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2.4 GESTÃO DO MEIO AMBIENTE

2.4.3 Objetivos da Gestão Ambiental

As normas da série NBR ISO 14000 surgiram como uma proposta concreta durante o acontecimento mundial da Eco 92, em que 172 países signatários contribuíram para aprimorar o processo, daí surge um processo discursivo em torno dos grandes problemas ambientais. Proporcionando o reconhecimento da importância da gestão ambiental corporativa em nível intergovernamental.

Robles Jr. (2008) comenta que as normas da série NBR ISO 14000 não substituem a legislação e nem as normas ambientais existente no país, sendo o reforço o cumprimento integral da legislação por meio de ferramentas poderosas do SGA, para que seja concedida a certificação ambiental da organização. Tais normas, também, estabelecem padrões de desempenho planejados na sua política ambiental63.

O conceito da premissa da melhoria continuada aplicada nessa norma estimula o aperfeiçoamento integrado do SGA com a segurança do trabalho e a saúde ocupacional, assim, antecipando-se as novas tendências em segurança, meio ambiente e saúde ocupacional totalmente integrada entre si.

Valle (2004, p. 140) apresenta a sua “concepção a série de normas NBR ISO 14000 tem como objetivo central um sistema de gestão ambiental que auxilia a organização a cumprir seus compromissos assumidos em prol do meio ambiente”. Com normas que tratam da organização e normas que tratam dos produtos:

É recomendado que os objetivos e metas fossem específicos e mensuráveis, sempre que possível. É recomendado que os objetivos considerassem questões de curto e de longo prazo. Ao avaliar suas opções tecnológicas, recomenda-se que uma organização leve em consideração o uso das melhores técnicas disponíveis, onde for economicamente viável, onde a relação custo-benefício for favorável e onde julgado apropriado. A referência aos requisitos financeiros da organização não implica necessariamente que as organizações sejam obrigadas a utilizar metodologias de contabilidade de custos ambientais;

A criação e o uso de um ou mais programas são importantes para a implementação bem-sucedida de um sistema da gestão ambiental. É recomendado que cada programa descrevesse como os objetivos e metas da organização serão atingidas, incluindo-se cronogramas, recurso necessário e pessoal responsável pela implementação do (s) programa (s).

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A política ambiental é a força motriz para a implementação e aprimoramento do SGA de uma organização, permitindo que seu desempenho ambiental seja mantido e potencialmente aperfeiçoado. (ISO, 2004)

Figura 3: Objetivo da norma NBR ISO 14000 Fonte: Valle (2004, p. 141)

A figura apresenta, esquematicamente, como está estruturada a série de normas NBR ISO 14000 e permite visualizar os dois grandes grupos em que se dividem: as normas que tratam da organização e as normas que tratam dos produtos, apresentando funções complementares e não excludentes.

Seiffert (2009, p. 193) descreve o foco na organização como “constituído por um grupo de normas que buscam normatizar a implantação da gestão ambiental em nível organizacional”, sendo integrado pelo seguinte grupo de normas específicas:

NORMAS QUE TRATAM DOS PRODUTOS

NORMAS QUE TRATAM DA ORGANIZAÇÃO SÉRIE DE NORMAS NBR ISO 14000 GESTÃO AMBIENTAL Normas 14001 e 04 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL Normas 14010, 11 e 12 AUDITORIA AMBIENTAL Normas 14031 e 32 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL Normas 14020, 21, 24 e 25 ROTULAGEM AMBIENTAL Normas 14040, 41, 42 e 43 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA Guia ISO 64 ASPECTOS AMBIENTAIS NOS PRODUTOS Norma 14050

I) Foco na Organização

Esse enfoque é constituído por um grupo de normas que buscam normatizar a implantação da gestão ambiental em nível organizacional, sendo integrado pelo seguinte grupo de normas:

a) Sistema de Gestão Ambiental: as normas NBR ISO 14001 e 14004 são as únicas da série que permitem a certificação por terceiros (certificadores) de um Sistema de Gestão Ambiental, cujo conteúdo é, efetivamente, auditado na forma de requisitos obrigatórios de um SGA. A NBR ISO 14004, embora seja uma norma que visa à orientação, apresenta um caráter não certificável, fornecendo apenas importantes informações para a implantação dos requisitos da NBR ISO 14001;

b) Auditoria Ambiental: estas normas NBR ISO 14010, 14011 e 1412 estabelecem os procedimentos e os requisitos gerais das auditorias e dos auditores de um SGA certificável. Sendo um subsídio determinante para a implantação do requisito de auditoria do SGA, o qual deve ser completamente, atendido para a certificação; c) Avaliação e Desempenho Ambiental: estas normas NBR ISO 14031 e 1432 apresentam as diretrizes para a realização da avaliação de desempenho ambiental dos processos nas organizações. A sistemática estabelecida por estas normas é muito mais complexa e profunda do que o requerido pela NBR ISO 14001, pois engloba todo ciclo de vida dos produtos e serviços da empresa, desde a entrada de matéria- prima até o descarte, após o uso, por meio do estabelecimento de indicadores ambientais e seu monitoramento.

II) Foco no processo produtivo e no produto

Esse enfoque é constituído por um grupo de normas que buscam normatizar o processo produtivo e o produto, sendo integrado pelo seguinte grupo de normas:

a) Rotulagem Ambiental: estas normas NBR ISO 14020, NBR ISO 14021, NBR ISO 14024 e NBR ISO 14024 estabelecem diferentes escopos para a concessão de selos ambientais, diferentes da NBR ISO 14001, não certificam processos, mas linhas de produtos que devem apresentar características específicas, tornando-se como base critérios estruturais tecnicamente válidos. A rotulagem ambiental dentro do escopo da ISO é extremamente interessante, uma que se constitui em padrão de credibilidade à aceitação internacional;

b) Avaliação de Ciclo de Vida: estas normas NBR ISO 14040, NBR ISO 14041, NBR ISO 14042, NBR ISO 14043, estabelecem a sistemática para realização da avaliação de ciclo de vida de produto. Esta avaliação é realizada considerando a abordagem do berço ao túmulo, ou seja, tudo que entra no processo produtivo desde as matérias-primas e insumo de processos (como energia, água, madeira, minerais etc.), passando pelos poluentes gerados (emissões atmosféricas, resíduos sólidos, efluentes industriais etc.), até a fase de descarte do produto ao final de sua vida útil e suas implicações ambientais;

c) Aspectos Ambientais nos Produtos: esta norma NBR ISO 14060 visa a orientar os elaboradores de normas de produtos, buscando a especificação de critérios que reduzam os efeitos ambientais advindos dos componentes.

Os diferentes estágios identificados no desempenho têm como base de dados a postura proativa da organização, que é materializada por meio da implementação das normas consideradas como instrumento de autocontrole, sem mecanismo de pressão, com funcionamento indireto, está compelido a cumprir a legislação ambiental.

A norma NBR ISO 14001 recomenda que sejam considerados aspectos associados às atividades, produtos e serviços da organização, tais como:

a) Projeto e desenvolvimento; b) Processos de fabricação; c) Embalagem e transporte;

d) Desempenho ambiental e práticas de prestadores de serviços e fornecedores; e) Gerenciamento de resíduo;

f) Extração e distribuição de matérias-primas e recursos naturais; g) Distribuição, uso e fim de vida de produtos;

h) Vida selvagem e biodiversidade.

As normas NBR ISO 14001 (normativa) e NBR ISO 14004 (informativa) também recomendam que sejam considerados aspectos quanto a padrões normativos e informativos sobre o sistema de gestão ambiental, tais como:

a) Padrão normativo – Este padrão especifica requisitos possíveis de auditoria, que devem ser preenchidos para a certificação;

b) Padrão informativo – Este padrão orienta requisitos, não são exigidos para a certificação.

Ainda Seiffert (2009, p. 197) comenta que:

Embora todas estas normas forneçam uma base conceitual e estrutural importante para a implementação da ISO 14001 e posteriores certificações, exclusivamente os requisitos da norma ISO 14001 são, até o momento, indispensáveis e auditados para obtenção de uma certificação de SGA.

Verifica-se uma tendência crescente de busca de melhoria do desempenho ambiental por meio da implantação de um SGA. A gestão ambiental passa, assim, de uma função complementar à parte integral das operações proativas, tornou-se uma questão estratégica e não uma questão de mero cumprimento das normas legais.