• Nenhum resultado encontrado

INTERAÇÕES COM O CONTEXTO EMPÍRICO DA PESQUISA

Figura 1 - Escola e partícipes da pesquisa

Fonte: Arquivo pessoal (2012).

Consideramos a escola um espaço onde emergem as competências e habilidades do aluno que devem ser adquiridas, reconhecidas e desenvolvidas, tendo como mediação, práticas pedagógicas que facilitem a autonomia e inserção do estudante na sociedade. Contraditoriamente, as dificuldades surgem nesse meio. Há inúmeras situações que envolvem o aprendizado dos alunos, existem problemas sociais diversos, níveis de ensino diferenciados, dificultando a interação e a aprendizagem. Precisamos articular os saberes que proporcionam uma prática pedagógica que efetive, de fato, o processo ensino-aprendizagem, pois, segundo Alarcão (2001),

A mudança de que a escola precisa é uma mudança paradigmática. Porém, para mudá-la, é preciso mudar o pensamento sobre ela. É preciso refletir sobre a vida que lá se vive, em uma atitude de diálogo com os problemas e as frustrações, os sucessos e os fracassos, mas também em diálogo com o pensamento, o pensamento próprio e dos outros. (ALARCÃO, 2001, p.15).

A reflexão a respeito do processo que envolve a vida na escola e “a vida que lá se vive” precisa ser permeada pela atitude de colaboração entre todos. Ela deve ser mediada pelos professores e ser inserida no convívio do aluno, por meio de práticas que possibilitem a reflexão sobre o que o aluno faz na escola, a maneira como se relaciona com o outro e o aproveitamento do espaço-tempo usado para construção do conhecimento.

Apoiando-nos nessa compreensão, nossa investigação tem como contexto empírico a Escola Municipal Professor Zuza, criada pelo Decreto nº 3.747, de 29 de agosto de 1988, está situada na Rua Miguel Castro S/N no Bairro de Nazaré, na Zona Oeste de Natal, Natal - Rio Grande do Norte. Atende a alunos do 1º ao 5º anos do Fundamental, no turno matutino; do 6º ao 9º anos do Fundamental, no turno vespertino; e Educação de Jovens e Adultos no turno noturno. É um espaço escolar onde os desafios são inúmeros, devido ao seu contexto socioeconômico.

O entorno da escola apresenta uma área de periferia com vários problemas sociais graves como casos de violência, o uso de drogas, porte ilegal de armas, presença de gangs (grupos rivais que brigam entre si para domínio dos espaços do bairro), desajuste familiar, desemprego, subemprego, caracterizando-se, assim, uma comunidade com expressiva carência socioeconômica.

Contraditoriamente, esses espaços externos à escola disponibilizam vários serviços sociais e de utilidade pública, tais como: escolas e creches, centro de saúde, várias linhas de transporte coletivo, quadras de esporte, algumas praças, Conselho Comunitário e outras organizações sociais e religiosas. Mesmo assim, os problemas estão sempre se aflorando no bairro.

A escola desenvolve suas ações pedagógicas com base no Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), para a manutenção física, aquisição de materiais pedagógicos, expediente e limpeza e um percentual de bens duráveis, recebe recursos do Programa de Dinheiro Direto na Escola (PDDE); dos Recursos do Orçamento Municipal (ROM) para a conservação das instalações físicas, aquisição de materiais pedagógicos, limpeza e expediente.

Há, ainda, os recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para os alunos de Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA) para financiar a merenda dos alunos. Recursos do PNAE e da EJA são repassados pelo Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação (FNDE) em parcelas. O Programa Mais Educação do Governo Federal, atendendo a alunos do 5º e 6º Anos para melhorar os déficits de aprendizagens e ajudar na socialização desses alunos. Outro programa presente é o “Escola Aberta”, atendendo a alunos e pessoas da comunidade nos finais de semana, com atividades laborais desportivas e cursos, além de projetos didáticos trabalhados rotineiramente.

No ano de 2012, no turno vespertino, as turmas de alunos estavam assim distribuídas: no 6º ano (cinco turmas); no 7º ano (três turmas); no 8º ano (duas turmas) e no 9º ano (uma turma) perfazendo total de 297 alunos no início do ano. Ao finalizar as atividades letivas contávamos com 276 alunos, pois, segundo os dados da Secretaria da escola, durante o ano, 11 alunos foram transferidos e 09 deixaram de frequentá-la. Nos sextos anos, esses alunos ficaram assim distribuídos:

Tabela 1 - Rendimentos dos alunos dos 6ºs anos – ano 2012

Turmas 6ªA 6ªB 6ªC 6ªD 6ªE

Matrícula inicial 27 26 26 25 23

Entrada após março - - 01 - 02

Matrícula final 25 24 24 23 22 Aprovados 23 18 21 18 11 Reprovados 02 06 04 05 10 Transferidos - - 02 01 03 Abandono 02 02 - 01 01 % de aprovados 85% 69% 84% 75% 50% % de reprovados 8% 23% 16% 21% 45% % de abandono 7% 8% 0% 4% 5% Fonte: Natal (2012).

Por termos a escola como tempo-espaço de nossa prática pedagógica, escolhemos a sala de aula como lócus de nossa pesquisa, e passamos, assim, a descrevê-la: trata-se de uma classe de alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, turma “A”, do turno vespertino, do ano letivo de 2012. A classe é considerada pequena para o padrão das escolas públicas de nossa cidade, com um total de vinte e sete alunos matriculados, dos quais dois, ao deixarem de frequentá-la, foram automaticamente, retidos no final do ano.

Desse total, vinte e um alunos aceitaram participar da pesquisa com o consentimento dos pais. Trata-se de uma turma de alunos situados entre os mais jovens dos 6º anos e durante o período da investigação, estavam na faixa etária entre os 10 e 12 anos.

A nossa pesquisa propõe, como já afirmamos anteriormente, o desenvolvimento da escrita do aluno, aproveitando o microespaço-tempo sala de aula, pois é essa a ambiência que

o professor dispõe para otimizar o tempo e interagir com o aluno. O tempo de aprendizagem deve levar em consideração o ritmo próprio de cada aluno e a mobilidade para desenvolverem as situações de aprendizagem.

Observar, diagnosticar, refletir, comparar e analisar o tempo de aprender do aluno junto a ele é saber construir essa aprendizagem a partir de uma concepção colaborativo- reflexiva. Isso será importante na vida do aluno para que ele também saiba planejar o tempo, suas capacidades, seu ritmo de estudo, sua concentração, interesses e necessidades em busca de uma aprendizagem qualitativa da leitura e da escrita.

Não obstante, nesse espaço-tempo sala de aula, a aquisição da escrita não se constrói de forma passiva, ao contrário, mobiliza e requer um processo ativo da aprendizagem, envolvendo “aspectos de natureza variada (linguística, cognitiva, pragmática, sócio-histórica e cultural)”.

Nessa construção, para concretizar e integrar ações interdisciplinares, buscamos nos gêneros textuais (orais e escritos) a descoberta da competência escritora do aluno, “entendidos como prática socialmente constituídas com propósito comunicacional configurado concretamente em textos.” (KOCH; ELIAS, 2011, p. 31). Nesse processo, professores e alunos interagem para mobilizar essas aprendizagens.

2.3 PARTÍCIPES: OS ALUNOS E A PROFESSORA EM UMA RELAÇÃO