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Inserção da vida religiosa: um jeito de ir ao encontro do Outro

4. CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO SOCIAL NO CONE SUL DESENVOLVIDA PELA ORDEM

4.2 O passo a passo da práxis da ODN

4.2.1 Inserção da vida religiosa: um jeito de ir ao encontro do Outro

Elas estão chegando, pelas portas e janelas, avenidas e vielas. Elas estão chegando.

Chegando como um vento forte, chegando com vida e norte,

chegando para questionar, chegando pra mudar. (Valdomiro de Oliveira/Marcos Gianelli/Francisco Esvael)

Ao final das décadas de 60 e 70, impulsionadas pelo Concílio Vaticano II, pelos documentos das Conferências Episcopais Latino-americanas de Medellín (1969) e Puebla (1978), inicia-se na vida religiosa um movimento de abertura às novas realidades do mundo fora dos muros das grandes instituições. Algumas congregações religiosas, abertas ao apelo de Javé a Abraão: “[...] Deixa tudo e vai para a terra que eu te indicar.” (Gen 12, 1), iniciaram o processo de comunidades inseridas nos meios populares. Trata-se, diferentemente dos conventos, de comunidades pequenas, com três, quatro ou cinco religiosas que vão formar suas comunidades nas periferias urbanas e rurais, iniciando uma nova forma de vida religiosa.

Essa saída parte de um apelo de estar atento aos clamores do povo. “Eu vi, eu ouvi, eu conheço, e por isso desci [...]” (Cf. Ex 3,7) e as diversas congregações religiosas empreendem um caminho rumo à libertação. Mas esse caminho não apenas liberta os destinatários dessa ação, mas sim a Igreja, e a Vida Religiosa é convidada a libertar-se do que a afasta da vivência concreta do Evangelho, descobrindo aí um novo lugar teológico de encontro com Deus. “A periferia é o lugar onde Deus se revela nos sem-terra, nos sem casa, nos sem trabalho, nos sem família. Naqueles que foram banidos da sociedade dos

homens. Naqueles que só têm Deus a quem recorrer” (IRMÃS PÉ NA ESTRADA, 1984, p. 5).

Esse processo não foi nada tranquilo, nem dentro da Igreja e muito menos na vida religiosa. No Brasil, em 1978, a CRB – Conferência dos Religiosos do Brasil – já havia realizado um encontro com as religiosas das comunidades inseridas em meios populares, a pedido dos governos provinciais e gerais das congregações.

Em 1982, foi realizado o I Seminário das Irmãs Inseridas nos meios Populares com o tema: “Mulheres religiosas inseridas nos meios populares”. Dele participaram aproximadamente 60 religiosas de 30 congregações diferentes. Nesse seminário discutiu- se sobre a condição da mulher na igreja, na vida religiosa e na sociedade, as tensões vividas na igreja local e nas congregações, o papel, a identidade e a missão profética da religiosa nos meios populares, além de caminhos de inserção nos meios carentes.

Em 1983, houve um segundo seminário com o tema: “Aprofundamento bíblico- teológico da realidade vivida pelas religiosas inseridas nos meios populares e proposta de ação”, desta vez com a participação de 76 religiosas de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Neste seminário, as religiosas chegaram ao seguinte posicionamento:

Não abrimos mão na luta pela construção do Reino, expressa na opção pelos pobres, da vida comunitária vivida em vista da missão; da atuação nos meios populares; de uma autoridade como grupo de mulheres e mulheres religiosas; da formação inicial localizada na periferia; da participação tanto nossa quando do povo nos processos de decisão. (IRMÃS PÉ NA ESTRADA, 1984, p. 10).

O terceiro seminário, em 1984, já partiu para uma reflexão mais ampla. Se no primeiro o foco esteve na identidade da religiosa inserida e no seu lugar, no segundo já se fez uma leitura teológica desse lugar social onde a Vida Religiosa – VR feminina, mais precisamente, começava a atuar. No terceiro, discutiu-se a práxis dessa vida religiosa, pois não se tratava de estar com o povo para simplesmente dizer que é pobre com os pobres, mas uma tomada de consciência das causas estruturais que geram a pobreza. Este seminário teve como tema: “Práxis sócio-política das religiosas inseridas nas bases; metodologia a ser usada e posição a ser assumida face às exigências que se apresentam”. É interessante perceber que até o discurso muda. Parece que vai ocorrendo um processo de sair de um espaço de vitimismo para um espaço de empoderamento e consciência do papel da vida religiosa na Igreja e na sociedade daquele momento.

Esse seminário teve um caráter intercongregacional e contou com a presença de 130 religiosas de São Paulo, Pará, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. As participantes dividiram-se por campo de experiência e interesses:

Movimento operário – Luta sindical – Pastoral Operária; Movimento de Favela; Movimento de Mulheres; Movimento de Creches/Menores; Movimento de Saúde; Movimento de Educação Popular; Direitos Humanos; Pastoral da Terra (urbana e rural). (IRMÃS PÉ NA ESTRADA, 1984, p.13-14).

Foram apontados vários avanços na caminhada, como o crescimento das CEBs, o aumento da participação popular nos processos de decisão, a ampliação de movimentos sociais, como o de mulheres, o avanço de consciência de classe, recuperação de lideranças dos movimentos populares, entre outros.

Torna-se significativo ressaltar a importância da presença da vida religiosa feminina nos meios populares. Elas ajudaram a gestar muito do que se tem hoje como políticas de garantia de direitos.

4.2.1.1 O itinerário da Ordem para ir ao encontro

Paralelamente ao processo vivido na CRB, os governos gerais de algumas congregações também iam caminhando, tendo em vista que, se havia esse movimento local é porque havia um direcionamento partindo de dentro das congregações via governos gerais. Isso não significa que semelhante movimento era claro e aceito por todos. Deve-se aqui considerar que o fato de os governos gerais terem a função de apontar caminhos novos, de ampliar o campo de missão do grupo que lideram, em alguns momentos são portadores de avanços significativos e, em outros, parece que “pisam no freio”.

Esse movimento ajudou a Ordem a retomar as suas origens. O próprio Concílio Vaticano II, no documento Perfectae caritatis, voltado a pessoas consagradas, conclama a todas para voltarem ao carisma dos fundadores. No caso da Ordem, voltar a Santa Joana e às primeiras Comunidades. Nesse sentido, a Companhia de Maria também percorreu o mesmo caminho de inserção nos meios populares, partindo da reflexão proposta pela Igreja numa tentativa de redescobrir o carisma e ao mesmo tempo ser fiel a ele.

O pressuposto deste processo de inserção social aparece nos encontros e nos capítulos gerais, os quais definem a forma de aplicar o carisma dentro das necessidades da opção pelos pobres, uma vez que o carisma da ordem é estar a serviço da educação. No encontro internacional da Ordem realizado no Paraguai, em 2011, com todas as irmãs que trabalhavam nos meios populares, aprofundou-se, por meio de documentos, a caminhada da missão da Companhia de 1969 a 2010. Portanto, recordou-se o processo, realizado desde o Vaticano II até a atualidade, sobre o jeito de ir ao encontro dos pobres e como neste encontro os pobres ajudavam a congregação a redescobrir o carisma da educação na América Latina.

Más de cuarenta años de andadura en los que la fidelidad al Espíritu, encarnado en los gritos y silencios de los hombres y mujeres de cada tiempo y lugar, ha ido modelando y abriendo el horizonte de nuestra vida religiosa apostólica.

En la interrelación que siempre existe entre lo escrito y lo vivido, encontramos esa huella del Dios siempre mayor que nos confronta con nuestros planes y deseos, nos coloca frente a nuestras posibilidades y limitaciones y nos empuja a dar, con audacia y unidas, ese paso más que va construyendo la Historia. (ODN, 2011).

Nesse processo de responder aos apelos da Igreja, aos clamores dos pobres e à exigência da Congregação de buscar redescobrir o seu carisma na América Latina/no Cone Sul, essas reflexões aparecem e tomam conta das reuniões de preparação e Assembleias Capitulares. Os Capítulos Gerais trazem as sínteses das conclusões para iluminar a missão apostólica e a prática cotidiana das ações das irmãs e dos educadores. E, ao mesmo tempo, reorganizar as estruturas internas para melhor acolher as exigências dos novos tempos.

Voltando-se para os documentos do Concílio Vaticano II em 1969, o IX Capítulo Geral reflete sobre a identidade da Companhia e responde às exigências de se colocar a serviço da educação, especialmente a dos marginalizados. Isto aparece no Decreto elaborado pela Ordem que estabelece o jeito de viver e de agir dos membros.

Los Decretos son nuestro Libro de Vida. Responden plenamente a nuestro espíritu. Están fundamentados en: el Evangelio, norma suprema de todo Instituto; los Documentos Conciliares, expresión del pensamiento de la Iglesia; el estudio de las circunstancias actuales, por las que el Señor nos manifiesta su querer y los Documentos históricos de nuestra Orden, que nos transmiten su rico Patrimonio espiritual. (ODN, 2011).

Nessa caminhada de redescobrir o carisma na Assembleia Geral realizada em Bogotá, em 1976, a Companhia reflete sobre a sua natureza apostólica e assume o compromisso de revitalizar a missão educacional fundada na fé e na promoção da justiça. É uma espécie de articulação entre a fé e a vida, a prática e a reflexão.

‘Promover Proyectos comunitarios que marquen un estilo de vida exigente y comprometida en la educación de la fe y la promoción de la justicia’. Y señala estrategias como ayuda para hacer posible esta radicalidad evangélica. (Asamblea General de Bogotá, 2011).

Na linha de aprofundamento do Carisma, o X Capítulo Geral faz uma releitura da primeira Constituição, a de 1638, escrita por Santa Joana, e dela extrai a vitalidade do carisma que tem sua centralidade na educação: “La respuesta de este momento pone el énfasis en la Educación de la fe que amplía el campo de acción más allá del ámbito escolar, tanto en lo pastoral como en lo social” (X Capítulo Geral ODN, 2011).

Essa reflexão amplia o olhar da Congregação para a educação, que não ocorre somente na escola, mas em outros ambientes, como aparece nas orientações de Santa Joana e na primeira Constituição. Os conteúdos presentes neste documento contribuem para o processo de inserção das irmãs na América Latina.

A Assembleia Geral de 1982, que aconteceu no México, coloca mais luz sobre a missão das educadoras e reforça a busca do “diálogo fé-cultura e fé-justiça”. Desta forma, a Ordem reforça que educar é pensar na pessoa como um todo. Educa-se não apenas para as letras, como dizia Santa Joana, mas para que a pessoa possa se relacionar com o mundo, questionar a realidade e poder transformá-la.

El Espíritu, a través de circunstancias históricas y de las Orientaciones de la Iglesia, ha ido impulsando siempre la marcha de la Compañía en la realización de su misión. Este impulso ha dado lugar a nuevas presencias apostólicas en atención a las necesidades más urgentes. La apertura a otros campos de misión. (Asamblea General del México, in ODN, 2011).

No XI Capítulo Geral, que retoma essa assembleia, aponta-se que a opção da Ordem pela educação deve levar os educandos a um compromisso social de forma a transformar a realidade. Nesse sentido, toda a tarefa educativa da Ordem deve ser realizada a partir da perspectiva dos pobres, já que eles apontam o caminho de seguimento

a Jesus. As religiosas são então chamadas a viver “a unidade no pluralismo” e reitera-se o compromisso da opção pelos pobres, apontando-se para pistas de ação.

Los pobres no son sólo los destinatarios de nuestra misión, sino que ellos nos devuelven la memoria de lo que tendríamos que ser como seguidoras de Jesús: constructoras de la fraternidad desde los que son menos hombres, desde aquellos a quienes se niegan derechos fundamentales, como personas y como grupos”.

Estimular una mayor presencia entre los pobres; Abrirnos a las situaciones de deshumanización y solidarizarnos con las personas y grupos que las padecen; Confrontarnos y estimularnos fraternalmente a una vida de mayor austeridad; Elaborar y evaluar nuestros proyectos de acción educativa desde esta perspectiva. (XI Capítulo General, in ODN, 2011).

O desafio de viver o seguimento de Jesus pobre configura o novo estilo de vida religiosa que a Ordem se sente chamada a viver. O pobre é o outro a quem a vida é negada, a quem lhe são negados os direitos. O seguimento a que as religiosas são convidadas a viver, não é a um Jesus que está dentro das catedrais, mas que está caminhando junto com o outro que vive nas favelas, nas periferias, nos campos, e que tem o rosto da mulher, do negro, do mestiço, do indígena. O XII Capítulo Geral reflete que esse novo estilo de vida faz mais evangélica a missão.

En estos años la inserción de comunidades entre los pobres y el trabajo con marginados en distintos campos se ha ido afianzando [...].Se ha ido pasando de los principios anunciados en esta línea a experiencias que van marcando un nuevo estilo de vida religiosa, en seguimiento de Jesús pobre [...]. Se vive cada vez más desde la propia identidad [...]. Como campo prioritario dentro de la marginación, se señala la mujer [...]. (XII Capítulo General in ODN, 2011).

Na Assembleia Geral do Japão se vê a necessidade de recolher o processo vivido pelas comunidades de inserção. O estar inseridas no meio dos pobres traz em si o desafio de encarnar-se na realidade das vítimas. Isso resulta em um sentir com o outro, que leva a um compromisso para que a vida do outro seja uma vida em plenitude, já que este outro não é mais um estranho, é meu irmão! Entre outras coisas a assembleia aponta o “Acompañamiento a las comunidades de inserción para que, teniendo en cuenta la continuidad que supone todo proceso educativo, mantengan una agilidad y disponibilidad a las mayores urgencias” (Assembleia Geral do Japão, in ODN, 2011).

O XIV Capítulo aprofunda o Projeto Educativo e os traços que devem nortear a missão, e segue colocando a importância de educar para a justiça e a solidariedade diante da realidade mundial conturbada.

Para que o oprimido possa modificar-se e mudar o outro e a realidade social, é necessário compreendê-la e tomar consciência de sua opressão. [...]. Não basta, porém, conscientizar-se; a educação deve provocar o desenvolvimento da atitude crítica de reflexão e de indignação que leve a um compromisso com a ação libertadora. Esta ação é um ato de amor que combate a falta de amor, cujas raízes estão no processo de exploração e de violência praticado pelos opressores. A educação contribui para que homens e mulheres descubram sua vocação de ser sujeito, e não objeto de manipulação. Ela tem a finalidade de criar as condições para uma tomada de consciência e de uma [...] atitude crítica, graças à qual o homem escolhe e decide, liberta-o em lugar de submetê- lo, de domesticá-lo, de adaptá-lo, [...] que tende a ajustar o indivíduo à sociedade, em lugar de promovê-lo em sua própria linha” (Freire, 1980, p. 35 apud SOUZA NETO, 2010, p. 321)

É dentro desta perspectiva que a Ordem é chamada a desenvolver sua ação educativa no meio dos pobres, pois não se trata apenas em uma ação, mas missão como forma de responder ao carisma.

Reconocemos y valoramos el camino que hemos recorrido en educación popular. Camino progresivo y dinámico vivido en barrios populares, contextos de marginación, mundo rural, mundo de la salud, minorías étnicas…

Hemos entendido esta educación como un proceso colectivo que abarca todas las dimensiones de la persona: salud, trabajo, ámbito familiar, grupos de referencia, vida cotidiana. Su punto de partida es la situación real y concreta de los participantes; busca promover la trasformación de personas y estructuras. (XIV Capítulo General in ODN, 2011)

O XV Capítulo acontece à luz do quarto centenário da experiência do Cister. Joana ouve o grito do outro, das mulheres, das vítimas que estão a ponto de cair no abismo.

O oprimido, o torturado, o que vê ser destruída a sua carne sofredora, todos eles simplesmente gritam, clamando por justiça: - Tenho fome! Não me mates! Tem compaixão de mim! – é o que exclamam esses infelizes. [...] O grito – enquanto ruído, rugido, clamor, protopalavra ainda não articulada, interpretada de acordo com seu sentido apenas por quem “tem ouvidos para ouvir” – indica simplesmente que alguém está sofrendo e que do íntimo da sua dor lança um grito, um pranto, uma súplica. É evidente que alguém deverá possuir uma resposta responsável ao apelo do outro. (DUSSEL, 2011, p. 19)

A experiência do Cister foi entendida como um apelo a estender a mão às realidades mais necessitadas de Salvação. O XV Capítulo retoma a experiência desde as realidades atuais que urgem de mãos que sejam estendidas.

Queremos participar activamente en grupos que trabajan por la justicia, la solidaridad, la paz, la defensa de la vida, la dignificación de la mujer,

la ecología… colaborar en ONGs… Caminar con otros y otras desde la diversidad y pluralidad y crear conjuntamente espacios de humanización y Buena Noticia en nuestro mundo. (XV Capítulo General in ODN, 2011)

Na VIII Assembleia Geral, em Orvieto, a Companhia constata que a presença entre os pobres é irrenunciável e que está se debilitando, e insta os governos de província a tomar providências.

Todas tenemos muy claro que “optar por los pobres” con todas las consecuencias, no es algo que se improvisa. Es todo un proceso de identificación con Jesús y de preparación para hacer vida sus opciones. Nos exige, al mismo tiempo y en todos los contextos, visibilizarlo a través de un estilo de vida que lo haga creíble. (VIII Asamblea General,

in ODN, 2011)

O XVI Capítulo Geral convidou a lançar as redes. Os discípulos lançaram as redes e elas voltaram vazias. Tentaram outra vez e o mesmo aconteceu. Só quando Jesus se aproximou e os instou a lançarem novamente as redes, foi quando conseguiram enchê- las.

O processo de educação/libertação é semelhante a esse, de levar a pessoa a acreditar em suas capacidades, suas possibilidades. O educador é o mediador da ação. Ele anima a “lançar as redes” quando os pobres já estão cansados da opressão e não acreditam em sua humanidade, quando a mulher se vê como objeto, quando a criança não é reconhecida. A relação com o outro, então, constitui-se em uma prática solidária, fazendo visível a radicalidade do evangelho.

Contemplar la realidad desde la mirada de Jesús nos impulsa a vivir un acercamiento real al mundo de los pobres, dejarnos afectar, modificar la vida y situarnos compasivamente ante la realidad de los sufrientes y excluidos. (XVI Capítulo General in ODN, 2011)

4.2.1.2 Dentro do campo da presença nos meios populares

A partir da necessidade de reestruturar a missão, traçando linhas estratégicas de ação para toda a Ordem, em 2010 realizou-se um Planejamento Global. Foi feita uma pesquisa a partir de um questionário com todos os educadores, religiosos e leigos, que

desenvolviam sua missão educativa entre os pobres e excluídos. Com a coleta dos resultados foram traçadas algumas linhas que deveriam nortear o trabalho dos educadores pelo período de cinco anos.

Intensificar el compromiso con los pobres y excluidos; Responder educativamente en plataformas propias y con otros y otras, a las nuevas formas de pobreza y exclusión, priorizando en cada contexto las mayores urgencias: inmigrantes, desplazados, víctimas de la violencia y marginados; Definir criterios comunes que orienten nuestra presencia y trabajo en el mundo de la pobreza y exclusión; Contar con comunidades de inserción en lugares de pobreza y frontera; Potenciar la FISC como ONGs de apoyo a la misión de la Compañía; Apoyar a la mujer víctima de la violencia, en situación de marginación social y privada de derechos humanos; Identificar las situaciones de pobreza de nuestros centros y proyectos y priorizar la atención a ellas; Impulsar y cuidar las experiencias de voluntariado. Integrarlas en el proceso de evangelización; Articular el trabajo de voluntariado de las hermanas mayores a la misión en estos contextos. (ODN, 2011)

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Os princípios filosóficos e pedagogos que nortearam essa prática estão descritos na chamada Teologia da Libertação ou na Filosofia da Libertação, aos quais acenamos no Capítulo Dois. Eis alguns dos seus expoentes: Enrique Dussel e Martín-Baró. Há uma interface entre Educação Social Educação Popular e teologia da libertação.

A Pedagogia Social tem que se articular com o processo de libertação no contexto da desigualdade socioeconômica e cultural brasileira e, a partir dele, formar e criar os seus conteúdos. De fato, a Pedagogia Social tem contribuído para influenciar o processo de transformação dos programas e a superação das práticas assistencialistas. Ela intervém nos espaços e nos acontecimentos não propriamente educativos, de modo a influenciar os programas sociais e as políticas públicas. A TL e a filosofia da libertação são distintas, entretanto mantêm uma relação de proximidade. O importante na TL é que ela permite criar um imaginário libertador. Por isso é que se reafirma que ela nasce “[...] e aprende, disciplinadamente, da práxis do povo latino-americano e das comunidades cristãs de base, dos pobres e oprimidos” (Dussel apud Lövy, 2006, p. 525). Fundada na dialeticidade, a Pedagogia Social tem