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Quadro 4.4: As representações do Estado e dos(as) imigrantes

4.3 A linha de frente

A idéia de elaborar está seção surge principalmente de observações realizadas durante o trabalho de campo da pesquisa. Existe, de certa forma, uma dicotomia entre a retórica dos discursos oficiais da imigração e o que acontece no dia-a-dia entre agentes policiais de imigração e os (as) imigrantes. Esses acontecimentos não coincidem necessariamente com as experiências/os depoimentos dos representantes do Estado que têm pouco contato com os (as) imigrantes em si. De fato, a questão de contexto em uma pesquisa de imigração é complexa, as entrevistas com os representantes do Estado são sempre condicionadas ao contexto deles: os gabinetes, a preocupação com a própria imagem, o perfil do Estado. Porém, onde é que realmente

acontece ‘a imigração’: nas reuniões do Conselho de Imigração, em que em momentos mais exaltados da reunião, um membro pode exclamar: ‘que se dane o estrangeiro’, pois a sua preocupação é com a proteção dos interesses nacionais; no atendimento aos estrangeiros no Departamento de Estrangeiros da Polícia Federal, em que os estrangeiros se frustram com a burocracia, as esperas, as informações conflitantes; nas conversas de corredor em que se descobre que há desencontros entre um ministério e o outro; nas conversas de almoço, em que se comenta que os membros do Conselho não entendem a realidade do que acontece com os bolivianos, em que se admite que realmente não há uma proteção verdadeira da mão-de-obra brasileira, pois os (as) imigrantes sem documentos conseguem ‘empregos’, conseguem ter filhos ou casar com brasileiros(as) para permanecer no país, ‘escapam’ da rigidez dos critérios dos vistos de trabalho, pois é o que a lei permite; nas histórias dos agentes da Polícia Federal em que se descobre a falta de mão-de-obra para trabalhar nas fronteiras do país; e também, escutam-se as histórias de policiais que visitam as casas de casais de estrangeiros(as) casados(as) com brasileiros ou com filhos brasileiros e descobrem os casamentos arranjados ou os(as) filhos arranjados(as); as mulheres pagas para casar com o estrangeiro ou para ter um filho com ele para conseguir um visto permanente.

São experiências, observações e comentários que não podem ser gravados; surgiram naturalmente (de Fina, 2004:18), são vozes ouvidas no campo; confianças adquiridas no decorrer da etnografia; observações de tardes na Polícia Federal: é o espaço subjacente aos discursos oficiais das entrevistas e ao Estatuto do Estrangeiro, em que o Estado se desvenda, não na retórica, mas com base em experiências práticas. Portanto, nesta seção, pretende-se analisar dados de um questionário respondido por agentes da Polícia Federal. Os seis participantes tiveram uma semana para responder a esse questionário. Apenas o primeiro comentário é com base em uma entrevista gravada com o representante da Polícia Federal. O questionário aplicado é parecido com as perguntas das entrevistas realizadas com representantes do Conselho Nacional de Imigração. Veja o quadro a seguir.

Quadro 4.4.1

1. Como começou a trabalhar com a imigração e há quanto tempo trabalha?

2. Como tem sido o seu contato com os (as) imigrantes? (Como são as experiências do dia a dia/a interação com os (as) imigrantes)?

3. Como você descreveria o perfil do (a) imigrante? 4. Como você definiria a política atual de imigração?

5. Como definiria a política de imigração atual em relação a políticas anteriores e em relação ao futuro?

6. Como você percebe a política de imigração brasileira atual em relação às políticas de outros países (Estados Unidos, Inglaterra, França, Espanha)?

7. Como considera a relação entre a política, a lei e a prática? 8. A seu ver, quais mudanças podem ser feitas à política? 9. Como considera a situação da mulher imigrante?

10. Como você descreveria o perfil dos (as) imigrantes não documentados?

11. Qual é o perfil dos (as) imigrantes permanentes (ou pedindo permanência ou pedindo naturalização)? Qual é a base (em geral) do pedido de permanência ou de naturalização?

Outras observações:

A idéia de aplicar o questionário surgiu da idéia de que existe um desencontro entre o dia-a-dia dos agentes da Polícia Federal e o mundo mais burocrático dos membros do Conselho de Imigração. São os agentes que interagem diariamente com os estrangeiros, sejam estes turistas, imigrantes passageiros, imigrantes permanentes ou em busca da permanência. Os agentes de imigração trabalham no Departamento de Estrangeiros da Polícia Federal de Brasília, alguns atendem aos estrangeiros no balcão, outros realizam as entrevistas de naturalização e esse último grupo também realiza visitas às casas dos(as) estrangeiros(as), um ou outro já trabalhou no controle de imigração nos aeroportos ou na fronteira brasileira, às vezes fazem fiscalização dos chineses que vendem na Feira dos Importados de Brasília. Alguns dos agentes trabalham há mais de 20 anos com a imigração, enquanto há outros que trabalham há menos de um ano. Na análise a seguir, vou focalizar as respostas dos agentes a algumas das perguntas em que se percebem opiniões próprias sobre a imigração e também em relação aos (as) imigrantes. Além disso, é possível notar a distinção entre a retórica dos representantes do Estado em que ressaltam um Brasil da diversidade e, de uma maneira mais diplomática, porém contraditória, a imigração seletiva no país. Nas respostas dos agentes policiais, é possível notar uma voz direta e menos retórica do Estado em relação à imigração. Também, torna-se evidente a distância entre o sistema burocrático-institucional e o sistema operacional. De certa forma, mencionar a dificuldade dos estrangeiros para apresentar os documentos exigidos é uma estratégia de justificar as dificuldades dos policiais e/ou o fato de que surgem exigências nos processos dos estrangeiros: o que se entende é que não é culpa da polícia em si. Nota-

se ainda que a visão dos agentes é distinto, pois têm um contato diário com os estrangeiros como percebe-se no Exemplo 4.4a: ‘aqui a gente está vivenciando o papel e o estrangeiro, a vida dele, a situação pessoal dele, né, então dá este conflito, quando chega lá a pessoa é mais técnico. É que o Ministério olha só o processo, Então são situações eh eh que tem que ser analisadas né, uma ótica diferenciada né’. A argumentação aqui é mais explicativa; é uma justificativa.

Exemplo 4.4a

Existe uma preocupação com a reputação da polícia, parece que são culpados tanto pelos estrangeiros quanto pelos funcionários dos ministérios pela falta de documentação nos processos dos estrangeiros. Os estrangeiros culpam os policiais pela exigência de mais documentos por parte dos ministérios; no final das contas é com os policiais de imigração com quem é possível ter mais contato. Dessa forma, nota-se que os policiais se justificam e até justificam ao próprio estrangeiro. Nesta justificativa, observa-se um tom mais pessoal e narrativo. O uso de ‘a gente’, uma certa empatia com a dificuldade do(a) estrangeiro(a), a pergunta retórica, a exemplificação dos obstáculos enfrentados pelo(a) estrangeiro(a): às vezes não sabe por que essa pessoa não prorrogou, por quê? porque não tem embaixada no momento, se for mandar o passaporte para lá, ele vai perder até o prazo de visto dele, vai ter que ir embora do país’ servem para estabelecer uma dicotomia ou a distância entre os representantes dos ministérios e o dia-a-dia dos(as) policiais e dos(as) estrangeiros(as). Parece que os agentes policiais são um grupo distinto das pessoas indeterminadas: ‘o Ministério’, ‘a pessoa’, ‘eles’. Reconhece-se a diferença nas perspectivas: ‘É que o Ministério olha só o processo, Então são situações eh eh que tem que ser analisadas né, uma ótica diferenciada né?’ Os policiais não possuem a retórica dos representantes do Estado, o foco é a impressão da Polícia Federal, pressupõe-se aqui que os policiais não

Comentários do representante da Polícia Federal sobre as experiências dos agentes em relação

Aqui por exemplo na praça talvez eles não saibam o dia-a-dia aqui, a dificuldade que o estrangeiro tem de apresentar alguma documentação, lá eles querem saber se está dentro do padrão, né, então aqui a gente está vivenciando o papel e o estrangeiro, a vida dele, a situação pessoal dele né, então dá este conflito, quando chega lá a pessoa é mais técnico, ...às vezes não sabe, não frisando aqui, às vezes não sabe porque essa pessoa não prorrogou, por quê? porque não tem embaixada no momento, se for mandar o passaporte para lá, ele vai perder até o prazo de visto dele, vai ter que ir embora do país entendeu? É que o Ministério olha só o processo, Então são situações eh eh que tem que ser analisadas né, uma ótica diferenciada né?

trabalham bem, como é claro no contra-argumento do exemplo 4.4b abaixo: “então, muitas vezes, o processo chega até o ministério, mas está errado uai, mas tem que receber, ....então a policia trabalhou mal, muitas vezes não é isso, você segue uma norma né, uma orientação prevista numa portaria interministerial”, a lei justifica os procedimentos dos policiais, é assim que se isentam da culpa pelos desencontros dos estrangeiros e a burocracia. Não existe um agente específico a ser culpado, tudo volta à lei, é a lei que é a verdade, que detém o poder máximo, mas há de perguntar, as leis foram criadas por quem e para quem? É muito fácil usar a lei para justificar os desencontros no sistema operacional.

Ao mesmo tempo, nota-se que a Polícia procura justificar o Estado: “ele é o órgão analisador de decisão, então muito bem pode exigir outras coisas, está totalmente respaldado dentro da lei, no padrão previsto ali na normatização”, é a lei (o conhecimento) de agir, de tomar decisões sem necessariamente pensar na realidade das pessoas (os(as) estrangeiros(as). A afirmação é conclusiva, ‘então muito bem pode exigir outras coisas’. No mesmo discurso, o representante percebe a dificuldade do(a) estrangeiro(a): ‘é o prejudicado fica com o estrangeiro, vejo por esta forma’, reconhece na opinião pessoal o lado do estrangeiro. Essa oscilação entre a lei e as experiências do dia-a-dia em que existe uma empatia ou não com a situação e as lutas do(a) estrangeiro(a) é o que caracteriza o discurso dos agentes policiais.

Exemplo 4.4b

Representante da Polícia Federal, continuação dos comentários sobre a distância entre os policiais e o Ministério da Justiça.

Outra coisa, o estrangeiro tem todo direito de requerer, eu não posso recusar este requerimento, ao Ministério pode recusar, mas a polícia aceitou, tudo bem eu aceito,...então eu não posso recusar, o estrangeiro não preencheu um requisito da lei, mas eu quero dar entrada, a lei me ...pode dar entrada, mas já de antemão já te falo logo, você tem todo direito, mas o parecer vai ser desfavorável e o Ministério vai ratificar este parecer nosso, então muitas vezes o processo chega até o ministério, mas está errado uai, mas tem que receber , ...então a policia trabalhou mal, muitas vezes não é isso, você segue uma norma né, uma orientação prevista numa portaria interministerial mas só como o ministério ele analisa, ele é o órgão analisador de decisão, então muito bem pode exigir outras coisas, está totalmente respaldado dentro da lei, no padrão previsto ali na normatização, é o prejudicado fica com o estrangeiro, vejo por esta forma, porque o que ele vai passando, ele não regulariza a situação dele, se bem que tem todo respaldo da lei, ele não vai estar irregular quanto à estada dele.

É essencial destacar que o Departamento de Estrangeiros da Polícia Federal é responsável pelo recebimento de processos de estrangeiros. Os processos são variados: pedidos de prorrogação de estada de turistas, recadastramentos de imigrantes antigos no país, pedidos de permanência com base em casamento ou prole brasileira, pedidos de prorrogação de vistos de trabalho ou de estudante, pedidos de naturalização, dúvidas sobre processos ou sobre como permanecer no Brasil. Desse modo, os policiais têm um contato variado com os estrangeiros. Entre os seis agentes policiais, que preencheram o questionário, há alguns que trabalham há muito tempo na Polícia Federal e também na área de imigração enquanto há outros que trabalham há menos de um ano. Um agente trabalha apenas um mês na área de imigração, então, não conseguiu responder a todas as perguntas.

No geral, o que se nota é que o foco da imigração para os agentes da Polícia Federal é a aplicação da lei. Eles exigem uma lei mais rígida do que a atual, como se nota nas respostas do Exemplo 4.4c, os(as) agentes reificam a rigidez: ‘mais rígidas‘; a avaliação não é positiva da lei como pode ser detectado nos qualificadores: ‘muito flexível’, ‘bastante frouxa’, ‘regular’. Além disso, a receptividade do país não é tida como uma qualidade positiva, contrastando assim com os depoimentos dos representantes do Estado, há dois pressupostos aqui: a lei poderia ser mais rígida ou a lei não é tão ruim assim, é melhor do que outros países: ‘Vejo que nosso país é muito receptivo na comparação com outros que têm democracia’. A comparação desvia o foco para o outro; o mesmo ocorre no contraste entre a clareza da lei e a falta de informações dos(as) estrangeiros(as): ‘Muito clara, mas com a pouca informação que eles adquirem, se tornam difíceis de cumpri-las’. A avaliação da lei é positiva, mas o problema é com ‘eles’ ou o ‘outro’; contradiz o depoimento do Exemplo 4.4b em que se percebe que há leis em conflito. Aqui se pressupõe que são os(as) estrangeiros(as) que adquirem ‘pouca informação’. De qualquer modo, o que é mais preocupante nas considerações dos agentes é a reificação de uma atitude negativa frente aos(às) estrangeiros(as); com base em experiências do dia-a-dia, reificam aqui uma verdade: os(as) estrangeiros(as) são uma ameaça ao país. A modalização é forte e clara: ‘deveriam’; a locução adverbial é específica: ‘em relação aos estrangeiros’. A asserção é severa: ‘não protege os nacionais contra aventureiros ou aqueles que vêm praticamente para viver da caridade pública’. Estabelece-se uma polaridade negativa entre os(as) estrangeiros e os(as) nacionais. As experiências do dia-a-dia dos(as) policiais são reificadas como única verdade, os(as) estrangeiros(as) não têm agência, são deslegitimados. De fato, a deslegitimação dos(as) estrangeiros(as) é o que legitima os agentes policiais e a sua postura.

Exemplo 4.4c

É evidente nos trechos em negrito do Exemplo 4.4c que o outro (o estrangeiro) é visto de forma negativa, uma ameaça ao país. A lei de 1980 é considerada como ‘flexível’ em relação ao momento atual, e apesar do fato de que todos dizem que seu contato com o(a) estrangeiro(a) é ‘agradável’, ele/ela ainda é ameaça à segurança nacional, assim essa idéia se transformou em senso comum, naturalizou-se a noção de que é o (a) imigrante que ‘tem pouca informação’, é ‘aventureiro’, subentende-se que é ‘parasita’, pois vive da ‘caridade pública’. Nota-se então que os agentes policiais mantêm a mesma perspectiva dos anos 1930 e 1940 em que o estrangeiro foi visto como ‘persona non grata’.

Além disso, em sua descrição do perfil do(a) imigrante no Exemplo 4.4d, podem- se perceber contradições nas definições desse perfil, talvez essas contradições surjam das experiências de trabalho dos(as) policiais, aqueles(as) que trabalham no atendimento ao estrangeiro na Polícia Federal em si e aqueles que trabalham/trabalharam nas fronteiras do país ou fazem visitas à casa do estrangeiro ou realizam entrevistas de naturalização. Novamente as experiências são reificadas, transformando-se em uma única verdade. Observe novamente a asserção em que se atribui uma valorização positiva ou negativa conforme a região: ‘Os da América do Sul (Peru, Bolívia) e Ásia (China) vêm de maneira irregular em busca de trabalho’; ‘Os da América do Norte, Europa, Oceania ...são imigrantes de nível social e cultural bom’. A valorização baseia-se no pressuposto de que certos grupos de imigrantes não possuem um nível social e cultural bom, assim alocando ao discurso de imigração dos (as) policiais um tom discriminatório, nada diferente da ‘seletividade’ eufemizada dos representantes dos ministérios e do Conselho Nacional de Imigração.

Comentários em resposta à pergunta sobre como consideram a lei atual do Estrangeiro

Muito flexível, tendo em vista que a época que entrou em vigor o contexto mundial era outro (terrorismo, ‘globalização’)

Regular. As leis deveriam ser mais rígidas em relação aos estrangeiros.

Muito clara, mas com a pouca informação que eles adquirem, se tornam difíceis de cumpri-las.

Bastante frouxa, pois não protege os nacionais contra aventureiros ou aqueles que vêm praticamente para viver da caridade pública.

Vejo que nosso país é muito receptivo na comparação com outros que têm democracia.

Exemplo 4.4d

Existe uma generalização, existente desde os primórdios da imigração: os (as) imigrantes do norte são sempre bem-vistos, rotulados positivamente, porém ocorre a estigmatização dos (as) imigrantes do sul: vêm de maneira irregular em busca de trabalho. A visão dos agentes policiais é a visão dos anos trinta e quarenta, ou até do Império:

‘no imaginário nacional a imigração parece continuar sendo coisa do passado, permanecendo ainda a imagem idealizada do (a) imigrante europeu disciplinado, culto, de tez branca e bem-sucedido’ (da Silva, in: Boucault e Malatian, orgs. 2003: 302).

Deve-se apontar que há outros comentários mais diplomáticos ou positivos, gerando assim uma certa contradição; os policiais falam da falta de rigidez da lei e da necessidade de controlar mais a permanência de estrangeiros no Brasil, mas ao mesmo tempo descrevem o seu contato com os estrangeiros como sendo ‘agradável’. De certa forma, os policiais são cientes de que ‘cada caso é um Caso’. Durante o meu período de observação na Policia Federal, alguns agentes comentaram em conversas informais que há estrangeiros que se comportam de forma arrogante com os agentes do atendimento ao estrangeiro ou há aqueles que se envolvem em práticas ilícitas como, por exemplo, casam com prostitutas ou mulheres em desvantagem social para poder conseguir o visto de permanência. De certa forma é esse quadro que gera o seguinte comentário em resposta ao perfil do (a) imigrante; o curioso é que o(a) agente responde em relação ao homem: ‘o fluxo maior é de homens que vêm ao Brasil à procura de mulher brasileira. Estes muitas vezes já são divorciados em seus países e com o tempo acabam demonstrando o seu lado ruim’. Esse comentário, que eu já tinha escutado durante meu período da Polícia Federal transforma-se em senso comum; uma verdade naturalizada e aparentemente incontestável.

Os seguintes dois grupos de exemplos, Exemplos 4.4e/f contrastam com a categorização mais discriminatória dos(as) estrangeiros(as) discutida previamente. Destacam-se aqui qualificadores positivos: ‘educados’, simpáticos’, ‘interessados no Brasil’, ‘corajosa’, ‘lutadora’, ‘amáveis’, ‘boa índole’; são descrições bastante

Resposta sobre o perfil do(a) imigrante

Varia conforme o continente. Os da América do Sul (Peru, Bolívia) e Ásia (China) vêm de maneira irregular em busca de trabalho. Os da América do Norte, Europa, Oceania, na sua grande parte, são imigrantes de nível social e cultural bom.

contraditórias em relação às outras categorias usadas pelos agentes. De qualquer forma, os qualificadores positivos remetem a outros pressupostos: os(as) imigrantes são posicionados para serem lutadores devido ao próprio sistema em que a sua agência é mínima (ver Capítulo 5); no geral, os(as) imigrantes procuram ser educados, de certa forma têm medo de questionar (ver Capítulo 5), inclusive durante meu período de observação na Polícia Federal, um dos agentes comentou que não gostava quando o(a) estrangeiro(a) vinha acompanhado(a) por brasileiros(as) porque os(as) brasileiros(as) sempre questionavam a documentação e os procedimentos. De fato, presenciei uma discussão entre um brasileiro e um agente; teve outro também que comentou, ‘parece que fazem tudo para dificultar o estrangeiro’ (checar nota).

Exemplo 4.4e

Exemplo 4.4f

Todavia, as opiniões estereotipadas sobre os(as) imigrantes sem documentos predominam como é aparente no Exemplo 4.4g. Os(as) imigrantes são sempre considerados(as) como sendo pessoas de segunda categoria, marginalizados pelos rótulos dos agentes policiais e pela sociedade em geral. As descrições são quase sempre negativas: ‘bandido’, ‘desesperados’, ‘ambiciosos e relaxados’. Parece ser um rótulo contraditório: como é que os (as) imigrantes podem ser ‘ambiciosos’ e ‘relaxados’ ao mesmo tempo? Como é que eles ‘não têm interesse em legalizar sua situação’ quando as multas por ser um não-documentado são muito altas? A legislação ainda é

Mais comentários em relação ao perfil do (a) imigrante

Educados, simpáticos e interessados no Brasil; Vejo que existe diferente perfil para cada etnia. A maioria tem tino comercial. Porém outras, por imposição política de seu país de origem, vêem o Brasil como opção. Eu vejo em cada imigrante uma pessoa corajosa e lutadora.

Respostas ao contato do dia-a-dia com os(as) estrangeiros(as)

Agradável na sua grande maioria, os contatos são positivos. Até o momento tem sido bastante tranqüilo, eles são amáveis. Sem nenhum incidente digno de nota, trato em geral com postulantes à imigração. Meu trabalho é analisar processos para o cumprimento da lei; já encontrei de tudo, desde pessoas imigrantes de boa índole, até fraude.

considerada ‘branda’. Surge a noção de que há grupos ‘rejeitados’ no mundo de hoje, como se nota na comparação da lei brasileira de imigração com a de outros países: ‘A