• Nenhum resultado encontrado

Luiz, sua sexualidade e seu obsessor

No documento Despedindo-se da Terra (Chico Xavier) - PDF (páginas 123-130)

LUIZ, SUA SEXUALIDADE E SEU OBSESSOR

Observemos o que se passara no lado espiritual da vida em relação a Luiz, naquelas horas dedicadas à oração familiar, tanto quanto nas que se seguiram ao seu encerramento.

Depois de distribuída a água balsamizada pela nobre entidade que viera recolher o precioso tesouro de seu afeto, na figura da perturbadora entidade hipnotizadora que ali acabara por redescobrir a si mesma, os integrantes do grupo familiar passaram às conversações normais, encaminhando-se, a seguir, cada um para suas atividades pessoais, sem qualquer diferença, a não ser, o bem estar que guardavam em suas almas.

João voltou para sua televisão, Olívia foi tratar de ultimar algumas costuras para o dia seguinte enquanto que Glauco e Gláucia se sentaram na sala para poderem conversar melhor sobre certas coisas da vida a dois.

Enquanto isso, prosseguiam no plano espiritual daquele lar as atividades do mundo invisível, no encaminhamento das diversas entidades aflitas que haviam sido trazidas para a participação daquele momento de oração em família, ao mesmo tempo em que os obsessores de cada um dos integrantes da casa eram retidos em ambiente separado, e fossem atendidos individualmente por amorosas entidades que conversariam com eles.

Em realidade, os mais atacados pela perseguição dos Espíritos perturbadores eram João e o seu filho Luiz.

Sobretudo este último, carregava consigo graves processos obsessivos, ainda que, à primeira vista, pudesse ser encarado como uma pessoa tida como normal pelas atitudes, que não diferiam da maioria dos da sua idade.

Era um rapaz bem apessoado, na flor da idade e que cultivava os hábitos sociais considerados tão comuns entre os adultos jovens, seja os do consumo alcoólico, sejam os das aventuras sexuais descompromissadas.

Dono de uma personalidade forte, não gostava de prestar contas a ninguém daquilo que fazia e, ainda que respeitasse a postura de seus pais, era zeloso da idéia de que, em sua vida, era ele quem mandava

A única pessoa que parecia exercer certo poder de influência benéfica sobre ele era a irmã mais velha, Gláucia que, usando seu carinho e a maneira compreensiva que desenvolvera ao longo de seu amadurecimento como mulher, conquistara as suas atenções e se fazia escutar, ainda que não tivesse nenhum poder sobre a personalidade impetuosa do irmão.

O rapaz trabalhava e tinha seus recursos pessoais que lhe garantiam viver segundo sua vontade e seus desejos.

Dentro de casa, procurava ser sempre o mesmo, com a conduta mais ou menos padronizada, segundo os ensinamentos da educação recebidos de seus genitores.

No entanto, longe deles e na companhia de amigos, parecia transformar-se, permitindo que as inclinações negativas que existiam em seu Espírito pudessem libertar- se sem quaisquer amarras, dando vazão aos seus instintos mais primitivos.

Essa vida dúbia lhe causava vários problemas psicológicos já que, ao mesmo tempo em que gostava do modo de ser que mantinha fora do lar, não queria que seu conceito ou seu perfil de integridade acabasse manchado na mente de seus familiares.

Por isso, recusava-se sistematicamente a acompanhar Gláucia e Glauco em algum tipo de passeio por lugares públicos, receando que o encontro com outras pessoas viesse a denunciar-lhe a conduta moral oscilante.

Ao estabelecer esse padrão de comportamento, Luiz permitira ser influenciado por entidades aproveitadoras, vampirizadoras das forças vitais dos encarnados invigilantes, sócias nos seus prazeres e aventuras, estimulando suas tendências inferiores para delas extrair maior gama de sensações que não conseguiriam obter de outra forma, depois que a morte física lhes tirara o corpo carnal.

Eram os antigos viciados, pervertidos e irresponsáveis de todos os tempos que, sem desejarem empenhar-se no esforço do crescimento e da transformação pessoal, passavam a acompanhar aqueles encarnados que fossem sensíveis às suas influências, coisa que, para acontecer, precisava contar, naturalmente, com a afinidade de gostos e desejos íntimos entre as duas partes.

Luiz era uma dessas fontes a propiciar a tais entidades o pagamento em gozos e sensações animalizadas pela eventual proteção que passavam a lhe dar.

Entre elas estava a mais viciada de todas, aquela entidade que havia sido trazida à reunião daquela noite e que ficara isolada das vistas dosdemais.

Era um Espírito de horrível feição e de vibrações extremamente aviltadas pelas práticas sexuais desregradas.

Atuando na estrutura afetiva afrouxada pelos costumes e induzida pelas imagens veiculadas nos diversos meios de comunicação, que impulsionam as pessoas constantemente para os apelos do erotismo e pensamentos aventurescos na área das sensações, esse Espírito inferiorizado mantinha ligações muito profundas com Luiz, ligações estas que a cada dia mais se estreitavam, estando numa fase de quase simbiose, onde já não mais se distinguia quem é que mandava, quem é que queria, quem é que pensava.

E nesse panorama, o invigilante Luiz, que se permitira agir dentro daquilo que julgava ser sua inalienável liberdade de escolha, não admitindo a influência de nenhum dos seus parentes queridos que tanto o amavam, alegando sua condição adulta e ser dono de seu próprio nariz, era, na verdade, um joguete dos Espíritos trevosos, praticamente associado ao obsessor invisível, que lhe sugeria ações perniciosas, mas extremamente excitantes, e era obedecido com prazer.

Isso fizera com que Luiz passasse a buscar a satisfação física não apenas nos envolvimentos sexuais com outras jovens, falenas iludidas pelas sensações físicas, a facilitarem a troca das energias de maneira leviana e sem compromissos mais profundos.

Além delas, Luiz acabara aceitando participar de reuniões libertinas, onde o sexo coletivo representava a essência do encontro, nas expressões primitivistas dos contatos íntimos sem limites, a envolverem tanto a hétero quanto a homossexualidade.

Nestas ocasiões, conhecera homens com os quais passara a se relacionar regularmente, entregando-se, inicialmente por curiosidade, às vivências homossexuais, experiências estas que, no seu caso específico, passaram a se tornar mais constantes e repetidas em face da novidade que representavam para suas práticas sexuais, já então tornadas rotineiras e sem graça, nos encontros fortuitos com inúmeras mulheres. Além disso, envolvido pelas vibrações da entidade obsessora, Luiz pensava obter, na homossexualidade ocasional, as mesmas respostas estimulantes que a vivência heterossexual permitia aos encarnados.

O prazer, em todas as áreas da vida, estimula, satisfaz e, nas áreas mais frágeis da personalidade, abre espaços a excessos que causam dependências e tolerâncias, como uma droga qualquer.

Quando o ser humano entende a sua condição de Espírito que deve comandar a matéria, ele consegue dominar os impulsos que se apresentem e que poderiam, pelo abuso, tornarem-se nocivos.

Mais ainda, a consciência lúcida da pessoa é capaz de escolher, graças ao grau específico de maturidade espiritual, o melhor caminho para viver sua vida de acordo com seus projetos.

No entanto, no mundo acelerado em que todos estão se permitindo viver, as contingências emocionais têm sido objeto de exploração intensa, graças ao interesse econômico de manter as almas atreladas aos vícios que, uma vez implantados no modo de ser, favorecem aqueles que os exploram e estimulam em busca dos lucros financeiros que tanto ambicionam.

Por isso é que será sempre um bom negócio facilitar e tirar partido da viciação no consumismo, no uso de drogas tidas como socialmente aceitáveis, das outras drogas, do jogo, da prostituição, da gula. Em face desse comportamento afrouxado, as pessoas sem vontade própria continuarão sempre a se manter dependentes daqueles que as exploram, fornecendo-lhes, em troca, o dinheiro e o respectivo poder que tanto apreciam.

Dessa forma, no aspecto da sexualidade, os mesmos mecanismos da viciação e da tolerância são encontráveis, a fazerem com que a criatura de vontade mais frágil nessa área se permita procurar a satisfação constante e desmedida dessa inclinação, ao mesmo tempo em que a repetição do ato vai roubando ao seu agente, cada vez que o pratica, parte da carga emocional, parecendo que a satisfação antiga já não é a mesma com a mesma ação.

Isso leva, então, pessoas que começam a se tornar dependentes psicológicas da satisfação sexual a buscarem inovações em suas práticas, apimentando as relações para retornarem ao antigo potencial de satisfação. Por um tempo, se sentem complementados pelas novas aventuras, mas, novamente, o mecanismo da tolerância se apresenta, tornando rotineira e sem graça aquela novidade, a pedir uma nova carga de transformações, na tentativa de manter o mesmo nível do prazer.

E nessa jornada espiral descendente, as criaturas permitem-se experimentar outras e outras formas de relação, até que cheguem àquelas consideradas como tabus na sociedade preconceituosa em que vivemos.

Passando a linha dessa "social normalidade", a pessoa acrescenta aos processos da satisfação sexual a idéia de ruptura com os paradigmas aceitáveis do grupo, empurrando-se para a área da ilegalidade moral, com os complexos de culpa daí decorrentes, explorados pelos Espíritos obsessores que os acompanham nessa queda e que, daí, podem melhor dominar os seus pupilos com as intuições do tipo: Agora que

você chegou até aqui, não dá mais para voltar a ser a pessoa certinha que você era. Você chegou na lama. Agora não pense em sair porque ninguém mais vai acreditar em você... Você nunca prestou mesmo... agora é tarde para sair do lodo. Aproveite e relaxe...

Essas intuições negativas, manipuladas no íntimo da consciência do indivíduo pelas entidades inferiores e inteligentes, colocam a pessoa numa fase de sofrimentos morais profundos, confrontando os afetos e os conceitos morais recebidos da família, com as condutas devassas e extremamente contrárias a tais conceitos que se permitiu viver. Daí, alguns resolvem romper os laços familiares com o afastamento dos entes queridos, alegando necessidade de maior liberdade para viver uma vida sem a observação mais direta ou, então, optam por uma vida dupla, buscando manter duas ou mais máscaras para os diversos momentos de suas experiências pessoais.

Naturalmente que, aqui, não estamos generalizando as diversas questões que envolvem a homossexualidade, pretendendo reduzi-las apenas a este perfil.

Estamos dando a explicação espiritual para o caso de Luiz, o rapaz que, viciando- se na experimentação do prazer sexual, come alguém que resolve permitir-se o uso de

drogas, estimulado por suas tendências pessoais e pela indução mental de entidades, passa a não mais se satisfazer com as respostas obtidas pela mesma quantidade de substâncias ingeridas, obrigando-se a consumir maiores quantidades até que se veja compelido a trocar de produto por um outro mais potente.

Trocando de experiências sucessivamente, Luiz acabara ingressando na área da homossexualidade, ainda que não se sentisse, efetivamente, homossexual.

Isso lhe produzia conflitos extremamente dolorosos, dignos de verdadeira compaixão, porque já não era mais a área da ilicitude socialmente aceitável, ainda que censurável. Agora, Luiz se envolvia com condutas que, se fossem descobertas, o estigmatizariam, colocando-o na faixa do isolamento social, da ridicularização perante os amigos e da vergonha perante a própria família.

Assim, sua consciência, a partir de então, estava mais vulnerável aos ataques dos Espíritos perseguidores e cultivadores dos prazeres, aí incluídos Espíritos femininos que, desejando recapitular os excessos delituosos a que se permitiam no passado, aproximavam-se dele para aumentar sua vontade de se relacionar com outros homens.

Tais influenciações se davam através dos condutos magnéticos que estavam implantados no centro cerebral de Luiz, ligado ao prazer físico, tanto quanto eram efetuadas através das imagens mentais que lhe eram avivadas do subconsciente, poluindo seus pensamentos com as cenas provocantes, com as sugestões prazerosas, envolvendo outros homens. Tais Espíritos femininos, acercando-se dele, desejavam satisfazer-se sexualmente usando as sensações de Luiz e extraindo de tais relações as forças vitais que lhes trouxessem as antigas satisfações da perversão sexual.

Pode você, leitor querido, perguntar-se porque tais Espíritos não se acercavam de mulheres em relações vulgares ou promíscuas com os homens.

No entanto, é exatamente isso que também acontece.

São Espíritos que buscam a satisfação onde ela se ofereça, não importa a condição dos encarnados. Acontece que, na posição de Luiz, irmão de Gláucia e futuro cunhado de Glauco, as entidades organizadoras da perseguição a que nos estamos referindo, nele encontraram as tendências similares às de Sílvia, para a indução negativa. No entanto, diferente desta, que já possuía bem definida a sua opção heterossexual, Luiz se apresentava vulnerável, a buscar sempre mais prazer, como se isso fizesse parte natural da estrutura humana a não merecer nenhum tipo de contenção, nem social nem pessoal.

Então, sem se saber objeto da atenção da Organização trevosa, passara a ser acompanhado por representantes dela que, observando a fraqueza de caráter, planejaram e executaram os passos necessários para levá-lo ao caminho que, agora, trilhava.

Agindo deliberadamente, os enviados do Presidente implantaram em Luiz as ligações magnéticas que lhe influenciavam as idéias e, como o rapaz era de personalidade altiva, tida como independente, dono de seu nariz, as entidades amigas que o aconselhavam a seguir no caminho do equilíbrio nada podiam fazer contra as inclinações negativas de seu modo de ser, repelindo sistematicamente, as boas intuições. Por mais que o intuíssem a não agir de forma tão invigilante, tão desequilibrada na heterossexualidade, tão viciosa na busca incessante dos prazeres, eram sempre rechaçados por ele que, em seus pensamentos, invariavelmente, preferia dar ouvidos às sugestões das entidades maliciosas que lhe enalteciam a masculinidade, a necessidade de aproveitar as mulheres fáceis disponíveis, a cultivar o prazer como regra da vida e prática normal das pessoas saudáveis, até que ele se visse dependente do sexo, necessitando de experiências cada vez mais audaciosas. Deixando, então, que Luiz colhesse os espinhos de suas escolhas, tais Espíritos amigos permitiram que vivenciasse as lições amargas que ele preferira viver e que, fatalmente, o reconduziriam à consciência de si mesmo através do caminho doloroso.

Assim, naquela noite do Evangelho no Lar, o referido Espírito obsessor, aquele que coordenava a ação dos demais que atacavam o rapaz, inclusive das inúmeras almas femininas depravadas que o hipnotizavam nos momentos do prazer, havia sido trazido ao encontro familiar envolvido naquela já mencionada rede magnética, permitindo a Alfonso que, terminada a reunião, pudesse conversar com ele, de forma direta.

O diálogo não seria muito longo porquanto o Espírito, depois de ouvir as advertências do instrutor, seria novamente liberado da influência benéfica que o mantinha recolhido em si mesmo, para que continuasse a seguir sua trajetória, segundo seus próprios desejos.

— Meu filho — falou Alfonso, sereno. — Não tenho pai... — respondeu, insolente.

— Mas, por isso mesmo, quero que saiba que, nas carências de seu coração, a partir de hoje, eu o adoto como filho de minh'alma.

— Conversa mole... prefiro ser órfão a ser seu filho.

— Não importa, vai chegar o momento em que entenderá a importância de ter um pai, um amigo sincero e desinteressado.

— Qual é a sua, me chama de filho e me deixa preso aqui? Que pai você pensa que é?

— Você não é nosso prisioneiro, Jefferson..

— Como sabe o meu nome? Você é feiticeiro? Nunca o vi!

— Como estava lhe falando, filho, você não é nosso prisioneiro e, sim, nosso convidado. Depois que conversarmos, você será levado de volta para o mundo lá fora, onde sua consciência vai lhe aconselhar nas rotas a seguir.

— Já tenho meus planos. Não preciso de consciência. Perseguirei meus objetivos até o fim.

— No entanto, Jefferson, suas atitudes estão a produzir o mal no caminho de seus semelhantes. Você sabe disso...

— E daí, não é assim a vida? Quem pode mais, chora menos. Além do mais, eu estou endividado e, dessa forma, estou pagando meus compromissos.

— Contraindo maiores dívidas com Deus?

— Sei lá. O que sei é que meus cobradores são muito mais perversos do que eu. — Ah! Quer dizer que você sabe que está sendo perverso também.

— Não é que eu seja, mas que eu tenho que ser. Além do mais, não estou fazendo nada além do que aquele bobalhão também gosta e quer fazer. Você deve saber do que estou falando.

— Sim, meu filho, Luiz está crescendo e, nesse esforço, está errando para aprender.

— Que nada, meu. Ele está bem grandinho, capaz de fazer cada coisa, que você nem acredita....

— Mas tudo isso, Jefferson, corresponde às condutas de um Espírito infantil, nas experiências da vida que lhe aclararão novos horizontes de aprendizagem. Além do mais, não é só a curiosidade dele que o tem movido. A sua influência também tem correspondido a uma grande cota de culpa nos erros dele, meu filho.

— Que nada, a gente só aplaude....

— Você sabe que não é só isso. E as mulheres que o envolvem, que fantasiam seus sonhos noturnos, que despertam certas vontades com a volúpia de suas influências... vocês o estão induzindo ao erro e, dessa forma, perante Deus, tornam-se igualmente culpáveis pelo erro.

— Ora, então manda esse Deus vir defender o carinha... porque eu estou me defendendo...

— É exatamente isso que está acontecendo aqui, Jefferson. Deus está se ocupando de Luiz sem se esquecer de você. Por que então, não combinamos que, por alguns dias, vocês possam dar uma trégua a ele, para que vejamos se, por si próprio, Luiz procura tais envolvimentos?

— Que trégua que nada... Ele já nos chama e nos pede participação nas suas noitadas....

— Bem, meu filho, como você disse e eu estou lhe explicando, Deus começa a defender seus filhos sempre pelos caminhos do perdão, do amor, do amparo coletivo.

— Tudo bem, escolha dele....

— Depois que nós não aceitamos, as conseqüências de nossos atos se voltarão contra nós.

— Está me ameaçando... papai... — falou a entidade, irônica e dura.

— Não, meu filho, estou lhe contando como são as coisas fora de seu mundo de prazeres esgotantes.

— Tudo bem, devidamente anotado... posso ir embora, agora?

— Pode. No entanto, não se esqueça de tudo aquilo que falamos. Para a consideração de Deus e de sua Justiça, você está, a partir de agora, devidamente avisado sobre sua conduta e as conseqüências. Quando precisar de mim, me chame. Eu sou Alfonso, para servi-lo.

Fazendo uma cara de desinteresse, Jefferson abanou a cabeça sem responder. Foi, então, conduzido pelos trabalhadores espirituais para o ambiente externo, onde pôde dar seguimento aos seus interesses e atitudes, agora não mais pelo caminho da ignorância do mal praticado, mas, sim, do da responsabilidade pelos atos realizados.

Longe dali, Luiz estava deitado, sozinho, em um quarto barato, de onde, minutos antes, havia saído um rapaz com o qual havia se envolvido nas emoções transitórias e frustrantes de um relacionamento passageiro e indiferente.

Afastada a influência perniciosa de Jefferson, Luiz passara a meditar em sua vida, nas coisas que estava fazendo, a que ponto tinha se permitido chegar, pensando no lar ao longe e nas reações da irmã se soubesse sobre o seu comportamento.

Aliás, tais pensamentos dolorosos tinham-se tornado mais constantes, desde o momento em que, em uma dessas empreitadas em busca de aventuras e companheiros, fora flagrado em atitude suspeita por Glauco, que buscava informações sobre certa rua da cidade e resolvera obtê-la de um casal dentro de um carro estacionado em local público, casal esse que, apesar dos beijos que trocavam, era composto por um desconhecido e pelo próprio Luiz.

Glauco, ao presenciar a cena reveladora, desconversara e, apesar de nitidamente transtornado pela surpresa, pediu desculpas, como se não desejasse atrapalhar o encontro de ambos, afastando-se para não agir de forma brusca ou impensada.

Desde então, Luiz passara a evitar os encontros familiares onde Glauco se faria presente.

Já se havia passado mais de um mês dessa situação e Glauco, sem pretender fazer o sofrimento de seus sogros e da própria irmã, resolvera nada revelar a respeito do cunhado, guardando para si a constatação, para ele decepcionante.

No entanto, Luiz não sabia qual seria a sua conduta e, por isso, preferira passar a

No documento Despedindo-se da Terra (Chico Xavier) - PDF (páginas 123-130)