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VANGUARDA OPERÁRIA, VANGUARDA DO POVO

A influência de massas do PCP, a par dos laços directos com outras classes e camadas sociais, parte da influência do PCP na classe operária e da sua fusão orgânica com a classe operária. Neste sentido, a influência de massas e o papel de vanguarda do PCP é uma expressão do papel de vanguarda da classe ope- rária na luta do povo inteiro.

O Programa e os objectivos do Partido correspondem in- teiramente aos interesses e às mais profundas aspirações dos tra- balhadores portugueses. A sua orientação tem a inspirá-la cri- térios de classe. É do ângulo dos interesses fundamentais e das perspectivas históricas da classe operária que o PCP determina a sua política de alianças, as suas posições e propostas políti- cas em cada situação dada.

O Partido não se limita entretanto a defender os interes- ses da classe operária, além do mais porque estes são, no pro- cesso revolucionário, coincidentes com os interesses de outras classes e camadas sociais.

Tanto o Partido, na sua qualidade de vanguarda da classe operária, como a classe operária, na sua qualidade de força social de vanguarda do processo de transformação social, tomam de- cididamente a defesa dos interesses de todas as outras classes e camadas laboriosas, de todas as outras classes e camadas cujos interesses são atingidos pela política das classes dominantes e cujos objectivos e aspirações coincidem ou convergem com os da classe operária.

Na revolução portuguesa do 25 de Abril, no processo de instauração do regime democrático e na resistência às ofensi-

vas contra-revolucionárias, o PCP (e com o PCP a classe operá- ria) encabeçou a luta em defesa dos interesses, não apenas dos trabalhadores mas do campesinato, dos intelectuais, dos peque- nos e médios comerciantes e industriais, e de outras camadas sociais interessadas nos objectivos da revolução democrática e nacional e gravemente atingidas pela política de restauração monopolista, latifundista e imperialista.

Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, o PCP tornou-se o defensor mais firme e consequente dos in- teresses e direitos de todas as classes e camadas antimonopo- listas.

Isto não significa que se não tenham registado e se não re- gistem ainda deficiências (por vezes graves) de organizações do Partido no que respeita a este importante aspecto da orienta- ção e da acção. Um certo exclusivismo da atenção de algumas organizações para os problemas e a luta da classe operária e a desatenção, incompreensão e subestimação dos problemas e da luta das outras classes e camadas antimonopolistas têm repre- sentado em alguns sectores um freio ao desenvolvimento da influência do Partido.

Tais deficiências não desmentem, entretanto, nem a firme orientação do Partido nem o facto de ser o Partido o único con- sequente defensor dos interesses e objectivos dessas classes e camadas.

Esta atitude é consequência directa da definição da natu- reza da etapa da revolução que atravessamos e da arrumação das forças de classe e suas alianças. É uma expressão do papel do Partido e da classe operária no processo de transformação social iniciado com a revolução de 25 de Abril de 1974.

Isto não significa tão-pouco que as classes e camadas so- ciais cujos interesses vitais são gravemente atingidos pela polí- tica do PS e dos partidos reaccionários e defendidos pelo PCP estejam a esse respeito esclarecidas. A realidade é que, em lar- ga medida, contra os seus próprios interesses, têm votado no PS e nos partidos reaccionários e partilham de reservas e senti- mentos anticomunistas.

Objectivamente estão interessadas na derrota da política desses partidos e na vitória da política do PCP. Subjectivamen- te, na atitude para com os partidos, procedem como se o seu interesse fosse precisamente o inverso.

A situação tem entretanto evoluído no sentido de um pro- gressivo esclarecimento dessas classes e camadas sociais.

Um primeiro sinal valioso de tal evolução é a participação crescente na luta contra as medidas concretas dos sucessivos governos de direita que directamente as afectam.

Um segundo sinal de tal evolução é a participação crescen- te na luta, não já contra tais ou tais medidas mas contra os go- vernos que as tomam, acontecendo que centenas de milhar da- queles que votaram no PS e no PSD exigiram, ao longo de 1984 e 1985, a demissão do governo desses partidos.

Um terceiro sinal de tal evolução é a queda vertical da influência da CAP e das organizações camponesas do PS e a rápida subida da influência da CNA e de centenas de organiza- ções e movimentos camponeses de carácter unitário e indepen- dente.

Um quarto sinal de tal evolução é o fenómeno semelhan- te que se verifica relativamente às organizações e movimentos de intelectuais, de mulheres, de juventude, de pequenos e médios comerciantes e industriais, de reformados e deficientes. Um quinto e último sinal de tal evolução é o reforço da organização, da ligação, da influência e do prestígio do PCP nessas classes e camadas.

Tal evolução, embora tenha correspondente no progresso registado em resultados eleitorais regionais e locais, não o tem no resultado eleitoral nacional, em que a APU ronda os 20% — resultado modesto em relação à real influência do Partido e seus aliados. Daí resulta a tarefa de transformar o apoio na luta so- cial em apoio na luta política e o apoio na luta política em apoio eleitoral.

Entretanto, na luta reivindicativa, na luta social, mesmo na luta política dessas classes e camadas ligadas directamente à acção dos governos de direita (com ou sem o PS), é cada vez

mais geral o reconhecimento do papel esclarecedor, mobiliza- dor, organizador do PCP, ou seja, o reconhecimento do seu papel de vanguarda.