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CAPÍTULO 4 – CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE

4.4 Ação direta de inconstitucionalidade

4.4.4 Processo e julgamento

4.4.4.1 Petição inicial

Na ação direta de inconstitucionalidade, cabe ao autor indicar os atos

infraconstitucionais tidos como incompatíveis com a Constituição e as normas

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ADI-MC 1.434/SP – Relator Ministro Celso de Mello – Julgamento: 20/08/1996 – DJU: 22/11/1996 – Disponível em: <http:www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp>. Acesso em: 02/11/2009. “Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO (ART. 101) – EQUIPARAÇÃO, EM VENCIMENTOS E VANTAGENS, ENTRE PROCURADORES DO ESTADO E PROCURADORES AUTÁRQUICOS – ALEGAÇÃO DE OFENSA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ART. 37, XIII; ART. 39, § 1º E ART. 61, § 1º, II, C) – PLAUSIBILIDADE JURÍRICA – MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA COM EFICÁCIA ‘EX NUNC’ – INGRESSO DE SINDICATO COMO LITISCONSORTE PASSIVO NECESSÁRIO EM PROCESSO DE CONTROLE ABSTRATO DE CONSTTUCIONALIDADE – INADMISSIBILIDADE. – O controle abstrato de constitucionalidade somente pode ter como objeto de impugnação atos normativos emanados do Poder Público. Isso significa, ante a necessária estatalidade dos atos suscetíveis de fiscalização ‘in abstracto’, que a ação direta de inconstitucionalidade só pode ser ajuizada em face de órgãos ou instituições de natureza pública. Entidades meramente privadas, porque destituídas de qualquer coeficiente de estatalidade, não podem figurar como litisconsortes passivos necessários em sede de ação direta de inconstitucionalidade (...).”

229 Para justificar tal entendimento, Alexandre Sormani menciona o voto do Ministro Moreira Alves

no julgamento da ADC 1/DF, in verbis: “Assim, por exemplo, se um Governador de Estado impugnar como inconstitucional ato normativo de seu antecessor, caso em que o requerente não pode ser, ao mesmo tempo, o requerido” (Inovações da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade, cit., p. 98).

constitucionais em face das quais estão sendo questionados, com exposição das

respectivas razões.

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Nesse passo, vale consignar que, muito embora o Supremo Tribunal Federal

esteja vinculado ao pedido, podendo apenas apreciar a constitucionalidade dos

dispositivos elencados na inicial, não o está em relação aos fundamentos jurídicos

do pedido, ou seja, à causa de pedir.

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O Pretório Excelso pode declarar a

inconstitucionalidade por fundamentos diversos dos expendidos pelo autor na

exordial.

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231 Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino explicitam que o controle abstrato de constitucionalidade

encontra-se sujeito ao princípio do pedido, no sentido de que o Poder Judiciário somente pode exercer a fiscalização da validade das leis em abstrato quando provocado (Controle de constitucionalidade, cit., p. 80).

232 A causa de pedir aberta, segundo Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, não significa que o

autor esteja dispensado de indicar o fundamento jurídico do pedido para cada dispositivo arrolado na inicial. A parte está obrigada a motivar o pedido e a identificar, na Constituição, em respeito ao princípio da especificação das normas, os dispositivos tidos como violados pelo ato normativo que pretende impugnar, sob pena do não conhecimento, total ou parcial, da ação proposta. (Controle de constitucionalidade, cit., p. 81). De acordo com Judicael Sudário de Pinho, ainda que na petição inicial haja menção a fundamento constitucional irrelevante ou até mesmo errado, a Excelsa Corte não estará impossibilitada de examinar a inconstitucionalidade com espeque em outros fundamentos que sequer foram imaginados pelo legitimado ativo da ação direta. Em suma, o Supremo Tribunal fica condicionado e adstrito ao pedido, mas não à causa de pedir. (Temas de Direito Constitucional e o Supremo Tribunal Federal, p. 97). Nesse diapasão, vale conferir os seguintes julgados do STF: ADI 1.775/RJ – Relator Ministro Maurício Corrêa – Julgamento: 06/05/1998 – DJU: 18/05/2001 – Disponível em: <http:www.stf.jus.br/ portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp>. Acesso em: 02/11/2009. “Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. IMPUGNAÇÃO ABSTRATA E GENÉRICA DE LEI COMPLEMENTAR. IMPOSSIBILIDADE DE COMPREENSÃO EXATA DO PEDIDO. NÃO CONHECIMENTO. 1. Arguição de inconstitucionalidade de lei complementar estadual. Impug- nação genérica e abstrata de suas normas. Conhecimento. Impossibilidade. 2. Ausência de indicação dos fatos e fundamentos jurídicos do pedido com suas especificações. Não observância à norma processual. Consequência: inépcia da inicial. Ação direta não conhecida. Prejudicado o pedido de concessão de liminar.” ADI-MC 561/DF – Relator Ministro Celso de Mello – Julgamento: 23/08/1995 – DJU: 23/03/2001 – Disponível em: <http:www.stf.jus.br/portal/ jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp>. Acesso em: 02/11/2009. “Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – REGULAMENTO DOS SERVIÇOS LIMITADOS DE TELECO- MUNICAÇÕES – DECRETO N. 177/91 – ATO DE NATUREZA MERAMENTE REGU- LAMENTAR – DESCABIMENTO DO CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE – AÇÃO DIRETA NÃO CONHECIDA – ATO REGULAMENTAR – DESCABIMENTO DE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. (...) AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE E DEVER PROCESSUAL DE FUNDAMENTAR A IMPUGNAÇÃO. – O Supremo Tribunal Federal não está condicionado, no desempenho de sua atividade jurisdicional, pelas razões de ordem jurídica invocadas como suporte de pretensão de inconstitucionalidade deduzida pelo autor da ação direta. Tal circunstância, no entanto, não suprime à parte o dever processual de motivar o pedido e de identificar, na Constituição, em obséquio ao princípio da especificação das normas, os dispositivos alegadamente violados pelo ato normativo que pretende impugnar. Impõe-se ao autor, no processo de controle concentrado de constitucionalidade, sob pena de não conhecimento da ação direta, indicar as normas de referência – que são aquelas inerentes ao ordenamento constitucional e que se revestem, por isso mesmo, de parametricidade – em ordem a viabilizar a aferição da conformidade vertical dos atos normativos infraconstitucionais.”

233 ADI-MC 2.396/MS – Relatora Ministra Ellen Gracie – Julgamento: 26/09/2001 – DJU: 14/12/2001

– Disponível em: <http:www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp>. Acesso em: 02/11/2009. “Ementa: 1. ADIN. Legitimidade ativa de Governador de Estado e pertinência

Cumpre esclarecer, por oportuno, que a regra acima referenciada, de

impossibilidade de apreciar a constitucionalidade de dispositivos não impugnados na

inicial, não é absoluta. De fato, o Supremo Tribunal tem admitido a declaração de

inconstitucionalidade por arrastamento ou por atração de outras disposições que o

autor não tenha expressamente mencionado na inicial, tendo em conta a conexão ou

interdependência com os dispositivos legais especificamente impugnados. A Corte

Suprema tem concluído, nessas situações, que não há necessidade de impugnação

específica pelo autor, dispositivo por dispositivo, na medida em que o eventual

reconhecimento de vício em relação a certos dispositivos conduzirá, por

arrastamento, à impossibilidade do aproveitamento dos demais que com eles

mantenham conexão.

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A petição inicial deve conter cópia do ato normativo impugnado e

procuração, quando a ação seja subscrita por advogado (art. 3º, parágrafo único, da

Lei n. 9.868/99).

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temática. Presente a necessidade de defesa de interesses do Estado, ante a perspectiva de que a lei impugnada venha a importar em fechamento de um mercado consumidor de produtos fabricados em seu território, com prejuízo à geração de empregos, ao desenvolvimento da economia local e à arrecadação tributária estadual, reconhece-se a legitimidade ativa do Governador do Estado para propositura de ADIn. Posição mais abrangente manifestada pelo Min. Sepúlveda Pertence. 2. Caráter interventivo da ação não reconhecido. 3. Justificação de urgência na consideração de prejuízo iminente à atividade produtiva que ocupa todo um município goiano e representa ponderável fonte de arrecadação tributária estadual. 4. ADIN. Cognição aberta. O Tribunal não está adstrito aos fundamentos invocados pelo autor, podendo declarar a inconstitucionalidade por fundamentos diversos dos expendidos na inicial (...).”

234 ADI 1.144/RS – Relator Ministro Eros Grau – Julgamento: 16/08/2006 – DJU: 08/09/2006 –

Disponível em: <http:www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp>. Acesso em: 02/11/2009. “Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 10.238/94 DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. INSTITUIÇÃO DO PROGRAMA ESTADUAL DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA, DESTINADO AOS MUNICÍPIOS. CRIAÇÃO DE UM CONSELHO PARA ADMINISTRAR O PROGRAMA. LEI DE INICIATIVA PARLAMENTAR. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 61, § 1º, INCISO II, ALÍNEA ‘E’, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. Vício de iniciativa, vez que o projeto de lei foi apresentado por um parlamentar, embora trate de matéria típica de Administração. 2. O texto normativo criou novo órgão na Administração Pública estadual, o Conselho de Administração, composto, entre outros, por dois Secretários de Estado, além de acarretar ônus para o Estado-membro. Afronta ao disposto no artigo 61, § 1º, inciso II, alínea ‘e’ da Constituição do Brasil. 3. O texto normativo, ao cercear a iniciativa para a elaboração da lei orçamentária, colide com o disposto no artigo 165, inciso III, da Constituição de 1988. 4. A declaração de inconstitucionalidade dos artigos 2º e 3º da lei atacada implica seu esvaziamento. A declaração de inconstitucionalidade dos seus demais preceitos dá-se por arrastamento. 5. Pedido julgado procedente para declarar a inconstitucionalidade da Lei n. 10.238/94 do Estado do Rio Grande do Sul.” Há outros julgados do STF que tratam da inconstitucionalidade por arrastamento ou por atração, podendo ser citados os seguintes: ADI 3.645/PR – Relatora Ministra Ellen Gracie – Julgamento: 13/05/2006 – DJU: 01/09/2006; ADI 2.797/DF – Relator Ministro Sepúlveda Pertence – Julgamento: 15/09/2005 – DJU: 19/12/2006 e ADI 2.895/AL – Relator Ministro Carlos Veloso – Julgamento: 02/02/2005 – DJU: 20/05/2005. Disponíveis em: <http:www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp>. Acesso em: 02/11/2009.

235 “Art. 3º A petição indicará: I – o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os

De acordo com a Máxima Corte, o Governador de Estado e demais

autoridades e entidades referidas no art. 103, I a VII, da Constituição Federal

possuem capacidade processual e capacidade postulatória, por força da própria

norma constitucional.

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Por seu turno, os partidos políticos, as confederações

sindicais e entidades de classe necessitam de patrocínio por advogado, com

poderes especiais para a propositura da ação e específicos para impugnar a norma

objeto do pedido.

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A petição inicial inepta, não fundamentada e a manifestamente improcedente

serão liminarmente indeferidas pelo relator, cabendo agravo dessa decisão (art. 4º e

parágrafo único).

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