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LEITURAS DA PAISAGEM PARA OS ESPECIALISTAS: SEUS ELEMENTOS E SIGNIFICADOS

MAPA 6: Moradores entrevistados no centro do Recife

4.2. LEITURAS DA PAISAGEM PARA OS ESPECIALISTAS: SEUS ELEMENTOS E SIGNIFICADOS

Após definir os elementos e significados que compõem a paisagem cultural do centro do Recife para o grupo dos usuários, será apresentando o resultado das entrevistas semiestruturadas aplicadas com os representantes do grupo dos especialistas.

Este grupo é composto por pessoas que estão diretamente vinculadas a gestão municipal, estadual e federal, acadêmicos e representantes de ONG’s que desenvolveram estudos significativos sobre o centro da cidade. Segundo Muñoz Viñas (2005), esses atores são importantes, pois a tomada de decisão das políticas de conservação é sempre realizada pelos gestores do patrimônio, mesmo quando há uma ampla participação dos grupos envolvidos. Ao mesmo tempo os integrantes deste grupo possuem um treinamento

específico que possibilita a identificação e interpretação de elementos que são bens patrimoniais, os quais outros atores não seriam capazes de realizar.

Em busca de obter uma leitura da paisagem a partir de abordagens variadas, foram realizadas entrevistas com especialistas de atuações diversas. Nas instituições gestoras do patrimônio a consulta foi realizada com um representante de cada esfera. Já os acadêmicos abrangeram áreas variadas do conhecimento, sendo consultado: 1 historiador, 1 geógrafo, 1 arquiteto e 1 educador ambiental vinculado a ONG “Eu Quero Nadar no Capibaribe...e você?”.

Dentre os elementos destacados pelo grupo como significativos na composição da paisagem do centro do Recife, observa-se uma valorização ao patrimônio religioso do centro do Recife. As Igrejas e seus pátios foram elementos apresentados como representativos da cidade, pelos seus atributos artísticos ou por representarem locais de tranquilidade em uma área tão movimentada.

Apesar desta importância, as condições de conservação desses patrimônios estão abaixo do desejado para elementos já tombados por legislação federal e estadual. Segundo o Arquiteto consultado, este fato não decorre de uma deficiência da legislação, mas sim pela situação de abandono do centro, associado a deficiências políticas para arrecadação de recursos. Segundo ele:

“Você tem uma cidade cujo centro morreu [...]. O centro foi esvaziado por três motivos: 1º pelo shopping; 2º pela dificuldade de se chegar ao centro; 3º pelos fechamentos absurdos de ruas. Enfim, por uma série de erros que se acumulam [...]. Quer dizer, o esvaziamento das igrejas no centro, esvaziamento necessariamente pela própria ausência do fiel [...], fazem com que as igrejas vivam numa míngua [...]. O fiel que passa e entra na igreja é um pobre coitado que não tem o dinheiro nem para almoçar, quanto mais para dar dinheiro para padre. Então, essas igrejas estão a sabor da proteção, quando tombados, do IPHAN. Ora, o IPHAN é um órgão de cultura, e cultura no Brasil é coisa secundária. Cultura não é estaleiro, cultura não é refinaria. Cultura dá e não recebe. Quer dizer, a cultura dá e não retorna. Não retorna porque a cultura está orientada por um turismo de péssima qualidade, que existe no Recife. [...]”53.

Para este professor, uma valorização das práticas turísticas pode reverter o quadro de abandono financeiro das Igrejas, auxiliando na conservação de suas estruturas físicas e de seu indubitável valor. Dentre esse patrimônio religioso, o arquiteto destacou elementos que não foram mencionados por qualquer representante do grupo dos usuários.

53 J.L.M.N – Arquiteto e Urbanista. Professor Aposentado da UFPE. Vinculado ao Instituto Arqueológico,

Segundo ele, merecem destaque a Igreja de São Pedro dos Clérigos, como algo “importantíssimo para a história da arte barroca brasileira, [...] fantástica”, assim como a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, Igreja do Carmo e a Capela Dourada, considerada por ele como “[...] uma das mais belas igrejas do barroco dourado” (FIGURAS 25 a 28).

Outros dois elementos destacados pelo grupo dos usuários, também foi considerado significativo pelo Arquiteto. A Rua do Bom Jesus foi vista como algo que mantém sua integridade ao longo dos séculos, sendo importante “[...] pela sua antiguidade. É uma rua que atravessou o tempo. Ela é uma rua que foi definida em 1638 e permanece com suas características espaciais até hoje”. Já o Mercado de São José foi destacado por seus atributos funcionais, sendo um elemento significativo para a leitura da paisagem, pois “[...] sob do ponto de vista comercial é um dos últimos e mais importantes mercados de ferro do Brasil”.

Apesar de realizar uma leitura diferenciada, o geógrafo consultado54

também destacou as Igrejas como importantes definidoras da ocupação do espaço, e o Mercado de São José, juntamente com as ruas comerciais do centro do Recife, como essenciais para a compreensão da complexa paisagem da cidade. Segundo ele:

“[...] o centro do Recife é complicado, porque nele tem a expressão de todas as identidades culturais que construíram a cidade, e como elas são justapostas, o pessoal não gostava do centro, já que ele não era um único ente. [...] Tinha o centro do Recife das Igrejas, das ordens monásticas que estavam presentes no pátio e nas torres, [...] tinha outra parte que era o Recife dos Comerciantes, presentes até hoje [...]. E tinha o Recife dos senhores de engenhos, expresso em suas propriedades no centro.”

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Figura 25: Altar da Igreja de São Pedro dos Clérigos

Fonte: Autor, 2011

Figura 26: Capela dourada do Recife.

Fonte: Autor, 2011

Figura 27: Igreja de Nossa Senhora da Conceição

dos Militares durante celebração de missa.

Fonte: Autor, 2011

Figura 28: Pátio e fachada da Igreja do Carmo.

Fonte: Autor, 2011

Essa mistura de identidades, tão valorizada por alguns, segundo a leitura do entrevistado, contribuiu para um sentimento de desapego das pessoas com o centro da cidade. O comércio é o principal ponto a ser destacado naquela localidade, contribuindo de forma decisiva para a vida, tendo como principais elementos materiais e imateriais o Mercado de São José e as utilizações das ruas no entorno.

A leitura produzida pelo geógrafo é associada a um sentimento de raiva frente o desinteresse pela cidade por parte dos grupos mais importante na construção do território do centro. Segundo o entrevistado, desde as obras da década de 1960 há um esquecimento

da cidade, já que muitas das avenidas construídas parecem ter sido pensadas para “[...] destruir os pátios das Igrejas” (FIGURA 29). Atualmente o desinteresse se expressa na constante busca pela substituição do antigo para construção de uma cidade moldada por exemplos estrangeiros:

“[...] e a raiva que eu tenho é exatamente porque os grupos mais importantes da cidade são na realidade desinteressados pela cidade. Estão interessados em construir outra coisa. Construir no modelo de Dubai. Eu sei que muitos arquitetos vão lá agora, a onda não é mais imitar as cidades europeias. A questão é imitar o oriente, onde se destrói tudo, onde tudo está mais acelerado”.

Tanto o geógrafo quanto o historiador compartilharam o pensamento de que os instrumentos de proteção patrimonial aplicados no centro são lentos, quando comparados com aos processos que contribuem para a degradação. Para o primeiro: ”a conservação do magnífico patrimônio do centro anda muito lenta, e me parece que a degradação anda mais rápido que a proteção [...], já que não há, de fato, um grande investimento nesta área”.

O segundo, de forma semelhante, considerou:

“[...] o patrimônio ainda é lento e limitado. Não estou falando das pessoas, mas dos instrumentos, a discussão. Não é que a gente vá carimbar tudo de histórico, mas você não vê critérios gerais, você tem surtos as vezes e depois aquilo reflui, e muitas vezes reflui de forma negativa. Um exemplo disso são as “duas torres”, um exemplo disso é a alienação do pátio ferroviário, do cais José estelita, que é sob qualquer ponto de vista uma estupidez contra a cidade, contra os interesses do futuro, contra os interesses do presente.”55

Para o historiador, o patrimônio do centro do Recife sofre com o problema gerado pelos interesses privados, que “[...] são imediatistas, que são limitados, que pouco consideram o aspecto do patrimônio, que podem eventualmente conservar apenas para fazer de conta um galpãozinho, um simulacro de museu [...]”.

Diferente dos outros dois professores entrevistados, o centro do Recife para o historiador não está morto. Segundo sua visão, ainda há um forte relacionamento da população com a área central:

“Eu sinto que tem uma relação viva. Quando eu passeio pelos bairros, eu vejo que aquilo está vivo. Aquilo não precisa de política de revitalização. Santo Antonio e São José não precisam revitalizar. O que é preciso é dar um salto na relação da população com a consciência desse patrimônio.”

55

Figura 29: Pátio da Igreja do Livramento.

Fonte: Autor, 2010

Para ele, este salto na consciência patrimonial pode se realizar com ações simples, apesar da facilidade com que a memória urbana se desfaz, em virtude de sua constante mudança. Neste ponto, segundo ele, não se trata apenas de tombar, afinal não se deseja “[...] carimbar tudo de histórico”, porém ações com a construção de galerias ou painéis que apresentassem o que tinha antes no local alterado traria uma consciência histórica e patrimonial aos cidadãos.

A leitura da paisagem empreendida pelo historiador foi repleta de significados e contradições entre o passado e o presente. Apresentando o que compõe suas primeiras imagens da cidade, o centro não foi descrito por diversos elementos agrupados, porém pelo conjunto onde o Rio Capibaribe, a Praça da Independência, Rua da Aurora, bares, pessoas, porto e igreja compõem uma paisagem viva:

“Olha eu vou expandir um pouco a ideia do centro. Eu posso responder sua pergunta sob dois aspectos: Aquilo que está ainda existente e aquilo que já não existe. [...], então a primeira imagem que eu tenho do Recife é da beira do Capibaribe, de certos trechos do Capibaribe que não existem mais, dos parapeitos, das muradas, que não existem mais. Da pracinha do Diário, imagem da Guararapes, aquela coisa viva, do entorno dos equipamentos na época [...], da praça do governo, Santa Isabel, a praça propriamente, do Cais da Aurora, da Casa de Detenção, Santo Antônio, Igrejas, Conventos, Porto. E aquilo que foi sendo mudado e eu acho que ai passa para pior. Porque está tudo esteticamente degradado, que é a conde da boa vista. [...] É uma imagem misturada com emoção com certas ruas, eventos, percursos e ao mesmo tempo certa tristeza e nostalgia com o que já não é.”

Todos esses elementos, juntamente com o porto da cidade e o comércio de rua, são importantes devido a três tipos de significados: a memória boêmia, já que o centro era para o entrevistado um local de diversão; a memória política, que encontra na praça da independência o centro de concentração das manifestações políticas ocorridas entre os anos 1960 e 1970; e a memória cultural, importante na área central por ser local onde se encontravam cinemas, cafés, livrarias e a universidade56

.

Diferente das três leituras apresentadas acima, a partir do relato oferecido pelo representante da ONG “Eu quero nadar no Capibaribe...e você?” podemos identificar dois elementos como significativos para a cidade do Recife: o Rio Capibaribe e o comércio de rua (FIGURA 30).

“[...], por exemplo, no casario da Rua da Aurora, ele não teria a mesma relevância se não existisse o rio Capibaribe ali. É tanto que na Rua da União também tem e não tem tanto esse apego afetivo como essa discussão de patrimônio. Então eu acho que os conjuntos desses prédios históricos que estão na beira do Capibaribe eles são mais expressivos porque estão na margem de um rio.”57

Apesar dessa importância, o entrevistado não vê uma relação afetiva da população com as águas do rio, sobretudo no centro da cidade. Segundo ele:

“[...] não existe uma relação sentimental com o rio. A muito tempo atrás já existiu, tanto que os casarões foram feitos olhando para o rio no século XIX e XX, depois disso todo mundo deu as costas para o rio.”

Esse ato de dar as costas ao rio vem acompanhado do fato do rio ser local onde se jogam dejetos, sem haver por parte da população um maior envolvimento em políticas de defesa e valorização do recurso hídrico. Mesmo os pescadores, utilizadores constantes das águas do Capibaribe, foram interpretados pelo entrevistado como sem uma relação afetiva com as águas:

“[...] A relação das pessoas com o rio é a partir da ponte. Então a relação mesmo com o rio eu acho muito pequena. De um tempo para cá, por conta do barco escola da prefeitura e desse catamarã, começou a se revalorizar muito mais, mas ainda assim é muito pouco, restrita a passar sobre o rio ou jogar o seu entulho sobre o rio

56

Sobre a história da universidade no centro da cidade do Recife, consultar o artigo “Quando a cidade era universitária: a geografia da Univer-cidade do Recife antes da construção do campus da UFPE.” (PEREIRA, J; BERNARDES, D, 2011)

57

e utilizar o rio como algo que serve apenas para lançar os dejetos.[...] Os pescadores, [...] reclamavam muito do rio, da qualidade da água, da sujeira, que ele não consegue pescar mais o que ele pescava antigamente, mas ao mesmo tempo não existe um envolvimento dos pescadores para defender o rio. Então, por mais que você diga assim “os pescadores tem uma relação”, ele tem relação com o produto que tá lá e não com o rio. Porque se ele tivesse uma relação com o rio, ele estaria defendendo o Capibaribe.”

Figura 30: Comércio de rua nas proximidades do Mercado de São José

Fonte: autor, 2010

Contudo, deve ser observado que os pescadores, devido a sua condição social, estão preocupados com sua sobrevivência. Assim, deve-se compreender a inserção de cada ator em seus contextos sociais, que dificultam uma aproximação entre saber dos problemas vinculados a poluição e ter consciência para mitigar essa situação.

Por fim, analisando os relatos obtidos pelos gestores do patrimônio na cidade do Recife, há uma diversificação de elementos significativos que compõem a paisagem cultural. Observa-se que ainda existe uma resistência quanto a inserção de elementos naturais nas políticas patrimoniais e um desconhecimento quanto a utilização efetiva de outros instrumentos de proteção que não o tombamento e o inventário.

Segundo o gestor do IPHAN, a Chancela da Paisagem Cultural Brasileira tem uma efetivação complexa, devido à necessidade de realizar um pacto entre os municípios e outros órgãos governamentais, sendo este pacto considerado como:

“[...] um pouco frágil como instrumento, por que como ele tem que estar sempre se renovando e o tempo todo sendo monitorado, o IPHAN têm problemas sérios estruturais com relação a poucos técnicos e poucos recursos.”58

Por outro lado, o responsável pela defesa patrimonial da cidade do Recife59 considerou a Chancela bastante significativa para a conservação no âmbito municipal, em função de sua característica mutável:

“Como no Recife nós não temos o tombe-se, como tem no IPHAN, mas sim a proteção de áreas, acredito que a Chancela possa ser mais interessante. Porém é preciso ver como utilizar, afinal, o que é a paisagem? Como definir uma paisagem?”

Apesar da existência da categoria há 20 anos pela UNESCO, no Brasil ainda é recente a criação da Chancela da Paisagem Cultural, além disto, as instituições gestoras do patrimônio são resistentes quanto a associação efetiva entre os aspectos culturais e naturais na conservação. Essa resistência pode ser vista no depoimento da representante do IPHAN:

“[...] hoje o que eu sinto é que o rio Capibaribe e o rio Beberibe, que antes eram rios de fato pela sua escala, hoje para mim é um córrego, porque [...] você olha a escala dos edifícios e a altura que estão sendo construídos e olhar o rio, ele é basicamente um córrego. [...] Não é mais aquele rio expressivo que corre águas, que traz a economia que trazia a pesca. [...]”

O relato demonstra um grande desconhecimento do centro do Recife, no que diz respeito a sua organização espacial e a sua escala, pois nesta área da cidade é onde se expressa a presença das águas dos rios e do mar de forma mais marcante. As águas do Rio Capibaribe, considerada por alguns dos entrevistados como um importante local de desafogo da densidade urbana do centro, dificilmente pode ser comparado a um simples córrego. Outra questão é o não reconhecimento da economia gerada pelo rio através da pesca e da função social de alimentar algumas parcelas da sociedade.

Mesmo com esse distanciamento, a área portuária do Recife juntamente com suas estruturas ferroviárias, foi considerada importantíssima para o centro e para a cidade. Esse conjunto foi visto como único pelo representante do IPHAN, já que “[...] hoje no norte nordeste é o único pátio ferroviário que mantém a ligação direta com o porto, então ele é exemplar, é significativo, é singular.”.

Entre outros elementos destacados pelos gestores do patrimônio, estão a Rua da Aurora, as pontes, as Igrejas, devido a seus significados históricos e estéticos. Por fim, as

58

E.L. Arquiteta e Urbanista. Técnica do IPHAN. Entrevista realizada em Novembro de 2011

59 L.V. Arquiteta e Urbanista. Chefe da Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural do Recife (DPPC).

festividades de carnaval foram consideradas importantes para o centro, “[...] apesar dos problemas causados pela festa, ele é um marco importante para a cidade, que não deve acabar”60.

O presente capítulo procurou mostrar como são interpretados os diversos elementos que compõem a paisagem cultural do Recife a partir dos relatos dos grupos envolvidos. De acordo com o que se apreendeu a partir dos depoimentos orais, os elementos e significados que compõem a paisagem cultural do centro do Recife são diversos, mas não conflitantes. Mesmo com diferentes leituras, alguns elementos foram recorrentes entre os diversos grupos consultados, porém com significados variados, sobretudo quando comparados os grupos dos usuários com o dos especialistas.

Como aponta Muños Vinãs (2005, p.210) o processo de definição dos elementos e significados que compõem um patrimônio não se trata de contar os mais votados nas pesquisas realizadas. Este processo é uma escolha baseada em critérios estabelecidos para um determinado momento, que destaca alguns aspectos enquanto outros são esquecidos. No caso da paisagem, como ela é por si complexa e ampla, deve-se evitar o erro comum de tentar abarcar todos os elementos e significados, conforme apontou Ribeiro (2010).

Neste sentido, o gráfico 11 apresenta alguns dos elementos obtidos pelas entrevistas, organizados quantitativamente em grupo. A escolha dos bens que compõem a paisagem cultural ocorreu em função da narrativa apresentada ao longo do capítulo 3, ou seja, a que busca a relação entre a cidade e os recursos hídricos.

A variedade de elementos presentes no gráfico indica uma paisagem ampla, com uma grande diversidade de atributos. Nota-se que o conjunto formado pelo rio Capibaribe, citado em 38,96% do total das entrevistas, juntamente com as pontes do Recife, citadas em 32,46%, compõem o principal elemento desta paisagem, sendo citados pelos 5 grupos culturais envolvidos com o centro, apresentando significados diversos, como estéticos, econômicos e sociais.

60 R.B. Arquiteta e Urbanista. Diretora de Preservação Cultural da FUNDARPE. Entrevista realizada em outubro

Gráfico 11: Principais elementos que compõem a paisagem cultural do centro do Recife.

Fonte: entrevistas semiestruturadas realizadas pelo autor, 2011

O conjunto da Praça da República, formada pela própria praça, o palácio da justiça, o palácio do governo, o teatro Santa Isabel e o pé de baobá foram significativos para todos os grupos pesquisados. A importância da paisagem cultural do centro do Recife ocorre pelo seu aspecto estético, político e social, onde as vinculações entre a cidade e a natureza ocorrem em ambiente de reconhecida beleza e organização política.

Já o conjunto do Recife Antigo, tombando pelo IPHAN em 1998, foi visto como importante pelos diversos atores com atributos como a Praça do Marco Zero, sendo o elemento mais citado quantitativamente sendo local onde a relação visual entre cultura e meio ambiente ocorre intensamente. A Sinagoga dos Judeus, a Rua da Moeda, a Rua do Bom Jesus e as manifestações culturais ocorridas no local foram outros importantes atributos destacados pelos usuários. Deve-se acrescentar à área tombada, os elementos portuários como outro importante aspecto a ser considerado na leitura da paisagem proposta, devido suas vinculações históricas com o desenvolvimento da cidade.

A Rua da Aurora também foi vista como marcante na paisagem, sendo importante local de moradia no centro voltada para a classe média, além de manter as vinculações diretas ao rio Capibaribe através do espaço público do Parque Rua da Aurora e do cais de embarcações para a comunidade de pescadores.

Os bens religiosos, citados por todos os especialistas consultados, podem ser considerados significativos para a paisagem cultural, por representarem um importante viés turístico para a cidade, podendo contribuir para a manutenção financeira do bem.

Da mesma forma, a Casa da Cultura deve ser valorizada como centro de lazer,