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2.1 AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA NO BRASIL

2.1.3 O desenvolvimento da cana-de-açúcar

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)17 considera que para aumentar a qualidade de vida da sociedade em condições favoráveis, em primeira fase, vem a consciência da educação, do aperfeiçoamento profissional, das boas condições de saúde, habitação digna, parâmetros mínimo de alimentação e boa qualidade no meio ambiente.

Assim, o Desenvolvimento Humano e Social (IDH) é aquele capaz de assegurar que os frutos do desenvolvimento socioeconômico sejam traduzidos em melhorias das condições de vida da sociedade, permitindo que as pessoas tomem parte ativa nas deliberações da sociedade, participando das decisões que influenciam suas vidas e as gerações futuras. (PNUD, 2011)

O governo Federal lança para áreas inexploradas do interior do Brasil as Políticas Nacionais de Desenvolvimento (PND) que, implantadas pelo I PND (1972 a 1974) e logo depois pelo II PND (1975 a 1979), adotaram certo modelo de planejamento voltado para determinadas regiões e com a criação de superintendências específicas, que tinham como função coordenar e organizar o processo de desenvolvimento local.

Após tantas tentativas de colonização oficial ao longo da rodovia Transamazônica na região Amazônica, no início dos anos 70, o Cerrado também foi considerado uma região inexplorada, detentora de um vazio populacional a ser explorado socioeconomicamente, que possuía algumas vantagens favoráveis à ocupação e expansão agrícola e pecuária.

Assim, buscando promover políticas de ocupação e desenvolvimentista na região Centro-Oeste, o trato cultural, plantio, irrigação e colheita, foi criado em 1967, a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO)18, com a finalidade de realizar programas e pesquisas para conhecer o potencial econômico adequada de cada bioma, cada local de plantio, com técnicas de erradicação química da soqueira da cana, plantio direto com a fertirrigação via uso adequado da vinhaça, em substituição de adubo.

17 O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD é a rede global de desenvolvimento da

Organização das Nações Unidas, presente em 166 países. Seu mandato central é o combate à pobreza.

Trabalhando ao lado de governos, iniciativa privada e sociedade civil, o PNUD conecta países a conhecimentos, experiências e recursos. (PNUD, 2011)

18A SUDECO foi criada pela Lei n. 5.365 de 1 de dezembro de 1976, com a missão única e exclusiva de

promover o Desenvolvimento Sustentável da região onde atuam através do suprimento de recursos financeiros oriundos de repasses de fundos, orçamentos públicos, organismos nacionais e internacionais, receitas próprias, e de dar suporte à capacitação técnica em empreendimentos regionais. Sua preocupação básica é executar uma política de desenvolvimento ágil e seletiva.

Figura 2: Mapa de Biomas do Brasil Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2004)

Há também os ecossistemas de transição com os outros Biomas que fazem limite com o Cerrado.

Tabela 1: Área total dos biomas brasileiros.

Biomas Continentais Brasileiros Área Aproximada (Km2) Área/Total Brasil

Bioma Amazônia 4.196.943 49,29% Bioma Caatinga 844.453 9,92% Bioma Cerrado 2.036.448 23,92% Bioma Mata Atlântica 1.110.182 13,04%

Bioma Pampa 176.496 2,07%

Bioma Pantanal 150.355 1,76% Área Total do Brasil 8.514.877

A vegetação do bioma19 do cerrado, em sua maior parte, é muito semelhante à de savana (africana), com gramíneas, tem em seu estudo florístico os arbustos e árvores esparsas e de estrutura tortuosa. As árvores do cerrado têm caules retorcidos e raízes longas, que permitem a absorção da água disponível nos solos do cerrado abaixo de 2 metros de profundidade, mesmo durante a estação seca do inverno.

Já nas regiões do estado de Goiás, onde a vegetação do cerrado é predominante, o clima é quente e há períodos de chuva e de seca, com propagação de incêndios espontâneos esporádicos, ocorrendo no período da seca, sendo características do ciclo ecológico:

O incêndio também é uma parte essencial do ciclo ecológico das pastagens e campinas de gramíeas, que cobrem áreas imensas da terra. Em geral os incêndios naturais desencadeados por raios só queimam alguns hectares e logo são apagados pela chuva que cai durante as tempestades. Os incêndios removem os acúmulos de grama seca da superfície, mas não matam as raizes profundas. E assim, surge uma paissagem difersificada, em que as gramas e outras plantas crescem numa grande variedade de estágios de sucessão. (CALLENBACH, 2001, p. 98)

A paisagem do bioma do cerrado possui alta biodiversidade, embora menor que a mata atlântica e a floresta amazônica. Pouco afetado pelos processos antrópicos até a década de 1960, está desde então crescentemente ameaçado pelo desflorestamento, principalmente as áreas de cerradão, seja pela instalação de cidades e rodovias ao longo da região, seja pelo crescimento das monoculturas ou das atividades madeireiras. Essa via exige investimentos na economia, principalmente nos novos processos tecnológicos de melhorias constantes.

Na economia, quando se considerar a oferta de cana-de-açúcar e a capacidade de produção existente nas usinas sucroalcooleiras, o álcool e o açúcar competem de forma desigual com diversos concorrentes, cujas externalidades ambientais positivas não têm seus preços agregados. Neste caso, não sendo incorporadas aos preços em regime de livre mercado, versus produção e/ou consumo de gasolina.

Para Moraes e Shikida (2002, p. 22) considera-se a importância do setor:

Em termos de desenvolvimento regional, como gerador de renda, de empregos, de divisas, formador de capital, e as dificuldades de equilibrar a oferta e a demanda pelas forças de mercado. Neste caso é necessário identificar quais ações a serem tomadas, para evitar impactos altamente negativos de redução acentuada dos preços, que se estendem por toda cadeia produtiva, ou seja, como organizar o setor de modo a garantira oferta de todos os produtos: açúcar, álcool anidro e hidratado, quando os preços relativos entre eles direcionarem a produção para determinado produto.

19 Bioma é um conjunto de diferentes ecossistemas, que possuem certo nível de homogeneidade. São as

comunidades biológicas, ou seja, as populações de organismos da fauna e da flora interagindo entre si e interagindo também com o ambiente físico chamado biótopo. (Ministério do Meio Ambiente, 2004)

Uma das mais importantes características dessa cadeia produtiva é que pode sofrer variações não planejadas no contexto, já que interferem no quantitativo e qualitativo da cana- de-açúcar, estão sujeita aos riscos climáticos e fitossanitários do cerrado, além do impacto nos preços e abastecimento do consumidor final.

Segundo Araújo (2008, p. 126):

A coordenação de uma cadeia produtiva, também denominada de estrutura de governança, refere-se à estrutura dominante dentro dessa cadeia, que orienta e interfere em todo processo produtivo e comercial, de forma mais ou menos frágil ou, intensamente, determinando até o modo de produção e de comercialização dos produtos.

Com isto em mente, se estrutura a gestão corporativa20, vista a sua aplicação e monitoramento, controle e gestão da certificação de qualidade e ambiental, efetiva nas cadeias produtivas. Como é o caso das usinas sucroalcooleiras, no sentido de oferecer continuamente orientações sobre as atividades ambientais, em resposta a mudanças dos fatores e externalidades positivas e/ou negativas.

No Brasil, os usineiros buscam qualificação em resposta ao movimento pelas boas práticas de governança corporativa, tendo como necessidade que as usinas sucroalcooleiras modernizem sua alta gestão. O fenômeno foi acelerado pelos processos de globalização, privatização e desregulamentação da economia.

A inclusão de boas práticas em governança corporativa baseia-se na seguinte ideia:

Para ter referência em governança corporativa, é necessário contribuir para o desempenho sustentável das organizações e influenciando as boas práticas aos agentes que afetam positivamente a nossa sociedade no sentido de maior transparência, justiça e responsabilidade social. (IBGC, 2011)

Boas práticas de governança corporativa são fundamentais para que uma usina se torne mais atrativa aos investidores, financiadores e, consequentemente, os produtos no mercado. Pois possibilitam a adoção de uma postura mais transparente nos negócios, o que transmite uma imagem positiva da organização e, assim, aumenta seu valor e expansão no mercado.

Ainda de acordo com o código do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) são apresentados 4 princípios básicos, que norteiam as boas práticas de governança corporativa:

20 A governança corporativa envolve princípios como: transparência, equidade, prestação de contas e

responsabilidade corporativa (de acordo com o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa). (IBGC, 2011)

a) transparência

Mais do que "a obrigação de informar", a Administração deve cultivar o "desejo de informar", sabendo que da boa comunicação interna e externa, particularmente quando espontânea, franca e rápida, resultam um clima de confiança, tanto internamente, quanto nas relações da empresa com terceiros. A comunicação não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, mas deve contemplar também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação empresarial e que conduzem à criação de valor;

b) equidade

Caracteriza-se pelo tratamento justo e igualitário de todos os grupos minoritários, sejam do capital ou das demais "partes interessadas" (stakeholders), como colaboradores, clientes, fornecedores ou credores. Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são totalmente inaceitáveis;

c) prestação de contas

Os agentes da governança corporativa devem prestar contas de sua atuação a quem os elegeu e respondem integralmente por todos os atos que praticarem no exercício de seus mandatos;

d) responsabilidade social corporativa

Conselheiros e executivos devem zelar pela perenidade das organizações (visão de longo prazo, sustentabilidade) e, portanto, devem incorporar considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações. Responsabilidade Corporativa é uma visão mais ampla da estratégia empresarial, contemplando todos os relacionamentos com a comunidade em que a sociedade atua. A "função social" da empresa deve incluir a criação de riquezas e de oportunidades de emprego, qualificação e diversidade da força de trabalho, estímulo ao desenvolvimento científico por intermédio de tecnologia, e melhoria da qualidade de vida por meio de ações educativas, culturais, assistenciais e de defesa do meio ambiente. Inclui-se neste princípio a contratação preferencial de recursos (trabalho e insumos).

O conceito de responsabilidade social corporativa21 está intimamente ligado à governança corporativa a partir de uma razão simples: uma depende da outra. Para ser responsável socialmente a empresa é obrigada a praticar a governança em sua essência. Neste contexto, a empresa deve levar em consideração os anseios do investidor, dos colaboradores, dos fornecedores, dos consumidores, das instâncias governamentais e da saúde do meio ambiente.

Nesse sentido, percebe-se que governança corporativa e responsabilidade social buscam estabelecer relações com os vários atores sociais.

21 A responsabilidade social vista a partir do prisma da sustentabilidade não se reduz a mero investimento

pontual e esporádico em projetos socioambiental; ela precisa estar enraizada na cultura e na missão, compondo a sua entidade, compromissos e atuação no meio ambiente. (IBGC, 2011)

Pautadas pelo princípio da transparência, ambas visam à satisfação das necessidades de atender políticas públicas e interesses privados, favorecendo, assim, a construção de programas de desenvolvimento.

A implantação de linhas de programas de desenvolvimento regional e rural teve como objetivo principal a modernização tecnológica das cadeias produtivas22 . O principal instrumento era o financiamento dos investimentos em modernização, envolvendo pesquisas agronômicas e extensão rural até ações na esfera da comercialização de produtos do agronegócio.

O que diferencia as gestões das cadeias produtivas do agronegócio é o funcionamento sem intervenção do Estado, tendo o setor privado a escolha de produzir energia alternativa como o álcool anidro, álcool hidratado e açúcar para consumo humano.

Cada nó, dentro da cadeia produtiva de uma mercadoria, envolve a aquisição ou a organização de insumos visando à adição do valor ao produto em questão. Significam a maneira como todos os agentes de determinadas cadeias produtivas se organizam e se inter- relacionam, inclusive com outras cadeias em determinado espaço e territórios.

Discorre Batalha (2009, p. 331), que:

Com a intervenção do Estado também lançou mão de programas especiais por produtos, com o Plano Nacional para Melhoramento da cana-de-açúcar (PLANALSUCAR), o Programa Nacional de Desenvolvimento do Cacau (PROCACAU), o Programa da Borracha (PROBOR), o Programa de Reflorestamento (PROREFLOR), o Programa de Apoio à Agroindústria do Setor Sucroalcooleiro (PROSAL), o Programa Nacional para o Álcool (PROÁLCOOL), além de vários programas voltados para a pecuária e políticas especiais para alguns produtos, como o café, por meio do Instituto Brasileiro do Café, e o trigo.

Neste momento, é imprescindível criar um projeto de energia alternativa aos derivados de petróleo, principalmente em substituição à gasolina, o carro chefe do consumo. Assim, o mercado do álcool está intrinsecamente ligado ao mercado de combustíveis, por ligações ao mercado de açúcar e, sucessivamente, ao da cana-de-açúcar. Por outro lado, a demanda do consumo de álcool anidro e álcool hidratado dependem do volume de veículos produzidos no país para este fim.

22 Cadeia produtiva é um conjunto de etapas consecutivas, ao longo das quais os diversos insumos sofrem algum

tipo de transformação, até a constituição de um produto final (bem ou serviço) e sua colocação no mercado. Trata-se, portanto, de uma sucessão de operações (ou de estágios técnicos de produção e de distribuição) integradas, realizadas por diversas unidades interligadas como uma corrente, desde a extração e manuseio da matéria-prima até a distribuição do produto. (BATALHA, 2009)

Silva (2008, p. 65) descreve o surgimento de mais um programa:

O Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL foi criado em 14 de novembro de 1975, no governo Ernesto Geisel pelo histórico Decreto n. 76.593, com o objetivo de estimular a produção de álcool, visando o atendimento das necessidades do mercado interno e externo e da política de combustíveis automotivos. De acordo com o decreto, a produção do álcool oriundo da cana-de-açúcar, da mandioca, ou de qualquer outro insumo, deveria ser incentivada por meio da expansão da oferta de matérias-primas, com especial ênfase no aumento da produção agrícola, na modernização e ampliação das destilarias existentes e na instalação de novas unidades produtoras, anexas a usinas ou autônomas, e de unidades armazenadoras.

Em 2008, a cana-de-açúcar ocupava uma área de cerca de 8 milhões de hectares, um aumento de 10% (dez por cento) em relação ao ano anterior, o equivalente a 9% (nove por cento) da superfície agrícola do país, sendo o terceiro cultivo mais importante, depois da soja e do milho.

Essa energia alternativa, com a tradição dos usineiros, gera impactos diretos, mas considerados a grande saída por competição por terras agrícolas, o risco de novos “desflorestamento e desmate23”, além de poluição do ar (queimadas, emissões), contaminação dos solos e das águas, problemas decorrentes tanto do manejo agrícola como do processo industrial.

Em face da necessidade de um planejamento ambiental para as usinas, instala-se a ideia de uma melhor convivência a proteção dos escassos recursos naturais do planeta, melhorando a produção sucroalcooleira por meio de da implantação de programa de gestão ambiental, eliminando as contingências do processo industrial produtivo.

Segundo a Confederação Nacional de Agricultura (CNA), o setor sucroalcooleiro apresentou valor da produção de R$ 25 bilhões em 2008 e foi responsável por 8,5% (oito e meio por cento) do valor bruto da produção agropecuária. O volume de etanol fabricado no Brasil foi recorde: 26,6 bilhões de litros (com aumento de 12,6% em relação à safra anterior).

A maior parte dessa produção – 19 bilhões de litros, correspondentes a 71% (setenta e um por cento) - atendeu ao mercado interno, onde o consumo de etanol já é superior ao da gasolina, em virtude do grande número de veículos flexfuel 30% (trinta por cento) da frota e também da mistura de etanol à gasolina.

23 O desflorestamento ou desmate é o processo de desaparecimento de massas florestais, fundamentalmente

causada pela atividade humana. A desflorestação é diretamente causada pela ação do homem sobre a natureza, principalmente devido à destruição de florestas para a obtenção de solo para cultivos do agronegócio ou para extração de madeira, por parte da indústria madeireira. (Araújo, 2008)

As exportações brasileiras de etanol também são crescentes. Em 2009 o Brasil exportou 5,1 bilhões de litros correspondentes a 45% (quarenta e cinco por cento) a mais que em 2008, com um faturamento de US$ 2,39 bilhões sendo 62% (sessenta e dois por cento) mais que 2008. Os principais compradores são Estados Unidos, Holanda, Japão e Coréia do Sul. (BACCARIN, 2009)

Já a produção de açúcar foi de 31 milhões de toneladas em 2008. Além de maior produtor, o Brasil é também um dos maiores consumidores mundiais de açúcar, respondendo pelo consumo de 12 milhões de toneladas em 2009. Já as exportações de açúcar totalizaram 19,5 milhões de toneladas, sendo 62% (sessenta e dois por cento) da produção nesse mesmo ano, rendendo US$ 5,5 bilhões ao país.

Projeções do setor estimam que a área de cultivo da cana deva aumentar até 2015, chegando a 13 milhões de hectares e que o Brasil será um país-chave para determinar o futuro dos preços mundiais do açúcar, permanecendo como o líder em produtividade e em exportação do produto.

As estimativas do Ministério da Agricultura para a produção brasileira indicam taxas médias anuais de crescimento de 3,25% (três vírgula vinte e cinco por cento), no período 2008/2009/2010 a 2018/2019, levando a uma produção de 47,34 milhões de toneladas do produto no final do período. Se essas estimativas se confirmarem, haverá um acréscimo em 2009/2010 de 14,6 milhões de toneladas em relação ao observado na safra 2008. (MAPA, 2009)

Conforme UNICA (2011) as estimativas realizadas para produção de cana-de-açúcar apontam para um aumento de 10% na moagem24 de cana-de-açúcar na safra 2010/11, que começa oficialmente dia 01/04. O total projetado para a nova safra deve atingir 595,89 milhões de toneladas, contra os 541,50 milhões de toneladas estimados para a safra 2009/2010.

Em relação às exportações e ao consumo interno, as taxas médias de expansão projetadas para o mesmo período são, respectivamente, de 4,08% (quatro vírgula oito por cento) e 1,84% (um vírgula oitenta e quatro) ao ano. Quanto ao etanol, a expectativa da União das Indústrias de cana-de-açúcar é que as exportações de álcool tripliquem nos próximos 4 a 5 anos.

24Antes do processo de moagem, a cana é lavada nas mesas alimentadoras para retirar a terra proveniente da

lavoura. Após a lavagem, a cana passa por picadores que trituram os colmos, preparando-a para a moagem. Neste processo as células da cana são abertas sem perda do caldo. Após o preparo, a cana desfibrada é enviada à moenda para ser moída e extrair o caldo. Na moenda, a cana desfibrada é exposta entre rolos submetidos a uma pressão de aproximadamente 250 kg/cm², expulsando o caldo do interior das células. Este processo é repetido por seis vezes continuamente. Adiciona-se água numa proporção de 30%. A isto se chama embebição composta, cuja função é embeber o interior das células da cana diluindo o açúcar ali existente e com isso aumentando a eficiência da extração, conseguindo-se assim, extrair cerca de 96% do açúcar contido na cana. O caldo extraído vai para o processo de tratamento do caldo e o bagaço para as caldeiras. (JALLES, 2008)

Porém, para que essa proposta de expansão ocorra em bases sustentáveis, diminuindo os passivos socioambientais historicamente associados ao cultivo da cana-de-açúcar, o setor deve estar preparado para construir um novo modelo de produção alicerçada na certificação de qualidade e ambiental, que alie produtividade, conservação dos recursos naturais e a inclusão social.

Assim, as externalidades do processo produtivo são causadas basicamente:

Pela a ação do homem através de suas atividades, na grande maioria econômica. O progresso humano através dos tempos fez com que esta intervenção aumentasse, trazendo tantos efeitos benéficos quanto maléficos. Pode-se avaliar que dado o nível de interferência humana, sobretudo nos sistemas ecológicos que sustentam os fluxos produtivos, existe uma grande gama de resultados negativos que superam os positivos. (BARROS e AMIM, 2008)

Esta afirmação pode ser facilmente defendida se observarmos os problemas ambientais advindos do progresso econômico que a humanidade vem alcançando por imposição do sistema capitalista. Em outras palavras, o sistema econômico tem gerado um grande número de externalidades negativas principalmente na indústria sucroalcooleira.

Argumenta Valle (2002, p. 29) que:

A poluição industrial é uma forma de desperdício e um indício de ineficiência dos processos produtivos utilizados. Quando geram impactos, poluição e contenciosos representam uma forma de desperdícios, como também mensura a ineficiência dos processos produtivos. Resíduos do processo sucroalcooleiro representam, na maioria dos casos, perdas de insumos diretos e de matérias-primas.

A externalidade negativa é um fato gerador de passivos ambientais25, referem-se à parte econômica que serão descartadas, a fim de pagar pelas obrigações assumidas com o processo industrial da cana-de-açúcar. Consiste em gastos e/ou despesas atuais ou anteriores ou mesmo na eminência de um risco tornar realidade.

A regra deve incorporar a necessidade de internalizar tais custos ambientais e/ou sociais como forma de ressarcir ou compensar os danos causados por sua ação naqueles que não participam dos ganhos econômicos gerados pela produção. O passivo ambiental pode ser conceituado como toda agressão praticada contra o meio ambiente que consiste em valores para reabilitação ambiental ou potencial indenização.

25 O passivo ambiental pode ser compreendido com a seguinte divisão: a) regulatória: referente à conduta