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O futsal do ponto de vista do tempo esportivo

QUADRO 2 A identidade do futsal

1.7 O futsal do ponto de vista do tempo esportivo

Para Hernández Moreno (1998, p. 66), o parâmetro tempo “[...] marca, de alguma maneira, o que o esporte é como estrutura”. De que modo isso aconteceria no futsal? Por um lado, é possível analisar a sua faceta “fixa”, pois se tratam de medidas regulamentares. De outro lado, é possível deliberar sobre a sua influência sobre as condutas dos jogadores (ARDÁ SUÁREZ; CASAL SANJURJO, 2003), o que configuraria o âmbito estratégico-tático. Iniciaremos por aquela.

O regulamento do futsal prevê para todas as categorias, tanto no masculino como no feminino, que o tempo de duração de uma partida será cronometrado, divididos em dois períodos iguais e com tempo de 10 minutos para descanso entre os períodos16. Entretanto, a duração dos períodos é diferente:

- Para a categoria principal (adulto), a Sub-20 e a Sub-17, o tempo será de 40 (quarenta) minutos, dividido em dois tempos de 20 (vinte) minutos.

16 No caso de tempo suplementar, haverá um período de descanso de cinco minutos entre o final do 2º período e o início da prorrogação, sem intervalo de tempo entre os períodos desta última.

- Para a categoria Sub-15 será de 30 (trinta) minutos, dividido em dois tempos de 15 (quinze) minutos.

- Para as outras categorias, em suas faixas de idade, a federação poderá determinar ou homologar a fixação de tempo especial de duração da partida17.

Para as bolas paradas, como os arremessos laterais, de canto, de meta, tiros livres diretos e indiretos, penalidades máximas, saída de bola deve ser respeitado o tempo máximo de quatro segundos.

Quando da expulsão de jogador, que é definitiva para este último e temporária para a equipe, o tempo para recomposição de outro jogador é de dois minutos transcorridos ou caso a equipe sofra um gol antes disso. Entretanto, há um conjunto de situações particulares18 previstas em regra que deve ser respeitado.

Aos treinadores é permitido o pedido de um tempo técnico por período de jogo com duração de 01 (um) minuto; o tempo não pedido pelo treinador quando do 1º período não é acumulativo para o 2º. Em caso de prorrogação, os treinadores não têm direito ao pedido de tempo técnico.

Por outro lado, é possível analisar a dimensão temporal do futsal relacionada ao ritmo das condutas estratégicas, que segundo Castelo (1999, p.56) consiste “[...] no maior ou menor número de ações individuais e coletivas, na velocidade de execução destas e nas zonas do terreno de jogo em que estas se desenvolvem numa unidade de tempo”.

Quer isso dizer que o tempo é um condicionante da estratégia/tática, pois intervém “[...] de uma maneira crucial devido fundamentalmente ao fato que a limitação temporal se impõe para que uma conduta tenha eficácia” (HERNÁNDEZ MORENO, 1998, p. 68). O que implica em aceitar o fato de que “[...] quanto mais tempo tenham os jogadores para perceber, analisar e executar suas ações técnico-táticas, menor será a possibilidade de que cometam erros, pois terão encontrado a solução mais adaptada à situação tática” (CASTELO, 1999, p. 55).

17 Por exemplo, no estado do Paraná, os jogos das categorias sub-13, 11 e 9 têm duração de 20 minutos, divididos em dois períodos de 10 minutos.

18 Se dois da mesma equipe forem expulsos e a equipe sofrer um gol, volta um destes e o outro após dois minutos ou caso a equipe sofra outro tento; se dois da mesma equipe forem expulsos simultaneamente e a equipe não sofrer gols, a recomposição será após dois minutos; quando dois jogadores, um de cada equipe, forem expulsos ao mesmo tempo, as recomposições somente poderão ser após dois minutos; quando um jogador é expulso e antes de a sua equipe sofrer gol ou transcorridos dois minutos, um jogador da outra equipe é expulso, as recomposições somente poderão ser feitas passados dois minutos de cada expulsão; quando quatro jogadores, dois de cada equipe, forem expulsos ao mesmo tempo, as recomposições somente poderão ser feitas passados dois minutos; quando três jogadores, dois de uma equipe e um da outra forem expulsos, a equipe com menos jogadores, caso sofra um gol antes dos dois minutos, pode recompor um jogador. As outras recomposições apenas depois de dois minutos. Porém, se a equipe com mais jogadores sofrer um ou mais tentos, a recomposição somente poderá se realizar após dois minutos.

Por conseguinte, em se tratando do jogo de futsal, que tende a concentrar os jogadores no centro do jogo, isso, de se ter muito tempo para decidir, é realmente pouco provável, pois as ações individuais e coletivas, ainda que não condicionadas na maior parte dos casos19 a um limite de tempo do jogador com a bola, são freqüentemente rápidas20. Outro constrangimento sobre o tempo de decisão dos jogadores é o espaço de dimensões reduzidas, que, estrategicamente, permite às equipes pressionem a bola e os adversários independentemente do local da quadra (CHAVES CHAVES; RAMÍREZ AMOR, 1998).

A narrativa anterior sinaliza para a relação de interdependência entre tempo e espaço, ratificada por Castelo (1999) e Ardá Suárez e Casal Sanjurjo (2003). Logo, quanto maior o espaço, mais difícil de imprimir pressão sobre o adversário e mais tempo para ele decidir o que fazer; quanto menor o espaço, mais fácil de imprimir pressão sobre o adversário e menos tempo para ele decidir o que fazer.

Portanto, se constitui em tarefa da equipe “[...] proporcionar ao jogador a possibilidade de atuar livre no espaço, sem pressão do adversário, isto é, com espaço para que aumente o tempo que dispõe para encontrar soluções ao seu projeto de ação” (ARDÁ SUÁREZ; CASAL SANJURJO, 2003, p. 30). Significa dizer que o tempo, no âmbito estratégico do futsal, é um imperativo e exige, antes de tudo, a atitude de aprender a “[...] atuar com antecedência, ou seja, adiantar-se ao acontecimento antecipando suas conseqüências. Adiantar-se ao tempo do outro” (PARLEBAS, 1998, p. 447).