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5. Método

5.2. Materiais para a intervenção

Foram utilizadas as cartas do programa intitulado ―Cartas do Gervásio ao seu Umbigo: comprometer-se com o estudar na Educação Superior‖ (Rosário, Núñez & Gonzalez-Pienda,

2012), que tratam de temas como: integração à forma de estudar e aprender no ensino superior, estabelecimento de objetivos, anotações, gerenciamento do tempo, memória, autorregulação da aprendizagem, preparação e estudo para provas.

Como relatado em seção anterior, esse programa conta a história do aluno Gervásio, ingressante, que deixou a casa de seus pais para residir em local próximo da universidade. Em suas cartas ele descreve experiências negativas e positivas acerca de suas vivências pessoais, interpessoais, institucionais e de estudo. O Umbigo tem a função de dialogar com Gervásio – metáfora da autorreflexão – seja para mostrar-lhe outras possibilidades de pensamento e/ou comportamentos, seja para ser provocado por reflexões, questionamentos e orientações (Rosário et al., 2012). Mais especificamente, o programa Cartas do Gervásio ao seu Umbigo é composto de 14 cartas (ver Quadro 4), assinadas pelo aluno Gervásio ou por seu Umbigo.

Quadro 4: Descrição dos títulos e das estratégias de aprendizagem utilizados no programa ―Cartas do Gervásio

ao seu umbigo‖

No CARTAS–TÍTULO ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM

APRESENTADAS NA CARTA

0

Se lerem as cartas com atenção, poderão entender os sinuosos contornos da minha experiência como calouro na Universidade e testemunhar comigo o acontecido. Boa viagem.

1 Aliás, o que é exatamente integrar-se bem à Universidade?

Organização de tempo, estabelecimento de horários.

2

Que objetivos tenho? O que é que verdadeiramente guia o meu agir, no meu estudo, na Universidade, nos meus hobbies, na prática de esportes, nas relações com os outros, na minha preguiça…?

Estabelecimento de objetivos: de curto, médio e longo prazos.

3 Como posso realizar melhores anotações? Organização dos conteúdos e do material de aprendizagem (estratégias cognitivas).

4 Você sabe como vencer a procrastinação, Gervásio?

Tomada de consciência do tempo gasto e do tempo perdido, reconhecimento de distratores internos e externos.

5 Por que esquecemos? O funcionamento da memória.

6

Quem governa a sua aprendizagem? Você sabe como se distinguem os alunos que obtêm sucesso escolar?

Autorregulação segundo o modelo cíclico planejamento, execução e avaliação.

7 Qual dessas afirmações está certa? Resolução de problemas.

8 Como os problemas são resolvidos? Resolução de problemas.

9 Conto com você para resolver? Resolução de problemas.

10

Como é que você consegue ter esta disciplina tão organizada? Como é que você consegue preparar a prova com tanta intensidade?

11 O estudo deve ser diferente em função do tipo

de provas? Especificidade de cada prova.

12 Afinal, o que é isso de ansiedade frente às provas?

Como administrar a ansiedade diante das provas.

13 Como vai o seu estudo, Gervásio? Questionamento sobre as implicações das aprendizagens para a sua vida.

Fonte: Rosário; Núñez eGonzález-Pienda (2012, p.67)

Conforme relatam Rosário, Núñez e González-Pienda (2012), cada carta se propõe a implementar uma ou mais estratégias de aprendizagem, que podem ser organizadas segundo as fases da ARA (planejamento, execução e avaliação). Na fase do Planejamento, as estratégias são: autoavaliação, estabelecimento de objetivos, estrutura ambiental e procura de ajuda social. Na fase da Execução, as estratégias são: organização, gestão do tempo, anotações, listas de coisas a fazer, resolução de problemas e diferentes tipos de memória. E na fase da Avaliação, as estratégias são: autoconsequências e revisão de dados.

No grupo experimental foram utilizadas as cartas em sua sequência original, de acordo com o programa publicado. Só não foram utilizadas as cartas 7, 8 e 9, que abordavam a temática de resolução de problemas e, nesse momento, não foram privilegiadas na intervenção. Os encontros presenciais da disciplina foram conduzidos em consonância com os procedimentos metodológicos descritos na pesquisa desenvolvida por Freitas (2013), nos quais existe uma dinâmica de grupo para aquecimento, leitura de uma carta do programa, discussão sobre a temática, proposta de realização de uma atividade e síntese do que foi discutido. Atividades desenvolvidas encontro por encontro estão detalhadas no Anexo 2. Além disso, após cada encontro, os alunos tinham sete dias para realizar uma atividade de aplicação da temática discutida na carta em um ambiente virtual (Teleduc), bem como poderiam discutir a temática com colegas, docente e instrutores. As atividades virtuais propostas para cada encontro e seu detalhamento estão disponíveis no Anexo 3. Ao final da disciplina os estudantes foram avaliados levando em consideração dois aspectos: 1) Frequência mínima de 75% nos encontros presenciais; 2) Entrega de pelo menos 10 atividades virtuais. Aos alunos que atingiram os dois critérios foi atribuído o conceito suficiente e consequente aprovação na disciplina, já os que não atingiram pelo menos um dos critérios foram considerados insuficientes e não foram aprovados. Ressalta-se que ao final da disciplina somente sete estudantes não atingiram os critérios mínimos para aprovação.

O Teleduc é um software livre e pode ser considerado um LMS (Learning Management

e acompanhar o processo de aprendizagem, além de dispor de ferramentas de colaboração, comunicação, administração, avaliação e feedback. É um ambiente desenvolvido pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED), que é utilizado na instituição pesquisada e em outras instituições brasileiras (Silva, Freire e Rocha, 2013).

Em síntese, nesse ambiente, os alunos que participaram da intervenção poderiam fazer contato com a docente da disciplina, instrutores, com outros alunos da disciplina, participar de fóruns, acessar as sínteses das temáticas discutidas, assim como os materiais complementares disponibilizados (vídeos, textos, filmes) antes e após cada encontro, permitindo a flexibilização do tempo e do espaço para realização das atividades. Além disso, era solicitado sempre a entrega de uma atividade de aplicação ou reflexão da temática central do encontro presencial.