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Ser comunista não consiste apenas em ter um objectivo político e lutar pela sua realização. Ser comunista não é apenas uma forma de agir politicamente. É uma forma de pensar, de sentir e de viver. E isto significa que os comunistas, não só têm objectivos políticos e sociais, não só têm uma ideologia e um ideal de transformação da sociedade, como têm também uma moral própria, diferente da moral da burguesia e superior a ela.

A moral comunista assenta numa base objectiva que de- termina a sua natureza de classe.

De facto, a base material da moral comunista são as con- dições de trabalho e de vida do proletariado, a sua luta contra o capital, e, depois da revolução socialista vitoriosa, a socieda- de libertada da exploração do homem pelo homem.

A moral comunista integra princípios herdados do patrimó- nio ético do passado. Mas o que a caracteriza e diferencia são os princípios que resultam da natureza, dos objectivos e da missão histórica do proletariado.

A coesão, a solidariedade, a ajuda recíproca, a abnegação, a generosidade, a combatividade, a determinação, a capacida-

de de sacrifício, a disciplina, a confiança em si próprio e no futuro, são elementos éticos que resultam das próprias condi- ções de trabalho e de vida da classe operária, dos seus objecti- vos e da sua luta.

A moral proletária e comunista desenvolveu-se e continua a desenvolver-se com o avanço da luta de classes e a evolução social. Espontânea e instintiva — antes da criação do socialismo científico. Formulada, sistematizada, expurgada de elementos estranhos e contrários — pelo marxismo. Encarnada, institucio- nalizada em princípios de conduta e transformada num instru- mento de influência na classe e nas massas — pelos partidos comunistas. Enriquecida com a nova realidade e como uma das bases da criação do homem novo — pela construção do socia- lismo.

Ao longo de todas estas fases, a moral comunista conser- vou sempre a sua raiz e a sua natureza de classe — classe à qual cabe o papel determinante da transformação social na época histórica em que vivemos.

A moral comunista sofre o influxo criativo e formativo do ideal político e da prática revolucionária.

A missão histórica do proletariado, a luta contra a explo- ração e a opressão, contra o parasitismo e as injustiças sociais, pela igualdade dos seres humanos independentemente do sexo, da nacionalidade e da raça, as vitórias e realizações na constru- ção do socialismo, as exigências e sacrifícios que aos militantes coloca a prática revolucionária, exercem poderosa influência na formação dos conceitos morais, acentuando os traços de gene- rosidade, de dedicação, de isenção, de respeito pelos outros, de respeito pela verdade, de coragem, de sacrifício, de he- roísmo.

Enquanto o capitalismo, o imperialismo, o chauvinismo, o colonialismo, o neocolonialismo, o racismo, se traduzem no plano moral por conceitos e sentimentos de egoísmo, rapaci- dade, domínio ilegítimo, desprezo pelos outros seres — a cau- sa operária inspira conceitos e sentimentos de generosidade, de fraternidade, de solidariedade, de amor pelo ser humano.

O ideal político comunista é inspirador de uma moral su- perior. A prática revolucionária dos comunistas é uma es- cola de elevada educação moral e de formação do carácter.

A moral comunista encontra no Partido o factor subjec- tivo que a transforma num elemento capital da educação e da formação do militante e do ser humano.

A orientação política, os princípios orgânicos, a acção quo- tidiana e a política de quadros são elementos da formação moral dos militantes.

Não apenas como tarefa interna. É também tarefa do Par- tido levar a moral proletária e comunista às mais amplas mas- sas. Por um lado, pela força do exemplo moral, que constitui um elemento de capital importância para a atracção, o conven- cimento e a influência política. Por outro lado, pelo esclareci- mento e o trabalho educativo.

O reconhecimento da superioridade moral do Partido é um dos mais sólidos critérios do êxito da sua acção como vanguar- da. A transformação da determinação e do heroísmo de vanguar- da num fenómeno de massas, como se verificou na revolução portuguesa, é um dos mais sólidos critérios de todas as verda- deiras revoluções e do papel que nela desempenha o Partido. O profundo contraste, evidenciado no dia-a-dia da vida económica, social e política, entre a amoralidade das forças reaccionárias e a moral dos comunistas actua como importan- te factor de descrédito das primeiras e da crescente confiança no Partido.

Que princípios na esfera moral podem encontrar-se assen- tes nos fenómenos económicos e sociais da política de recupe- ração capitalista, latifundista e imperialista?

Podem encontrar-se o ódio aos trabalhadores e ao povo, o abuso do Poder, o arbítrio de decisões, o egoísmo e indivi- dualismo ferozes, o frio decretar do agravamento da explora- ção e das condições de vida, a utilização de lugares responsáveis para enriquecimento próprio, a satisfação de ambições pessoais à custa do bem comum, o estímulo à violência, a propaganda da guerra, a mentira, a falsidade, a hipocrisia, a rapacidade, a

venalidade, a manipulação da opinião pública, a completa falta de escrúpulos, as fraudes, a corrupção — em resumo a de- gradação cívica e moral, acompanhando a degradação da polí- tica e da vida económica e social, provocada pelo processo contra-revolucionário.

E quais os princípios morais decorrentes da política, da acção quotidiana e das grandes linhas da vida interna do PCP? O amor pelo povo, a dedicação ao serviço dos seus inte- resses, direitos e aspirações, a recusa da exploração e da opres- são do homem pelo homem, a isenção pessoal, a coragem, a honestidade, o trabalho esforçado para o bem comum, a ver- dade na análise dos factos e na informação, o trabalho educati- vo para o aperfeiçoamento do carácter, a preocupação de uma conduta política, cívica e pessoal inspirada por elevados prin- cípios morais que têm no centro o respeito pelo ser humano. A moral dos comunistas é parte integrante da força revolu- cionária do Partido. Intervém como força material no processo da luta emancipadora e de transformação da sociedade. É tam- bém um elemento integrante da transformação do próprio ho- mem.

Tanto como a clarividência política, a força moral dos comunistas é um factor determinante da influência na classe operária e nas massas, do seu real papel de vanguarda, da sua capacidade para dirigir a luta pela transformação da socie- dade.