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Vidente de plantão e a sintonia com o mal

No documento Despedindo-se da Terra (Chico Xavier) - PDF (páginas 191-199)

VIDENTE DE PLANTÃO E A

SINTONIA COM O MAL

Depois de ter tido a primeira entrevista de trabalho com Glauco, Marisa se recordou de um recurso que estava deixando de lado, nos seus planos para fisgar o rapaz.

— Não foi à toa que Glauco me falou sobre esse negócio de Espíritos. Eu estava me esquecendo de usar também essa possibilidade para facilitar o meu caminho... — pensou Marisa, disposta a buscar ajuda nas forças invisíveis.

Ao seu lado, as mesmas entidades obsessoras que a envolviam se mantinham a postos para estimular-lhe o desejo de ir buscar a ajuda invisível, mas não dentro dos padrões que o rapaz lhe havia aconselhado.

Depois que chegou em casa, procurou em seus antigos guardados e, dentro de uma caixa de sapatos, encontrou um papel amarelado com o endereço de uma pessoa a quem se atribuíam maravilhosos poderes de magia, visão do futuro, capacidade de solucionar problemas amorosos, de desembaraçar a vida material e afetiva, etc, etc,etc.

Marisa já tinha usado tais recursos em outra ocasião, antes de se casar com Marcelo e, segundo se recordava agora, ficara surpresa com esse mecanismo desconhecido que lhe parecera eficaz na solução de suas dificuldades.

Não importava que tivesse que pagar para conseguir o que queria.

— Ora, o que é a vida senão pagar para conquistar o que sonhamos? Não pagamos pelo batom, pela tintura no cabelo, pela roupa mais bonita? Tudo por aqui não é pago, desde a água que bebemos na torneira até o médico que pode salvar ou não salvar uma vida, dependendo do dinheiro que a pessoa tenha? Que importa que precise pagar?... um serviço é sempre um serviço e, se para a dor de dentes vamos ao dentista, para o problema legal vamos ao advogado, para os problemas que os homens não sabem resolver, vamos procurar os profissionais adequados nas coisas misteriosas. Nada mais justo do que pagar para conseguir o que queremos.

Quando encontrou o papel, imediatamente ligou para o número telefônico a fim de se certificar de que as coisas continuavam como antes.

Uma voz metálica atendeu à chamada: — Alô, com quem quer falar?

— A... lô — respondeu, hesitante e nervosa, Marisa — quero falar com a dona Mércia.

— É para marcar consulta? — É... ela ainda está trabalhando?

— Qual é o seu problema, minha filha? — perguntou a pessoa, meio irônica do outro lado.

— Bem... preciso de ajuda afetiva...

— Ah! Dona Mércia está sempre disponível desde que o interessado esteja disponível também para pagar o preço da consulta.

— Sim, eu sei que ninguém trabalha de graça...

— É, ainda mais agora que ela está atendendo muito político importante, neste período de eleições... Sua agenda está lotada.

— Mas não dá pra conseguir um "encaixe"? Eu tenho um pouco de pressa, porque o caso é urgente...

— Nada que algumas notas a mais não resolva. Como é o seu nome? Com receio de dizer o nome verdadeiro, Márcia inventou:

— Meu nome é Carina...

— Tudo bem, Carina... você pode vir na semana que vem.

— Não, na semana que vem é muito tarde. Pago qualquer coisa, mas tem que ser esta semana.

— Bem, nesse caso, pode vir amanhã, às dezoito horas.

— Eu já consultei dona Mércia há alguns anos e o lugar ficava perto do aterro e de um supermercado, na rua Lisboa....

— Isso mesmo, ela continua no mesmo lugar.

— Está bem, amanhã estarei aí. E quanto é a consulta?

— Bem, se for só consulta, vai custar quinhentos. Mas se tiver que fazer outras coisas, aí o preço muda. Pagamento sempre em dinheiro. Nada de cheque.

— Tudo bem. Não tem problema. No entanto, espero que ela garanta o resultado.

— Ela se orgulha de nunca decepcionar a clientela. Até amanhã — falou ríspida, a pessoa, desligando a seguir.

Marisa tremia inteira pelo nervoso, mas a euforia de estar lutando para a edificação de seu destino compensava a sua angústia.

No dia seguinte, no horário marcado, lá estava ela, simplesmente vestida, para a fatídica entrevista.

O local era de aspecto desagradável tanto pelo prédio quanto pelo ambiente. No plano espiritual, uma grande quantidade de entidades de horrível aspecto se mantinha indo e vindo como que a cumprir ordens e trazer notícias.

No interior daquela casa de bairro, uma mulher desgastada pelo tempo parecia ser o centro energético de um aglomerado de Espíritos que lhe sugavam certa quantidade de forças, como se ela fosse uma usina que abastecia seres que se sucediam nos receptores magnéticos, de tempos em tempos.

Todos se ligavam à mulher como servos que lhe atendiam às chamadas e se dispunham a receber pagamento pela fidelidade canina.

Tomando conta de tal grupo, um Espírito de feições desagradáveis se antepunha a qualquer deles, considerado como o "guardião" da médium Mércia.

Tudo era manipulado por esse Espírito inferior, cuja linguagem chula e modos agressivos mantinha a ordem entre os outros Espíritos, esfomeados, a solicitarem constantemente autorização para sugar um poucodas energias de dona Mércia.

Sem o saber, ela era um boneco na mão das entidades que usavam da sua casa e de seu ser como ponto de negócios escusos entre os mundos visível e invisível. Acostumada ao comércio barato, imaginava que a mediunidade fosse, apenas, a possibilidade de ganhar a vida da forma que mais lhe parecesse conveniente.

Sem desejar se aprofundar em estudos e desajustada nos centros energéticos pelo padrão de sintonia a que se permitira chegar, não era mais capaz de se sintonizar com entidades amigas e benevolentes que sempre haviam tentado ajudá-la na modificação de sua trajetória, que se fazia irresponsável e criminosa.

Afastada das necessidades materiais imediatas da vida pela cobrança de valores em dinheiro ou em vantagens outras, usando as percepções mediúnicas, dona Mércia se permitiu apartar do caminho reto e seguro de uma sensibilidade vivida a serviço de Jesus e, por isso, passara a associar-se com os Espíritos de péssima estirpe, nos quais depositava confiança cega ao mesmo tempo em que, deles recebia cooperação fiel e eficiente em muitos casos da vida.

No início, naturalmente, sua discrição e o pouco conhecimento do público a seu respeito lhe garantiam um certo sossego. No entanto, à medida que as suas "rezas" passaram a ser eficazes além do que ela própria podia esperar, uma verdadeira procissão

de criaturas passou a buscar suas palavras, visões e vaticínios, o que a obrigou a se profissionalizar, inclusive com a organização de uma central de atendimento telefônico para a marcação de consultas.

Pelo caráter naturalmente sigiloso das consultas, sua casa passou a ser visitada por muitas pessoas importantes que, geralmente nos horários noturnos, entravam por uma portinha lateral, ocultados pelo véu da escuridão e por ali também saíam, depois de terem submetido à sua apreciação os problemas mais graves e solicitado as coisas mais absurdas.

Matar adversários, destruir carreiras, arruinar casamentos, transformar destinos, realizar ajustes na sorte, mesmo que isso tivesse que prejudicar a vida alheia, era o tipo solicitação de seus consulentes e a modalidade de trabalho ao qual dona Mér, como era conhecida, se ajustava com naturalidade e sutileza.

Experiente, graças aos longos anos de convivência com a personalidade humana, sabia entender nas entrelinhas as intenções do consulente que a contratava e, longe de colocá-lo em situação constrangedora obrigando-o a expor completamente suas intenções, facilmente abreviava o assunto, entendendo que, mesmo aqueles que desejavam matar seus desafetos tinham lá os seus escrúpulos em assumir tais intentos de forma clara.

Dar um jeitinho em tirar do caminho, afastar o problema, solucionar sem barulho, desamarrar os nós, dar um jeito na pessoa, eram eufemismos que ali tinham uso corriqueiro, querendo, sempre, significar tirar a vida, arruinar, fazer calar a pessoa inconveniente, entre outras significações.

Nessas tarefas, as forças mediúnicas de Mércia eram usadas por Espíritos inferiores, sempre interessados na conquista de bens materiais ou de sensações mundanas.

Com isso, mantinham Mércia sob seus cuidados ao mesmo tempo em que obtinham os fluidos vitais produzidos com maior intensidade pelo seu organismo, com o qual se sentiam vitalizados.

Assim que chegou ao ambiente, Marisa foi recebida por um ajudante de dona Mércia, provavelmente aquele que houvera atendido ao telefone no dia anterior.

O tom da voz o acusava, principalmente a maneira direta com que tocou no assunto do pagamento:

— São quinhentos, adiantado...

— Ah! Pois não — falou Marisa, nervosa.

— Pode esperar sentada aí que, logo, dona Mér vai atender.

Falou isso e, depois de pegar o dinheiro, desapareceu por uma porta.

Alguns minutos depois, uma pequena campainha tocou e uma voz rouca pronunciou o nome Carina.

Por um instante, Marisa permaneceu sentada como se estivesse esperando a entrada de alguma outra pessoa que a antecedesse na consulta.

— Carina... — repetiu a voz... — pode entrar

Somente aí é que Marisa se lembrou de que havia modificado o próprio nome. Levantou-se, rápido, e foi entrando devagarzinho, suspendendo a cortina roxa que vedava o quarto de onde a voz provinha.

— Sente-se aí, minha filha.

— Obrigada — respondeu a moça... mais nervosa ainda.

— Pode falar o que a incomoda... — disse dona Mér, uma senhora com seus quase cinqüenta anos.

— Sabe, dona Mér, eu já precisei de sua ajuda há alguns anos e tudo deu tão certo que me lembrei de seu poder. Por isso estou aqui, novamente.

— Pois então, minha filha, não tenha medo. Pode falar o que a traz de novo até aqui...

— É um problema do coração....

E usando de seu poder mediúnico, enquanto Marisa/Carina falava, Mér passou a ouvir a voz do Espírito que a dirigia o qual, por sua vez, conversava com a entidade que perturbava Marisa, o nosso velho conhecido Chefe.

O entendimento se dava, como podem ver, de Espírito perturbador para Espírito perturbador.

— Hummmm... sim... ahuuu!

A vidente ia pronunciando monossílabos enquanto dava a impressão de estar conversando com alguém do mundo invisível, o que apavorava ainda mais a jovem.

— Bem, pelo que posso captar de seu caso, você está infeliz no casamento e apaixonou-se por um outro rapaz.

Surpresa com a exatidão das informações, Marisa/Carina afirmou, alarmada pela frase certeira de dona Mér:

— Puxa vida, já havia me esquecido do quanto a senhora era boa nisso... É exatamente o que está acontecendo.

E para mais impressionar a consulente, atendida pelas informações de seu "guardião", a médium continuou demonstrando sua capacidade de visualização do caso.

— Mas o rapaz não está livre, não é mesmo? Tanto quanto você já está presa ao casamento, ele está prestes a se comprometer com alguém que ama.

— Sim, dona Mércia... — respondeu Marisa, algo descontrolada, beirando às lágrimas... — Estou apaixonada e não quero perdê-lo para a outra.

— Bem, minha filha, as questões do coração são as mais complicadas para se resolverem.

— Mas sempre soube de seus poderes para solucionar tudo o que lhe fosse apresentado.

— Bem... minha fama é fruto de muitos anos de trabalho. No entanto, quando falamos de sentimentos, nossos recursos estarão sempre limitados pelo poder de resistência daqueles que tentamos transformar.

— Como assim?

— Cada um tem uma vibração. Para que possamos atingir a pessoa, precisamos encontrar uma passagem em sua estrutura, um momento de fraqueza, uma tentação não resistida, uma forma de superar os pudores, tudo isso torna mais fácil a nossa ação. Quando a pessoa, homem ou mulher, opõe uma resistência tenaz, as coisas se complicam. Por esse motivo é que o preço de consultas dessa natureza é mais alto.

Temos que usar mais "operários invisíveis" para dar conta do recado.

Quando é questão de estorvo no caminho, basta arrumar uma dorzinha na pessoa que está causando problema e isso já tira a criatura do rumo.

Quando o problema é de dinheiro, alguns ajustes nas coisas da Terra podem facilitar o sucesso material do indivíduo.

Quando se trata de fazer o ódio aparecer, a desavença eclodir, isso é um dos trabalhos mais baratos, porque é como levar o fogo á gasolina. As pessoas estão prontinhas para se incendiarem.

No entanto, quando é para fazer alguém gostar de outra pessoa, isso é mais complicado. O afeto parece criar uma barreira poderosa que, somente com muito empenho dos nossos trabalhadores, em geral contando com o deslize do indivíduo atacado, é que conseguimos vencer, quando conseguimos.

Por isso, não vou iludi-la com fantasias. Para mexer com as coisas do sentimento, tudo é mais complicado.

— Mas eu pago quanto for necessário.

— Tudo bem, o dinheiro ajuda muito e pode abrir muitos caminhos. No entanto, vai depender de você também, porque se não houver nenhum momento de fraqueza do rapaz, será um insucesso total e neste caso, não devolveremos o dinheiro, já que você foi avisada e aceitou correr o risco.

— Mas o que eu tenho que fazer? Trazer alguma roupa, algum objeto pessoal, alguma coisa que ligue o rapaz a você?

— Não. Você deve descobrir algum segredo que ele oculte de todos ou, o que é melhor, deve colocá-lo em situação de tentação, porque, assim, nós o envolveremos com nossos trabalhadores para que, na hora da fraqueza, tudo se consuma.

— Quer dizer que se eu der o primeiro passo, depois disso vocês fazem o resto? — Sim. Se você conseguir alguma coisa que possa romper a ligação afetiva entre ele e a noiva, isso vai facilitar todo o trabalho. E pelo que estou vendo, a noiva é uma pessoa muito bem protegida, tanto quanto o rapaz.

— Eu não sei de nada. Só sei que quero conquistar o cara Confiarei em sua capacidade e pagarei o que for preciso. No entanto não gosto de ser enganada.

— Esteja certa de que nós duas não gostamos de ser enganadas Devo chamá-la de Carina, o nome que você deu ao telefone, ou de Marisa, o seu verdadeiro nome?

Colhida de surpresa com a demonstração de tal poder de penetração, sem imaginar que tudo aquilo estava sendo conseguido com a ação das entidades negativas que a acompanhavam e se entendiam do lado invisível da vida, Marisa estampou o rosto avermelhado e, desconversando, respondeu:

— Quando tudo tiver dado certo, direi à senhora como é que me deverá chamar. — Combinado. Não desejo perturbar o sossego de ninguém que me procura. Acho que todos têm o direito de se esconder como queiram. No entanto, não se esqueça de que está avisada. E pelo que pude observar, não está longe a oportunidade de você se avistar com o cobiçado rapaz.

— Sim... dentro de alguns dias estarei em seu escritório novamente.

— Pois então, não perca tempo, porque desde agora iremos trabalhar para facilitar as coisas, mas vai ficar dependendo de você a aceleração de tudo.

— Está bem... farei o que estiver ao meu alcance. — Pois bem. Volte aqui em duas semanas.

— Combinado

E dizendo isso, dona Mér deu por encerrada a entrevista, enquanto Marisa/Carina dava ao atendente, fora da sala do encontro, o nome e o endereço do rapaz para que os primeiros trâmites pudessem ter início.

O recado no celular de Marcelo era explícito.

Sílvia estava mais ousada do que nunca. E como pretendia mudar os locais de seus encontros clandestinos, deixou-lhe o novo endereço, marcando dia e horário, além de especificar o número da suíte onde o esperaria para o colóquio especial. Cada um seguiria com seu carro e lá se encontrariam.

Dentro de suas rotinas e compromissos, Sílvia marcara o encontro para a próxima semana e, por isso, a data escolhida pela colega de escritório coincidia com a data da volta de Marisa ao escritório de Glauco. Somente o horário era diferente.

A consulta de Marisa era às dezesseis horas enquanto que o encontro de seu marido e Sílvia, os aventureiros da emoção irresponsável, estava fixado para as dezoito horas, no endereço estipulado pela melosa voz da ousada mulher.

Contavam eles que Marisa não se ocuparia de escutar seus recados, como nunca se deram a esse trabalho nenhum dos dois cônjuges.

No entanto, Marcelo não sabia que a esposa, desde aquele dia em que flagrara as três gravações, passara a fiscalizar o conteúdo de sua caixa postal, sempre depois que ele chegava em casa após o trabalho.

No meio da noite, a mulher astuta se dirigia ao gabinete de entrada do apartamento, onde Marcelo deixava seus pertences pessoais, tomava o aparelho celular, levava-o para o quarto onde continuava dormindo sozinha há algum tempo e, quando escutava algo suspeito, tratava de gravar a mensagem, devolvendo o aparelho no mesmo local, certificando-se de que o marido não estaria percebendo sua conduta.

Na mesma noite de sua consulta com dona Mér, na averiguação que realizava nos recados do celular do marido, Marisa constatou a mensagem sedutora e indubitável de Sílvia, sem saber, no entanto, de quem se tratava.

Sem qualquer abalo em seu sentimento, a constatação de tal prevaricação flagrante, com data, hora e lugar marcados, seria o trunfo que precisava para envolver Glauco.

Inspirada pelas entidades que a perturbavam no equilíbrio da emoção, planejava como se estivesse, apenas, revendo os passos do grande momento largamente esperado.

Sim... tudo se ajustava e essa descoberta a fazia crer ainda mais na intervenção dos Espíritos contratados, conforme lhe havia prometido dona Mér.

Enquanto isso ia acontecendo, Félix, Alfonso e Magnus se punham a campo, para que, apesar dos esforços do Mal, as atitudes da maldade encontrassem na própria maldade o remédio que as tratasse.

— Você está observando, Magnus — disse Alfonso — que o mal é um desajuste de quem o vive, mais do que um poder personalizado. A ignorância de seus efeitos dá ao que o pratica, a ilusão de poder e de invencibilidade. No entanto, todos acabam reduzidos ao sofrimento por suas próprias atitudes tresloucadas.

Complementando a observação, Félix aproveitou para dizer:

— Pelo que podemos vislumbrar do ponto de vista que observamos as coisas, não restará quase ninguém livre dos espinhos que estão semeando nos caminhos de seus semelhantes.

— É verdade, instrutor — respondeu Magnus. — Quanto mais entendemos as coisas espirituais e suas leis infalíveis, mais nos afastamos da idéia de um Bem inerte diante de um Mal diabólico e astuto.

A resposta de Magnus despertou o comentário de Alfonso:

— Essa primeira impressão também é fruto do imediatismo que a ignorância humana propicia a todo aquele que deseja resolver seu problema rapidamente e a qualquer preço, sem se atentar para o fato de que ele pode ter sido gerado por séculos de desregramentos.

Como conseguir arrancar uma árvore secular usando apenas o poder de uma tesoura? Mas é assim que as criaturas pensam em conseguir aquilo que lhes parece mais vantajoso.

Somente enquanto existirem tolos é que vai existir espaço para levianos jogadores com as forças espirituais. Somente enquanto as leis do Universo forem ignoradas é que esses charlatães, que se auto-proclamam médiuns, poderão exercer a sua fantasia terrorista. Quando o esclarecimento permear a humanidade, ninguém vai mais

imaginar que a Lei de Justiça e a Misericórdia de Deus valem menos do que uma garrafa de bebida ou um animal morto rodeado de velas em alguma encruzilhada do caminho.

A sintonia com o mal é algo que possui duas vias. Tanto serve para solicitar favores quanto acaba trazendo ao solicitante as conseqüências desse conúbio espúrio e perigoso, cujo preço é sempre muito mais caro do que os favores que possa parecer conseguir.

Isso sem nos referirmos à questão da sintonia da vítima a quem se destina esse tipo de ritual. Se o destinatário do mal não estiver vibrando no mal, tais forças não conseguirão atingi-lo. É por isso que a pessoa a quem se dirigiu o encantamento, sabendo que foi objeto de algum "trabalho" ou de alguma coisa misteriosa, acaba por ficar amedrontada com um fantasma que não compreende e, pelo medo que começa a sentir, passará a se impressionar com qualquer coisa negativa que lhe aconteça, mesmo com um simples tropeção no tapete de sua casa.

Antes de saber, esse evento seria interpretado como descuido ou distração. Depois que a vítima do misterioso "despacho" fica sabendo que está sendo objeto de uma ação oculta, o tropeção passa a ser “empurrão”, "trança-pé", coisa do tipo.

Isso propicia a fragilidade emocional necessária para a penetração das entidades perseguidoras no seu campo vibratório e, a partir de então, a sua sintonia no medo é que

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