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N2/DAS-5 Diretor da Escola Nacional de

5.4 Modelos de seleção interna

Das organizações com estratégia de escolha Gerencial, destacamos três casos nos quais os processos são distintos do modelo de comitê de busca e emergem ou configuram-se como iniciativas orientadas, principalmente, à profissionalização e valorização do quadro próprio de pessoal das organizações.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem como missão “retratar o Brasil, com informações necessárias ao conhecimento da sua realidade e ao exercício da cidadania, por meio da produção, análise, pesquisa e disseminação de informações de natureza estatística, geográfica, cartográfica, geodésica e ambiental” (IBGE, 2003). É o principal provedor de dados e informações estatísticas e de geociências do país. Para isso, organiza-se, desde sua origem, de forma descentralizada, estando presente em todo o território nacional. Conforme ilustrado na Figura 16 abaixo, o IBGE é dirigido por um Conselho Diretor, composto pelo Presidente e por 5 Diretores. Além disso, possui 27 Unidades Estaduais, uma para cada Estado do país e para o Distrito Federal, diretamente subordinadas ao Presidente, às quais compete representar a organização no Estado e planejar e executar as atividades técnicas e administrativas segundo a orientação das Diretorias. Vinculam-se a essas unidades 539 agências de coleta de dados, distribuídas nos principais municípios brasileiros (FRANCO; ANTONACCIO, 2015).

Figura 16 - Estrutura de direção do IBGE.

Fonte: elaboração do autor, com base no Decreto nº 4.740, de 2003, e no organograma do IBGE, disponibilizado em seu site institucional. N1/DAS-6 Presidente N2/DAS-5 Diretoria de Pesquisa N2/DAS-5 Diretoria de Geociências N2/DAS-5 Diretoria de Informática N2/DAS-5 Centro de Doc. e Disseminação de Informações N2/DAS-5 Escola Nacional de Ciências Estatísticas N2 Reg./DAS-3 e 2 Unidades Estaduais

A nomeação dos dirigentes de primeiro e segundo níveis da Fundação é Discricionária; no entanto, para as posições de direção regionais, identificamos a realização de processo seletivo interno, segundo um conjunto de critérios pré-estabelecidos (IBGE, 2016c, p. 93). O processo teria tido origem a partir da realização de uma primeira experiência de processo seletivo interno no âmbito do IBGE para a escolha de Coordenadores de 4 Centros de Captura de Dados, unidades autônomas criadas para a realização do Censo Demográfico de 2000, geridas por servidores do quadro efetivo do IBGE. O objetivo desta seleção foi buscar os perfis mais adequados para o desempenho das funções relacionadas ao censo e baseou-se no uso de um conjunto de instrumentos, como avaliação curricular, dinâmica de grupo e entrevistas. Os resultados alcançados motivaram a decisão do Conselho Diretor do IBGE de estabelecer o mesmo procedimento de escolha para seus Chefes de Unidades Estaduais a partir de 2003 (FRANCO; ANTONACCIO, 2015).

As motivações fundamentais para a adoção do processo seletivo interno de Chefes de Unidades Estaduais são: a necessidade de estes dirigentes possuírem extensos conhecimentos sobre a organização e seus trabalhos, dada a importância estratégica das Unidades Estaduais para a fundação; a orientação do IBGE, prevista em seu Plano Estratégico, de empreender uma política de recursos humanos orientada à motivação, profissionalização e comprometimento com os trabalhos da organização; e a identificação de novos quadros gerenciais comprometidos com a missão da fundação (IBGE, 2016c). É um processo que busca romper a prática anterior da livre nomeação destes espaços que se dava por escolha direta do Presidente da organização (FRANCO; ANTONACCIO, 2015).

Temos, neste caso, um processo de seleção completamente distinto do modelo de comitê de busca. Não é constituído um comitê de seleção, já que o processo é conduzido pelo próprio Departamento de Recursos Humanos. O diferencial do processo está na adoção de instrumentos de avaliação de competências gerenciais dos candidatos, no contexto de uma política mais ampla do IBGE de aprimorar a escolha de seus dirigentes regionais ao mesmo tempo em que promove a profissionalização de todo o seu corpo de funcionários.

Instituto Brasileiro de Museus

O Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) é o órgão responsável pela Política Nacional de Museus. Gerencia diretamente 29 unidades museológicas, instituições voltadas à conservação, investigação e exposição de estudos, pesquisas e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural (IBRAM, 2009b). O órgão foi criado em 2009, como decorrência de uma reforma mais ampla sofrida na área cultural, marcada pela criação da Política Nacional de Museus, em 2003, organização do Sistema Brasileiro de Museus, em 2004, e criação do Estatuto de Museus, instituído em 2009, mas regulamentado apenas em 2013, e considerado o marco regulatório dos museus no país (IBRAM, 2014; CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2013). Segundo o Entrevistado 11 (2017), este conjunto de institutos jurídicos representa uma profunda reforma administrativa e política no âmbito da gestão de museus no país, tendo contribuído enormemente para um processo de profissionalização e aprimoramento desta política, inclusive com destaque e reconhecimento internacionais.

O processo de escolha Gerencial do IBRAM não alcança seu Presidente, nem os 3 Diretores a ele diretamente vinculados, mas apenas o conjunto de 29 museus que estão diretamente ligados à Presidência e subdivididos em 3 unidades museológicas, conforme o tamanho, capacidade operacional e importância de cada museu e de seus acervos (ENTREVISTADO 11, 2017; ENTREVISTADO 6, 2016). 24% dos 632 servidores do órgão concentram-se em suas unidades centrais, enquanto 76% atuam junto às unidades museológicas – sendo 52% na unidade I, 15% na unidade II e 9% na unidade III (ENTREVISTADO 6, 2016). É apenas para estas estruturas, destacadas em cor diferenciada na Figura 17 abaixo, que são realizados processos de escolha de dirigentes num modelo de seleção denominado de chamamento público, baseado em critérios de mérito e de perfil gerencial. Apenas as unidades museológicas I são unidades gestoras orçamentárias (ENTREVISTADO 11, 2017); representam unidades com maior número de servidores – cujos valores estão indicados entre parênteses na Figura 17 abaixo – e têm seus Diretores nomeados em cargos de nível DAS-4. As demais unidades têm menor importância relativa em termos de nível hierárquico do cargo e complexidade das funções desempenhadas. No entanto, as chamadas públicas realizam-se, sem distinção, para todas elas.

Figura 17 - Estrutura de direção do IBRAM.

Fonte: elaboração do autor, com base no organograma do IBRAM, disponibilizado em seu site institucional.

Apesar de constituir uma chamada pública, as seleções no IBRAM mesclam posições para as quais a seleção é fechada, e outras para as quais é aberta a não servidores. A diferença está diretamente relacionada à natureza do cargo ocupado pelo Diretor do museu. Com a recente reforma promovida pelo governo federal que transforma de cargos DAS em funções de confiança exclusivas de servidores – as FCPEs apresentadas no Capítulo 2 –, o IBRAM precisou redesenhar sua estrutura de cargos, convertendo alguns deles em FCPE. Segundo o Entrevistado 11, apenas 2 dos 29 cargos foram alcançados por esta medida.

A origem e motivação desta estratégia de subsidiar a escolha política a partir da avaliação prévia de um conjunto de potenciais candidatos tem origem no âmbito da mencionada reforma do Sistema Nacional de Museus. Desde 2009, quando foi instituído o Estatuto dos Museus e criado o IBRAM, foi estabelecido que os Diretores destas unidades deveriam ser escolhidos por meio de processos de seleção. Em 2013, o Decreto nº 8.124 regulamentou estes processos, segundo

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