2.4 GESTÃO DO MEIO AMBIENTE
2.4.4 Indicadores da Gestão Ambiental
Um dos caminhos para se atingir a sustentabilidade ambiental dos processos produtivos é a realização da Avaliação do Desempenho Ambiental (ADA), de modo a aferir como a empresa está respondendo às questões ambientais e garantir que ela se torne, ou permaneça competitiva.
A ADA constitui o meio para mensurar a eficácia dos procedimentos de conservação e/ou otimização do uso dos recursos naturais, bem como das medidas de controle ambiental adotadas, ou a serem adotadas, pela empresa. Sua implantação é pautada no uso de indicadores ambientais
A norma NBR ISO 14031 foi formulada com o objetivo de estabelecer um Instrumento de Avaliação de Desempenho Ambiental - ADA nas organizações, cujas informações serão demonstradas por meio de indicadores do gerenciamento ambiental.
O maior desafio para Tinoco (2004) é apontar os pontos críticos do sistema e definir parâmetros de resiliência (a capacidade do sistema se recompor naturalmente) para aferição e tomadas de decisão fundamentadas em informações transparentes e consistentes com sua devida credibilidade e confiabilidade.
Harrington (2001) aponta caminhos para se atingir à sustentabilidade ambiental, que é a realização da Avaliação do Desempenho Ambiental da Indústria, de modo a aferir como a organização está respondendo às questões ambientais e garantir que ela se torne ou permaneça em níveis competitivos. Isto constitui um meio para mensurar a eficácia dos procedimentos de conservação e/ou otimização do uso dos recursos naturais, bem como das medidas de controle ambiental adotadas, ou a serem adotadas, pela organização.
A norma NBR ISO 14031 apresenta os tipos de indicadores64 que mostram o desempenho ambiental considerado pela organização:
a) O Indicador de Condição Ambiental (ICA) fornece informações sobre a qualidade do meio ambiente, onde se localiza a organização por meio da comparação com os padrões e regras ambientais estabelecidos pelas normas e dispositivos legais em relação ao ar, água, solo, recursos naturais etc.
64 São os elementos utilizados para avaliar o desempenho de políticas ou processos com maior grau de
b) O Indicador de Desempenho Ambiental (IDA) analisa a eficiência das organizações em relação a seus principais aspectos ambientais; consumo de energia, de matéria prima, de materiais primários e secundários e a geração de resíduos líquidos e sólidos.
c) O Indicador de Desempenho de Gestão (IDG) informa os resultados dos esforços de gestão da organização, afere o atendimento aos requisitos legais, utilização eficiente dos recursos, treinamento de equipes e investimento em programas ambientais.
d) O Indicador de Desempenho Operacional (IDO), informações relacionadas às operações do processo produtivo da organização. A escolha desse indicador contempla as entradas e saídas de materiais, fornecimento de insumos, projeto, instalação, operação e manutenção das instalações físicas e equipamentos.
Mello (2009) chama a atenção que, em função destes aspectos, devem ser diagnosticados os elementos ambientais, relacionados com atividades, produtos e serviços, prioritário para se iniciar um processo de avaliação de desempenho. Esse espectro de indicadores de desempenho ambiental65 poderá ser ampliado, na medida em que julgue necessário considerar outras variáveis, inicialmente, não contempladas.
Ainda afirma que a escolha dos indicadores de desempenho a serem adotados por uma dada indústria deve fundamentar-se em alguns aspectos, tais como:
a) objetivos da avaliação;
b) abrangência de suas atividades, produtos e serviços; c) condições ambientais locais e regionais;
d) aspectos ambientais significativos;
e) requisitos legais e outras demandas da sociedade;
f) capacidade de recursos financeiros, materiais e humanos para o desenvolvimento das medições.
Assim, garantindo a coleta de dados relativos ao processo produtivo para compor os indicadores selecionados inclui considerações sobre a qualidade, eficácia, adequação para expressar as informações necessárias à avaliação preconizada e deve ser feita de forma sistemática a partir de fontes apropriadas, com a frequência adequada às finalidades do trabalho.
65O desempenho ambiental pode ser medido pelo número de iniciativas implementadas para a prevenção de
poluição, pelos níveis gerenciais com responsabilidades ambientais específicas, pelo número de empregados que participam em treinamentos ambientais, os número de multas e penalidades ou reclamações e os custos a elas atribuídos. Pelos gastos ambientais associados com a gestão e controle ambiental, a economia obtida através da gestão e controle ambiental, responsabilidade legal ambiental. (ISO 14031)
Os estudos para avaliação e proteção da preservação ambiental, o desenvolvimento socioeconômico, são instrumentos técnico-científicos de caráter multidisciplinar. Um instrumento de avaliação é capaz de definir, mensurar, monitorar e corrigir as possíveis causas e efeitos de determinada atividade sobre determinado ambiente é denominada de Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA)66.
Seiffert (2009) explana que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) contém informações sobre as condições atuais no meio ambiente da área de estudo, meio físico, meio biológico e socioeconômico (inventário ambiental), identificação e caracterização dos impactos ambientais que poderão ocorrer nas atividades inerentes ao projeto de implantação. Como as técnicas de controle para correção ou minimização de tais impactos obedecerão às seguintes diretrizes gerais:
a) Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;
b) Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade;
c) Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza.
Entende-se que a avaliação do risco, a grandeza do impacto e a análise do grau de reversibilidade, ou a sua irreversibilidade, estarão contidos nesse estudo. Diagnosticados esses dados, o próprio EIA indicará providências para evitar ou atenuar os impactos negativos inicialmente previstos.
Comenta Harrington (2001) que esse estudo preventivo está intimamente ligado ao denominado licenciamento ambiental. Entende-se por licenciamento ambiental o processo administrativo pelo qual o órgão ambiental competente analisa a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades que utilizem recursos ambientais e que possam efetiva ou potencialmente poluir ou degradar o meio ambiente.
A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é um dos instrumentos de gestão ambiental mais difundido e utilizado no mundo inteiro, mas sua aplicação nem sempre traz os resultados esperados no que concerne à prevenção do ambiente.
66 O Relatório de Impacto Ambiental - RIMA apresenta, de forma simples e linguagem direta, o Estudo de
De acordo com Tinoco (2004, p. 116) “o AIA aplica-se a todo e qualquer tipo de ação que possa causa alterações significativas no meio ambiente. Tal avaliação caracteriza-se como um instrumento de grande relevância, tanto para a execução da política ambiental, quanto ao gerenciamento ambiental”.
Entende-se que a AIA faz uma abrangência dos estudos ambientais, dos planos e programas de gestão ambiental, formado por um conjunto de procedimentos capazes de assegurar o início do processo a sua elaboração do EIA e a RIMA.
A norma NBR ISO 14001 descreve que para os aspectos ambientais:
A organização deve estabelecer e manter procedimento(s) para identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços que possam por ela ser controlados e sobre os quais se presume que ela tenha influência, a fim de determinar aqueles que tenham ou possam ter impacto significativo sobre o meio ambiente. A organização deve assegurar que os aspectos relacionados a estes impactos significativos sejam considerados na definição de seus objetivos ambientais.
A norma não determina uma metodologia para a identificação de aspectos e avaliação de impactos, porém, pede um procedimento formal que estabeleça como a organização identifica os aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. Ela ainda especifica que não é necessário estabelecer um sistema complicado, mas um sistema eficaz.
Seiffert (2009) descreve que o AIA é um instrumento de política ambiental de grande relevância que irá evidenciar os aspectos e danos ambientais, abrangência dos estudos ambientais, dos planos e programas de gestão ambiental. Formado por um conjunto de procedimentos capazes de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa, plano ou política) e de suas alternativas, cujos resultados sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada da decisão, e por eles considerados.
Já as licenças ambientais são fornecidas pelos órgãos estaduais do meio ambiente ou pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)67, em caráter supletivo ou para aquelas atividades que, por lei, são de competência Federal. São elas:
67
O IBAMA é responsável pela execução da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), desenvolve diversas atividades para preservação e conservação do patrimônio natural e o controle e a fiscalização sobre o uso dos recursos naturais (água, flora, fauna, solo etc.). (MELLO, 2009)
a) Licenciamento Ambiental (LA) - como um dos mais eficazes instrumentos da política ambiental para viabilização do desenvolvimento sustentável. Trata-se de um instrumento prévio de controle ambiental para o exercício legal de atividades modificadoras do meio ambiente.
b) Licença Prévia (LP) - avaliam-se basicamente as alternativas de concepção e de localização do empreendimento, seus impactos positivos e negativos e as medidas mitigadoras necessárias.
c) Licença de Instalação (LI) - procede-se à análise do projeto executivo, para verificar sua conformidade com a concepção aprovada na etapa anterior. A análise desta Licença é feita com base no Plano de Controle Ambiental (PCA), no qual devem estar detalhados os sistemas de controle e/ou as medidas mitigadoras propostos, com os respectivos cronogramas de implantação. O prazo de validade desta Licença é, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos.
d) Licença de Operação (LO) - emitida com base na verificação da efetiva implantação dos sistemas de controle e das medidas mitigadoras, executadas de acordo com os projetos e diretrizes aprovadas na fase anterior. O prazo de validade desta Licença é, no mínimo, de 4 (quatro) anos e, no máximo, 8 (oito) anos, considerando o PCA. (BRUSCHI et tal, 1998)
Seiffert (2009, p. 151) descreve o processo de licenciamento ambiental é composto por um grupo de três licenças, as quais são complementares entre si, também são interdependentes. A obtenção de cada uma dessas licenças deve ser realizada em uma sequência lógica, cada qual apresentando funções específicas e objetivas muito bem definidas:
a) A licença prévia pode ser considerada como a primeira e a mais importante das licenças, pois é aqui que se definirá a abrangência e complexidade do processo de licenciamento ambiental;
b) A licença de instalação é um projeto contendo toda infraestrutura básica necessária ao empreendimento, a qual visa gerenciar seus aspectos ambientais de modo a mitigar os impactos ambientais associados;
c) A licença de operações somente é concedida após a obtenção da LI. Outorgada apenas após a verificação do cumprimento das condições das licenças anteriores.
Dependendo do porte do empreendimento e de sua localização, a análise do licenciamento se fará a partir do Relatório de Controle Ambiental (RCA) ou do Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório – EIA/RIMA. O prazo de validade das licenças é, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.