• Nenhum resultado encontrado

O município de Belém possui uma área territorial de 1.065 km². É formado na atualidade por 71 bairros, 8 distritos, com uma população de1.392.031 habitantes, conforme a contagem do IBGE (2010). Em relação à população indígena, conforme dados do IBGE (2010), tem-se um contingente populacional de 2.268 habitantes.

Em relação à situação de ocupação na Região Metropolitana de Belém, os dados do IBGE (2009)26 informam que havia 694 homens e 873 mulheres indígenas trabalhando em diferentes afazeres, com idade de 10 anos ou mais27.

No município de Belém, os principais agrupamentos de atividades econômicas constituem-se no comércio, nos serviços e na indústria. Segundo estatísticas do IBGE (2009), da Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio e da Indústria, verifica-se a permanência da formação capitalista histórica da cidade, voltada ao setor terciário da economia, especificamente nas áreas de comércio e de serviços. Depreende-se disso que a

indústria não se constituiu enquanto atividade econômica relevante no município, ocupando nas estatísticas oficiais a terceira posição, apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 – Principais agrupamentos de atividade econômica na RMB Agrupamento de atividade econômica Quantitativo

Comércio 9.103

Serviços 4.231

Indústria 2.023

Fonte: IBGE (2009)

No que respeita à inserção de trabalhadores no mercado de trabalho formal belenense, a situação segue outra lógica, mediante preponderância de ocupação do agrupamento econômico de serviços. A Tabela 2 enfoca essa distribuição do emprego formal, conforme atividade econômica no município de Belém. Ressalte-se que ainda não se têm dados formais estatísticos que retratem a origem étnica dessa inserção no mercado de trabalho.

Tabela 2 - Emprego formal segundo atividade econômica no município de Belém, 2009

Atividade econômica Pessoal ocupado

Serviços 103.287 Comércio 93.444 Indústria 91.512 Fonte: IBGE (2009) 26

Os dados informados sobre a população indígena ocupada foram consultados no IBGE no ano de 2009, pois os relativos ao Censo de 2010, até a conclusão desta tese, ainda não haviam sido disponibilizados.

27

Fonte: IBGE / Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD/ANO. Disponível em: www.ibge.gov.br/2009. Acesso em: 20 jan. 2010.

O destaque nas atividades econômicas voltou-se para o setor de serviços, com saldo de 103.287 trabalhadores no ano de 2009. O comércio teve um saldo de 93.444 trabalhadores e a indústria obteve um saldo de 91.512 de pessoal ocupado neste setor. Em 2008 o Produto Interno Bruto (PIB) a preço de mercado corrente atingiu R$ 15.316.130 mil reais28 e o Valor do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) atingiu R$ 245.092.069,3529.

A Tabela 3 destaca que a indústria de transformação foi responsável pela maioria das atividades empresariais desenvolvidas no município de Belém com 1.382 unidades. O setor de construção ficou em segundo lugar, com 840 unidades.

Tabela 3 – Estrutura empresarial do município de Belém, 2008

Fonte: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em 05 ago. 2008.

O valor do rendimento nominal médio mensal das pessoas com rendimento no período era de 3,6 salários mínimos, responsáveis pelos domicílios particulares permanentes no município de Belém (IBGE, 2010). À época da pesquisa no IBGE (2008), observou-se que em Belém o rendimento médio mensal das pessoas era quase 3,6 vezes maior do que o salário mínimo, embora esses dados não expressassem a distribuição de renda, haja vista a precariedade nas condições de vida da maioria da população belenense, a qual apresentava um crescimento demográfico acelerado.

As razões para esse fenômeno decorrem da implantação de projetos desenvolvimentistas e das políticas públicas fragmentadas para a Amazônia, posto que não atendessem igualmente as necessidades de todos os segmentos sociais, tampouco pretendiam resolver os problemas da população carente. Isso ocasionou a exploração dos recursos naturais, o aumento dos conflitos fundiários e provocou migrações de segmentos empobrecidos, inclusive indígenas, para as periferias das cidades, como por exemplo, Belém.

Essa população migrante, no processo de busca de um lugar para morar, acaba por se instalar em locais inadequados, sem condições mínimas de sobrevivência. Além disso, em certos casos, instalam-se em áreas de invasão inadequadas à habitação, ocasionando prejuízos

28

Fonte: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.phn?uf=pa e http://www.sie.pa.gov.br/i3geo/relatorio.php. 29

Ano 2008, conforme o site http://www.tesouro.fazenda.gov.br/estados_municipios/municipios.asp.

Estrutura empresarial Unidades

Indústrias extrativas 27

Indústrias de transformação 1.382

Produção e distribuição de eletricidade, gás e água 31

ao meio ambiente, conforme registrado por Cabral (2010), o qual analisou invasões próximas a Área de Proteção Ambiental da Região Metropolitana de Belém (APA METROPOLITANA DE BELÉM, 2010).

Outro fator responsável pelo crescimento demográfico desordenado e acelerado e pela migração relacionou-se também ao crescimento industrial, mediante criação de empresas que se instalaram tanto no meio urbano quanto no meio rural, inclusive em terras indígenas e áreas de proteção ambiental, poluidoras do meio ambiente, como as que atuam no setor madeireiro e as de plantação de arroz.

Apoiados em um modelo de dominação, de globalização e de internacionalização da economia, em que o importante é aproveitar as vantagens fiscais oferecidas pelos países e por diferentes estados destes, as empresas conquistam os mercados mundiais. Nesse contexto, o modelo de desenvolvimento dirige seus esforços exclusivamente para o crescimento econômico, abandonando as variáveis sociais, ambientais, culturais e políticas, dentre outras.

Esses fatores, além de outros, promoveram o crescimento demográfico de Belém, acrescido pela migração da população rural e indígena, desassistidas de políticas públicas, apesar dos preceitos normativos-legais que visam essas populações. Assim, ocorre a migração dessas populações, ou por serem expulsas de seus habitats, ou por serem desassistidas, ou por influências ideológico-culturais.

3.1.1 Caracterização dos indígenas de Belém

A população indígena existente na cidade de Belém é caracterizada por povos diversos, que se instalaram no ambiente urbano por inúmeros fatores, tais como: a busca por assistência médica, educação escolar, qualificação profissional, trabalho assalariado, além do casamento com não indígenas. Esses indígenas citadinos podem ser oriundos das aldeias, de cidades vizinhas ou podem ter nascido em Belém.

Em relação às etnias encontradas em Belém, observou-se a presença de indígenas de diferentes etnias: Juruna, Sateré-Mawé, Gavião, Munduruku, Caripuna, Kambeba, Amanayé, Tembé, Galibi e Apalai. Associado a isso se tem a definição de pertencimento ou não à condição de indígena de uma determinada etnia, pois a mesma depende do reconhecimento dos que vivem nas aldeias, assim como, do seu próprio esforço em fortalecer os laços de indianidade, mediante a realização de viagens à aldeia de origem ou de seus pais, como o registrado na pesquisa de Patrício (2000) no município de Altamira (PA).

Os indígenas que residem nas cidades estão sujeitos a inconvenientes, mas conforme Silva (2001), ―[...] a situação à qual são submetidos, não pode ser considerada como a ausência de controle e de desestruturação da família, nem como perda da orientação do sentido étnico [...]‖. Neste sentido, os códigos e os valores simbólicos tornam-se importantes para a compreensão da própria identidade e do universo social indígena no cenário urbano, uma vez que como indígenas citadinos vivem contextos próprios, convivem com não indígenas em ambientes de trabalho, em instituições de ensino e mesclam-se com os costumes da cidade, mas preservam sua identidade com suas origens étnicas.

Quanto à população indígena residente em Belém, observa-se que as condições de vida e de trabalho não apresentam grandes disparidades, visto que as atividades que exercem no mercado de trabalho assemelham-se às ofertadas a todos, inclusive em relação à questão salarial. As ocupações são de funcionários públicos, estudantes, donas de casa, além dos aposentados, cujos salários variam conforme a contribuição previdenciária.

Em relação aos locais de moradia, alguns são residentes em bairros centrais, como São Braz, ou periféricos, como o Bengui, ou ainda em municípios vizinhos, como Santa Izabel do Pará e Benevides. Essa distribuição habitacional dispersa gera dificuldades à comunidade indígena citadina, uma vez que ocasiona desmobilização destes em relação à sua organização política no espaço urbano, que em termos práticos significa ausência ou pouco contato para realização de reuniões, encontros, enfim, momentos que poderiam agregar as famílias ou indivíduos, que em sua maioria são de etnias diferentes.

Para Darcy Ribeiro (1978), o contato dos indígenas com a sociedade nacional, seja pela ação ―civilizada‖ com as aldeias, seja pela influência de grupamentos urbanos, ocasiona perdas de suas referências culturais. Esse contato, isto é, o processo de integração pelo qual passam as populações indígenas, provocou seu envolvimento com a sociedade nacional.

Na Amazônia, os indígenas integrados passam a ser vistos como ―caboclos‖ nas áreas rurais ou nos centros urbanos, como é o caso dos índios que vivem em Belém. As razões que levam aos processos de migração dos indígenas deram-se de modo diferente, com trajetórias distintas. A migração do tipo indireto ocorre quando o índio se desloca aldeia para um município próximo, como por exemplo, o caso dos índios Munduruku, cujas aldeias localizam-se no município de Jacareacanga (PA), os quais migram para o município de Santarém (PA) e depois para Belém (PA). De modo semelhante ocorre com os Tembé da terra indígena do Alto Rio Guamá, que migram inicialmente para o município de Capitão Poço (PA) e depois para Belém (PA). Além desse tipo de migração há também as migrações diretas

das aldeias para Belém, como por exemplo, a migração dos Kayapó, que migram do município de Redenção para Belém (Mapa 2).