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CAPÍTULO 1- O MUSEU DE ARQUEOLOGIA DE ITAIPU E SUAS

1.2 Identificação do Museu de Arqueologia de Itaipu

1.2.7 O MAI dentro da estrutura administrativa do IBRAM

A partir da promulgação da Lei 11.906 de 20 de janeiro de 2009, o MAI passa a vincular-se administrativamente ao Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM. O Instituto possui atualmente 28 unidades museológicas vinculadas53, mas de sua criação

72 aos dias atuais algumas instituições foram desvinculadas54 e outras formas de gestão foram incorporadas55. De acordo com a Lei, o IBRAM tem por finalidade:

I – promover e assegurar a implementação de políticas públicas para o setor museológico, com vistas em contribuir para a organização, gestão e desenvolvimento de instituições museológicas e seus acervos;

II – estimular a participação de instituições museológicas e centros culturais nas políticas públicas para o setor museológico e nas ações de preservação, investigação e gestão do patrimônio cultural musealizado;

III – incentivar programas e ações que viabilizem a preservação, a promoção e a sustentabilidade do patrimônio museológico brasileiro;

IV – estimular e apoiar a criação e o fortalecimento de instituições museológicas;

V – promover o estudo, a preservação, a valorização e a divulgação do patrimônio cultural sob a guarda das instituições museológicas, como fundamento de memória e identidade social, fonte de investigação científica e de fruição estética e simbólica;

VI – contribuir para a divulgação e difusão, em âmbito nacional e internacional, dos acervos museológicos brasileiros;

VII – promover a permanente qualificação e a valorização de recursos humanos do setor;

VIII – desenvolver processos de comunicação, educação e ação cultural, relativos ao patrimônio cultural sob a guarda das instituições museológicas para o reconhecimento dos diferentes processos identitários, sejam eles de caráter nacional, regional ou local, e o respeito à diferença e à diversidade cultural do povo brasileiro; e

IX – garantir os direitos das comunidades organizadas de opinar sobre os processos de identificação e definição do patrimônio a ser musealizado (BRASIL, 2009 , artigo 3º.) Como é possível notar no trecho acima, nenhuma das finalidades do IBRAM volta-se especificamente para a gestão das unidades museológicas a ele vinculadas56 mas todas estão voltadas para a estruturação e desenvolvimento de políticas públicas do setor.

54 É situação do Museu de Biologia Professor Mello Leitão, hoje denominado Instituto Nacional da Mata Atlântica, que em 2014 passou para gestão do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

55 Situação do Museu Nacional Honestino Guimarães, que desde 2014 sofre uma gestão compartilhada entre IBRAM e o governo do Distrito Federal.

56 É possível interpretar que a lei define que as instituições museológicas integram o IBRAM. Como partes de um todo, não haveria necessidade de especificar a gestão dessas unidades, uma vez que elas são o próprio Instituto. No entanto, em termos operacionais , a gestão dos recursos financeiros, estruturais e humanos essa “integração” entre museus e instituto não se realiza e os museus dependem do repasse financeiro para execução das atividades, bem como estão sujeitos às definições operacionais e conceituais do Instituto.

73 Assim, desde o ano de 2009, foram transferidos os acervos, as obrigações e os direitos, bem como a gestão orçamentária, financeira e patrimonial, dos recursos destinados às atividades finalísticas e administrativas das unidades museológicas57 do IPHAN, para o IBRAM. Para sua organização administrativa, o IBRAM categoriza, de forma discricionária58, as instituições vinculadas por uma tipologia numeral, de I a III, conforme a imagem a seguir59:

Figura 3 – Estrutura do Instituto Brasileiro de Museus

Fonte: www.museus.gov.br (2014)

As unidades tipo I dependem do quadro funcional do IBRAM, dele recebem a parte mais vultosa do seu orçamento e para ele prestam contas dos gastos realizados. Submetem ao IBRAM anualmente seu Plano de Ações que, além de incorporar as especificidades da instituição, deve também ser elaborado com base nas diretrizes federais. Ou seja: alinhado com a Política Nacional de Museus, com o Plano Nacional Setorial de Museus e, em âmbito mais geral, com a Política Nacional de Cultura.

57BRASIL, Lei 11906/2009, Capitulo III, artigo 9.

58 Embora regidos pelas necessidades administrativas, é de liberdade do administrador, nesse caso o IBRAM, definir o enquadramento das unidades.

74 As unidades I são aquelas com mais autonomia administrativa, algumas possuem Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ próprio e um Conselho Deliberativo. Quase todas as instituições que se enquadram na categoria tipo I possuem mais tempo de fundação, maior orçamento anual, maior corpo técnico e quantidade de acervo. Suas ações museológicas têm um raio maior de atuação. Seria possível enquadrá-las no perfil nacional, tanto pelo caráter histórico como artístico – Museu Histórico Nacional, Museu da República, Museu da Inconfidência, Museu Nacional de Belas Artes, Museus Raimundo Ottoni Castro Maia. Exatamente por seu caráter “nacional”, sua relativa autonomia administrativa, tempo de existência e ações de maior visibilidade e quantidade de público, esses museus são aqueles que alcançam com mais facilidade os financiamentos e têm liberdade para estabelecer parcerias e convênios. Possuem ainda outras formas de incorporação de recursos financeiros ou materiais, tais como aluguel do espaço, promoção de cursos e projetos desenvolvidos pelas associações de amigos.

As instituições tipo II são aquelas intermediárias no que diz respeito aos valores orçamentários, quantidade de funcionários e área de atuação. Essas instituições possuem alguma autonomia administrativa, mas gerem recursos menores. Embora também trabalhem com temáticas nacionais, como o Museu da Abolição, essa categoria reúne instituições que tendem ao histórico e artístico regional, como o Museu das Missões, Museu das Bandeiras, Museu do Ouro e o Museu do Diamante.

O Museu de Arqueologia de Itaipu, que aparece na estrutura do IBRAM como Museu Socioambiental de Itaipu, é enquadrado como unidade III. Isso significa que o MAI e os museus dessa categoria dependem exclusivamente do IBRAM no que tange às dimensões orçamentárias e de corpo funcional e não possuem autonomia para dispor sobre elas. Assim como as outras instituições, o MAI presta contas de todos seus gastos e elabora o Plano de Ações de acordo com as diretrizes e encaminhamentos orientados pelo IBRAM e pelas políticas nacionais. As instituições tipo III são as menores no que tange ao orçamento, corpo funcional e acervos. São museus de atuação local e regional, como o Museu de Caeté, de Alcântara e de Cabo Frio. Além disso, todo e qualquer gasto – emergencial, estrutural ou operacional – deve ser requisitado e somente executado após a autorização do IBRAM. Esses fatores influenciam diretamente no seu raio de ação: com menor orçamento, poucos técnicos e pouca liberdade de gestão, a atuação é mais contida e restrita.

75 No entanto, é importante aqui uma ressalva: nenhum desses fatores minora as responsabilidades e possibilidades de exercício dos museus, bem como suas obrigações e laços com os públicos, apenas impõe graus de dificuldade nas ações e atuações das equipes. Ainda que dentro dos limites condicionados por esses fatores, as equipes dos museus possuem liberdade para priorizar, elaborar e executar as suas ações, bem como de argumentar junto ao IBRAM sobre suas prioridades e necessidades.

Desde 2010 a equipe do MAI cresceu consideravelmente, se compararmos com os números anteriores. A equipe atual60 do MAI é composta ao todo por 22 funcionários. Sendo, 15 contratos terceirizados: 6 funcionários na segurança, 3 na recepção, 2 na limpeza e manutenção, 3 estagiários. No corpo técnico de servidores efetivos estão: 1 diretor e 3 funcionários no Setor de Administração, 2 no Setor Educativo, 1 no Setor de Pesquisa, 1 no Setor de Museologia. Um dado importante a ser considerado nesta pesquisa, principalmente no que tange ao desenvolvimento das suas exposições, é que esse quadro funcional é o maior que o MAI já teve em seus 37 anos de existência, o que pode sinalizar um grau maior de dificuldade para a atuação das gestões e ações anteriores.

O primeiro Plano Museológico elaborado pelo Museu foi em 2007, com a vigência de 4 anos. A organização do trabalho se dá, de acordo com o Plano Museológico, pelo estabelecimento de setores. Existe um planejamento de ações e a responsabilização de funcionários por elas. No entanto, devido ao tamanho reduzido da equipe, existe um acordo não formalizado de cooperação entre os setores. Isso significa que, em casos de necessidade ou sobrecarga, toda a equipe técnico-administrativa efetiva está apta para elaborar projetos básicos, organizar licitações, acompanhar a execução dos serviços ou acompanhar visitas agendadas. De acordo com as entrevistas, essa organização funciona bem, principalmente em relação acompanhamento dos serviços e à elaboração de projetos, uma vez que eles passam pelas “vistas” de toda a equipe, agregando informações e valores. No entanto, pode ser um procedimento menos funcional, pois incorpora outras responsabilidades aos funcionários e torna alguns processos e procedimentos mais morosos.

Com relação à sua estrutura física, o MAI passou por uma reforma arquitetônica em 2010 que veio somar-se à criação da nova exposição de longa duração “Percursos do

76 Tempo – Revelando Itaipu”. A reforma deu-se também nas salas administrativas e hoje o MAI conta com uma recepção, uma sala de exposição de longa duração, uma sala de exposições temporárias, uma biblioteca inaugurada em 2013, banheiros masculinos e femininos, uma copa, um espaço para armazenamento de material de manutenção, um espaço para armazenamento de acervo museológico e duas salas para atividades técnicas e administrativas, que são compartilhadas entre os 11 funcionários técnico- administrativos e os estagiários.

Na imagem abaixo é possível identificar a disposição espacial atual do MAI:

Figura 4 – Planta baixa do Museu de Arqueologia de Itaipu.

Fonte: Arquivo técnico - MAI. Sem data. Planta com alterações gráficas de Mirela Leite de Araujo (2014).