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Os detalhes da organização

No documento Despedindo-se da Terra (Chico Xavier) - PDF (páginas 92-100)

OS DETALHES DA ORGANIZAÇÃO

Lá estavam os dois Espíritos, inferiorizados pela ignorância, na mesma ante-sala, aguardando o diálogo que o Presidente mantinha com o Chefe.

O prédio onde se localizava a sede diretiva daquele agrupamento, localizado nas zonas vibratórias mais inferiores e densas que renteiam o ambiente dos homens encarnados, era um conjunto mal organizado de salas e corredores, todos ocupados por entidades de igual inferioridade, algumas responsáveis por organizar ataques aos encarnados, outras como subordinados diretos da presidência, para assessorar e planejar a ação da Organização.

Desse centro trevoso, como de vários outros que existem, similares, partiam ligações com muitas instituições governamentais e políticas, bem como com seus representantes terrenos, aqueles homens que, deixando o idealismo do Bem de lado, se permitiram entregar às aventuras mesquinhas das negociatas e ganhos pessoais, os quais passavam a ser assessorados por equipes de entidades inferiores, provenientes de variadas organizações, entre as quais esta a que nos referimos.

Além do mais, ela mantinha departamentos espalhados por alguns pontos, lugares de contato direto com Espíritos infelizes que lhes procuravam o serviço e, graças aos quais, conseguiam arrebanhar mais e mais trabalhadores para a mesma e sempre interminável função de influenciar os homens para o mal, através dos processos obsessivos, de intuição negativa, de acompanhamento, vigilância e de proteção para aqueles que representavam seus interesses materiais na Terra.

Interessante perceber que as diversas dependências de tal edifício, se é que o podemos chamar assim, eram preenchidas por uma decoração estranha, sem os cuidados estéticos normais, não possuindo nenhum atrativo para representar o gosto pelo belo, limitando-se a espalhar móveis e objetos pelos espaços que se mantinham iluminados por fontes de luz parecidas com as tochas abastecidas com betume, usadas pelos habitantes de cavernas. Nas paredes de alguns aposentos de trabalho, desenhos ou telas ostentando imagens grotescas de tétrico gosto, geralmente envolvendo atos sexuais ou apresentando a nudez como fonte de exploração no que ela pudesse representar de mais pornográfico.

Ao mesmo tempo, perambulando pelos corredores e salas, um cortejo de homens e mulheres disformes e desajustados, aparentando a condição de mendicância, vestindo andrajos, à primeira vista sem noção clara da própria condição de desajuste ou repugnância.

Ao lado dos que trabalhavam ali com funções mais ou menos definidas, tais entidades desocupadas eram ali admitidas como aqueles que servem de corte bajulatória dos poderosos, representando algo carecido com as antigas populações dos palácios terrenos de todos os tempos, quando se procuravam as proximidades do poder para dele poderem usufruir em alguma medida e influenciar as decisões.

Assim, muitas mulheres ali se mantinham transitando de um lado para o outro, usando do corpo que julgavam ainda possuir para atrair a atenção das "autoridades" ou para favorecerem os interessados em algum negócio escuso, como forma de lhes facilitar o acesso às salas mais importantes.

Ofereciam-se porque se orgulhavam de conhecer o caminho para a obtenção dos favores dos maiorais. Por isso, tais entidades se apresentavam vestidas com diversos estilos de roupagens. Algumas trajavam-se à moda francesa do tempo dos Luizes, outras, de acordo com as cortes italianas, inglesas, alemãs de tempos idos, ao lado de muitas

com roupas modernas, denotando terem sido mulheres que viveram na esfera dos interesses políticos em épocas mais recentes.

Invariavelmente, todas tinham o mesmo padrão de conduta indiscreta, arrojada e promíscua, o que as caracterizava por um tônus de energia típico de seus pensamentos e sentimentos esfogueados. Todas, igualmente, buscavam valer-se da semi-nudez para conquistar a atenção dos mais importantes, ao mesmo tempo em que se permitiam comportamento íntimo com qualquer estranho que lhes parecesse interessante.

Para a visão dos bons Espíritos, aquele era um circo dos horrores, uma vez que todas eram quase cadáveres que caminhavam para lá e para cá, desejando ser sedutoras e atraentes. As roupas se tinham transformado em andrajos sujos e repulsivos, e as partes expostas de seus corpos traziam as marcas da decomposição ou já deixavam aparecer a estrutura de ossos, como se aqueles Espíritos ainda possuíssem corpos densos como os dos seres encarnados na Terra.

Para eles, no entanto, cuja visão se cristalizava no clima mental em que ainda viviam, o ambiente de interesses políticos, de influências e poder, todos se viam em perfeito estado e se permitiam as relações físicas como se nada lhes houvesse acontecido, a não ser a transferência de um lado para o outro da vida.

Sabiam que já não mais faziam parte do mundo dos homens, mas tinham tal influência sobre eles que julgavam ainda compor a mesma realidade, como se estivessem do outro lado da mesma moeda material.

Por isso, a conduta desse agrupamento de Espíritos não se limitava aos processos de perseguição ou influenciação dos encarnados. Estendia-se ao desfrute das mesmas sensações físicas que houveram desenvolvido ao longo de suas vidas vazias e fúteis, quando orbitavam o poder para sugar-lhe as benesses e deixar-se sugar pelos poderosos, sempre interessados em belos corpos e aventuras arrojadas.

As relações íntimas que ali se propiciavam envolviam tanto as hétero quanto as homossexuais, uma vez que para tais entidades as balizas morais não representavam óbices para a conquista de seus objetivos.

Além disso, com base nas mesmas tendências humanas, grupos de Espíritos, que se valiam das fragilidades emocionais dos encarnados, deles se aproximavam para fustigar-lhes as inclinações da sexualidade, buscando enredá-los nas atitudes depravadas, quando a excitação ou a volúpia pelo prazer assumiam o comando das consciências para, logo mais, cederem lugar à culpa pelo comportamento degenerado, o que acabava por produzir as brechas mentais e emocionais de que tais Espíritos necessitavam para assediar, psicologicamente, aqueles que assim se permitissem degenerar, vampirizando-lhes as forças físicas como já o faziam com Sílvia.

Por tais motivos, aquele centro de Espíritos impuros era um núcleo de funções variadas, sempre voltado para explorar as fraquezas dos encarnados sobre os quais se fixavam, seja para conseguirem continuar a manipular as coisas do mundo, para extraírem vantagens através desse consórcio negativo, para perseguirem com sede de vingança, seja para protegerem os seus representantes físicos encarnados, aqueles que lhes serviam diretamente para o controle das instituições humanas, por estarem em sintonia com o mal.

As inúmeras dependências, portanto, eram uma tal mistura de pessoas, objetos, sujeira e mau cheiro, que alguns dos próprios Espíritos atrasados que serviam aos interesses da Organização não suportavam permanecer em seu interior por muito tempo.

Era amedrontador, para muitos deles, demorar-se mais do que o necessário no seu interior.

Sabiam, muitos deles, que ali havia armadilhas espalhadas por todos os lados, expondo os mais incautos ou menos maliciosos a riscos desnecessários.

Entidades abrutalhadas e violentas se postavam, como guardas ríspidos e agressivos, com a nítida função de intimidar os mais exaltados e aqueles que desejassem forçar a situação.

A única parte do prédio que se apresentava com uma certa limpeza ou ordem relativa era aquela que se avizinhava do gabinete central, de onde o Presidente comandava a Organização.

A estrutura administrativa era pouco desenvolvida.

O Presidente, que tinha poderes ilimitados sobre tudo e sobre todos, se servia de alguns, que escolhia pessoalmente pelas afinidades no mal e pela simpatia dos gostos e inclinações, para fazê-los Chefes e enviá-los a missões de sua estrita confiança, tanto dentro da estrutura daquele edifício quanto fora da instituição.

Era ele quem escolhia também os dirigentes dos "departamentos", extensão da Organização junto aos encarnados, geralmente localizada nas próprias estruturas vibratórias das construções físicas que mantinham na Terra, como era o caso do escritório de Alberto e Ramos.

Em todos, o Presidente fixava seus escolhidos, mas, como forma de manter o terror e o medo controlando tudo, os Chefes tinham autonomia para agir em todas as situações com carta branca, tornando-se, igualmente, espiões e fiscais da presidência por onde passassem. Gozando de tais poderes, reconhecidos como íntimos do comandante daquela estrutura, eram cortejados e temidos por todos os que faziam parte daquela Organização, situação esta que muito os agradava e da qual tiravam sempre o melhor proveito, fosse no aproveitamento abusivo das concessões na área do relacionamento íntimo com as diversas entidades, homens ou mulheres, que se lhes atiravam nos braços, oferecidos, fosse na perseguição de outras que se apresentassem no caminho de seus interesses pessoais, usando de sua influência negativa para afastá-las ou puni-las.

Eram os que administravam, em nome do Presidente, a maioria dos diferentes setores de atuação da organização no mundo dos homens, prestando contas de todas as suas atitudes e dos processos sobre os quais tinham responsabilidade.

Qualquer erro ou falta era punido severamente com a destituição imediata e com punições de natureza física, o que representava uma humilhação para quaisquer dos Chefes que, a partir daí se veriam ridicularizados por todos aqueles que haviam humilhado antes, não deixando de ser, por isso, uma punição redobrada.

Assim, tudo faziam os Chefes para não se permitirem falhas, inclusive exigindo a mesma conduta de seus subordinados imediatos.

Essa máquina funcionava muito bem, graças aos impulsos inferiores dos próprios encarnados que a ela se ajustavam com facilidade e perfeição.

Além deles, os próprios Espíritos, pouco elevados e descuidados da oração e da melhoria dos sentimentos, acabavam atrelados a tal organismo para a obtenção dos favores de que necessitavam com a condição de se entregarem a si próprios como pagamento pelas concessões negativas nos serviços que solicitavam.

Por isso, depois que tinham seus casos aceitos e atendidos, tais Espíritos, que solicitavam os préstimos da Organização, tinham que aceitar trabalhar para ela nos seus mais diversos setores. Para preparar tantos novos servos ou quase escravos, dispunha de grupos de entidades inteligentes e conhecedoras dos processos hipnóticos que, submetendo os novos candidatos às suas terapias, ganhavam um controle sobre o pensamento e a vontade de tais Espíritos invigilantes que, daí para a frente, sofriam um tipo de lavagem cerebral com base na culpa, na dívida que contraíram e passavam a aceitar a escravização às determinações da Organização.

Eram informados de que os que não obedecessem sofreriam as punições atribuídas aos maus pagadores, uma vez que ali estavam depois de terem recebido os favores que haviam solicitado, pelo preço que tinham concordado em pagar, livremente.

Eram esclarecidos de que ninguém conseguia fugir da instituição e que, aqueles que o haviam tentado, haviam sido recapturados e submetidos a torturas arrepiantes.

Tudo isto, na verdade, era uma intimidação psicológica através da qual as entidades hipnotizadoras que serviam à Organização mantinham submetidas à sua as vontades tíbias dos que se atrelavam ao mal.

Em realidade, inúmeros Espíritos já haviam conseguido evadir-se da zona de influências negativas em que tal instituição atuava, jamais tendo regressado para seu seio. No entanto, tais notícias não eram divulgadas entre os seus membros que, para que continuassem na mesma condição de dependência e temor, recebiam a informação de que os fugitivos haviam sido recapturados e estavam isolados, recebendo os castigos que mereciam pela conduta leviana e irresponsável.

Assim, com base na mentira, faziam os serviçais acreditarem que não havia como fugir dali e, ao mesmo tempo, mantinham o império do terrorismo, a intimidar qualquer atitude semelhante.

Ao lado dos hipnotizadores, havia os Espíritos planejadores, cuja inteligência esmerada era a fonte das estratégias de atuação nas diversas áreas de influência daquela Organização.

Depois, havia o grupo das entidades responsáveis pela segurança, composto de criaturas violentas e frias, submissas cegamente às ordens superiores.

A seguir, o grupo das entidades executoras junto às vitimas invigilantes, estabelecendo os processos de perseguição obsessiva, mesmo sobre aqueles contra os quais pessoalmente nada tinham a cobrar. No entanto, aquilo era como um trabalho a ser feito que se achava sob sua responsabilidade e que, se não fosse cumprido, poderia ocasionar-lhe sanções pessoais desagradáveis.

Como ferramentas importantes nos processos obsessivos, havia um grupo das entidades ovóides que eram ajustadas pelos executores nas áreas físicas ou mentais dos encarnados para lhes produzir alucinações auditivas ou visuais, para drenagem de suas forças vitais, para o sugestionamento de dores ou doenças fictícias que se tornavam reais, ainda que não detectadas nos exames médicos.

Como se pode ver, era uma estrutura complexa que aqui não estará sendo mais detalhada para que o leitor não venha a impressionar-se negativamente, imaginando que se trata de um poder que supere o Poder Divino e que se deva temê-lo como alguma força maléfica indestrutível e irresistível.

Noticiamos para que os encarnados possam estar alertas para esse tipo de agremiação que, em verdade, não diverge muito das que já, há muito tempo, existem no ambiente material humano, nas grandes quadrilhas de criminosos de todos os tipos, organizados para melhor coordenarem as ações ilícitas, obtendo os maiores ganhos possíveis.

Não há muita diferença entre os dois tipos, até mesmo porque os Espíritos que compõem Organizações maléficas são do mesmo padrão daqueles encarnados que se atiram com volúpia sobre as riquezas alheias. Por serem de idêntico padrão, tais encarnados, quando perdem o corpo físico, muitas vezes se agregam a instituições similares que estão no mundo invisível inferior, dando continuidade ao mesmo tipo de conduta que tinham quando no corpo físico.

Por tudo isso é que Juvenal e Gabriel, o Aleijado, apesar de fazerem parte daquele ambiente, se sentiam tão desconfortáveis quando esperavam na ante-sala, aguardando o Chefe, sob a vigilância de dois homenzarrões mal-encarados.

Poder-se-ia dizer que traziam os pêlos arrepiados, se pêlos tivessem sobre a pele, só por estarem ali, apesar de pertencerem à mesma Organização.

No interior da sala da presidência, ocorria o seguinte diálogo:

— Como estão as coisas no caso que tenho interesse? — perguntou o Presidente, sério e determinado.

— Ora, meu senhor, estão indo muito bem. Já conseguimos alterar as disposições de Marisa que, por isso, influenciou Marcelo que, em decorrência, aceitou as nossas sugestões de desbancar Leandro e, para tanto, definiu como melhor estratégia, aproximar-se das três colegas a fim de, com isso, conseguir o que almeja para reconquistar o interesse da esposa.

— Muito bem. Segundo minhas previsões, então, mais alguns meses e tudo estará solucionado como desejo.

— Sim, Presidente, acredito que em dois meses tudo já esteja no ponto que o senhor espera para o golpe final.

— Ótimo. No entanto, as coisas com Glauco não andam com a mesma velocidade, não é?

Pigarreando pela surpresa inesperada, o Chefe retrucou, procurando parecer seguro de si:

— É que nós nos dedicamos, primeiramente, aos que estavam mais inclinados a nos aceitar as sugestões, meu senhor. Já estabelecemos um primeiro contato com Gláucia e Glauco e, em breve, Marisa estará se avistando com ele, ocasião em que pretendemos nos fazer mais diretamente presentes em seus pensamentos.

— Ele é muito importante para que nossos planos funcionem perfeitamente, Chefe, e espero que você não me decepcione já que tenho plena confiança em sua competência.

— Obrigado, Presidente. Esteja certo de que isso não vai acontecer, porque estou cuidando do caso pessoalmente.

— Assim espero também.

— Estarei utilizando alguns recursos de provocação mais poderosos a partir da próxima semana, quando todos os envolvidos já terão se permitido, segundo observo, cair sob o nosso controle mais intenso.

— Os recursos que possuímos estarão sempre à disposição de nossos objetivos e, para usá-los, basta solicitar, como você sabe fazer, e eles não lhe serão negados — disse o Presidente.

— Você sabe do meu pessoal interesse neste caso, e não deixarei de utilizar todas as forças para chegar aonde desejo.

Entendendo a poderosa vontade de seu interlocutor, o Chefe calou-se, abanando afirmativamente a cabeça e, com isso, a entrevista foi dada como encerrada.

Deixando o ambiente, convocou seus dois auxiliares e partiu de regresso aos gabinetes suntuosos do escritório, não sem antes avistar-se com os responsáveis pelos processos obsessivos mais intensos, aos quais informou que necessitaria receber a cooperação deles no aprofundamento de suas ações de convencimento — como costumavam chamar o processo obsessivo — visando o sucesso naquele caso de interesse pessoal do Presidente.

Acertado os modos mais adequados para que a tarefa continuasse dentro dos planos previstos, eis que, algum tempo depois, os três se encontram junto das nossas personagens novamente, observando-as e procurando certificar-se de que tudo está andando dentro do previsto.

Enquanto isso, Félix e Magnus conversavam, buscando o entendimento das questões que tinham sob a análise.

Na verdade, as duas luminosas entidades dispunham de recursos pessoais para se fazerem presentes no interior de tais Organizações e assistir suas reuniões sem que pudessem ser observados pelos seus integrantes, já que as diferenças vibratórias de ambos em relação aos que nela viviam lhes impunha uma invisibilidade natural, decorrência da falta de capacidade dos outros Espíritos em se sintonizarem com energias mais purificadas de que ambos eram portadores.

— Você está vendo, meu filho, como as almas não se modificam pelo simples fato de terem deixado o envoltório carnal entregue aos vermes da Terra?

— Sim, instrutor. É triste esta constatação, mas não resta dúvida que isso é a Verdade sob os nossos olhos.

— E por mais que Deus ofereça para todos os seus filhos os tesouros celestes da beleza, da compaixão, da fraternidade, ainda a maioria lhe dispensa as concessões para se aferrarem aos instintos de vingança, de ódio, de cobiça e do crime com os quais complicam a própria vida.

Quanto lhes abreviaria o sofrimento um simples gesto de perdão sincero, esquecendo a ofensa. Como lhes seria positivo o fato de se deixarem levar pelo convite do Bem, partindo para a transformação pessoal com a mudança dos sentimentos.

Uma simples lágrima que derramassem, nos cansaços do Mal, nos desgastes do crime repetido, na frustração de décadas ou séculos de malograda existência na viciação poderia modificar-lhes o rumo do destino, uma vez que a menor demonstração de arrependimento lhes facultaria a ajuda que Deus lhes estende constantemente, mas que não entendem, não enxergam ou não querem receber.

Magnus escutava, com atenção e interesse e, aproveitando as referências de Félix, acrescentou:

— E o mais interessante é que os encarnados também aceitam esse tipo de influência negativa, quase que sem nenhuma diferença dos que não têm mais o corpo físico.

— Muito bem lembrado, Magnus. As mesmas afirmativas valem para os encarnados que, sem qualquer cuidado com o pensamento, com as palavras, com os sentimentos e as atitudes, se associam aos Espíritos que lhes observam as inclinações para lhes servirem de instrumentos ativos no mesmo plano baixo dos desejos inferiores ou no plano superior dos ideais nobilitantes.

Tudo é uma questão de direção ou de escolha pessoal, meu filho.

Se Marisa não tivesse aceitado as sugestões inferiores das entidades que se imiscuíram em seu mundo íntimo porque encontraram espaço em sua leviandade e futilidade pessoal, não teria modificado seu comportamento com o marido e nada disso estaria acontecendo agora.

A mesma coisa ocorre em cada lar, quando as pessoas não cuidam dos assuntos, dos comentários negativos.

Cada palavrão desferido por uma boca frouxa, acostumada aos xingamentos como forma de desafogo, é comparável a um caminhão de lixo que verte sua caçamba no interior do ambiente, repercutindo, não apenas nas vibrações escuras que ficam reverberando pela atmosfera do lar, como atingem a cada um dos seus integrantes, na medida de suas sensibilidades, produzindo mal-estar, revolta, depressão, sofrimento, lágrima,

No documento Despedindo-se da Terra (Chico Xavier) - PDF (páginas 92-100)