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Pesquisar é o ato de investigar dados que diversas vezes não se apresentam facilmente ao pesquisador. É de sua responsabilidade procurar onde os dados podem ser localizados e, quando não obtém êxito na procura, ele mesmo necessita construí-los.

Uma vez acessando os dados, os documentos se apresentam como um elemento de prova, de validação do que foi/é dito ou experienciado. Por que precisamos nos apoiar em documentos? Qual é o valor da fonte documental? Estas perguntas poderiam nos conduzir a diversas questões, mas aqui assinalamos que da atitude mais simples dos seres humanos no cotidiano, até a mais complexa, o ato de documentar é realizado com o intuito de provar algo

socialmente. Isto reflete também o poder delegado aos documentos enquanto fontes de validação do verdadeiro.

Neste trabalho, cascavilhamos dados em locais diversos e obtivemos documentos de natureza variada um dos outros, o que nos comprometeu, ora com a sua organização, ora com a sua elaboração e organização. Ao falar sobre os documentos, como fontes de dados, nós os compreendemos como materiais escritos de natureza diversa e que podem nos fornecer informações promissoras hermeneuticamente falando para permitir análises profundas. Estas fontes incluem, por exemplo, leis, regulamentos, normas, pareceres, cartas, memorandos, diários pessoais, autobiografias, jornais, revistas, discursos, roteiros de programa de rádio e televisão, livros, entrevistas (transcritas) e outros. Todos eles nos contam realidades construídas, vividas e interpretadas a partir do contexto, sendo fundamental uma análise profunda em busca de seus significados, atrelando sempre à pertinência para a pesquisa.

Para acessar dados e fontes foram necessários procedimentos que atendessem aos objetivos da pesquisa. Primeiramente, procedemos a levantamento junto ao portal da CAPES que hospeda ambiente referente ao Pibid .38 Deste portal constavam o conjunto de documentos normativos do programa, em relação aos quais fizemos uma seleção para identificar os dados que dialogavam com a natureza do programa Pibid dentro do nosso recorte histórico (2014- 2018), para que, a partir deles, pudéssemos conhecer o programa e suas características.

Afunilando nossa busca, fomos à procura do documento referente ao projeto institucional da UFPE em que constam as intenções da instituição para atuação no Pibid, no período de vigência do Edital nº 61/2013. Fizemos uma busca nos arquivos institucionais entre os meses de junho e agosto de 2019. Iniciamos pesquisando na página do Pibid/UFPE39 onde foi possível encontrar os dados referentes aos relatórios institucionais lançados ano a ano. No documento havia a ausência de um relatório institucional correspondente ao ano de 2016. Ao entrar em contato com a diretoria do Pibid/UFPE, pessoalmente e por e-mail, o documento foi disponibilizado eletronicamente. Ainda carecendo do projeto institucional, entramos em contato com a professora Alice Miriam Happ Botler40 que havia sido Coordenadora Institucional do Pibid quando do Edital nº 61/2013. A referida professora possuía os dados e nos cedeu gentilmente. Agrupamos os documentos que anunciaram perspectivas para a formação docente no Pibid, conforme quadro a seguir:

38 Disponível em: https://www.ca pes.gov.br/educa cao-basica/capespibid/pibid. Acesso em: 15 ma r. 2020. 39 Ela bora da pa ra a companhamento da s a ções do progra ma na instituiçã o.

Qua dro 4 – Rela çã o entre os objetivos da pesquisa e o corpus documenta l

Objetivos Onde buscar as informações (FONTES)

- Ca ra cteriza r o Pibid qua nto à fina lida de,

objetivos, procedimentos e instrumentos pa ra a forma çã o inicia l de professores, conforme os

documentos regula dores do progra ma ;

- Edita is do Pibid nos 1/2007, 2/2009, 18/2010, 1/2011, 11/2012, ma rca damente o Edita l nº 61/2013.

- Rela tório de orga niza çã o do Pibid/CAPES (DEB/CAPES, 2014);

- Decreto nº 7.219, de 24 de junho de 2010;

- Porta ria s nos 96/2013; 122/2009; 72/2010; 260/2010.

- Ana lisa r a concepçã o de forma ção proposta

pelo Pibid/UFPE, em especia l o subprojeto de História , a pa rtir do projeto instituciona l e dos rela tórios decorrentes do Edita l nº 61/2013;

- Projeto instituciona l proposto pela UFPE pa ra pa rticipa çã o no Edita l Pibid/CAPES nº 61/2013;

- Rela tórios instituciona is la nça dos a ca da a no (entre 2014 e 2018) que estã o disponíveis no site do Pibid/UFPE; - Entrevista s semiestrutura da s com Coordena dora

Instituciona l e com Coordena doras de Área s do subprojeto de História

Fonte: Ela bora do pelo a utor com ba se nos objetivos da pesquisa e na s fontes documentais necessá ria s.

Garimpamos tais fontes observando nosso objeto de estudo e diante do conteúdo que possuíam, visto serem aqueles que nos trouxeram elementos sobre o que foi a organização deste momento do Pibid e sua internalização pela UFPE.

Com o intuito de saber as estratégias adotadas pelo subprojeto de História recorremos ao projeto institucional e aos relatórios anuais. Inicialmente desejamos acoplar também os relatórios das equipes participantes do subprojeto, que consistiam em dados minuciosos sobre a atividade de cada estudante participante, e que não constam nos documentos oficiais. Devido às dificuldades quanto ao acesso a tais materiais, nos valemos de alguns poucos que nos cederam. De posse deles, analisamos aquilo que os egressos de iniciação à docência aqui entrevistados falaram sobre sua atuação, destacando situações presentes descritas tanto por testemunho oral quanto por relatórios.

Realizamos, ainda, entrevistas semiestruturadas com egressos de iniciação à docência (LIDs), coordenadora institucional (CI) do Pibid, coordenadores de área (CAs) e com professores-supervisores (PSs). Este instrumento foi primordial na captação das percepções dos grupos em análise, marcadamente os que atuaram na condição de licenciandos de iniciação à docência. As memórias sobre os anos em que se desenvolveram as atividades do programa, bem como a participação deles na realização das atividades do subprojeto de História; suas aprendizagens e os significados atribuídos à experiência foram tratados com base nos dados

colhidos com este instrumento, confrontando, quando necessário, com dados dos relatórios institucionais do Pibid/UFPE. No desenvolvimento desse procedimento, consideramos que:

[...] na entrevista , a rela çã o que se cria é de intera çã o, ha vendo uma a tmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde. Especia lmente nas entrevista s nã o tota lmente estrutura das, onde nã o há imposiçã o de uma ordem rígida de questões, o entrevista do discorre sobre o tema proposto, com ba se na s informações que ele detém e que, no fundo, sã o a verda deira ra zã o de entrevista [...] (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 33-34).

Cientes da relação entre entrevistador e entrevistado, pensamos que ao levar questões atinentes ao objeto de estudo, foi necessária adotar uma postura que permitisse ao pesquisador ouvir atentamente o que os grupos entrevistados diziam. Isso exigiu o silenciamento das ideias já elaboradas, mas sempre encorajando os colaboradores a falarem e expressarem o que pensavam. Foram com estes instrumentos e fontes que procuramos responder aos demais objetivos da pesquisa.

Qua dro 5 – Da dos sobre os objetivos da pesquisa e os instrumentos necessá rios

Objetivo Instrumentos e fontes

- Ana lisa r a s estra tégia s didá tico-peda gógica s formula da s no â mbito do Pibid de História /UFPE, bem como a queles reconhecidos pelos egressos de inicia çã o à docência do progra ma como significa tivos a o seu desenvolvimento profissiona l;

- Entrevista s semiestrutura da s com egressos de ID; - Rela tórios instituciona is.

- Identifica r qua is sa beres, dentre os conhecimentos plura is da docência, estivera m compondo a s a tivida des do subprojeto de História /UFPE. - Identifica r os significa dos que os egressos de inicia çã o à docência do subprojeto a tribuem à experiência vivida no â mbito do Pibid de História .

- Entrevista semiestrutura da s com egressos de ID; - Rela tórios instituciona is.

Fonte: Ela bora do pelo a utor.

A entrevista semiestruturada realizada com os membros do subprojeto de História visou compreender todo esse momento que eles vivenciaram, provocando, sempre que necessário, os entrevistados a discorrerem sobre os temas próximos ao de nosso objeto.

O que não pudemos evitar foram dados às vezes múltiplos e contrad itórios, o que fez a atividade de análise se tornar deveras trabalhosa. Humildemente reconhecemos a profundidade e complexidade das entrevistas recolhidas, o que por si só já admite que os olhares lançados ao material não dominaram toda sua complexidade. Sentimentos, histórias de vida, autoanálises e reflexões diversas foram captadas nesse momento, o que revelou a relação tênue entre pesquisador e pesquisado.

O instrumento questionário também foi por utilizado. Mas, se inicialmente desejamos aplicá-lo à totalidade dos licenciandos que passaram pelo subprojeto, por meio da plataforma Google, logo abandonamos essa ideia. Foi possível ter acesso a um número restrito que, inclusive falam dos sujeitos que participaram desta pesquisa. Logo, o instrumento só foi aplicado com os oito depoentes.

Ressaltamos que o percurso metodológico da pesquisa apresentou linhas tortas e contratempos, tendo sido redesenhado sempre que necessário. Para conseguir aportar dados que falassem aos objetivos formulados para esta pesquisa fizemos uso das fontes documentais e do instrumento entrevista semiestruturada que foram tratados sob a lógica da análise de conteúdo a qual explicaremos a seguir.