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2.3. O estado da arte do capital social

2.3.3. O contributo de Robert Putnam

O trabalho de Putnam sobre o conceito de capital social iniciou-se nos anos noventa, com um estudo sobre o papel do envolvimento cívico na estabilidade política e na prosperidade económica regionais de Itália (Baron Field & Schuller, 2000; Halpern, 2005; Field, 2008). A análise estatística de duas décadas de dados recolhidos no âmbito de um estudo sobre o governo regional em Itália, intitulado Making Democracy Work

(1993a) serviu de termo de comparação entre as administrações do norte e do sul do país, no respeitante à eficiência do seu desempenho.

O investigador recorreu à ideia de comunidade cívica como variável para explicar as diferenças observadas entre os governos regionais do norte e do sul. Tendo por referência quatro medidas (a vida associativa, a percentagem de leitura de jornais, a taxa de votação eleitoral e as preferências na votação), Putnam (1993a) concluiu que a atuação melhor sucedida do governo na região nortenha se devia sobretudo à relação de proximidade e de reciprocidade entre a sociedade civil e o governo regional. Por contraste, as relações de desconfiança mútua entre as instituições do sul e os cidadãos, cuja origem remontava ao período da autocracia normanda, tinham vindo a repetir-se ao longo dos tempos, mesmo em períodos de reforma e de renovação (Field, 2008). Já então o investigador usa o conceito de capital social para se referir às características das organizações sociais, como a confiança, as normas e as redes de relações, que ele considerava poderem melhorar a eficiência da sociedade por facilitarem ações coordenadas (Putnam, 1993a).

Depois do estudo em Itália, com a sua atenção agora focada nos Estados Unidos, Putnam (1993b, 1995, 1996) nutre sistematicamente o argumento de que o capital social americano se encontra em declínio, e vai apurando a sua utilização da expressão “capital social”. Em 1996, no artigo “Who Killed Civic America?” escreve: “(…) by social capital I mean features of social life – networks, norms and trust –that enable participants to act together more effectively to pursue shared objectives” (p.56), estabelecendo assim as redes de relações, as normas e a confiança como componentes do capital social.

Mais tarde, na emblemática Bowling Alone: The Collapse and Revival of

American Community (2000), embora em linha com o que vinha defendendo em

publicações anteriores, Putnam menciona o conceito de forma um pouco diferente. Em primeiro lugar, afirmando:

In recent years social scientists have framed concerns about the changing character of American society in terms of the concept of “social capital”. By analogy with notions of physical capital and human capital (…) the core idea of social capital theory is that social networks have value. Just as a screwdriver (physical capital) or a college education (human capital) can increase productivity (both individuals and collective), so too social contacts affect the productivity of individuals and groups (pp. 18-19).

No desenvolvimento deste raciocínio, avança a noção de que “(…) social capital refers to connections among individuals – social networks and the norms of reciprocity and trustworthiness that arise from them” (p.19). Há assim duas ideias que tomam corpo: a reciprocidade e a confiabilidade como características indissociáveis das redes de relações.

Com o intuito de definir “capital social”, Putnam acrescenta que este tem uma face privada e uma pública: privada, porque os indivíduos podem construir ligações em prol dos seus próprios interesses: a obtenção de emprego, por exemplo, pode depender não do que se sabe ou conhece (capital humano), mas de quem se conhece. A face pública pode abranger toda uma comunidade, pelo que não está circunscrita aos custos e benefícios das ligações sociais de um indivíduo singular:

If the crime rate in my neighborhood is lowered by neighbors keeping an eye on one another’s homes, I benefit even if I personally spend most of my time on the road and never even nod to another resident on the street (p.20).

Nesta linha de pensamento, o capital social é visto simultaneamente como um bem privado e público: os benefícios do investimento no capital social podem reverter a favor do investidor, mas também de outros que não estejam diretamente envolvidos. Putnam exemplifica com clubes como os Rotários ou o Lions que ao mesmo tempo que angariam fundos para combater doenças ou para financiar bolsas de estudo, proporcionam aos seus membros ligações de amizade ou contactos de negócios compensadores a nível pessoal.

Apresentando algumas semelhanças com o pensamento de Coleman (1988), Putnam afirma que as relações sociais em rede também implicam obrigações mútuas, destacando outra dimensão do conceito, a reciprocidade. O oitavo capítulo de Bowling

Alone (2000) é aliás inteiramente dedicado aos conceitos de reciprocidade, honestidade

e confiança. A sua frase de abertura, sobre a reciprocidade generalizada, diz que esta é a pedra de toque do capital social. É tão importante para a vida em sociedade, que todos os códigos morais contêm esta “regra dourada”.

A reciprocidade pode ser generalizada quando é praticada desinteressadamente, embora na convicção de que uma boa ação no presente terá retorno no futuro: “eu faço isto por ti, sem esperar nada em troca, na certeza porém de que alguém fará alguma

coisa por mim mais tarde”. E é por vezes específica, no sentido em que “eu faço isto por ti, se tu fizeres aquilo por mim” (Putnam, 2000). A título de exemplo, os membros de uma comunidade que seguem os princípios da reciprocidade – traduzidos em ações como limpar os jardins de folhas antes que elas voem para o jardim do vizinho, emprestar uma moeda a um estranho para o parquímetro, pagar uma rodada de bebidas quando se recebe mais por horas extraordinárias, manter a casa de um vizinho sob vigilância na sua ausência – sabem que o seu próprio interesse é servido:

In some cases, like neighborhood lawn raking, the return of the favor is immediate and the calculation straightforward, but in some cases the return is long-term and conjectural, like the benefit of living in the kind of community where people care for neglected children (Putnam, 2000, p.135).

A tranquilidade que resulta de se viver numa comunidade regida pela reciprocidade traz vantagens do ponto de vista económico, assevera Putnam (2000). Há uma poupança no stresse diário inerente aos “custos de transação” (assim designados pelos economistas), sublinha o politólogo. A honestidade e a confiança operam como lubrificantes nos atritos inevitáveis da vida social, muito embora só possam ser aplicados se todas as partes envolvidas estiverem em sintonia, adverte o investigador: “ (…) only a seeker of sainthood will be better off being honest in the face of persistent dishonesty” (p.136).

Quanto ao princípio da confiança, Putnam (2000) distingue entre confiança “superficial” (“thin trust”) e confiança “sólida” (“thick trust”). Cada uma destas tonalidades tem implicações diferenciadas nas relações interpessoais e está associada a graus de proximidade relacional diversos. A confiança resultante das relações pessoais fortes, que são cultivadas pela frequência e pela proximidade, é designada por “thick trust” (p. 136). A confiança quase intuitiva no outro, que acontece, por exemplo, com alguém que acaba de conhecer uma pessoa no café, e que se baseia num conjunto de expetativas sociais de reciprocidade, é classificada de “thin trust” (p.136). A importância atribuída pelo politólogo à reciprocidade e à confiabilidade está na base da sua convicção de que uma sociedade caracterizada por uma reciprocidade generalizada é mais eficaz do que uma sociedade desconfiada. Reforça-se a ideia de que a confiabilidade lubrifica a vida social, e que a interação frequente com diferentes pessoas resulta numa tendência em gerar reciprocidade generalizada.

Para que não haja dúvidas em relação ao tipo de confiança que está sob escrutínio, Putnam (2000) diz que se trata de confiança social, isto é, confiança entre pessoas e nas pessoas, e não nas instituições, como o governo, por exemplo (“Our subject here is social trust, not trust in government or in other social institutions”, p. 137). O que coloca o problema de como medir os níveis de confiança social. O autor responde, afirmando que as sondagens feitas ao longo de várias décadas nos Estados Unidos sobre confiança social e honestidade foram uma fonte muito útil no tratamento desta questão. Contudo, admite que há alguma ambiguidade nas respostas, uma vez que a pergunta mais utilizada (“Generally speaking, would you say that most people can be trusted, or that you can´t be too careful in dealing with people? p. 137) suscita interpretações diversas:

(…) If fewer survey respondents nowadays say “Most people can be trusted”, that might mean one of three things: 1) the respondents are accurately reporting that honesty is rarer these days; or 2) other people´s behavior hasn´t really changed, but we have become more paranoid; or 3) neither our ethical demands nor other people’s behavior have actually changed, but we now have more information about their treachery, perhaps because of more lurid media reports (Putnam, 2000, p.138).

Mesmo assim, o politólogo é de opinião que as respostas devem ser interpretadas como reflexo das experiências dos inquiridos, sendo que quem está em posição social ou económica desfavorecida, tende a confiar menos nos outros: “In America blacks express less social trust than whites, the financially distressed less than the financially comfortable, people in big cities less than small town dwellers (…)” (p.138).

A dimensão da cidade é também um fator determinante nos níveis de confiança, assim como em todas as formas de altruísmo (tais como o voluntariado, a participação em projetos, a filantropia), que são mais elevadas em cidades pequenas. Assim sendo, Putnam considera que as perceções de honestidade e de confiabilidade têm vindo a decrescer de forma progressiva desde 1952, uma tendência que se agudiza nas gerações mais jovens, que nasceram depois de 1985, sobretudo no que diz respeito à confiança.

Muito embora a confiança seja um valor transversal à vida em sociedade, e o reconhecimento da sua importância não seja questionado, a verdade é que as ciências sociais têm ignorado em larga parte a sua existência. Como sublinha Gambetta (1988),

(…) in the social sciences the importance of trust is often acknowledged but seldom examined, and scholars tend to mention it in passing, to alude to it as a fundamental ingredient or lubricant, an unavoidable dimension of social interaction, only to move on to deal with less intractable matters (p.ii).

Para além da confiança tal como é compreendida por Putnam (2000), para efeitos do presente estudo, recorre-se igualmente à definição elaborada por Fukuyama (1995), também ele investigador do conceito de capital social para quem a confiança é entendida como:

(…) the expectation that arises within a community of regular, honest, and co-operative behaviour, based on commonly shared norms, on the part of other members of the community (…) these communities do not require extensive contractual and legal regulation of their relations because prior moral consensus gives members of the group a basis for mutual trust (p. 26).

A respeito da ligação entre capital social e confiança, Field (2008) afirma que vários autores têm sugerido que, de forma a cooperarem entre si para alcançar objetivos, as pessoas têm de se conhecer previamente (de forma indireta ou indireta). Mas não só, precisam de confiar uns nos outros para que ao mesmo tempo que criam expetativas quanto ao retorno a obter, prevaleça o sentimento de que não serão defraudados. O mesmo declara que a confiança tem um papel fulcral no acesso a recursos, especialmente os que são de alcance mais difícil por serem menos tangíveis: “(…) one vivid example [is] the case of the call centre which chooses to recruit new staff through recommendations of existing employees, rather than spending time and money on advertising and notifying the job centre (p.71).

Putnam (1993, 2000) e Coleman (1988) consideram o princípio da confiança um dos componentes essenciais da noção de capital social.

Bowling Alone (2000) assenta no argumento de que a vida social e comunitária

norte-americana (o seu capital social) tem estado em declínio, contrariamente ao cenário que existiu durante os primeiros dois terços do século passado. As décadas pós II Guerra Mundial até aos anos 90 – e apesar das muitas convulsões sociais em 50 e 60 por causa da segregação racial - foram marcadas por uma elevada percentagem de

participação dos americanos na vida das suas comunidades locais e na vida do país, com indicadores a projetarem perspetivas muito otimistas sobre o futuro:

(…) engagement in community affairs and the sense of shared identity and reciprocity had never been greater in modern America, so the prospects for broad-based civic mobilization to address our national failings were bright (…) Dozens of studies confirmed that education was by far the best predictor of engagement in civic life, and universities were in the midst of the most far-reaching expansion in American history (p.18).

Contudo, esta visão da sociedade americana foi sendo dissipada à medida que a intensidade da vida cívica e comunitária foi diminuindo nas últimas décadas do século passado: “(…) we have been pulled apart from one another and from our communities over the last third of the century” (p.27). Desta forma, partindo do pressuposto de que a vida das comunidades americanas foi sofrendo forte erosão, Putnam (2000) procura não apenas sustentar esse argumento, como também encontrar explicações para o fenómeno. Afirma que no final do século XX os americanos partilhavam um sentimento de mal-estar cívico (“civic malaise”, no original) recorrendo a vários exemplos de resultados de inquéritos à população. Assim, 53% de pessoas pertencentes à geração de “baby boomers” (pós II Guerra Mundial) entrevistadas em 1987 consideraram que a geração dos seus pais era melhor, no que diz respeito ao exercício da cidadania, à ajuda e solidariedade para com os restantes membros da comunidade; em 1996, apenas 8% dos americanos considerava que a “honestidade e a integridade do americano médio” estavam a melhorar, em contraste com 50% da população que pensava que os americanos estavam a tornar-se menos dignos de confiança.

Apesar das duras críticas de que foi alvo pela metodologia escolhida, a ideia de que este é um estudo de grande fôlego é consensual, graças ao retrato transversal que apresenta da sociedade americana da segunda metade do século XX. Os dados foram recolhidos através de surveys feitos ao longo da segunda metade do século XX, como por exemplo, o “General Social Survey” (realizado a cada dois anos desde 1974), o “National Election Studies” (feito anualmente desde 1952), o “DDB Needham Life Style

Surveys” (levados a cabo bienalmente desde 1975).

A investigação empírica baseou-se na seleção de catorze indicadores agregados sob quatro variáveis com correlação suficiente para serem incluídas no que Putnam

designou por “Índice de Capital Social”. Com este instrumento, o cientista político iria construir um mapa do volume de capital social americano por estados com base nas seguintes medidas:

- Medidas da vida organizacional da comunidade (percentagem de pessoas que integraram comités de organizações locais, percentagem de pessoas que foram membros de um clube ou de uma organização, número de organizações cívicas e sociais por 1000 habitantes, média de participação em reuniões de clubes, o número de membros de associações culturais e clubes);

- Medidas do grau de envolvimento em assuntos públicos (a taxa e a abstenção em votação eleitoral, participação em reuniões na escola ou autarquia); medidas de voluntariado na comunidade (número de organizações não governamentais por 1000 habitantes, média do número de vezes de realização de trabalho comunitário e de participação em projetos da comunidade);

- Medidas de sociabilidade informal (concordância com a afirmação “passo muito tempo a visitar amigos” e número médio de vezes que o inquirido recebeu visitas em casa);

- Medidas de confiança social (concordância com a afirmação “a maioria das pessoas são de confiança”, e “ a maioria das pessoas é honesta”).

Putnam encontrou correlações positivas entre níveis altos de capital social e um conjunto variado de indicadores que representam condições sociais desejáveis: baixas taxas de criminalidade, níveis altos de prosperidade económica, melhores níveis de boa saúde, e melhores resultados escolares, são algumas das áreas que vão sendo paulatinamente apresentadas pelo autor. Os estados americanos identificados por si como detentores de um capital social alto são os que têm habitantes que confiam nas outras pessoas, que são membros de organizações, que praticam voluntariado e socializam com os amigos (Putnam, 2000).

Antecipando a polémica que iria suscitar a forma pouco ortodoxa como realizou a investigação – por tentar, por exemplo, fazer leituras à luz do conceito de capital social a partir de instrumentos que não tinham sido construídos especificamente para o efeito - Putnam (2000) é o primeiro a reconhecer que o ideal seria a existência de medidas da evolução das várias formas de capital social ao longo dos tempos, porque “(…) Exhaustive descriptions of social networks in America – even at a single point in time - do not exist” (p.23). Contudo, argumenta que tal não deve ser impeditivo de uma investigação aprofundada sobre esta matéria, estabelecendo uma comparação com os

estudos sobre o aquecimento global, em que é necessário recorrer a evidências passadas que não foram necessariamente criadas para estudar um fenómeno que tem vindo a evoluir cronologicamente.

Putnam (2000) apresenta um diagnóstico pouco animador da vida comunitária e cívica dos Estados Unidos da América, tendo por referência os dados sobre os níveis de participação política, cívica, religiosa, relações no local de trabalho, ligações sociais informais, altruísmo, voluntariado, reciprocidade, honestidade e confiança.

Começando por elencar o complexo de fatores subjacentes ao que define como a “morte da participação cívica”, o politólogo aponta quatro responsáveis, com ponderações diferentes no seu contributo para este fenómeno: em primeiro lugar, pressões de ordem financeira e de tempo, relacionadas com alterações à família nuclear. As mulheres começaram também a trabalhar fora de casa a tempo inteiro, o que deixa menos tempo para o envolvimento social na comunidade. A este fator atribui um peso de dez por cento.

Na segunda ordem de fatores, e com os mesmos dez por cento, o autor aponta o dedo ao facto de os residentes nas grandes áreas metropolitanas passarem demasiado tempo em transportes de e para o trabalho, com consequências negativas para os seus laços sociais. Em terceiro lugar, Putnam coloca (2000) o que designa por “efeitos do entretenimento eletrónico”, dos quais destaca a televisão, à qual confere uma percentagem de vinte e cinco por cento no contributo para o problema.

Finalmente, o fator que classifica de “mudança geracional”, relacionado com a sucessão de gerações mais ativas do ponto de vista cívico, por outras mais jovens e menos envolvidas (Putnam, 2000, p.283).

É a estes dois últimos, à televisão e à mudança geracional, que o investigador atribui maior quota-parte na explicação dos fatores subjacentes à diminuição do capital social americano. De acordo com os dados recolhidos, os espetadores que passam mais tempo em frente à televisão são tendencialmente mais isolados, e estão desligados da vida social das suas comunidades.

Quanto à mudança geracional, conclui que as pessoas nascidas em 1920 pertencem ao dobro das associações cívicas do que os seus netos, nascidos na década de 60; que confiam duas vezes mais nas pessoas em geral, do que os netos, e se interessam duas vezes mais pela política, uma situação que Putnam (2000) descreve em poucas palavras:

Much of the decline in civic engagement in America during the last third of the twentieth century is attributable to the replacement of a usually civic generation by several generations (their children and grandchildren) that are less embedded in community life. In speculating about explanations for this sharp generational discontinuity, I am led to the conclusion that the dynamics of civic engagement in the last several decades have been shaped in part by social habits and values influenced in turn by the great mid-century global cataclysm (p.275).

O politólogo insiste na defesa da ideia de que o capital social tem efeitos benéficos nos indivíduos, nas comunidades e nos países: “(…) an impressive and growing body of research suggests that civic connections help make us healthy, wealthy, and wise” (p.289). Pelo contrário, viver sem capital social não é fácil, sublinha, independentemente do estatuto social, ou da origem geográfica: “whether one is a villager in southern Italy or a poor person in the American inner city or a well-heeled entrepreneur in a high-tech industrial district” (p.289). De acordo com Putnam (2000), as vantagens de um capital social alto são relevantes para o bem coletivo: