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Múltiplas astúcias e proteções específicas

No documento Despedindo-se da Terra (Chico Xavier) - PDF (páginas 161-170)

MÚLTIPLAS ASTÚCIAS E

PROTEÇÕES ESPECÍFICAS

De posse da gravação das três mensagens ouvidas no celular do marido, Marisa aguardava o momento da primeira entrevista com Glauco, na sede da empresa em que trabalhava como consultor, com a desculpa de pedir-lhe orientações para a abertura de um negócio próprio.

E se, inicialmente, havia ficado contrariada pelo fato de o primeiro encontro ter sido marcado com um lapso temporal de dez dias, agora, com as provas da traição do marido, bendizia a sorte que lhe concedera tal prazo graças ao qual reunira os indícios que dariam mais consistência àssuas palavras.

A semana começara e, preparando-se para as próximas jogadas, Marisa atirou-se com afinco na obtenção de informações adequadas para quem deseja dar início a um trabalho autônomo, no ramo do comércio de bijuterias em algum Shopping Center.

Marcelo, por sua vez, regressara à rotina do escritório, revestindo-se de cuidados especiais para que não se levantasse suspeitas acerca de seu envolvimento com as três amigas ao mesmo tempo e, de igual sorte, para que não mudasse sua conduta com nenhuma delas.

Logo pela manhã, encontrou-se com Camila em sua sala, quando foi recebido com uma dose a mais de intimidade do que aquela que existia antes da troca dos beijos calorosos.

— Marcelo, pensei muito em você no final de semana... — disse Camila, ao abraçar o amigo assim que entrou, como de costume, depositando-lhe um rápido beijinho em seus lábios.

Sentindo-se desejado pela mulher que também cobiçava, Marcelo buscou certificar-se de que a porta estava fechada e respondeu cavalheiresco, ainda que sua consciência lhe dissesse que não havia sido bem assim, como suas palavras iriam dizer:

— Eu também, Camila, pensei muito em você. Acho que nossa aproximação tem sido algo muito bom, mas, ao mesmo tempo, tem me deixado confuso.

— Como confuso, Mar...?

— Sim, Camila, confuso porque meus sentimentos ficaram embaralhados. Seu beijo, seu calor, sua maneira de me fazer sentir importante, conflitam com as minhas responsabilidades.

— Mas nós somos adultos, Marcelo, e se você se sente desse jeito quando nos colocamos mais próximos é porque existe um vazio em seu coração, acomodado talvez a uma relação que já não lhe satisfaz.

— É isso que também me tem incomodado, Ca... Antes de estarmos mais próximos, tudo corria normalmente. No entanto, com o decorrer do tempo, passei a perceber as rotinas do casamento se fazendo mais pesadas e as dúvidas cresceram. Pessoalmente, quero que saiba que não desejo envolvê-la para tirar proveito ou iludi-la. Você me faz muito bem e, de minha parte, não gostaria de lhe causar qualquer sofrimento.

As palavras de Marcelo eram sinceras, próprias de um coração que está se entregando ao sentimento apaixonado, iludindo-se com a beleza da jovem que bem sabia utilizar seus atributos para confundir os corações masculinos que a requestavam.

Além disso, eram ditas em tom de tristeza, tornando-as ainda mais pungentes aos ouvidos de Camila que, assim, tinha certeza da dificuldade afetiva que ardia no íntimo de Marcelo.

Atraída por tal fragilidade, Camila, inteligente, respondeu tomando entre as suas, as mãos do rapaz:

— Mar, não se preocupe tanto. Eu também tenho sentido o mesmo por você, com a vantagem de não estar envolvida com ninguém. Todavia não vou tornar a sua vida um inferno. Cada um de nós poderá desfrutar desse sentimento como dois adultos que se entendem bem, até que, de sua parte, você esclareça estas questões consigo mesmo e, se o futuro permitir, possamos nos fazer mais próximos... que tal?

Vendo a forma compreensiva de Camila em não pressioná-lo na adoção de condutas visando assumir um novo relacionamento, com a ruptura da união conjugal, Marcelo sorriu, agradecido, e respondeu:

— É por isso que as coisas têm ficado cada vez mais difíceis para mim, Ca. Você é muito especial, muito importante a cada dia que passa, em minha vida.

— Então, Marcelo, vamos continuar vivendo um dia de cada vez.

Acariciou o rosto do rapaz e, para mudar o rumo da conversa, falou sussurrando, como se as paredes tivessem ouvidos:

— Marcelo, eu flagrei outra invasão de Leandro nos meus casos. — Não é possível, Ca. Esse cara não aprende?

— É — respondeu a moça — ele está cada vez mais ousado.

— É uma falta de respeito com sua privacidade. Está dizendo, com isso, que desconfia de sua honestidade na condução dos casos e insinuando que você pode estar desviando recursos do escritório.

— É, já pensei em tudo isso. Mas você não sabe do pior. — Fale... fale...

— Eu desconfio que quem está desviando valores é ele próprio. — Como assim? — perguntou Marcelo, curioso.

— Eu tenho um cliente que possui parentes ligados a Leandro, também na condição de constituintes, valendo-se de seus serviços advocatícios.

— Sim...

— E meu cliente me tem informado de que seus parentes têm tido encontros sigilosos com Leandro, fora do escritório, onde lhe fazem entregas de dinheiro, com a desculpa de que se trata de propina para comprar decisões favoráveis e que, obviamente, não pode ser declarada.

Quando meu cliente soube dessa prática, procurou-me para perguntar se, no caso dele também, eu não poderia adotar essa rotina. Tomo eu estava desinformada do assunto, pedi que me explicasse qual era o procedimento que Leandro estava usando, ocasião em que fui colocada ao corrente dos fatos.

Coçando a cabeça como fazia diante de um enigma desafiador, Marcelo respondeu, intrigado:

— Mas isso é muito grave, Camila. Esse negócio de pedir dinheiro por fora é muito sério. A gente sabe que existem autoridades e autoridades, algumas das quais, de forma velada, solicitam favores, indicam caminhos com base na troca de interesses. No entanto, como é que se pode comprovar que esse dinheiro não era, na verdade, para o próprio Leandro?

— É isso que eu também penso, Mar. Depois que me informei desse assunto, passei a observar melhor o procedimento dele. E, para minha surpresa, constatei que essa rotina não era somente com o meu cliente. Várias vezes pude perceber que ele mantinha encontros com outros em pontos estratégicos da cidade. Uma vez, inclusive, arrumei uma desculpa para sair no mesmo horário e, com muito cuidado, segui o seu carro até o ponto marcado. Com uma máquina fotográfica, tirei vários instantâneos de sua chegada ao local, da chegada dos seus "clientes", carregando uma pasta com os "documentos" e, por fim,

de sua saída com a entrega sob sua guarda.

Intrigada com a prática, contratei um detetive por alguns dias e, sabendo que a coisa era mais grave do que parecia, consegui uma série de informações, fotografias novas e informações confiáveis que atestavam o depósito em diversas contas, todas em seu nome.

Isso coincidia, às vezes, com a compra de algum novo carro, desses caríssimos que todos sonhamos ter.

Pensando nas repercussões dessa descoberta, dentro dos planos que tinha em tomar- lhe o lugar, Marcelo aguçou seu interesse pelas notícias.

— Mas e o Dr. Alberto, Camila, será que ele não sabe disso tudo?

— Não faço a menor idéia, Mar. O velho já está meio afastado desses processos e se ocupa em administrar o seu império, recolhendo a parte gorda que lhe cabe. Deve imaginar que Leandro dê os seus pulinhos, mas, diante das vantagens, deve fazer vistas grossas. Vai saber também quanto é que o velho não extorquiu ao longo de sua vida, obtendo recursos com esse tipo de conversa.

— Não se esqueça, Marcelo, ele é advogado mais antigo do que nós... Observando as referências maliciosas de Camila, Marcelo disse, indignado:

—Tudo bem, Camila, os advogados são treinados para "resolver" os problemas pelos meios possíveis ou impossíveis. No entanto, nunca tive cara de pau de levar dinheiro para autoridades nem para, com tal desculpa, embolsar recursos valendo-me de mentiras e de estratégias de corrupção.

— É por isso, Marcelo, que nós estamos tão abaixo na escala de importância do escritório. Se já nos tivéssemos comprometido com os esquemas podres, já teríamos subido e, certamente, estaríamos andando com carrões como os que eles têm. Só que eu penso que um dia isso tem que acabar....

Escutando as palavras de Camila, dentro do mesmo diapasão te suas intenções, Marcelo aproveitou a deixa e respondeu:

— Eu penso a mesma coisa, Ca. Um dia tudo isso tem que acabar e,ao invés de usarem a gente para conseguir clientela e abastecerem com nosso suor os esquemas corruptos em que se metem, perderão a reputação que parece possuírem, com a queda da máscara de honestos e guardiães ilibados da ética e da honradez.

— De minha parte, Marcelo, eu sonho com esse momento. Não em tirá-los do posto, mas em verem suas caras quebradas pelo aparecimento da verdade. E eu desconfio que Leandro me vigia os passos por saber que tenho alguma ligação com os clientes que ele vem usando para obter dinheiro com mentiras. Como sabe de minhas relações profissionais, parece que se coloca no meu encalço de forma ameaçadora para me intimidar ou me lembrar de que está me vigiando. Nem imagina, o idiota, que tenho até fotografias de suas aventuras.

Calado com o peso das notícias, Marcelo demonstrava indignação econcordância com as suspeitas da jovem.

Vendo que o rapaz se mantinha favorável aos seus propósitos, Camila continuou, cautelosa:

— Mas, na verdade, eu não tenho como, sozinha, lutar contra esses tubarões. Facilmente me devorarão e eu parecerei uma tola ambiciosa com interesse em subir profissionalmente, derrubando os superiores. Acho que tais documentos vão acabar esquecidos em meus arquivos particulares porque não sei como fazer para acabar com essa perseguição.

— Eu acho que você tem todos os trunfos na mão, Camila. São indícios fortes da participação de Leandro em negócios escusos e que podem estar lesando os interesses do próprio Alberto. Para que possamos conseguir esse intento, ao menos o de desmascarar o

maldito ladrão, precisamos comprometê-lo diante do dono, apresentando as provas que colocarão Leandro em uma situação, no mínimo, delicada e desconfortável. Além disso, existem as investidas clandestinas dele em relação à sua privacidade. Somadas a isso, as contas bancárias recheadas, as tratativas externas, as fotografias parecerão coisa pequena diante do oceano de podridão.

Você pode contar, ainda, com o depoimento do seu próprio cliente que, de maneira natural, veio lhe pedir que usasse os mesmos meios que Leandro estava usando para conseguir os favores da lei na solução de suas pendências.

Vendo como Marcelo se envolvia na questão, Camila afirmou:

— Sabe, Mar, eu gostaria de ser assim como você. O que mais me admira num homem é a sua coragem, a sua inteligência, a sua capacidade de lutar pelas causas certas onde os princípios morais mais elevados prevaleçam. Pena que eu seja mulher, sempre em uma posição muito mais delicada. Se eu fosse homem, partiria para a confrontação porque é exatamente isso que mais me atrai na força masculina, a capacidade de ir às últimas conseqüências para que os valores e princípios sejam defendidos.

— Ora, Camila, mesmo como mulher você pode fazer isso.

— Mas minhas chances de sucesso ou crédito são insignificantes Estou sozinha e isso já é o suficiente.

— Claro que não, Camila! Você não está sozinha. E eu, o que estou fazendo aqui?

— Ora, Marcelo, esse negócio não é com você, meu amigo. Isso faz parte de meus problemas e poderia custar até mesmo a vida de qualquer pessoa. Sim, Marcelo, as coisas são tão graves que podem chegar até o risco de ser assassinado.

Como são assim, é melhor permanecer sozinha e viva, do que almejar defender a verdade e acabar no cemitério. Você não acha que sou muito nova para morar debaixo da terra?

Enquanto perguntava isso, carinhosa, Camila se aproximou de Marcelo, que estava de pé, olhando pela janela o movimento da rua lá embaixo e envolveu-o com seus longos braços perfumados, como a lhe pedir o conforto de seu peito masculino e acolhedor.

— Você não nasceu para morar debaixo da terra, Ca... você tem, em meu peito, um local mais quente e agradável para viver....

Segurou a cabeça da jovem que se estava entregando, carente, aos seus carinhos e, entrelaçando seus dedos nos longos cabelos aloirados da nuca, direcionou os lábios passivos e ansiosos de Camila para o encontro com os seus, na renovação do ósculo cada vez mais apaixonado, com o qual Marcelo demonstrava o seu sentimento e sua ligação com a moça.

A cena apaixonada manteve ambos enlevados por alguns instantes, até que as necessárias atividades e a chegada de mais pessoas ao escritório aconselhavam que se separassem, prometendo-se sigilo sobre todos os assuntos que passavam a fazer parte da intimidade dos dois, fosse em relação a Leandro, fosse em relação aos seus sentimentos.

No entanto, dentro da cabeça do rapaz, as condições para o golpe em Leandro estavam se delineando cada vez mais.

Havia provas, então....

Leandro era vulnerável... tinha o "rabo preso"... fazia coisas indecorosas e que poderiam demonstrar a Alberto a sua desonestidade....

Todas estas idéias surgiam em sua mente excitada pela possibilidade de seus planos estarem sendo conduzidos na direção revista, graças à confiança de Camila.

O Chefe e Juvenal se mantinham a postos, com as técnicas de indução negativa, estímulo favorável e ideação fotográfica, através das quais, faziam chover sobre

Marcelo um mar de informações, idéias e inspirações que o estimulavam no caminho maldoso a que se permitia, desde que passara a buscar melhorar sua posição profissional não por seus méritos, mas, sim, por sua conduta baixa.

O cérebro de Marcelo fervia.

Inúmeras idéias circulavam em torvelinho, temperadas pela maneira doce com que Camila se referia às qualidades masculinas que lhe causavam admiração. Ele poderia ser, finalmente, o homem dos sonhos daquela beldade carente e em situação delicada diante do perseguidor Leandro.

Suas ambições profissionais se uniram aos seus anseios viris, envolvendo-se mais profundamente com Camila, ainda que não tivessem mantido, ainda, nenhum relacionamento íntimo como acontecera com as duas outras.

Camila correspondia ao prêmio apropriado aos seus ideais conquistadores de galante varão, enquanto que Marisa não passava de uma dondoca superficial que apenas usufruía do padrão de vida que ele oferecia e, um dia, fora sua parceira sexual.

Não. Marisa não chegava aos pés de Camila.

E enquanto ia pensando desse modo, os Espíritos que o "ajudavam" continuavam a aprovar o conteúdo de suas idéias, mais e mais estimulando em sua alma a noção de insatisfação afetiva, nas comparações sempre desfavoráveis à manutenção da união com Marisa.

Já a possibilidade de se ver reconhecido por Camila como o eleito de seu afeto lhe produzia uma euforia na alma, transformando seus pensamentos e aconselhando a adoção de todas as condutas mais adequadas para que, de uma só tacada, pudesse conseguir realizar todos os seus objetivos.

Derrubaria Leandro e se tornaria o companheiro de Camila, rompendo a união com Marisa e conseguindo a felicidade que, até então, não havia desfrutado com mulher alguma.

Enquanto seus planos prosseguiam, ao lado dos planos de Marisa, Sílvia e Letícia também planejavam, tendo-o como centro de suas estratégias.

Sílvia, encantada com as sensações sexuais que vivenciara em sua companhia, já havia demonstrado o interesse em renovar aquele encontro de intimidade e devassidão.

Acostumada ao exercício insaciável da sexualidade, Sílvia também viciara os centros do prazer e, dessa forma, necessitava de cada vez mais e mais experiências, como se tão logo terminasse de se alimentar, já ansiasse por reabastecer-se na mencionada área do prazer físico.

Como considerava a sexualidade de forma leviana e superficial, o que lhe interessava era curtir aqueles momentos, sem pretender maior profundidade emocional. Não desejava ter que administrar paixões, demonstrar sentimentos. Só queria uma boa relação íntima e nada mais. Marcelo surgira, para sua surpresa, como o amante ideal, fogoso, criativo, intenso, coisa que não se encontrava todos os dias por aí, como costumava constatar sempre que se aventurava com outras companhias masculinas.

Por isso, Sílvia iria jogar suas cartas na repetição daqueles encontros, pressionando o rapaz para que se renovassem, mesmo que, para isso, tivesse que chantageá-lo, coisa que, aliás, era bem de seu feitio quando desejava realizar seus interesses. E o seu desejo físico, alimentado pelas provocações invisíveis que lhe eram promovidas pelos mencionados Espíritos que exploravam sua sexualidade, sugando-lhe as forças e absorvendo-lhe a sensação de prazer efusivo, lhe dizia que tal novo encontro não poderia tardar, para que as emoções não acabassem esquecidas ou esfriadas.

Ao mesmo tempo, Letícia, mais e mais alimentada pela intimidade conseguida naquela noite, regada ao vinho e ao clima sedutor, se permitia cada vez mais apaixonar-se diante da possibilidade de acercar-se do homem desejado.

Não lhe ocorria que aquilo que acontecera entre ambos fora fruto de uma combinação de vários fatores que, reunidos, podiam fazer com que um homem e uma mulher se encontrassem intimamente, sem querer significar que entre eles ou, da parte de um deles, houvesse sentimento verdadeiro para a instauração de um relacionamento conjugal.

No entanto, o simples fato de Marcelo, fraco e viciado na sexualidade irresponsável, ter-se deixado conduzir pelo clima e pelos vapores alcoólicos, já era um poderoso indicador para Letícia de que o rapaz apreciava a sua companhia e, mais do que isso, corresponderia calorosamente aos seus anseios de mulher.

A jovem, assim, se permitia enveredar pelo caminho da paixão longamente represada e que, uma vez liberada por pequeno dreno, passara a fazer pressão insuportável sobre a barragem, ansiando a liberação de todo o volume emocional longamente contido, representado pelo afeto nunca adequadamente correspondido por outrem.

Sua intenção era a de trazê-lo para a companhia definitiva e, ao seu lado, dando início a uma família, ansiedade essa que pesava sobre sua condição de mulher, principalmente diante das cobranças sociais e do fato de todas as suas outras amigas já se encontrarem cuidando dos seus próprios filhos.

Não estava em seus planos ser vista como a solteirona frustrada ainda que fosse a mais inteligente.

No fundo, ela sabia que Marcelo poderia encarar aqueles momentos como fugaz e agradável aventura. No entanto, como mulher, saberia retirar daquela intimidade todos os frutos e conseqüências que estivessem à altura de sua condição feminina.

Saberia mover os pauzinhos com astúcia e, mais do que torpedear a sua união com Marisa, iria conseguir atrair o interesse do rapaz a fim de que, ao seu lado, acabasse vivenciando a tão sonhada felicidade.

Marisa que se virasse sozinha!

Enquanto a malícia, a maldade e o interesse material escusos serviam de combustível para tais aventuras no prenuncio de dores na vida de todos os envolvidos, observemos o que se passava com Olívia e Gláucia.

Buscando manter abastecido o lar com os recursos materiais obtidos com honestidade, Olívia ajudava o esposo nas atividades produtivas, gastando os olhos na máquina de costura, dando conta diária da produção que lhe era destinada por confecção próxima.

Ao mesmo tempo, por três vezes na semana, Olívia devotava-se às atividades diárias do núcleo espírita com o qual se afinizava e encontrava retempero para suas energias. Inspiração para seus desejos de evolução, conhecimento para melhorar os conceitos de vida que ia colocando em prática.

Dotada de uma percepção mediúnica razoavelmente desenvolvida na área da intuição consciente, era elemento útil na instituição benemerente pelos serviços que prestava, tanto na área da confecção de roupas para os carentes que ali encontravam atendimento, quanto na possibilidade de servir como fonte de consolação aos que chegavam, precisando de uma palavra de carinho e entendimento, fossem os encarnados,

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