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3 CONCEPÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS E OS MODELOS DE

3.2 Concepções teórico-metodológicas da educação: a escolha das trilhas para o ensino-

3.3.4 Modelo de curso por tele/videoconferência

A convergência das mídias, no Brasil, vem proporcionar uma grande oportunidade para que os modelos de cursos a distância possam ser viabilizados de forma qualitativa pela

tele/videoconferência. Com essa ferramenta tecnológica, um professor transmite sua aula para muitas salas espalhadas pelo país com até cinquenta alunos por sala e acompanhados por um tutor local que faz a ponte presencial com o professor e tutores que estão on-line. Os alunos podem fazer algumas perguntas pela internet, fax, telefone, por controle remoto. Essa mistura de aulas ao vivo, atividades on-line e texto impresso constituem um modelo promissor para alunos que têm dificuldade em trabalhar sozinhos, em ter autonomia intelectual e gerencial da sua aprendizagem.

Segundo Moran (2011), o modelo que mais se estendeu, nestes últimos anos, foi o das teleaulas por satélite e interação pela Internet. São instituições que oferecem aulas ao vivo por satélite para centenas de salas, tutoria local, atividades presenciais e complemento na WEB. Essa metodologia de trabalho educacional possui um potencial imenso de expansão pela capacidade de atendimento a milhares de alunos, simultaneamente, e de fácil instalação tecnológica, pois

a educação a distância está presente em municípios que sequer contavam com instituições de ensino tradicionais. O modelo gerador dos cursos atuais em EAD surge no avanço das aulas de videoconferência dos cursos de Mestrado e Doutorado a distância da Universidade Federal de Santa Catarina, fundamentalmente por videoconferência. Foi a partir de um desses cursos com a Tecpar que foi gerada a Universidade Eletrônica, que criou propostas inovadoras em 1998, integrando videoconferência, material impresso e Internet, no Curso Normal Superior com Mídias Interativas, que ofereceu em parceria com a Universidade de Ponta Grossa, no Paraná. (MORAN, 2011, p. 4).

Assim, foi, com base nessa experiência, que outros grupos foram surgindo e implementando propostas semelhantes, com destaque para os cursos de capacitação de professores em serviço da Rede Estadual e Municipal de São Paulo, que seguiram esse modelo, capacitando mais de doze mil professores. Um dado importante é que outras universidades foram substituindo a videoconferência por teleaulas por satélite e se expandiram com maior rapidez. (MORAN, 2011).

A priori, a metodologia aplicada a esses cursos se pauta pela interatividade a partir da comunicação entre alunos e professores com questões enviadas via internet pelo chat e que podem ser respondidas ao vivo via teleconferência, depois do crivo de professores auxiliares ou tutores. As aulas têm complementação com atividades de leitura e pesquisa, coordenadas por um tutor eletrônico, um tutor a distância.

A organização do curso por teleconferência é disposta por professores das disciplinas, um tutor presencial e um virtual que os acompanham ao longo do curso. Além das aulas e das atividades presenciais, os alunos desenvolvem atividades de leitura e pesquisa

individualmente, a partir de material impresso recebido ou disponibilizado na WEB. Nesse aspecto,

[...] o sucesso da teleaula se deve a que consegue fazer uma passagem mais fácil para a EAD, retoma o contato com o professor, a relação olho-no-olho. Mesmo uma parte das atividades sendo feitas localmente, em grupo, com um mediador (tutor ou professor assistente). Os alunos não precisam de tanta autonomia para gerenciar o tempo. Parece um curso presencial, com menos aulas e é mais barato. O custo sem dúvida é outro enorme atrativo. Muitos alunos de cursos de formação de professores me disseram que era a única forma de acesso ao ensino superior, diante da impossibilidade de bancar os custos dos cursos presenciais. [...] Outro fator de sucesso é que o custo das transmissões por satélite vem diminuindo e tornam cada vez mais viável a abertura de novas salas. A infraestrutura local é relativamente simples e econômica. Costumam ser utilizados prédios ou salas ociosos, principalmente, à noite, de colégios que só funcionam no período diurno. Com o crescimento rápido do número de alunos, de polos, de tele-salas, fica, na minha avaliação, muito difícil manter a qualidade. (MORAN, 2011, p. 5).

Entende-se que qualquer modelo de EAD estabelecido para atender à sociedade precisa ter a mesma qualidade da educação presencial. E a qualidade da educação não se mede pelo número de alunos envolvidos, mas pela seriedade e coerência do projeto pedagógico, pela qualidade dos gestores, educadores e mediadores, e também pelo envolvimento dos alunos. (MORAN, 2011).

Apesar de bastante difundido, o modelo de curso baseado na tele/ videoconferência, deixam dúvidas quanto ao seu funcionamento prático. Mas a diferença entre um modelo e outro está, basicamente, na forma de interação. A teleconferência acontece como um programa de televisão, no qual o professor é o único que fala e tem sua imagem transmitida, enquanto os participantes remotos podem, apenas, interagir mediante fax, telefone, e-mail, chat, entre outros; enquanto a videoconferência utiliza, via de regra, um canal de duas vias, no qual os participantes podem falar, ver, ouvir e ser vistos.

A teleconferência em EAD ocorre pela instrução por meio de alguma forma de tecnologia de telecomunicação interativa (MOORE; KEARSLEY, 2007). Consiste, portanto, na geração via satélite de palestras, apresentações de expositores ou aulas com a possibilidade de interação via fax, telefone ou Internet.

Metodologicamente, o conferencista ou professor faz sua apresentação de um estúdio de televisão. Fala "ao vivo" para seu público-alvo, que recebe a imagem em um aparelho de televisão conectado a uma antena parabólica sintonizada em um canal predeterminado. Teleconferência por satélite é essencialmente uma via de vídeo e uma via de áudio simultâneas, com a utilização de uma via de áudio ou fax como retorno para perguntas ou opiniões.

A outra forma de interação em cursos de EAD é por intermédio da videoconferência, definida pela International Telecommunication Union (ITU-T), como um serviço audiovisual de conversação interativa que provê troca bidirecional e em tempo real de sinais de áudio e vídeo, entre grupos de usuários, em dois ou mais locais distintos. (LIMA, 2007).

Das tecnologias utilizadas no ensino a distância, a videoconferência é a que mais se aproxima de uma situação convencional da sala de aula, já que, ao contrário da teleconferência, possibilita a conversa em duas vias, permitindo que o processo de ensino/aprendizagem ocorra em tempo real (on-line) e possa ser interativo, entre pessoas que podem se ver e ouvir simultaneamente.

Devido às ferramentas didáticas disponíveis no sistema, ao mesmo tempo que o professor explica um conceito, pode acrescentar outros recursos pedagógicos, tais como; gráficos, projeção de vídeos, pesquisa na Internet, imagens bidimensionais em papel ou transparências, arquivos de computador, etc. O sistema permite, ainda, que o aluno das salas distantes possam dirimir suas dúvidas e interagir com o professor no momento da aula, utilizando os mesmos recursos pedagógicos para a comunicação.

Vale enfatizar que o modelo de EAD, calcado na tele/videoconferência, pode não ser a um custo tão baixo como anuncia Moran (2011). Nesse sentido, algumas discussões são pertinentes acerca das vantagens e desvantagens sobre a escolha por um modelo alicerçado pela Tele ou Videoconferência em EAD. Abaixo o quadro 1 organizado:

Quadro 1 - Vantagens e desvantagens sobre o modelo de EAD Alicerçado na tele/videoconferência

TELECONFERÊNCIA

Vantagens Desvantagens

 Ampliação do número de atendimento de alunos a baixo custo.

 Não há interação em tempo real, dificultando a participação no momento das dúvidas.

 Número de atendimento é maior.  Impossibilita uma discussão

ampliada entre os participantes. VIDEOCONFERÊNCIA

Vantagens Desvantagens x eficiência

 Promoção de uma discussão em tempo real.

 Estimula as pessoas a participar no momento em que tiverem dúvidas por meio da interatividade.

 Possibilidade de atender a um grande número de alunos em tempo real, comprometendo a qualidade do ensino.

 Necessidade de equipamentos mais sofisticados.

 Alto custo para a manutenção da videoconferência impossibilita esse serviço, visto que os equipamentos e os serviços agregados são onerosos.  Exigência de pessoal qualificado para

geração dos programas, equipamentos e liberação de sinal das operadoras de telefonia.

 Alto custo de investimento.

 Treinamento antecipado para professores e alunos, visando utilizar, adequadamente, essa tecnologia.

O quadro acima mostra que a escolha pelo modelo de curso a distância consubstanciado na tele/videoconferência não é uma decisão simplesmente técnica com variáveis apenas nos custos operacionais, porque ele pode vir a ser de custo reduzido ou mesmo um tanto oneroso, de acordo com o tipo de qualidade que se deseja implantar.

A definição da concepção de EAD é quem vai direcionar a viabilidade dos meios tecnológicos e o caminho a ser seguido, porque já se tem a compreensão de que, para ter uma EAD de qualidade social, é necessário o menor número de alunos possível, uma boa equipe técnica, equipamentos de primeira qualidade e profissionais da educação, preparados para facilitar a interação com os educandos e a colaboração entre eles. Sem esses atributos qualquer curso a distância sempre vai deixar a desejar. Isso já está claro, quando se faz alusão à educação superior a distância.

Na perspectiva de buscar construir possibilidades para garantia de qualidade, tão desejada por todo educador e pelo público em geral, a tele/videoconferência busca suporte, no modelo tecnológico de extensão o qual propõe uma maneira de superar a distância entre docentes e discentes, possibilitando aos estudantes assistir às aulas da universidade a distância com auxílio de meios técnicos de informação e comunicação.

No entendimento de Peters (2010), a proposta de reduzir a distância entre docentes e discentes com auxílio dos meios de informação e comunicação, não se reduziu à distância física, mas à distância entre educação e educação a distância e ensino com presença, porque essa transferência do ensino com presença para a moradia dos telestudantes pode ser considerada um contramodelo ao modelo do professor, porque o ensino se faz presente pelos meios eletrônicos e não pelos textos didáticos.

Sem dúvida, as novas tecnologias aplicadas na EAD apontam para uma convergência das mídias, quando prioriza os meios eletrônicos como forma de ensino. Entretanto, compreende-se que estes, embora sejam importantes, não devam prescindir do texto didático, sequer da mediação de um professor para acompanhamento do processo, seja ele on-line, por correio eletrônico ou mesmo de momentos presenciais para melhor qualificar essa modalidade de educação.

Nesse sentido, pode-se verificar que o modelo da distância transacional – Michael Moore (1993) tem o mérito de reduzir a distância entre docentes e discentes por meio da simulação. Para reduzir a distância na educação, o autor faz a distinção entre distância física e distância comunicativa, isto é, psíquica, e introduz para designar a última, o conceito da distância transacional.

Portanto, a distância transacional é determinada na medida em que docentes e discentes podem interagir, simultaneamente; ela é influenciada levando em conta o caminho a ser seguido no estudo que está prefixado por meio de programas de ensino preparados. Ou seja, a interação entre docentes e discentes é dosada de acordo com o que se quer que o aluno aprenda. Se num dado momento o aluno precisa de um tempo maior para o contato com os conteúdos de forma autônoma, independente que lhe forneça os subsídios necessários para que, noutro momento, que já está pré-programado, ele possa interagir com o docente, estando esses momentos prescritos compulsoriamente. A distância transacional vai ser estabelecida de acordo com as características das pessoas participantes, os objetivos e os conteúdos de ensino, seu nível de exigências, os métodos necessários, os meios disponíveis e a cultura de estudo.

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