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Carl F. George, diretor do Instituto de Evangelismo e Crescimento de Igrejas Charles E. Fuller, é um dos mais sinceros proponentes dos pequenos grupos da América. Em seu livro Prepare your Church (Prepare sua Igreja), ele afirmou seu caso:

Acredito que menor o grupo dentro do todo – chamado por dúzias de termos diferentes, incluindo pequenos grupos ou grupo célula – é um importante, mas pouco desenvolvido, recurso na maioria das igrejas. É, afirmo, estrategicamente, a fundação mais significativa para a formação espiritual e assimilação, para o evangelismo e desenvolvimento da liderança para as funções mais essenciais que Deus chamou para a igreja ... É tão importante que todo o restante seja considerado como secundário para sua promoção e preservação.

Vantagens dos pequenos grupos

Que forças têm os pequenos grupos que podem não estar presentes em outros grupos da igreja como a Escola Dominical? Uma vantagem confirmada é falta de restrições de espaço. Pequenos grupos se encontram nas casas, escritórios, escolas ou em qualquer lugar que pessoas se juntam. Relacionado a vantagem é a liberdade expressa por muitos participantes de estar fora do campo da igreja. Apenas estar em um edifício da igreja pode desconfortável, especialmente, para os que não são da igreja.

Os pequenos grupos também ajudam a desenvolver níveis de confiança mais profundos, o que ajuda os participantes a compartilhar. Muito do que acontece nas Escolas Dominicais tendem a ser abstratos. Podemos estudar a autoridade dos Hebreus e a rebelião dos israelitas sem estar, na verdade, considerar onde estamos com Jesus. Os pequenos grupos nos fazem desenvolver intimidade e compartilhar; isso pode mudar nossa vida.

Quantos líderes de igreja têm buscado, em vão, por uma maneira de assimilar novos membros ou pretendentes? Contam-nos que o envolvimento nos ministérios e o desenvolvimento de relacionamentos são importantes para desenvolver o sentimento de pertencimento. Tanto ministério quanto relacionamento acontecem em um pequeno grupo. Freqüentemente, antes de ser declarado membro da igreja, uma pessoa está bem assimilada dentro da igreja através de um pequeno grupo.

145 Outro assunto é o cuidado pastoral. Por quase uma década, Wagner e Schaller ensinaram que pastores devem ser “fazendeiros” cuidando dos “pastores” que cuidam das “ovelhas.” As ovelhas são pastoreadas, mas o fazendeiro não o faz – ele cuida para que o ministério o faça. Muitos pastores têm, entusiasmadamente, apoiam esse ministério de pastorear, mas não têm tido muito sucesso em encontrar pastores. O método dos pequenos grupos pode prover mais cuidado pastoral do que a maioria das igrejas já pensou ser possível.

O exemplo “New Hope”

Alguns pequenos grupos tem potencial evangelístico explosivo. Um dos ministérios de pequenos grupos mais eficazes para o evangelismo é o da Igreja Comunitária New Hope, em Portland, Oregon. Começado pelo pastor Dale Galloway em 1972, a igreja chegou aos cinco mil membros. O crescimento mais rápido aconteceu depois do décimo aniversário da igreja. De 1982 a 1990, o número de membros cresceu em quatro mil. A chave para o crescimento tem sido, os cerca de, quinhentos pequenos grupos.

Os grupos de New Hope são células TLC, que significa grupos “tender loving care” (algo como amor e calidez). O propósito, em três frentes, do grupo TLC é discipular, evangelizar e pastorear. A cada grupo é dado a meta de trazer uma nova família a Cristo a cada seis meses. Galloway os motiva regularmente a darem prioridade ao evangelismo. O sistema de grupo célula começou com um grupo para cada dez membros. Em 1990, 4.800 pessoas estavam em freqüência semanal aos 485 grupos. A relação de um para dez continua constante por 20 anos.

Previamente nesse livro, examinamos três tipos de crescimento: transferência, biológico e conversão. É fascinante ver o tipo de crescimento que New Hope tem experimentado. Aproximadamente, oitenta por cento das pessoas em New Hope nunca estiveram na igreja. A maioria deles era perdido. Os pequenos grupos tornaram a Igreja Comunitária de New Hope em uma das igrejas mais evangelísticas da nação! A chave não é o método confrontador de ganhar almas, mas um “evangelismo da porta lateral.” Os pequenos grupos são um “ponto de entrada” em que é feita, primeiro, uma tentativa de “ganhar um ouvinte”. Apenas depois que o grupo ganhe a confiança e, talvez, solucione alguma necessidade do indivíduo, é que uma apresentação verbal do evangelho acontece.

A Igreja Comunitária New Hope tem crescido atravéz dos pequenos grupos, mas também manteve a Escola Dominical no lugar. A Escola Dominical acontece no mesmo horário dos cultos da manhã. A ênfase é colocada em uma forte Escola Dominical para as crianças, apesar de existir também classes contínuas para adultos.

A estrutura dos pequenos grupos

Igrejas com pequenos grupos bem sucedidos tendem a ter uma liderança forte, organização e responsabilidade. Algumas igrejas seguem o modelo Jetro. Em Exôdo 18:13-23, o sogro de Moisés o ajudou a esbelecer uma organização para as necessidades dos israelitas. Jetro organizou os dois milhões de israelitas em grupos de dez com um líder em cada grupo. Um líder de cinquenta, então, seria líder de cinco líderes de grupos. Depois tinham os líderes de cem e, finalmente, os líderes de mil.

Igrejas com liderança treinada, uma organização similar ao modelo de Jetro, e um sistema de relatórios para a responsabilidade final são os modelos de pequenos grupos mais eficazes atualmente. A Igreja Comunitária de New Hope usa cinco níveis: pessoas leigas, pastores leigos, líderes de pastores leigos, pastores distritais e pastores sêniors. Todos os líderes preenchem um relatório semanal sobre seu ministério. Isso promove um ministério unificado. Nenhum pastor leigo pode continuar a ser um pastor leigo se não se submeter a esse nível de responsabilidade através dos relatórios semanais.

146 O futuro dos pequenos grupos

Os pequenos grupos estão rapidamente se tornando a norma. Carl F. George chama esse modelo de “sistema meta-igreja” (a palavra meta significa mudança, isso acontece para não ser confundido com as megaigrejas). O modelo meta-igreja é aplicável a qualquer congregação, grande ou pequena. Os requisitos, diz George, são a vontade de fazer “tanto uma mudança de pensamento,sobre como o ministério é feito, e uma mudança de forma na infraestrutura da igreja.”

Os pequenos grupos continuarão a crescer por todo o mundo no século XXI. O fenômeno do pequenos grupo são resultado, em grande parte, de nossa sociedade impessoal. Na igreja primitiva, as pessoas cuidavam umas das outras, comendo nas casa de outras pessoas e dar amor era a norma. Hoje, os moradores da cidade não sabem nem os nomes das famílias que moram três casas depois da sua.

Minha esposa Jo foi criada em uma fazenda no Alabama. Eu ficava maravilhado em como sua família conhecia os vizinhos que moravam a muitos quilômetros de distância. Esses vizinhos caminhavam até a casa dos meus sogros, Arthur Clyde e Nell King, sem cerimônias. Havia uma intimidade entre vizinhos, independente da distância que os separava. O vizinho estava sempre disponível para ajudar outro vizinho.

Findley Edge descreve o atual estilo de vida do americano em contraste com sua herança rural:

Hoje, porém, em nosso ambiente urbano, com nosso estilo de vida urbano, estamos excessivamente pertos fisicamente, mas a quilômetros de distância emocionalmente e no relacionamento. Em nossas cidades com o tráfego intenso, com prédios de escritório e apartamento grandiosamente altos prestes a tragar tudo que esteja abaixo deles, somos como vermes enlatados, subindo um por cima do outro, mas nunca se tocando. Uma família vivendo em uma cobertura, raramente, conhece a família que mora ao lado e certamente não conhece (e não se importa de conhecer) quem mora nos outros andares. E assim, estamos nos movendo para uma sociedade em que somo apenas um número. Mas, eventualmente, nossa natureza se rebela contra isso. Não fomos criados para sermos apenas um número; fomos feitas para sermos uma comunidade. Além disso, em uma sociedade que está se tornando cada vez mais impessoal, os pequenos grupos nos dão um ambiente em que podemos ser seres humanos em um relacionamento, e não apenas um animal que simplesmente existe. Eu conheço e posso ser conhecido. Posso amar e ser amado.

Avaliação

É difícil, se não impossível, discernir um tipo particular de organização de igreja nas Escrituras. O padrão de uma igreja saudável, porém, pode ser colhido de várias passagens das Escrituras. Atos 2:42-47 é geralmente citado como um exemplo de igreja saudável. As características incluem ensinamento, comunhão, oração, milagres, doações, solução de necessidades, louvor, evangelismo e assimilação. Romanos 12:10, Efésios 4:2 e 4:32 acrescentam a essa lista devoção, auto-sacrifício, humildade, generosidade, paciência, amor, bondade, compaixão e perdão. Gálatas 6:2 inclui a caracterísitica de cuidar das dificuldades uns dos outros: “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.” 1 Tessalonicenses 5:11 acrescenta as funções do encorajamento e edificação: “Por isso exortai- vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis.”

Há poucas passagens que dirige o corpo de crentes aos seus papéis dados por Deus. Ao examinar as características da igreja acima, é difícil ver como qualquer estrutura diferente da dos pequenos grupos possa preencher melhor as necessidades. Elas permitem que o ministério seja de pouco em pouco, ao invés de um ou alguns membros tentando solucionar as

147 necessidades de centenas se não milhares. Cristo mesmo limitou Seu grupo ministérial intermediário a doze. Esse é um padrão para os cristãos de hoje.

Quando falamos de pequenos grupos, ainda devemos resolver a questão do tipo de pequeno grupo. As duas grandes áreas que mencionamos no início desse capítulo foram pequenos grupos no campo da igreja (normalmente Escola Dominical) e pequenos grupos fora do campo da igreja. Aparentemente, os pequenos grupos que acontecem fora do campo da igreja são os que melhor solucionam as necessidades de nutrir, cuidado pastoral e discipulado; a Escola Dominical é a melhor arma educacional da igreja, especialmente para as crianças. Apesar de não poder ser afirmado com certeza, a igreja do futuro pode experimentar um crescimento explosivo através de pequenos grupos fora do campo da igreja e prover um estudo bíblico sistemático através dos pequenos grupos de dentro do campo da igreja, o que muitas igrejas continuarão chamando de Escola Dominical. Uma questão ainda não respondida diz respeito ao espaço. Se um crescimento irrestrito acontece fora do campo da igreja, como a igreja do futuro irá lidar com a necessidade de espaço para adoração e educação no campo da igreja? A igreja já ultrapassou outros desafios por dois mil anos. Não há motivo para acreditar que inovações lideradas pelo Espiríto não irão vencer os desafios do século XXI.

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No documento O Livro de Crescimento de Igreja - Thom Rainer (páginas 144-148)