaptada a uma população portuguesa de alunos do ensino secundário por Taveira (1986). Nesta versão as respostas são dadas numa escala que vai desde o acordo total até ao desacordo total. Os resultados estão em concordância com os verificados numa população americana.

Delias desenvolveu também outras escalas Delias

Identity Status Inventory-Political (DISI-P) e o Delias Identity Status Inventory-Religious (DISI-R), que pretendem medir a

identidade política e religiosa respectivamente (Taveira, 1986, pp. 106). No entanto, e que seja do nosso conhecimento, não existem ainda estudos com estas escalas.

Um outro instrumento foi elaborado por Bosma (1989), The Groningen Identity Development Scale (GIDS), que tem como objectivo avaliar a qualidade dos investimentos e a quantidade de exploração em diferentes áreas: filosofia de vida (religião, política e valores), relações com os pais, amigos, escola, (ocupação, tempo de lazer), características pessoais (aparência física, papéis sexuais, características da persona- lidade) e relações intimas (atitudes sobre as relações sexuais pré-matrimoniais). Este questionário é ainda precedido de uma

entrevista que diferencia os domínios de investimento dos sujeitos sobre os quais vai responder a um conjunto de questões. Sendo também um método moroso tem, contudo, uma vantagem: os seus resultados são quantitativos tornando-se por isso uma forma de avaliação mais objectiva.

Waterman (1988 a) ao introduzir uma terceira dimensão, a expressividade, define sete estatutos de identidade e constrói um questionário para a sua avaliação. Este instru- mento avalia o nível de expressividade em cinco actividades que o sujeito considere como mais importantes para ele, que reflectem aquilo que ele é e melhor o dão a conhecer aos outros. Cada actividade é avaliada segundo um conjunto de 36 itens que correspondem a sentimentos e ao envolvimento na respectiva actividade.

Na medida em que é ainda muito recente não conhecemos estudos realizados com este instrumento que nos permitam analisar a sua qualidade.

Berzonsky (1989) associa os diferentes estatutos de identidade ao processo pelo qual são tomadas decisões e resolvidos problemas. Em função desta operacionalização o autor desenvolve um inventário com o objectivo de avaliar os estilos de identidade "The Identity style inventory". Dois estudos são apresentados pelo autor evidenciando a sua validade.

Assim, os estatutos de Moratorium e de Identity

Achievement usam uma informação orientada, isto é, estão

activamente envolvidos no processamento e avaliação da informação relevante para tomar decisões. Os indivíduos no estatuto de Foreclosure estão mais preocupadas em estar em

outros significativos, tendo assim uma orientação normativa. Por sua vez os Diffusion parecem evitar confrontar-se ou lidar com problemas e decisões tendo assim uma orientação difusa que envolve uma tendência à procrastinação.

IV—CONCLUSÃO

Apesar das tentativas para encontrar novas formas de avaliação da identidade, tem sido a de Mareia a mais utilizada. Não é de minimizar, contudo, a necessidade de melhorar este instrumento no sentido de colmatar algumas das dificuldades já referidas.

Um dos objectivos mais positivos da entrevista é que permite o uso efectivo de competências que facilitam a avaliação de um período de exploração e de um verdadeiro investimento, o que dificilmente pode ser conseguido através de um inquérito embora este nos possa fornecer informações correlacionadas com o processo de exploração/investimento. Ainda que os conteúdos dos diferentes itens sejam o reflexo de características de uma exploração ou investimento não têm a flexibilidade de uma entrevista que permita avaliar da sua genuinidade.

A entrevista permite o emprego de competências cognitivas e interpessoais e os sujeitos são colocados numa situação em que falam das suas vidas das quais são os verda- deiros conhecedores e não são confrontados com conteúdos que têm que ser verdadeiros ou falsos. .

relacionado com os inquéritos. O sujeito sabe quais as respostas ideais. A técnica de entrevista e a sua flexibilidade permite classificar as situações mais críticas, não se limitando a uma resposta pela positiva ou negativa. A compreensão dos compo- nentes da identidade que não se encontram propriamente a um nível consciente, são, por isso difíceis de avaliar através de questões directas e objectivas que exigem uma resposta quantificada numa escala.

Sem dúvida que os questionários podem ser utilizados em amostras mais alargadas, em que todos os sujeitos respondem ao mesmo tempo. Exige apenas uma pessoa que forneça as instruções e que não precisa necessariamente de ser alguém com uma preparação específica. Para a classificação dos questionários há uma grelha igual para todos os protocolos, podendo o trabalho ser feito por computador ou por qualquer pessoa. A sua passagem pode ser feita num contexto de sala de aula, fábrica ou mesmo pelo correio. Em resumo, podemos dizer que na avaliação de uma amostra de 500 sujeitos, ou mais, a cotação dos protocolos pode ser realizada apenas durante um dia ou dois dias de trabalho e não exige qualquer tipo de formação específica para o fazer.

RELAÇÃO DOS ESTATUTOS DA IDENTIDADE