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O pastor na nova reforma

No capítulo anterior, vimos o papel de um pastor do crescimento de igreja. Agora, vamos ver, brevemente, as implicações desse papel ao libertar os leigos para que respondam seu chamado ao ministério. Ogden está no alvo quando ele assume que a chave para a realização da nova Reforma é uma

transformação da postura do pastor. Uma congregação tende a assimilar a personalidade, a abordagem e a postura de seu pastor, e refletir essa identidade como a imagem refletida em um espelho. Há uma dinâmica reativa ou uma interação entre o pastor e a congregação. Por exemplo, se a abordagem básica de um pastor ao povo de Deus é a de um professor-sábio, as pessoas tenderão a se tornar alunos-aprendizes. Se o pastor vê a igreja e seu papel como um ativista social, a igreja se tornará um centro de onde as pessoas irão trombetiar causas de justiça. Se o pastor projeta uma imagem de pai-mãe, as pessoas se verão como crianças dependentes. Mas se a igreja for uma comunidade ministerial, o pastor ser alguém que equipe, que habilite o povo de Deus a plenitude do serviço.

Um pastor deve querer fazer três grandes mudanças para que possa cumprir seu papel de “equipador”. Essas mundaças são, freqüentemente, dolorosas; para a maioria dos pastores e leigos também, eles são fundamentalmente diferentes na “maneira que sempre fizemos”.

Proativo. Primeiro, o pastor deve perceber que ele é o princípio da mudança necessária. A igreja não participará da nova Reforma se não tiver a liderança do pastor. Todas as pregações, os ensinamentos e oportunidades de escrever disponíveis ao pastor devem proclamar a nova Reforma. Enfim, o pastor deve fazer mudanças importantes na maneira de fazer seu ministério, para que as pessoas vejam que seu compromisso é mais que apenas palavras.

Abandonado os modelos de dependência. Ogden chama o tradicional modelo de ministério pastoral de “modelo de dependência.” Ele vê que esse modelo é acalentado nas mentes e ações do pastor e da congregação.

O pastor sente a pressão ser onicompetente. Ele é o estudioso que estuda; o conselheiro que ouve e aconselha; o pastor que visita; o orador que fala; o professor que

100 ensina; o homem de negócios que administra; o que levanta fundos; o encorajador que conforta; e o evangelista que testemunha. Ele sabe que membros diferentes de sua congregação tem diferentes expectativas dele. De alguma maneira, enquanto se encontra com as multifacetadas necessidades dos membros, ele deve cuidar também de sua família.

Alguns pastores temem o abandono desse modelo de dependência. Afinal de contas eles são “os profissionais”. Pessoas leigas, sem o estudo e treinamento dos pastores, poderiam fazer o trabalho deles? O pastor está ciente de que muitas congregações acreditam, firmemente, que eles pagam o pastor para fazer o ministério.

Então, há a questão (pouco comentada) do ego do pastor. Muitos em nossa profissão vivem pelos “afagos” que recebemos diariamente. Poderemos, possivelmente, tolerar o cenário no qual pessoas leigas recebem a honra ao entrar na linha de frente do ministério? Estamos dispostos a sermos “equipadores” por trás das cenas, que recebe pouco reconhecimento?

Ainda, há outros pastores que acalentam o modelo de dependência por culpa. Se o pastor não estiver fazendo alguma coisa que é uma atividade orientada, será que estão fazendo algo que valha a pena? Os pastores poderiam transferir o ministério a outros e focar a atenção para equipar (Efe. 4:12), orar e para a Palavra (Atos 6:3-4)?

Essas realidades tornam difícil para a maioria dos pastores abandonarem o modelo de dependência. Um líder que deseja fazer a mudança para o modelo bíblico deve estar preparado para resistir às ondas de críticas e resistência que geralmente se seguem.

Adotando o modelo “equipador”. Examinaremos, em poucas palavras, um modelo “equipando” para liberar os leigos para o ministério. Aceitar e implementar esse novo modelo não acontece em poucas semanas. Paciência, força e persistência são três requisitos para o pastor que tenta liderar seu povo a um novo paradigma que ao final resultará em uma igreja onde o povo de Deus está no ministério, e o crescimento da igreja se torna natural como o crescimento da igreja primitiva (Atos 6:7).

A nova Reforma realizada: o povo de Deus no ministério

A derradeira implementação de equipar e libertar requer um compromisso pastoral longo, especialmente em igrejas bem estabelecidas na tradição. Apesar de uma nova igreja poder se adaptar a nova Reforma em questão de meses, uma igreja centenária do centro da cidade pode levar muitos anos para fazer uma mudança de paradigma.

Educação. O começo do processo é a educação. O pastor tem vários meios pelos quais ele pode comunicar a mensagem de equipar e libertar a igreja. Ele deve expor a igreja ao modelo bíblico em uma base consitente e persistente. Desaprender o modelo tradicional de dependência exigirá tempo e paciência. O pastor deve ser cauteloso. Muitas pessoas precisam de tempo para assimilar uma maneira, interamente nova, de pensar.

Reestruturando. Grande parte das igrejas não estão estruturadas para os leigos no ministério. Pessoas envolvidas na igreja, freqüentemente, gastam o tempo em comitês e comissões ao invés de estarem na linha de frente do ministério. Wagner comenta que “quando a igreja vai crescendo se torna mais e mais de difícil controle ... e tende a multiplicar os comitês e comissões ad infinitum.” Ao invés de dar oportunidades para o ministérios, essas estruturas sem liderança, diz Wagner, “reduzem a igreja.”

A maioria dos pastores podem simpatizar com a minha estória de Brent. Pouco depois que Brent foi batizado em nossa igreja, ele me chamou com uma pergunta bem direta: “O que eu faço agora?” Brent sabia que havia mais em ser cristão, e ele queria fazer parte da ação. Minha situação era que não havia nenhuma posição vaga em nossa igreja. Mesmo que houvesse uma vaga, duvido que eu sugerisse que Brent a preenchesse. A estrutura falhou com nós dois.

101 Agora, estou convencido de que a estrutura do pequeno grupo é bíblica e a melhor maneira de mobilizar os leigos. Como Jetro aconselhou Moisés a estruturar a nação de Israel (Exo. 18:13-27) em grupos, também os pastores deveriam estruturar a igreja. Ministério real acontece em pequenos grupos. Pequenos grupos encorajam o ministério face a face; isso não acontecerá em uma igreja com estrutura tradicional. Tal reorganização irá requerer tempo, paciência e obstinação. E o pouco tempo de dor compensará o muito tempo de ganhos. Veremos essa estrutura de pequenos grupos no capítulo 26.

Decoberta dos dons espirituais. Quando eu era pastor da igreja batista de Azalea, em São Petesburgo, Flórida, meu pastor associado Chuck Carter e eu lideramos a igreja na descoberta de seus dons espirituais. O processo era triplo. Primeiro, fiz uma série de pregações sobre dons. Depois, fizemos um seminário, de um dia inteiro, que concluiu com cada participante preenchendo um relatório de dons. O passo final foi uma entrevista do pastor com cada um dos participantes do seminário.

Lembro-me muito bem da reação da primeira pessoa que entrevistei. Seu dom mais proeminente era o ajuda. No relatório ela não estava nem na escala de dom de ensinar. Quando ela viu o resultado, uma grande onda de alívio sobreveio. “Então é por isso que odeio ensinar na Escola Dominical!” ela exclamou. Ela logo encontrou um lugar como voluntária no escritório da igreja e se tornou uma radiante trabalhadora de Cristo

Em minha Convenção Batista do Sul, temos um plano de ministério de diaconato de família em que cada diácono ativo é designado a responsabilidade de pastorear um certo número de famílias. Ainda assim vi diáconos devotos ficarem frustrados por não fazerem seu trabalho como prescrito no programa. Por que? Muitos dos diáconos não tem a mistura do dons que os levaria para o ministério pastoral. Em outras palavras, eles estão tentando fazer um ministério sem os recurso espirituais necessários.

Quando a descoberta dos dons espirituais acontecem em uma igreja, o resultado é libertação e alegria. Um ministério estimulante e alegre, consequentemente, acontecem porque as pessoas estão fazendo seu ministério de acordo com seus dons.

Repensando os dons. Os ministérios tradicionais em uma igreja são sinônimos de programas. Se pensarmos que precisamo de mais verdades evangelísticas, instituimos um programa evangelístico. Se buscarmos a necessidade de um maior discipulado, começamos um programa de discipulado. Poucos líderes na igreja, então, organizaram os programas para o ano e esperaram pelas pessoas para preencher os espaços. Não de se surpreender que esses programas, raramente, sobrevivem mais de um ou dois em uma igreja local.

Em seu clássico livro Unleashing the Church (Libertando a Igreja), Frank Tillapaugh descreve a situação de muitos bons membros de igrejas que imaginam se a igreja local tem qualquer eficácia. Ele descreve um casal que perdeu o zêlo pela igreja:

Ao refletirem sobre suas experiências passadas na igreja havia pouca alegria ou satisfação. Olhando do passado para o presente, três décadas depois, tinha sido um desgaste deseperado. Eles haviam servido em vários comitês que pareciam nunca ter alcançado muita coisa. Ele tinham visto pastores chegarem e irem embora. Eles viram a igreja subir seu nível de frequencia, se manter e depois entrar em declínio. Por algum tempo, eles ficaram desiludidos, desencorajados sobre o potencial da igreja local.

Tillapaugh lembra da fé desse casal que imaginava que seu trabalho na igreja era sem sentido: “Mas o elemento da vida dinâmica que vem do envolvimento em um ministério significativo era, em maior parte, carente. Muito do trabalho relacionado com a igreja parace trivial. Horas tem sido colocadas em decisões relacionadas a construção de prédios e

102 estacionamentos. Eles passam muito tempo discutindo os negócios da igreja, mas ainda investem pouco nas pessoas.”

Esse casal expressou os sentimentos dos incontáveis membros que se encontram em situação semelhante. O único ministério que podem fazer na igreja é aquele que já existe no programa da igreja.

Repensar o ministério significa permitir que as pessoas comecem ou se encaixem em ministérios de acordo com os dons que Deus lhes deu. Se um membro tem um talento por um ministério que não se encaixa no existente programa da igreja, ele ou ela deveriam começar esse ministério. Tal abordagem tem riscos, mas é compatível com o crescimento da igreja primitiva. Enquanto o apóstolo Paulo dava ensinamento doutrinário, diretrizes e líderes, ele, por fim, deixou as igrejas que ele fundou sob os cuidados do Espírito Santo. Buscando a direção de Deus, “com jejum e oração, ele entregou-os ao Senhor em quem eles tinham colocado sua confiança.”

Um dos ministérios mais dinâmicos com os quais fui associado, é o Ministério do Banco de Alimentos da igreja batista de Green Valley. É agora um dos maiores ministérios de alimentos de Birminham, mas começou como um desejo em nosso coração de alguns membros leigos. É liderado por um leigo. Essa equipe conta com setenta voluntários leigos. Louvo a Deus que essas pessoas são parte da nova Reforma e que a estrutura de nossa igreja tirou vantagem do chamado de Deus para o ministério.

Avaliação

Um dos princípios mais estimulantes do crescimento de igrejas é a libertação da laicidade para fazer o trabalho do ministério. Implementar esse princípio significa voltar às bases do Novo Testamento, em que a dicotomia entre clero e laico não existe. Isso requer a aceitação do sacerdócio dos crentes pelo qual os Reformadores lutaram apaixonadamente.

Hadaway descobriu uma direta correlação entre o crescimento numérico da igreja e o ministério significativo para a comunidade. Seus comentários são notáveis:

Está claro que as igrejas no início do crescimento (e igrejas em crescimento em geral) tendem a ter uma presença maior em sua comunidade. Eles olham muito menos para dentro de si e vêem o papel da igreja como pessoas que ajudam, sendo elas membros na igreja ou não. Como resultado, as pessoas da comunidades estão cientes de que a igreja existe e está disponível em época de necessidades. Os alvos para se fazer um ministério para a comunidade não foram designados para produzir crescimento, nessas igrejas, mas poderia parecer que o crescimento pode ser uma consequencia não intencional. A igreja que ministra é vista como uma congregação aberta, de aceitação, ao invés de um restrito clube social. Mais tarde, aqueles que receberam ajuda ou apoio e aqueles de fora que trabalharam nos projetos do ministério em conjunto com a igreja podem estabelecer um relacionamento com o pastor ou membros, vir a conhecer a Cristo (se ainda não conhecem) e por consequencia participar da comunhão.

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