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Leis ou atos normativos distritais

CAPÍTULO 5 – OBJETO DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

5.2 Noção de atos normativos e objeto da ação direta de inconstitucionalidade

5.3.10 Leis ou atos normativos distritais

O artigo 102, inciso I, alínea a, da Carta da República faz referência apenas

ao controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual,

silenciando sobre as leis ou atos normativos distritais.

No que tange ao controle concentrado de lei ou ato normativo distrital em

face da Constituição Federal, deve-se ter em conta que, nos termos do artigo 32 da

arguição imediata perante o Supremo Tribunal da incompatibilidade direta da lei local com a Constituição da República; ao contrário, a propositura aqui da ação direta é que bloqueia o curso simultâneo no Tribunal de Justiça de representação lastreada no desrespeito, pelo mesmo ato normativo, de normas constitucionais locais: precedentes. II. Separação e independência dos Poderes: pesos e contrapesos: imperatividade, no ponto, do modelo federal. (...) 3. Do relevo primacial dos “pesos e contrapesos” no paradigma de divisão de poderes, segue-se que à norma infraconstitucional – aí incluída, em relação à Federal, a constituição dos Estados-membros –, não é dado criar novas interferências de um Poder na órbita do outro que não derive explícita ou implicitamente de regra ou princípio da Lei Fundamental da República. (...)”. Há outros julgados atinentes à matéria: ADI-MC 3.825/RR – Relatora Ministra Cármen Lúcia – Julgamento: 13/12/2006 – DJU: 02/03/2007; ADI-MC 1.841/RJ – Relator Ministro Marco Aurélio – Julgamento: 18/06/1998 – DJU: 28/08/1998; ADI 3.046/SP – Relator Ministro Sepúlveda Pertence – Julgamento: 15/04/2004 – DJU: 28/05/2004; ADI 486/DF – Relator Minis-ro Celso de Mello – Julgamento: 03/04/1997 – DJU: 10/11/2006; ADI 2.867/ES – Relator Ministro Celso de Mello – Julgamento: 03/12/2003 – DJU: 09/02/2007. Disponíveis em: <http:www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp>. Acesso em: 02/11/2009.

525 ADI-MC 1.423/SP – Relator Ministro Moreira Alves – Julgamento: 20/06/1996 – DJU: 22/11/1996

– Disponível em: <http:www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp>. Acesso em: 02/11/2009. “Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE LIMINAR. LEI N. 9.332, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1995, DO ESTADO DE SÃO PAULO. Rejeição das preliminares de litispendência e de continência, porquanto, quando tramitam paralelamente duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma no Tribunal de Justiça local e outra no Supremo Tribunal Federal, contra a mesma lei estadual impugnada em face de princípios constitucionais estaduais que são reprodução de princípios da Constituição Federal, suspende-se o curso da ação direta proposta perante o Tribunal estadual até o julgamento final da ação direta proposta perante o Supremo Tribunal Federal (...)”.

Carta Política,

526

o Distrito Federal possui as competências administrativas e

legislativas cumuladas dos Estados e dos Municípios.

527

Nesse diapasão, o Supremo Tribunal concluiu ser admissível, e de sua

própria competência, a ação direta de inconstitucionalidade em face de lei ou ato

normativo do Distrito Federal, desde que no exercício de competência estadual, que

contrariar a Constituição Federal. Por outro lado, tratando-se de lei ou ato normativo

distrital no exercício de competência municipal, não será possível o controle

concentrado, por equivaler à arguição de uma lei municipal em face da Constituição

da República.

528

A posição da Alta Corte sobre essa questão está bem consolidada, tanto que

se tornou objeto da Súmula n. 642, de 24 de setembro de 2003, in verbis:

“Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal

derivada da sua competência legislativa municipal.”

Os preceitos contidos na Lei Orgânica do Distrito Federal podem sofrer

controle por via da ação direta, conforme pode-se constatar pela ADI 1.467/DF.

529

526 “Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em

dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios (...).”

527 Excetuando-se o art. 22, XVII, da CF, ipsis verbis: “Art. 22. Compete privativamente à União

legislar sobre: I ‘usque’ XVI (...) XVII – organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes; XVIII ‘usque’ (...).”

528 ADI 611/DF – Relator Ministro Sepúlveda Pertence – Julgamento: 06/11/1992 – DJU: 11/12/1992 –

Disponível em: <http:www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp>. Acesso em: 02/11/2009. “Ementa: I – AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE: OBJETO: LEI DO DISTRITO FEDERAL FUNDADA EM COMPETÊNCIA MUNICIPAL: DESCABIMENTO. O Distrito Federal, ao qual se vedou dividir-se em Municípios (CF, art. 32), é entidade federativa que acumula as competências reservadas pela Constituição aos Estados e aos Municípios (CF, art. 32, par. 1): dada a inexistência de controle abstrato de normas municipais em face da Constituição da República, segue-se o descabimento de ação direta de inconstitucionalidade cujo objeto seja ato normativo editado pelo Distrito Federal, no exercício de competência que a Lei Fundamental reserva aos Municípios, qual a de disciplina e polícia do parcelamento do solo urbano (...).”

529 ADI 1.467/DF – Relator Ministro Sydney Sanches – Julgamento: 12/02/2003 – DJU: 11/04/2003 –

Disponível em: <http:www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp>. Acesso em: 15/03/2010. “Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. ICMS SOBRE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO: RADIODIFUSÃO SONORA E DE SONS E DE IMAGENS (ALÍNEA “a” DO INCISO XII DO ART. 21 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ARTIGO 132, I, "B", DA LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. 1. O art. 132, I, "b", da Lei Orgânica do Distrito Federal, ao admitir a incidência do ICMS apenas sobre os serviços de comunicação, referidos no inciso XI do art. 21 da CF, vedou sua incidência sobre os mencionados no inciso XII, "a", do mesmo artigo, ou seja, sobre "os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens" (art. 21, XII, "a", da CF, com a redação dada pela E.C. n. 8, de 15.08.1995). 2. Com isso, estabeleceu, no Distrito Federal, tratamento diferenciado dessa questão, em face do que ocorre nas demais unidades da Federação e do disposto no art. 155, inc. II, da CF, pelos quais o ICMS pode incidir sobre todo e qualquer serviço de comunicação. 3. Assim, ainda que indiretamente, concedeu imunidade, quanto ao ICMS, aos prestadores de serviços de radiodifusão sonora e de