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O papel do Ensino Superior Particular e Cooperativo no sistema de ensino

Conforme o artigo 55.º da LBSE, o ensino particular e cooperativo, através dos seus estabelecimentos, é considerado parte integrante da rede escolar, de tal forma que, no âmbito do mesmo artigo, se assume, que para efeito de ajustamentos à rede e com vista a uma eficiente racionalização dos recursos físicos, materiais e humanos, bem como da qualidade do ensino, a obrigatoriedade de se atender às iniciativas de âmbito particular.

A adopção, por parte do ensino particular cooperativo, de planos curriculares e conteúdos programáticos distintos dos do Estado, encontra-se sujeita à aprovação oficial dos mesmos, bem como ao reconhecimento de que existem condições pedagógicas para o seu ensino.

Da mesma forma, a criação e funcionamento de instituições de ensino superior particular e cooperativo, aprovação dos respectivos planos de estudo e autorização para atribuição dos correspondentes diplomas, estão sujeitos a reconhecimento oficial que é institucionalizado por decreto-lei.

Considerando a necessidade de se ajustar a qualificação dos docentes dos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo integrados na rede escolar, ao nível de ensino em que os mesmos leccionam, de acordo com o estipulado na LBSE, é considerada no n.º 2 do artigo 57 da referida lei, a possibilidade do Estado apoiar a formação contínua desses mesmos docentes.

Ao Estado competiria, ainda, exercer uma acção fiscalizadora sobre a actividade de ensino exercida pelos distintos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo.

Para além de assumir a função de apoiar pedagógica e tecnicamente o ensino particular e cooperativo, ao Estado está, igualmente, atribuída a responsabilidade de apoiar, financeiramente, as iniciativas e os estabelecimentos que promovam, no âmbito da sua actividade, um interesse público que se integre no plano de desenvolvimento da educação.

No ano de 1989, devido às lacunas do quadro legal do ensino particular e cooperativo46 e não obstante as condições definidas pelo decreto-lei n.º 441-A/82, de 6 de Novembro e o decreto-lei n.º 100-B/85, de 8 de Abril, é publicado o decreto-lei n.º 271/89 de 19 de Agosto que revoga este último, bem como a respectiva legislação complementar, estabelecendo um conjunto de condições que consubstanciam os princípios fundamentais expressos na Constituição, na LBSE, na Lei de Bases do Ensino Particular e Cooperativo e na Lei da Liberdade do Ensino.

Perspectiva-se, através do referido decreto-lei nº 271/89 de 19 de Agosto, assegurar, em todas as circunstâncias, uma base organizacional e financeira estável, designadamente, pela criação de regras relativas às condições de criação e entrada em funcionamento das instituições e estabelecimentos de ensino superior particular e cooperativo, do que se depreende, conforme expresso no ponto 4 do preâmbulo do referido diploma, a coexistência de duas preocupações essenciais: “a independência das instituições mas também o rigor da qualidade de ensino.”

A independência era-lhes, naturalmente, conferida pela autonomia com que concebiam o seu projecto científico; com que se organizavam; pela liberdade com que recrutavam os seus docentes; com que definiam o grau de intervenção, no âmbito da gestão, para cada um dos seus órgãos, ainda, que, como é óbvio, balizada pela acção controladora e fiscalizadora do Estado, quer quanto às instituições propriamente ditas, quer quanto às respectivas entidades titulares.

Desde logo, no número 3 do artigo 2.º do Estatuto do Ensino Superior Particular e Cooperativo se estabelece que os estabelecimentos de ensino superior particular e cooperativo podem revestir a forma de universidades, institutos politécnicos, escola superior de ensino universitário ou politécnico ou outras escolas.

As qualificações, portanto, previstas para os estabelecimentos de ensino particular são de escolas superiores politécnicas, quando ministrem o ensino politécnico. As escolas superiores podem ser agrupadas em institutos politécnicos ou ser integradas em universidades, de acordo com o previsto no artigo 11.º da LBSE.

A equiparação com o ensino politécnico ou universitário carece de reconhecimento expresso, por parte do Ministério da Educação, sem o qual o estabelecimento de ensino superior embora possa funcionar, não poderá atribuir qualquer grau, cabendo-lhe, ainda na ausência da dita equiparação, o dever de divulgar, sem quaisquer subterfúgios, o não reconhecimento oficial do estabelecimento ou do curso ou cursos em causa.

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Lei n.º 9/79, de 19 de Março (Bases do Ensino Particular e Cooperativo); Lei n.º 65/79, de 4 de Outubro (Lei da Liberdade de Ensino) e Decreto-Lei n.º 553/80, de 21 de Novembro (Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo Não Superior).

É no âmbito dos artigos 23º e 24º que se vem a definir, expressamente, os requisitos a observar, para que os estabelecimentos de ensino superior particular se possam erigir ou agrupar em universidades ou institutos politécnicos, respectivamente, o que no caso destes últimos consistem na leccionação de cursos, aos quais tenha sido reconhecido o grau de bacharel, em duas áreas científicas distintas, desenvolvimento de actividades de ensino e investigação em número de anos idêntico ao do curso mais longo mais dois, desde que não se tenham registado violações graves das normas legais em vigor.47

Por outro lado, e ainda que, de acordo com as alíneas a) e b) do artigo 14º, o apoio do Estado perspectivasse assegurar um elevado nível científico, cultural e pedagógico, bem como propiciar um ambiente favorável à inovação, modernização e progresso científico e técnico, determina-se, no âmbito do nº 2 do artigo 11º, um conjunto de princípios de organização, designadamente, os respeitantes à composição dos respectivos órgãos de natureza científica, que viabilizem, em si mesmos, a qualidade e rigor desejáveis.48

Ainda no âmbito do artigo 14º, respeitante à intervenção do Estado, perspectiva-se, ainda, que a mesma possa ter um papel activo na garantia do pluralismo global do sistema e da liberdade de ensino e na diluição das barreiras económicas, sociais e geográficas ao acesso, por parte dos alunos, às diferentes alternativas disponibilizadas pelo sistema de ensino.

Por fim, destaquem-se os objectivos patentes nas alíneas e), f) e g), do mesmo artigo, na medida em que preconizam, respectivamente: a integração e participação das instituições de ensino superior particular no sistema nacional de ensino; racionalização e aproveitamento máximo dos recursos nacionais e a promoção deste subsistema de ensino nas regiões mais desfavorecidas, particularmente nas do interior.49

Finalmente, assinale-se, ainda, o ano lectivo de 1988/89 pela circunstância de assinalar o início da actividade das Escolas Superiores de Educação de natureza não pública.

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Requisitos que se assumem mais rigorosos, no caso das universidades, uma vez que em vez de duas áreas científicas distintas lhes é exigido a leccionação de três, para além de lhes ser, igualmente, imposto um número mínimo de 1500 alunos e de 15 docentes doutorados em regime de tempo integral.

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No âmbito do ponto 4 e do ponto 5 do artigo 37.º do Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo, institucionaliza-se, ainda, a possibilidade de os serviços competentes do Ministério da Educação procederem, regularmente, a visitas de inspecção, bem como a obrigatoriedade de as universidades e institutos politécnicos fornecerem os elementos informativos disponíveis, aos serviços responsáveis pela dita acção fiscalizadora, entendidos como necessários para o efeito.

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A 22 de Janeiro de 1994, através do Decreto-Lei n.º 16/9450, com base no pressuposto de que o funcionamento dos estabelecimentos de ensino superior particular deve obedecer a regras comuns ao ensino superior público, é aprovado o Estatuto do Ensino Superior Particular e Cooperativo, revogando-se, assim, o Decreto-Lei n.º 271/89, de 19 de Agosto.

Logo no âmbito do seu artigo 5º, respeitante aos princípios de organização, se estabelece que a entidade instituidora organiza e gere os respectivos estabelecimentos de ensino nos domínios administrativo, económico e financeiro, enquanto que os estabelecimentos de ensino gozam de autonomia pedagógica, científica e cultural.

Já o seu artigo 6.º, respeitante aos estabelecimentos, define que o ensino superior particular e cooperativo pode ser universitário ou politécnico, sendo o primeiro ministrado em universidades e o segundo em escolas superiores. As universidades e os institutos são definidos, no âmbito do mesmo, como:

“2 - ...centros de criação, transmissão e difusão da cultura, da ciência e da tecnologia, que, através da articulação do estudo, da docência e da investigação, se integram na vida da sociedade e que prosseguem os fins enunciados no número 2 do artigo 1.º da Lei n.º 108/88 de 29 de Setembro.

3 - ... duas ou mais escolas superiores globalmente orientadas para a prossecução dos objectivos do ensino superior politécnico numa mesma região, as quais são associadas para efeitos de concertação das respectivas políticas educativas e de optimização de recursos.”

No âmbito do ponto 4 do mesmo artigo prevê-se, ainda, a possibilidade de o ensino superior particular e cooperativo poder ser facultado no seio de estabelecimentos de ensino superior não integrado, quer seja de natureza universitária, quer seja de natureza politécnica.

Para todos os efeitos, o artigo 14.º do referido Estatuto estabelece as exigências a que os estabelecimentos de ensino superior deverão corresponder, para que lhes possa ser conferido o estatuto de universidade, quer ao nível dos cursos ministrados, quer ao nível do corpo docente, instalações e tipo de actividades a desenvolver51, enquanto que, por sua vez, o 15.º define os requisitos necessários para que os estabelecimentos de ensino sejam considerados como institutos politécnicos. Constata-se, a partir da análise dos dois artigos, que às universidades se fazem, efectivamente, maiores exigências tanto

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Decreto-Lei ratificado pela Lei n.º 37/94, de 11 de Novembro e aditado pelo Decreto-Lei n.º 94/99 de 23 de Março.

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Exigências que vêm ainda a ser objectivadas pela obrigatoriedade, introduzida pela Lei n.º 37/94 de 11 de Novembro, (que altera, por ratificação, o Decreto-Lei n.º 16/94 de 22 de Janeiro), de os docentes, a que se refere a alínea b) do n.º 1 do referido decreto, terem obtido um dos seus graus académicos na área científica em causa. Introduz-se, porém, no âmbito da Lei n.º 37/94, ainda por ratificação do artigo 14.º, a prerrogativa

no que concerne ao número de cursos a ministrar52, como à diversidade de áreas de ensino a abranger. Por outro lado, enquanto que as universidades deverão dispor de docentes habilitados com o grau de doutor e com o grau de mestre, em função do número de alunos, os politécnicos poderão, somente, dispor de docentes habilitados com o grau de mestre. Todavia, durante o período de instalação, que corresponde ao hiato de tempo compreendido entre o reconhecimento do interesse público e o limite de três anos após o termo do primeiro curso, ministrado pelo estabelecimento de ensino universitário ou politécnico em causa, o grau de exigência no que respeita ao cumprimento dos requisitos impostos aos dois subsistemas é relativizado, designadamente, no que concerne ao número e natureza dos cursos a ministrar, bem como à própria composição do corpo docente53, considerando-se, pois, esse período como uma fase de adaptação.

Da mesma forma, também no que diz respeito à composição do Conselho Científico as exigências se fazem sentir com maior acuidade para o ensino superior universitário, designadamente, quando se determina a obrigatoriedade de este ser composto em dois terços por doutores, enquanto que para o politécnico os mesmos dois terços deverão ser integrados por mestres. Por outro lado, ainda, nas universidades deverão existir tantas unidades de Conselhos Científicos quantas as áreas científicas que as mesmas abranjam54.

Com base no mesmo pressuposto de equiparidade entre o ensino público e o ensino particular, no âmbito do artigo 31.º, as mudanças de curso e transferência de alunos entre os dois sub-sistemas, ficam apenas condicionadas à existência de vagas, fixadas para o efeito, nas instituições relativamente às quais são requeridas.55

Com a criação do Estatuto do Ensino Superior Particular e Cooperativo, surgia a expectativa de se ter proporcionado o impulso necessário para o despoletar de iniciativas de âmbito particular no seio do referido subsistema, até à data, sem qualquer expressão,

de as universidades e respectivas unidades, públicas e privadas, com vista ao cumprimento dos requisitos estipulados, celebrarem, entre si, protocolos de cooperação.

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As universidades deverão leccionar seis cursos de licenciatura de três diferentes domínios científicos, dois dos quais técnico-laboratoriais, enquanto que os politécnicos deverão leccionar quatro cursos de bacharelato de dois domínios científicos distintos, um dos quais técnico-laboratorial.

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Este regime transitório vem a ser reduzido. Com efeito, através da Lei n.º 37/94 de 11 de Novembro, as entidades instituidoras de estabelecimentos de ensino particular ou cooperativo reconhecidos à data da promulgação da referida Lei, são obrigadas a adaptar-se ao respectivo estatuto até 30 de Junho de 1997.

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Requisito que vem a ser suprimido, mais tarde, com a Lei n.º 37/94 de 11 de Novembro.

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Exceptua-se, desta regra, o facto de a fixação das vagas para as instituições de ensino universitário público obrigar, à respectiva comunicação ao Departamento de Ensino Superior, enquanto que as relativas a todas as outras instituições, mesmo as de ensino politécnico público, deverão ser apresentadas, sob a forma de proposta fundamentada.

Este Decreto-Lei vem a sofrer alterações, através do Decreto-Lei n.º 75/97, no intuito de fundamentalmente, se garantir uma melhor adequação do regime de acesso ao ensino superior, à nova realidade do ensino secundário.

bem como de se ter contribuído, significativamente, para a sua dignificação. Com efeito, as instituições de ensino superior são, a partir de então, activamente integradas no sistema nacional de ensino, numa óptica de racionalização e optimização dos recursos do país e com vista ao desenvolvimento científico e técnico das regiões mais desfavorecidas, designadamente das do interior. A criação das mesmas, partiu da iniciativa, quer de particulares, quer de fundações, cooperativas e outras entidades.

Pese embora a bondade inerente ao conjunto de intenções expressas no referido Estatuto, o que é facto é que, desde então, o número de instituições de ensino superior particular e cooperativo, quer de natureza universitária, quer politécnica, aumenta exponencialmente, designadamente, nas maiores cidades do país, ou seja, na orla litoral. Neste sentido, hoje ao analisarmos o referido crescimento, e sem prejuízo das lacunas que, alguns desses estabelecimentos de ensino superior, vieram suprir, constata-se, ter ocorrido, a partir de então, - um tanto paradoxalmente e ao arrepio de medidas, entretanto adoptadas, no âmbito do ensino secundário e superior público56, - o despoletar de um processo que, salvo melhor opinião, terá pecado, essencialmente, por:

- falta de rigor quanto às condições efectivas de funcionamento dos respectivos estabelecimentos;

- ausência de correspondência a qualquer diagnóstico de necessidades de formação inicial de nível superior para o país;

- deficiente planificação em termos de organização geográfica, isto para que, não só, se tivessem evitado duplicações ou sobreposições de ofertas, hoje difíceis de gerir57, como para que os projectos a promover se complementassem em relação aos existentes.

Por outro lado, seria desejável a existência de um efectivo sentido de “rede” quando, mais tarde, o Estado cria instituições de ensino superior públicas e/ou cursos em áreas geográficas com idêntica oferta por parte do ensino superior particular, porventura

Nesse sentido, a redacção dos seus artigos 4.º, 12.º, 27.º e 28.º, bem como o n.º 2 do artigo 33.º e a alínea b) do artigo 47.º é alterada e os seus artigos 7.º, 8.º e 9.º são revogados.

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Que perspectivam contrariar o clima de “desencanto”, gerado nos jovens e respectivas famílias, face a “pesados” investimentos educativos; bem como colmatar o desajuste entre as qualificações por estes obtidas e as, efectivamente, necessárias para o tecido produtivo, e, nesse sentido, determinantes para o desenvolvimento da economia portuguesa.

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Note-se que, particularmente, a partir do ano lectivo de 1996/97 ocorre uma diminuição do número de candidatos ao ensino superior, circunstância a que não deverá ser alheia a implementação do exame nacional no final do ensino secundário. Neste sentido, e em simultâneo com o aumento do número de vagas no subsistema de ensino público, a taxa de candidatos colocados aumenta exponencialmente, verificando-se, inclusive, a situação de vagas por ocupar, o que exprime um sinal claro de maior conformidade entre os níveis da procura e a oferta disponível, ainda que, porventura, ausente quanto ás áreas ou cursos oferecidos, isto na medida em que aí se continuam a encontrar desajustamentos entre as preferências dos candidatos e a capacidade instalada, como, aliás, o comprovam, quer os números de alunos colocados em cursos distintos daqueles que constituíam as suas primeiras opções, quer os números relativos às vagas por preencher.

esta também já em “regime de sobreposição”. Se tais iniciativas podem, em muitos casos, comprometer a continuidade dos projectos anteriormente instalados (que se existem é porque tiveram o consentimento da tutela), evidenciam, ainda, atropelos graves à apregoada estratégia de racionalização de recursos e, porventura, incoerência face às propostas contidas na LBSE, designadamente, no âmbito do ponto 2 do seu artigo 55º, através do qual prevê o apoio financeiro, por parte do Estado, a iniciativas e estabelecimentos que promovam o interesse público de forma coincidente com o plano de desenvolvimento da educação.

Em síntese, verifica-se, fundamentalmente, a partir da década de 80, um desenvolvimento acentuado do subsistema de natureza particular e cooperativo, como tentativa de responder a uma procura estudantil não satisfeita pelo sistema público, ainda que, um tanto paradoxalmente, também ao de natureza pública ou estatal.58

Na sequência da expansão do ensino superior e no sentido de se dignificar a actividade docente nesse mesmo nível de ensino, é instituída, através do decreto-Lei n.º 15/96, a obrigatoriedade de os estabelecimentos de ensino superior, público, particular e cooperativo e Universidade Católica Portuguesa procederem, anualmente, à divulgação pública do seu corpo docente e dos elementos não discentes que integram a sua direcção e órgãos científico e pedagógico.

Com efeito, considerava-se, já à data, que o crescimento que se fizera sentir no ensino superior gerara um aumento considerável de pessoal docente, nem sempre devidamente qualificado para esse nível de ensino. Por outro lado, tal expansão teria, igualmente, provocado o aumento notório de situações de acumulação de serviço docente.

Ainda em 1996, através do Despacho do Gabinete do Ministro 62/ME/96 de 14 de Maio, na sequência das opções estratégicas na área da educação se definem: “ um conjunto de medidas a desenvolver a médio prazo e um conjunto de acções a concretizar de imediato”, com vista a garantir que a qualidade do ensino superior particular e cooperativo fosse, globalmente, assegurada. Refira-se, a título de exemplo, a decisão tomada no sentido de, os processos de reconhecimento de interesse público, bem como os processos de autorização de funcionamento de cursos, quer sob a forma de requerimentos, quer formalmente concluídos, serem reapreciados e sujeitos a decisão

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Relativamente a este fenómeno, de crescimento simultâneo dos subsistemas privado e público, António Teodoro (s.d.), no âmbito de reflexão sobre o sistema de ensino superior equaciona: “As políticas públicas para o ensino superior centrar-se-ão na consolidação destes dois subsistemas ou dirigir-se-ão para o aumento da capacidade de oferta de ensino público (sobretudo de natureza universitária), em especial nas regiões de Lisboa e Porto e nas capitais de distrito onde não existem universidades, com o objectivo explícito de fazer com que a oferta pública venha a cobrir toda a procura estudantil?”

ministerial. Da violação de determinados princípios definidos no Estatuto do Ensino Superior Particular e Cooperativo resultaria, de acordo com o diploma legal em análise, a proposta para indeferimento do respectivo requerimento.

Igualmente em 1996, o Regulamento dos Regimes de Reingresso, Mudança de Curso e Transferência no Ensino Superior Público é estendido ao Ensino Superior Particular e Cooperativo, do que resulta, naturalmente, a alteração da sua designação para Regulamento dos Regimes de Reingresso, Mudança de Curso e Transferência no Ensino Superior.

Através do referido Regulamento, instituído pelo decreto-lei n.º 28-B/96, de 4 de Abril, e sem prejuízo da criação de um regime comum de acesso ao ensino superior, institui-se que, enquanto que as vagas fixadas para o acesso a cursos ministrados por estabelecimentos de ensino superior público, quer tutelados exclusivamente pelo Ministério da Educação, quer tutelados por mais que um Ministério, são objecto de concurso nacional59, as vagas fixadas para os cursos ministrados por estabelecimentos de ensino particular e cooperativo são objecto de concurso local.

Em 21 de Agosto de 1997, através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 139/97, com o objectivo de se avaliar o grau de adequação do ensino superior particular e cooperativo aos dispositivos legais que o regulam, é criado o Grupo de Missão. Neste sentido, foi incumbido o referido orgão de avaliar o grau de correspondência entre os estatutos criados pelos diversos estabelecimentos de ensino e o conteúdo do Estatuto do Ensino Superior Particular e Cooperativo, por outro lado é-lhe, igualmente, atribuída a função de avaliar o regime de organização interna dos estabelecimentos de ensino, bem