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OS USUÁRIOS DO SERVIÇO

Entrevista 4: Júnior “O Zumbi”

Júnior tem 25 anos, é padeiro e confeiteiro, aos 16 anos começou a frequentar o CAPS, possui diagnóstico de “esquizofrenia moderada”. Abandonou o tratamento no CAPS e se envolveu com drogas (maconha, cocaína e crack), apresentando maior gravidade a partir dos 20 anos. Sumia de casa por dias, ficou um “Zumbi”, perdeu o discernimento do que era certo e do que era errado. A mãe tem “Esquizofrenia Crônica”, assim como os irmãos dela. Ela nunca foi internada, Sr. Salvador optou por cuidar da esposa em casa. Para o filho, ele procurou ajuda na Prefeitura, que encaminhou novamente ao CAPS. Do CAPS foi orientado a buscar a DPESP, já que seu filho não aceitava a internação voluntária. Na DPESP, providenciaram a internação compulsória. Permaneceu na Clínica, localizada em outro município, por cinco meses e meio. Quando saiu, passou a fazer uso descontrolado de drogas e a roubar para conseguir dinheiro para consumir as drogas. Após um mês da alta, foi preso por ter se envolvido em um roubo. Enquanto isso tramitava a solicitação do pai junto à DPESP para outra internação, que foi autorizada quando Júnior já estava detido. Na data da entrevista, fazia um ano que Júnior estava preso e desde então a DPESP passou a cuidar de seu processo criminal.

Senhor Salvador, 55 anos, vigia aposentado por invalidez (epilepsia, angina e infarto), trabalhou muitos anos na lavoura, doze irmãos, casado, tem um filho biológico de 25 anos (Júnior) e uma filha de criação (sobrinha) de 35 anos (casada e com filhos). Técnico em enfermagem. Faz tratamento para Epilepsia e Coração. Procurou a DPESP para buscar internação para o filho que tem diagnóstico de esquizofrenia e é usuário de drogas – “O Zumbi”.

Entrevista 5: “Linda”

Linda tem 38 anos, é mãe de dois filhos, um de 17 e outro de 11 anos. Desde a adolescência apresenta problemas psiquiátricos que se agravaram após o nascimento do primeiro filho. Diagnosticada como Portadora de Transtorno Bipolar (“Psicose Maníaco Depressiva”) permaneceu em situação de rua, fazendo uso de drogas e se envolvendo em situações de riscos (com possibilidade de ter sido estuprada), de promiscuidade, e em ocorrências policiais. Socorro, a mãe, procurou a DPESP por necessidade de se proteger das agressões da filha. Ao mesmo tempo, pessoas do comércio do centro da cidade estavam acionando a justiça por motivos de tumultos causados por Linda. Ela chegou a ser presa por roubo. A própria Linda buscava a DPESP para reivindicar a guarda dos filhos. Seus filhos foram recolhidos em Orfanato, lá permaneceram por um ano, e Linda perdeu o poder familiar. Eles foram colocados para adoção, ocasião em que Socorro entrou com o pedido da guarda e conseguiu. Quando em surto, Linda tem comportamentos muito agressivos e por várias vezes atentou contra a vida da mãe. Passou por 26 ou 27 internações em hospital psiquiátrico na cidade. Por intermédio da DPESP foi providenciada a sua internação compulsória em Clínica de Recuperação de drogas, em outro município. Após 6 meses de tratamento teve alta, iniciou tratamento no CAPS ad. Foi encaminhada ao CAPS mental, surtou novamente, voltou a ser internada. A seguir, voltou para a casa de Socorro, faz acompanhamento medicamentoso, não usa drogas há três anos. Não consegue permanecer em emprego, mas “Cuida da casa, cozinha, lava e passa do jeito dela, é vaidosa. É Linda” (Socorro). PARTICIPANTE: a mãe

pai de sua filha, última notícia que possui foi a de que ele estava em condição de morador de rua, ele é dependente químico com histórico psiquiátrico. Socorro mora com os dois netos na casa ao lado da casa da filha. Buscou a DPESP por necessidade de se proteger dos riscos aos quais estava exposta pelo comprometimento psiquiátrico e uso de drogas da filha Linda.

Entrevista 6: “Maria da Penha”

Maria da Penha relata diversas dificuldades no relacionamento com a mãe, para quem foi destinada a guarda provisória de seus dois filhos. A mãe a impedia de ver as crianças e, a sete semanas da data da entrevista, havia entregado as crianças para o pai. Desde então, Maria da Penha não teve mais contato com seus filhos, não sabe nem mesmo o endereço do ex companheiro. Maria da Penha permaneceu com o pai das crianças por um período aproximado de dois anos, o convívio sempre foi de muita briga e de agressões físicas, faltava comida e ela teve anemia durante a gravidez. Ela relata que sofria agressões físicas também de seus familiares (mãe e irmãos) tendo, inclusive, registrado boletins de ocorrência contra o irmão e contra o marido. A mãe conseguiu a guarda das crianças há aproximadamente 3 anos, época em que Maria da Penha relata que não conseguia limpar a casa, cuidar dos filhos, que queria fazer as coisas, mas não conseguia; estava completamente “perdida”. Logo após a separação, o pai pagava pensão, às vezes. Ela conseguiu Bolsa Família, mas não conseguia trabalhar porque não tinha quem ficasse com as crianças. Sua situação foi se agravando, chegou a envolver a polícia, e foi internada por duas vezes. Recebeu diagnóstico de Esquizofrenia, permaneceu internada dois dias (primeira internação) e nove dias (segunda internação). Atualmente, faz acompanhamento com psicólogo e com psiquiatra e há oito meses está sem medicamento. Seu pai e uma prima são as pessoas que, esporadicamente, a ajudam. Anteriormente, Maria da Penha já havia acionado a DPESP por duas vezes para tratar da separação, pensão e guarda das crianças. Já foram feitos acordos com o pai para pagamento de pensão e ele, inicialmente, estava cumprindo. Depois, deixou de pagar. Atualmente, Maria da Penha busca a DPESP para pedir sua defesa, para que possa conseguir a guarda de seus filhos.

PARTICIPANTE: Maria da Penha, 29 anos, ensino médio completo, separada, mãe de duas crianças (um menino de 9 e uma menina de 8 anos), mora em uma casa ao lado da casa da mãe, tem dois irmãos que são casados e moram próximos. O pai é separado da mãe e mora em outro bairro da mesma cidade. Vive com benefícios do Programa Bolsa Família. Possui diagnóstico de Esquizofrenia e faz tratamento. Busca a DPESP para reaver a guarda de seus filhos.

Entrevista 7: “O Político e a Malévola”

Getúlio é irmão de Irma por parte de pai. Ela sempre morou com a mãe e com a irmã, após o pai ter abandonado a família e ter ido morar com a mãe de Getúlio em outra cidade. O contato com o irmão somente foi feito há15 anos, quando o pai faleceu, ocasião em que ele ficou sozinho, a mãe havia deixado a família quando ele ainda era criança. Apesar de possuir formação superior e ter trabalhado como professor do estado, Irma encontrou o irmão sujo, descuidado, isolado na casa, sem documentação, com todas as contas da casa atrasadas, saúde debilitada. Segundo os vizinhos, Getúlio era violento com o pai e tinha “Síndrome do Pânico”. Ele foi levado por Irma para a sua cidade, ela providenciou pensão, tratamento médico, documentação, interdição baseada no diagnóstico de esquizofrenia e tentativa de suicídio. Ela conseguiu também seu benefício (em torno de $700,00 mensais). Atualmente, ele faz acompanhamento médico, mas não segue a recomendação de uso de medicamentos. Ele relata ouvir muitas ameaças de vozes, de políticos e governantes (na maioria das vezes) que querem prejudicá-lo, vindas da televisão ou de computadores. É ele quem busca a DPESP com o objetivo de se defender dessas ameaças. Anteriormente denunciou a irmã na Vara da família por acreditar que ela estava se apropriando dos seus bens. Ele fica agressivo nas crises, mas é uma pessoa muito articulada e politizada, que as pessoas gostam muito. Sempre frequentou o CAPS, frequenta Centro Espírita, cuida da aparência, de sua alimentação, de seu dinheiro, vai ao cinema, e se desloca pela cidade com o transporte gratuito, ao qual tem direito. Recentemente se envolveu em uma situação confusa em um supermercado da cidade, a irmã não sabe exatamente o que ocorreu, mas ele acionou advogado e, ela acredita que, provavelmente, a DPESP também. Irma considera que foi chamada a DPESP por Getúlio ter acionado o serviço já que ela não acredita nas

estórias dele. Segundo Irma, ele aciona diversos serviços para defendê-lo. Para ele, a irmã é “malévola”. Ela mesma já havia procurado a DPESP anteriormente para entrar com ação contra o INSS visando pleitear a aposentadoria dele. O que não foi possível, na época. Já o processo de interdição, ela o encaminhou por orientação do sindicato dos professores e foi conduzido por estagiários da Faculdade de Direito obtendo resultado favorável.

PARTICIPANTE: a irmã

Irma, casada, 2 filhos e um neto. Mora com o marido e com a mãe, e cuida do neto. Confeiteira, curadora de seu meio irmão Getúlio, de 52 anos, diagnosticado como portador de esquizofrenia. Ela chegou a DPESP por ter sido chamada a comparecer, tendo em vista que seu irmão buscou o serviço solicitando defesa alegando ameaças que vem recebendo.