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UMA DOUTRINA QUE EXPLICA O MUNDO E INDICA COMO TRANSFORMÁ-LO

O caminho da libertação dos trabalhadores e dos povos foi descoberto e é definido e iluminado pelo marxismo-leninismo.

O marxismo-leninismo é um sistema de teorias que explicam o mundo e indicam como transformá-lo.

Os princípios do marxismo-leninismo constituem um ins- trumento indispensável para a análise científica da realidade, dos novos fenómenos e da evolução social e para a definição de soluções correctas para os problemas concretos que a situação objectiva e a luta colocam às forças revolucionárias.

A assimilação crítica do património teórico existente e da experiência revolucionária universal é arma poderosa para o exa- me da realidade e para a resposta criativa e correcta às novas situações e aos novos fenómenos.

O marxismo-leninismo surgiu na história como um avan- ço revolucionário no conhecimento da verdade sobre o mun- do real — sobre a realidade natural, sobre a realidade económica e social, sobre a realidade histórica, sobre a realidade da revo- lução e do seu processo.

O marxismo-leninismo é uma explicação da vida e do mundo social, um instrumento de investigação e um estímulo à criatividade.

O marxismo-leninismo, na imensa riqueza do seu método dialéctico, das suas teorias e princípios, é uma poderosa arma para a análise e a investigação que permite caracterizar as situa- ções e os novos fenómenos e encontrar para umas e outros as respostas adequadas.

É nessa análise, nessa investigação e nessas respostas pos- tas à prova pela prática que se revela o carácter científico do marxismo-leninismo e que o PCP se afirma como um partido marxista-leninista.

Rejeitam-se por isso simultaneamente duas atitudes em re- lação à teoria.

A primeira é a cristalização de princípios e conceitos que impossibilita a interpretação da realidade actual porque ignora ou despreza os novos, constantes e enriquecedores conhecimen- tos e experiências.

Tal atitude tem razões diversas e expressões diversas. Pode resultar da impreparação que leva facilmente a ver como ver-

dades eternas os princípios com os quais pela primeira vez se contacta. Pode resultar do espírito dogmático que, mesmo quan- do possuidor de todos os conhecimentos necessários para o progresso das ideias, se recusa a aplicá-los de forma criativa.

Um dos aspectos mais correntes desse espírito dogmático é a sacralização dos textos dos mestres do comunismo, a subs- tituição da análise das situações e dos fenómenos pela trans- crição sistemática e avassaladora dos textos clássicos como respostas que só a análise actual pode permitir. Com tais crité- rios dir-se-ia que alguns colocam como tarefa, não aprender com os clássicos para explicar e transformar o mundo mas citar o mundo para provar a omnisciência dos clássicos.

O estudo dos textos não dispensa o estudo da vida. A teo- ria surge da prática e vale para a prática. É na prática que se pode tornar uma força material.

Um marxista-leninista jamais pode opor os textos às reali- dades. Jamais pode desmentir uma realidade que lhe surge no caminho sob pretexto de que os mestres não a haviam previs- to. Não pode, por exemplo, opor às revoluções libertadoras vi- toriosas dos povos coloniais e ao ruir do colonialismo a tese de Lénine (inteiramente justificada na sua época) de que os povos oprimidos de África se não poderiam libertar antes da revolu- ção libertadora do proletariado dos países opressores. Se se revela uma contradição entre o texto clássico e a nova realida- de, a tarefa do marxista-leninista é examinar, aprender, expli- car essa realidade, utilizando para tal as poderosas armas teóricas que lhe dão os mestres do comunismo.

Não se é marxista-leninista só porque se dão vivas ao mar- xismo-leninismo e se afirma a fidelidade aos princípios, se es- tes são compreendidos como petrificados e alheios à realidade em que se luta. Tão importante como um partido afirmar-se marxista-leninista é sê-lo de facto.

A segunda atitude em relação à teoria que o PCP rejeita é a tentativa de responder às novas situações através de

uma elaboração teórica especulativa e apriorística, despre-

experiências de validade universal do movimento revolucioná- rio.

Nesta atitude é muito vulgar a preocupação da «novidade», cuidando-se que é certa apenas porque aparece como algo de novo e renovador.

Inscreve-se nessa atitude a absurda tentativa de separar o marxismo e o leninismo, afirmando entretanto que a fideli- dade ao marxismo é compatível com o abandono do leninis- mo.

Afinal o que dizem rejeitar de Lénine? Mesmo em países de capitalismo desenvolvido, dizem rejeitar o papel revolucio- nário e de vanguarda da classe operária substituindo-o efecti- vamente pelo papel de vanguarda dos intelectuais e da pequena burguesia urbana. Dizem rejeitar a concepção de aliança da clas- se operária com o campesinato substituindo-a por uma aliança indefinida de forças sociais heterogéneas. Dizem rejeitar a teo- ria do Estado e a teoria do Partido. Dizem rejeitar a crítica leni- nista à democracia burguesa e ao parlamentarismo burguês como formas políticas de opressão económica e social e desco- brem-lhes valores que sobrepõem aos objectivos da emancipa- ção social. Dizem rejeitar métodos revolucionários de acesso da classe operária ao Poder.

Julgando separar Lénine de Marx para o renegar, acabam por renegar também Marx, pois todas essas teses deformadas, caricaturadas e rejeitadas, embora desenvolvidas por Lénine, fazem parte das ideias básicas do marxismo.

Sucede assim que, lançados na especulação, os novos teó- ricos, sem darem por isso, apresentam como conclusões novas e criadoras o que não é mais do que a reposição de velhos, ul- trapassados e desacreditados conceitos.

Nada de admirar que, abandonando Lénine, acabem por cair, no plano político, em concepções que em numerosos as- pectos se identificam ou confundem com as do reformismo e da social-democracia.

O marxismo-leninismo é, por um lado, intrinsecamente antidogmático: é, por outro lado, contrário à elucubração teó-

rica que não tem como fundamento sólido a prática e a expe- riência.

O marxismo-leninismo é uma doutrina em movimento, constantemente enriquecida pelo avanço da ciência, pelos no- vos conhecimentos, pelos resultados da análise dos novos fe- nómenos, pela riquíssima e variada experiência do processo revolucionário.

Tendo passado 102 anos desde a morte de Marx e 61 anos desde a morte de Lénine, o marxismo-leninismo foi enriqueci- do, no que respeita às ciências sociais, pela contribuição dada pelos mais diversos partidos na crescente diversificação e com- plexidade do processo revolucionário.

O enriquecimento e desenvolvimento do marxismo-leni- nismo é obra colectiva, resultante das experiências da luta e do trabalho teórico criativo do movimento comunista internacio- nal e de cada um dos seus destacamentos — entre os quais, na- turalmente, o Partido Comunista Português.