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Linguagem e sentido 15 A construção do sentido 16 Efeitos de sentido

17 Recursos estilísticos: figuras de linguagem Gramática 6 Introdução aos estudos gramaticais 18 A gramática e suas partes

19 A estrutura das palavras 20 Formação de palavra I 21 Formação de palavra II Produção

textual

7 O discurso 22 Discurso e texto

23 A interlocução e o contexto 24 os gêneros do discurso Produção

textual

8 Narração e descrição 25 Relato, carta pessoal, e-mail e diário 26 Notícia

Produção textual

9 Exposição e injunção 27 Reportagem

28 Textos instrucionais Produção

textual

10 Argumentação 29 Textos publicitários 30 Resenha

Das coletâneas que se constituem corpus de nossa pesquisa, a do MP3 é a única que apresenta a organização acima em que cada eixo de ensino se encontra separado um do outro em unidades didáticas diferentes. Esse tipo de coletânea parece atender à demanda de escolas que organizam o ensino de LP como sendo 3 (três) disciplinas curriculares distintas, inclusive, situação em que cada um tem seu horário e seu professor.

Não somente observando o sumário do LD do MP3, mas também, ao analisar a introdução da seção Propostas pedagógicas e reflexões sobre a prática docente desse manual, percebemos que as autoras elegeram a organização didática abordando os eixos de ensino de LP distintamente, por considerarem “campos disciplinares” distintos:

O trabalho com a língua portuguesa no ambiente escolar pode ser considerado um espaço natural para experimentação e desenvolvimento de propostas interdisciplinares. Como responsável pela execução de um programa construído sobre três campos disciplinares (Gramática, Literatura e Produção de textos) bem delimitados e já há muito consagrados como componentes indispensáveis de qualquer grade curricular, o professor de português precisa desenvolver recursos para abordar desde esquemas lógicos relativamente complexos (do qual a análise sintática é um bom exemplo) à observação de elementos naturais, culturais e histórico-sociais para subsidiar a análise de diferentes objetos, eventos e fenômenos (uma prática comum, por exemplo, no estudo das escolas literárias e no reconhecimento das

propriedades e funções dos variados gêneros discursivos). (ABAURRE; ABAURRE; PONTARA, 2008, p. 79) [grifo nosso]

Certamente, por isso, as autoras desse manual optaram por organizar retoricamente o Guia de recursos – como elas denominaram o MP3 – também de maneira distinta, não estabelecendo muitos vínculos entre os eixos de ensino de LP.

Contudo, apesar de ser organizado o LD e seu MP3 conforme relatamos até aqui, elas concebem o ensino-aprendizagem de forma interdisciplinar, ou seja, na prática pedagógica, cabe ao professor, estabelecer a interdisciplinaridade. Inclusive, com outras disciplinas, como podemos observar:

Dessa forma, conceber o ensino-aprendizagem de gramática, literatura e produção de texto como um esforço naturalmente interdisciplinar não significa reconhecer que o professor de português possa se dar ao luxo de desenvolver interdisciplinaridade sem um diálogo construtivo com profissionais de outras áreas. (ABAURRE; ABAURRE; PONTARA, 2008, p. 80)

Em parte, percebemos que a CD do MP3 segue as especificações das Orientações curriculares para o ensino médio, como posto na citação a seguir, que apresenta os “Conhecimentos de literatura” como disciplina autônoma, marcada por especificidades não consideradas pelos PCN do EM (que incorporaram a literatura no estudo de linguagem, sob a alegação de que a linguagem, como espaço dialógico, traz uma perspectiva maior e que envolve, inclusive, a literatura).

Embora concordemos com o fato de que a literatura seja um modo discursivo entre vários (o jornalístico, o científico, o coloquial, etc.), o discurso literário decorre, diferentemente dos outros, de um modo de construção que vai além das elaborações linguísticas usuais, porque de todos os modos discursivos é o menos pragmático, o que menos visa a aplicações práticas. Uma de suas marcas é a condição limítrofe, que outros denominam transgressão, que garante ao participante do jogo da leitura literária o exercício da liberdade, e que pode levar a limites extremos as possibilidades da língua:

[...]

Na defesa, pois, da especificidade da literatura, torna-se necessário agora ratificar a importância de sua presença no currículo do ensino médio (importância que parece ter sido colocada em questão), assim como atualizar

as discussões que têm sido travadas desde os últimos PCN. (BRASIL, 2012, p. 49)

Ao constatarmos essa diferença retórico-organizacional do MP3 em relação ao MP1 e ao MP2, no que concerne à organização do LD segundo os eixos – que naquele manual pareceu assumi-los de forma distinta – e também do próprio manual, percebemos que não existe uma fórmula canônica de constituição textual do gênero MP. Isso é mais um aspecto favorável à análise do professor, que terá a oportunidade de fazer a sua escolha, conforme sua formação, sua postura teórico-metodológica e demais especificidades.

A análise da organização retórica do MP3, conforme orientada por Johns et al. (2006), permite-nos perceber, em certo nível, a voz do autor (e sobre esse aspecto trataremos efetivamente mais adiante). Isso revela o quanto o MP é um recurso necessário no momento em que se faz a verificação de propostas para escolha de LD e também naqueles em que o LD for parte do planejamento pedagógico. É necessário que o professor examine se, no decorrer dos apelos retóricos, se instaura um discurso propositivo ou impositivo.

Os manuais MP1 e MP3 apresentam, em termos gerais, os pressupostos teórico- metodológicos em que os autores se aparam quanto à produção do LD e propostas de estratégias de ensino e de atividades. Estas são, portanto, de natureza propositiva, como veremos a seguir.

Segundo os autores do MP1, o manual apresenta, portanto, ao professor os princípios que sustentam o LD e uma metodologia de trabalho em sala de aula com a coleção. Na introdução, eles afirmam que as atividades presentes no LD e no MP – referentes às unidades didáticas do LD – são de caráter propositivo e adaptável à realidade do professor.

Vale lembrar, finalmente, que todas as sugestões de atividades e encaminhamentos metodológicos expostos o longo das unidades e dos capítulos – tanto no livro do aluno quanto como sugestão apenas para o(a) professor(a) –, constituem sugestões de atividades: o(a) professor(a) enriquecerá enormemente seu trabalho se puder valer-se dessas sugestões, bem como e, talvez, principalmente, se as adaptar ao seu fazer didático- pedagógico, aproximando-as da realidade em que atua. Vale dizer que todas as propostas do livro são adaptáveis às necessidades do(a) professor(a), que pode seguir a ordem proposta pelos autores em cada volume ou alterá-la de acordo com a sua realidade. Assim, é possível seguir o livro página a página ou fazer escolhas decorrentes do planejamento elaborado pelo(a) professor(a). (FARACO; MOURA; MARUXO JÚNIOR, 2010, p. 04)

Esse mesmo entendimento encontramos em MP3:

Embora todos os documentos oficiais estabeleçam as grandes metas a serem alcançadas com a Educação Básica, cabe à escola, e particularmente ao professor, decidir quais estratégias favorecerão o desenvolvimento de habilidades e competências em sala de aula. (ABAURRE; ABAURRE; PONTARA, 2008, p. 74)

No MP2, apesar de trazer seções intituladas Sugestões de estratégias e Sugestões gerais, é possível encontrar interlocuções nem sempre propositivas: