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A Morte de Cristo e a Soteriologia

Nosso pecado causaram um abismo entre Deus e nós. Sem a remoção desse pecado, não há reconciliação e salvação. Já que Cristo, voluntariamente, sujeitou-Se a morte na cruz (Fil. 2:8) para trazer perdão e para a humanidade e reconciliação entre Deus e o homem, a morte de Cristo torna-se o elemento chave em nosso entendimento de soteriologia.

Várias teorias têm sido levantadas para explicar a morte de Cristo. Um resumo dessas teorias está na tabela desevolvida por Paul Enns na página seguinte. Cada uma dessas teorias tem uma fraqueza significativa no âmbito de que nenhuma proposta indivdual pode ser caracterizada como a correta visão da expiação. Não devemos dizer, porém, que não há valor ou contribuição em algumas das visões. Por exemplo, o entendimento Sociniano da expiação, normalmente chamado de teoria do exemplo, é herético em sua rejeição a qualquer idéia de satisfação vicária. Ainda, algumas linhas de verdade podem ser encontradas no foco da morte de Jesus como um exemplo de total amor por Deus e como uma inspiração aos seguidores. A teoria governamental é fraca do ponto de vista das Escrituras quando diz que “é possível que Deus relaxe a lei para ele não precisasse definir uma punição específica ou penalidade para cada violação”. A teoria governamental, porém, enfatiza a seriedade do pecado e necessidade de lidar com o pecado.

A despeito das forças de algumas visões da expiação, o entendimento mais preciso da morte de Cristo é a idéia da substituição. Jesus morreu no lugar dos pecadores, uma morte que foi chamada de vicária, que significa “um no lugar de outro”. Essa visão pode ser melhor explicada por vários termos relacionados à morte de Cristo.

O primeiro desses termos é a palavra substituição em si. “Há muitas passagens que enfatizam a expiação substitutiva de Cristo no lugar da humanidade. Cristo foi um substituto ao Se fazer pecado pelos outros (2 Cor. 5:21); Ele levou sobre Si os pecados dos outros na cruz (1 Ped. 2:24); Ele sofreu para tirar o pecado dos outros (Heb. 9:28); Ele passou um sofrimento horrível, tortura e morte no lugar dos pecadores (Isa. 53:4-6).”

Propiciação é outra palavra relacionada à morte substitutiva de Cristo. Significa, literalmente, “uma cobertura para o pecado”. Essa cobertura foi necessária para satisfazer as justas exigências de um Deus irado. A morte substitutiva de Jesus satisfez os requerimentos para conciliação de Deus (cf. Lev. 4:35). Ao receber o dom de salvação de Cristo, o fiél pode ser poupado da ira de Deus. “Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo” (Heb. 2:17).

68 TEORIAS DA EXPIAÇÃO

Teoria Representantes

Originais Idéia Principal Fraqueza

Representantes Recentes Resgate pago

a Satanás (184-254 d.C) Orígenes

O resgate pago a Satanás, pois ele manteve

o povo cativo pelo pecado.

A santidade de Deus foi ofendida pelo pecado; a cruz foi o julgamento de

Satanás e não o pagamento de um resgate. Não existem defensores atualmente Recapitulação Irineu (130-200 d.C.)

Cristo experimentou tudo o que Adão havia experimentado, inclusive o pecado. Contradiz a impecabilidade de Cristo (1 João 3:5). Ninguém conhecido Comercial (Satisfação) Anselmo (1033-1109)

O pecado roubou a honra de Deus; a morte de Cristo honrou a Deus, permitindo o perdão dos

pecados.

Eleva a honra de Deus acima de qualquer outro

atributo; ignora a expiação vicária.

Ninguém conhecido

Influência

Moral (1079-1142) Abelardo

A morte de Cristo foi desnecessária para expiar

o pecado; Sua morte abranda o coração do pecador, o que o leva ao

arrependimento.

A base da morte de Cristo está no amor de

Deus e não em Sua santidade. Expiação vista

como desnecessária. Friedrich Schleiermacher Albrecht Ritschi Horace Bushnell Exemplo Socino (1583-1604)

A morte de Cristo foi desnecessária para a expiação do pecado; Sua morte foi um exemplo de obediência para inspirar a

reforma.

Vê Cristo apenas como um homem; expiação vista como desnecessária. Thomas Altizer Unitarianos Governamental (1583-1645) Grotius

Cristo sustenta o governo na lei de Deus; Sua morte

foi um pagamento simbólico; permite que Deus deixe a lei de lado e

perdoe o povo.

Deus está sujeito a mudanças; Sua lei é colocada de lado; Deus perdoa sem pagamento

pelo pecado. Daniel Whitby Samuel Clarke Richard Watson J. McLeod Campbell H. R. Mackintosh Acidente A. Schweitzer (1875-1965)

Cristo se encantou com um complexo de Messias

e acabou sendo morto por engano pelo

processo.

Vê a morte de Cristo como um acidente; nega

a expiação substitutiva. Ninguém conhecido

Redenção (grego agorazo) significa “comprar”. A palavra foi usada freqüentemente no contexto de compra de escravos no mercado. Os escritores do Novo Testamento usavam a palavra para se referir ao efeito da morte substitutiva de Cristo ao livrar as pessoas da escravidão do pecado. O preço da redenção foi a morte de Cristo (1 Cor. 6:20; 7:23; Apoc. 5:9).

A palavra bíblica mais comum para perdão é aphemi, que significa literalmente “mandar embora”. A morte de Jesus na cruz livrou ou mandou embora nossos pecados. “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça” (Efe. 1:7).

O escritor de Hebreus enfocou a morte de Cristo como sacrifício (Heb. 9-10). Cristo é o sumo-sacerdote que entrou no Lugar Santo para fazer o sacrifício final, negando a necessidade de fazer os “mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano” (Heb. 10:1). “Assim

69 também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação” (Heb. 9:28).

Reconciliação (grego katalasso) significa “efetuar uma mudança, reconciliar”. Por causa de nosso pecado uma separação entre Deus e a humanidade. A morte de Cristo na cruz demonstra a iniciativa de Deus de restaurar o relacionamento. A reconciliação está disponível a todos, mas não é eficaz a não ser que alguém receba por fé a Cristo, que tornou possível a restauração desse relacionamento.

Um termo final é o da justificação. Justificação é um ato legal, baseado na morte de Cristo (Rom. 5:9), através da qual Deus declara justo aqueles que têm fé em Jesus Cristo. O dom da justificação (Rom. 3:24) envolve o perdão e a remoção de todos os pecados e salvação da ira de Deus (Rom. 5:9). Nossa justiça não vem de nós mesmos, mas é um dom de Deus a todos que crêem (Rom. 3:22).