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1.3.1. Do Brasil

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 128º § 5º determina que Leis complementares da União e dos Estados estabeleceriam a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público. Tal dispositivo legal menciona ainda as garantias e as vedações dos seus membros, ao dispor 54:

A partir daí foram editadas a Lei Orgânica do Ministério Público da União, a Lei Complementar nº. 75/93 e a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público dos Estados, Lei nº. 8.625/93.

A Lei Complementar nº. 75/1993, de 20 de maio, que dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União, no art. 1º assim o define: Art. 1º O Ministério Público da União, organizado por esta lei Complementar, é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e dos interesses individuais indisponíveis 55.

Ministério Público. 3. O mandato do Procurador-Geral da República tem a duração de seis anos, sem prejuízo do disposto na alínea m) do artigo 133º.

54 PINTO, Antônio Luiz de Toledo; VAZ, Márcia Cristina; CÉSPEDES, Lívia. Código Civil e Constituição

Federal. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 89.

Art. 128 § 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos

Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: I - as seguintes garantias: a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado; b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº. 45, de 2004); c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº. 19, de 1998). II - as seguintes vedações: a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) exercer a advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; e) exercer atividade político-partidária; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº. 45, de 2004); f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. (Incluída pela Emenda Constitucional nº. 45, de 2004); § 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no art. 95, parágrafo único, V. (Incluído pela Emenda Constitucional nº. 45, de 2004)

55 Lei Complementar nº. 75, de 20 de maio de 1993. Disponível em:

O Ministério Público da União compreende o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Militar, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

A Lei Complementar nº. 75, de 20 de maio de 1993 aborda sobre os princípios, as funções institucionais, as garantias e prerrogativas, instrumentos de atuação, da defesa dos direitos constitucionais, sobre os direitos, as vantagens, os deveres, vedações, impedimento, pensão, aposentadoria, dentre outros assuntos de relevância para os Órgãos. Ao membro do Ministério Público da União é assegurada autonomia funcional, administrativa e financeira, no entanto, as carreiras dos membros dos diferentes ramos são independentes entre si.

A Emenda Constitucional nº. 45/2004, de 30 de dezembro instituiu o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) com atribuição de controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. O CNMP foi instalado em Junho de 2005 e tem sede em Brasília. “O CNMP é composto por quatorze membros, incluindo-se o Procurador-Geral da República, que o preside, quatro membros do Ministério Público da União, três membros do Ministério Público dos Estados, dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça, dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal56. Dentre as competências do Conselho Nacional do Ministério Público, o art. 130 § 2º da Constituição Federal Brasileira destaca as seguintes57”:

56 Conselho Nacional do Ministério Público. Disponível em: http://www.cnmp.gov.br/institucional. Acesso em: 16/03/2010.

57 BRASIL. Código Civil e Constituição Federal. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz e Lívia Céspedes. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.18.p. Art. 130 § 2º da Constituição Federal Brasileira: Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo lhe: I: zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; II: zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas; III: receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; IV: rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano; V: elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação

Ao longo dos anos, o Conselho Nacional do Ministério Público tem obtido grandes conquistas, como: “crescimento contínuo e amadurecimento no cumprimento de sua missão

constitucional, controle disciplinar severo e equilibrado e normatização de matérias de grande impacto nos serviços prestados pelo Ministério Público em todo o país58”; bem como

formulado e participado de políticas nacionais para ampliar o alcance e a atuação do Ministério Público em todo território nacional, nas mais diferentes áreas de interesse da sociedade.

A Lei nº. 8.625/1983, de 12 de Fevereiro, que instituiu a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, dispõe sobre normas gerais para a organização do Ministério Público dos Estados e dá outras providências. Os três primeiros artigos asseveram o seguinte59:

Esta lei destaca sobre todos os Órgãos de administração, de execução; auxiliares; sobre as funções de cada um destes órgãos, as garantias e prerrogativas dos seus membros, bem como seus direitos, deveres, vedações, vencimentos, vantagens e sobre tudo o que for de interesse para a Instituição.

do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI.

58 CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Disponível em:

http://www.cnmp.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=65&Itemid=159. Acesso em: 12/04/2012.

59 Lei nº. 8.625, de 12 de Fevereiro de 1983. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/l8625.htm. Acesso em 16/03/2010. Art. 1º: O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Parágrafo único. São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. Art. 2º: Lei complementar, denominada Lei Orgânica do Ministério Público, cuja iniciativa é facultada aos Procuradores-Gerais de Justiça dos Estados, estabelecerá, no âmbito de cada uma dessas unidades federativas, normas específicas de organização, atribuições e estatuto do respectivo Ministério Público. Parágrafo único. A organização, atribuições e estatuto do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios serão objeto da Lei Orgânica do Ministério Público da União. Art. 3º: Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional, administrativa e financeira, cabendo-lhe, especialmente: I - praticar atos próprios de gestão; II - praticar atos e decidir sobre a situação funcional e administrativa do pessoal, ativo e inativo, da carreira e dos serviços auxiliares, organizados em quadros próprios; III - elaborar suas folhas de pagamento e expedir os competentes demonstrativos; IV - adquirir bens e contratar serviços, efetuando a respectiva contabilização; V - propor ao Poder Legislativo a criação e a extinção de cargos, bem como a fixação e o reajuste dos vencimentos de seus membros; VI - propor ao Poder Legislativo a criação e a extinção dos cargos de seus serviços auxiliares, bem como a fixação e o reajuste dos vencimentos de seus servidores; VII - prover os cargos iniciais da carreira e dos serviços auxiliares, bem como nos casos de remoção, promoção e demais formas de provimento derivado; VIII - editar atos de aposentadoria, exoneração e outros que importem em vacância de cargos e carreira e dos serviços auxiliares, bem como os de disponibilidade de membros do Ministério Público e de seus servidores; IX - organizar suas secretarias e os serviços auxiliares das Procuradorias e Promotorias de Justiça; X - compor os seus órgãos de administração; XI - elaborar seus regimentos internos;

XII - exercer outras competências dela decorrentes. Parágrafo único: Às decisões do Ministério Público

fundadas em sua autonomia funcional, administrativa e financeira, obedecidas as formalidades legais, têm eficácia plena e executoriedade imediata, ressalvada a competência constitucional do Poder Judiciário e do Tribunal de Contas.

No dia quatorze de dezembro é comemorado em todo pais, o “Dia Nacional do Ministério Público, data esta definida no art. 82 da Lei nº. 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público). Esta Lei substituiu a Lei Complementar nº. 40/1981, de 14 de dezembro, que foi a primeira Lei Orgânica Nacional do Ministério Público. Ao referir sobre a origem deste dia, Miguel Sales tece as seguintes considerações:

“Em 14 de dezembro de 1981 foi sancionada a lei complementar federal nº 40/81, dispondo o seu art. 61 que essa data marcaria o dia dedicado ao Ministério Público. A escolha de tal dia - mantido pelo atual Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, em seu art. 82, prende-se ao fato de, naquele momento, ter ingressado, em nosso ordenamento jurídico, o primeiro diploma básico, definindo de forma moderna o perfil institucional do Ministério Público, assemelhando-o, à época, guardadas as devidas proporções, ao porte dos que foram instituídos em nações bem mais desenvolvidas, a exemplo da Alemanha, da França, da Itália e da Suécia60”.

Revela ainda que “Campos Salles, apelidado por César Salgado, como o “Promotor das Américas”, é o patrono do Ministério Público do Brasil. De fato, as primeiras leis precursoras da importância funcional de nossa entidade deve-se àquele estadista, que na exposição do Decreto 848, de 11.10.1890, quando ministro da Justiça no governo provisório da República, já afirmava ser “O Ministério Público instituição necessária em toda organização democrática61”.

O Ministério Público do estado do Piauí é regido pela Lei Complementar nº. 12/1993, de 18 de dezembro, a qual faz referência a todos os assuntos de interesse dos seus membros, em sintonia com as Leis Orgânicas Federais, a qual já sofreu várias mudanças.

1.3.2. De Portugal

O Estatuto do Ministério Público, aprovado pela Lei nº. 47/86, de 15 de outubro, foi sucessivamente alterado pelas seguintes leis: Lei n.º 2/1990, de 20/01; Lei n.º 23/92, de 20/08; Lei n.º 33-A/96, de 26/08; Lei n.º 60/98, de 27/08; Rect. n.º 20/98, de 02/11; Lei n.º 42/2005, de 29 Agosto; Lei n.º 67/2007, de 31/12; Lei n.º 52/2008, de 28/08; Lei n.º 37/2009, de 20/07, Lei nº 55-A/2010, de 31 de Dezembro e pela Lei nº 9/2011, de 12 de abril, que é a versão mais recente.

60 SALES, Miguel. O Dia e a Luta do Ministério Público. Disponível em: http://acertodecontas.blog.br/sala-de- justica/o-dia-e-a-luta-do-ministerio-publico/. Acesso em 12/04/2012.

61

Consoante Lopes Cardoso, através da Lei nº. 60/98, a Lei Orgânica do Ministério Público passou a denominar-se “Estatuto do Ministério Público62”. O art. 2º da mencionada lei assevera o seguinte: “A Lei Orgânica do Ministério Público, aprovada pela Lei n. º 47/86, de 15 de Outubro, alterada pelas Leis n.º 2/90, de 20 de Janeiro, 23/92, de 20 de Agosto, e 10/94, de 5 de Maio, é republicada em anexo, na íntegra, com as alterações resultantes do presente diploma, passando a denominar-se Estatuto do Ministério Público63”.

A Lei nº. 37/2009, de 20 de Julho alterou pela décima vez a Lei n. º 21/85, de 30 de Julho (Estatuto dos Magistrados Judiciais), e oitava alteração à Lei n.º 47/86, de 15 de Outubro (Estatuto do Ministério Público), no sentido de conferir aos magistrados direito ao abono de ajudas de custo e de transporte para a frequência em ações de formação contínua.

O artigo 1º do Estatuto do Ministério Público define o Ministério Público da seguinte forma: “O Ministério Público representa o Estado, defende os interesses que a lei determinar, participa na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania, exerce a acção penal orientada pelo princípio da legalidade e defende a legalidade democrática, nos termos da Constituição, do presente Estatuto e da lei64.” Eis o que preceituam alguns artigos desta Lei65.

62 LOPES CARDOSO, Álvaro. Estatuto do Ministério Público. Lisboa: Almedina, 2000, p. 7. 63

Lei nº. 60/98. Disponível em:

http://www.pgdlisboa.pt/pgdl/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=63&tabela=leis&ficha=1&pagina=1. Acesso em: 16/03/2010.

64 ESTATUTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE PORTUGAL. Disponível em:

http://www.pgdlisboa.pt/pgdl/leis/lei_mostra_articulado.php?ficha=1&artigo_id=&nid=6&pagina=1&tabela=lei s&nversao. Acesso em 9/04/2012.

65 ESTATUTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE PORTUGAL. Art. 2º: 1 - O Ministério Público goza de autonomia em relação aos demais órgãos do poder central, regional e local, nos termos da presente lei. 2 - A autonomia do Ministério Público caracteriza-se pela sua vinculação a critérios de legalidade e objectividade e pela exclusiva sujeição dos magistrados do Ministério Público às directivas, ordens e instruções previstas nesta lei.

Art. 3º: Competência: 1 - Compete, especialmente, ao Ministério Público: a) Representar o Estado, as Regiões

Autónomas, as autarquias locais, os incapazes, os incertos e os ausentes em parte incerta; b) Participar na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania; c) Exercer a acção penal orientada pelo princípio da legalidade; d) Exercer o patrocínio oficioso dos trabalhadores e suas famílias na defesa dos seus direitos de carácter social; e) Assumir, nos casos previstos na lei, a defesa de interesses colectivos e difusos; f) Defender a independência dos tribunais, na área das suas atribuições, e velar para que a função jurisdicional se exerça em conformidade com a Constituição e as leis; g) Promover a execução das decisões dos tribunais para que tenha legitimidade; h) Dirigir a investigação criminal, ainda quando realizada por outras entidades; i) Promover e realizar acções de prevenção criminal; j) Fiscalizar a constitucionalidade dos actos normativos; l) Intervir nos processos de falência e de insolvência e em todos os que envolvam interesse público; m) Exercer funções consultivas, nos termos desta lei; n) Fiscalizar a actividade processual dos órgãos de polícia criminal; o) Recorrer sempre que a decisão seja efeito de conluio das partes no sentido de fraudar a lei ou tenha sido proferida com violação de lei expressa; p) Exercer as demais funções conferidas por lei. 2 - A competência referida na alínea f) do número anterior inclui a obrigatoriedade de recurso nos casos e termos da Lei de Organização, Funcionamento e Processo do Tribunal Constitucional. 3 - No exercício das suas funções, o

A referida lei destaca sobre a estrutura, as funções e regime de intervenção, os órgãos e agentes do Ministério Público, a competência de cada um, a organização e funcionamento dos órgãos, férias e licenças, direitos, critérios de classificação, penas além de outros temas de interesse da Instituição e dos seus membros.