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Relação entre mercado potencial e mercado real do sistema de ensino superior

Antes de qualquer outra reflexão e sem prejuízo do crescimento do número de alunos no ensino superior verifica-se, conforme poderemos aferir a partir dos dados evidenciados na tabela I, correspondentes ao ano lectivo de 2001/02, para o Continente e para a região Norte, uma disparidade considerável entre o número potencial teórico de candidatos ao ensino superior (jovens residentes com idades compreendidas entre os 18 e os 23 anos) e o número de alunos, efectivamente, inscritos no ensino superior.

Tabela I

Mercado potencial versus mercado real do ensino superior português (2001/02), para a região Norte e Continente. Região Total de jovens (18-23 anos) Total de jovens (18-23 anos) a frequentar o ensino superior Taxa líquida de escolarização dos jovens (18-23 anos) Total de indivíduos a frequentar o ensino superior

Relação entre o total de jovens (18-23 anos) a

frequentar o ensino superior e o total de indivíduos a frequentar

esse mesmo nível de ensino

Norte 342730 76774 22,4% 117875 65,1% Continente 866596 221592 25,6% 385700 57,5%

Todavia, se por um lado, um número significativo dos jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 23 anos, teoricamente considerados como potenciais alunos, não frequentam, efectivamente, o sistema de ensino de nível superior, podendo, inclusive, nunca sequer vir a fazê-lo, atendendo a constrangimentos de ordem vária, por outro, é provável que essa frequência venha a ser compensada, em cada momento, por indivíduos inseridos em grupos etários distintos, isto é; com idades superiores a 23 anos e, eventualmente, já inseridos no mercado de trabalho, como, inclusive, o confirma os valores a que chegamos, por via da tabela I.

Registe-se, ainda, a circunstância de ao sistema de ensino superior se atribuir uma quota parte de responsabilidade pela mobilidade ou fluxos entre, sobretudo, concelhos, distritos e, por último, regiões, mesmo que esta situação pudesse ter tido um carácter mais expressivo em décadas anteriores2. De facto, é comum os indivíduos, que decidem dar prossecução aos seus estudos, ao nível superior, por motivos que se prendem, sobretudo com questões de preferência dos cursos que pretendem frequentar e, portanto, com a distribuição da oferta, terem de deslocar-se ou mesmo fixar-se em concelhos, distritos e regiões distintas daquelas em que residem, pelo que, embora constituam público-alvo do referido sistema de ensino, não devem, por essa razão, ser considerados, tout court, público-alvo das instituições sedeadas no concelho, distrito ou região3 em que residem.

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Quando o número de instituições de ensino superior era menor e confinado a poucas cidades do país. Ainda que o fenómeno de mobilidade inter-regiões, associado a esta questão, tenha vindo a diminuir em termos de expressividade, pois segundo dados do estudo promovido pela ODES-Sistema de Observação de Percursos de Inserção (Diplomados do Ensino Superior), em 2001, relativo aos diplomados de 1994/95, a maior percentagem dos alunos a residir numa dada região, frequenta o ensino superior dessa mesma região. Com efeito, apenas 15,2% dos diplomados residentes na região Centro frequentaram instituições da região de Lisboa e Vale do Tejo e 14,5% o Norte. Por outro lado, o Alentejo apenas acolheu no ensino superior 48,8% dos residentes a frequentar o ensino superior; 33,0% deslocaram-se para a Região de Lisboa e Vale do Tejo. Por último, destaquem-se a Região Autónoma da Madeira (94,3%), a Região de Lisboa e Vale do Tejo (87,2%), o Norte (87,1%) e a Região Autónoma dos Açores (79,4%) como as regiões mais impermeáveis aos fluxos para o exterior com vista à obtenção de cursos superiores. Naturalmente, que enquanto que no que respeita a Lisboa e Vale do Tejo e ao Norte se poderão atribuir factores que se prendem com o volume e diversidade da oferta; a distância física e os custos relacionados com a mobilidade, afiguram-se como motivações determinantes para a Madeira e Açores, o que indicia maiores limitações ou constrangimentos quanto às opções tomadas. Ainda no que respeita à questão da mobilidade física motivada pela frequência do ensino superior, acresce referir que existe uma ampla correspondência entre a maior ou menor capacidade das regiões aí fixarem os seus estudantes de nível superior e a maior ou menor capacidade de aí reterem, também, esse mesmo grupo a trabalhar, ou seja, de os fixarem na região em que residem, após a obtenção do diploma, e, assim sendo, com o maior ou menor grau de capacidade para dinamizarem essas mesmas áreas geográficas. Neste sentido, a Região Autónoma da Madeira, a Região de Lisboa e Vale do Tejo, Norte e Região Autónoma dos Açores são as regiões com maior capacidade de retenção dos diplomados que aí concluíram os seus cursos, o Centro e o Alentejo as que menos retêm os respectivos diplomados.

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Assim sendo, o nível de correspondência entre o número de potenciais alunos de uma instituição ou instituições sedeadas num dado concelho, distrito ou região, entendido desta forma, ou seja; como mero valor de referência, oscilará, entre outros factores4, a que as mesmas poderão ser, naturalmente, alheias, em função da atractividade da cidade em que se localizam, da atractividade das próprias instituições, designadamente do prestígio social de que auferem, ao qual se admite possam estar associados factores como a antiguidade e o perfil de formação, a oferta disponibilizada, no que respeita à diversidade e posicionamento dos cursos oferecidos, os recursos físicos, materiais e humanos disponíveis, entre outros.

Por outro lado, numa perspectiva de dimensão ou abrangência da procura efectiva deste nível de ensino, materializada através de processos de candidatura, podemos constatar que o ano lectivo de 1995/96 se assumiu como o mais paradigmático dos anos, com um volume de candidatos ao ensino superior público que rondou os 80.000, data a partir da qual se terá verificado um processo de abrandamento, como aliás se pode aferir a partir da análise da tabela III, situação à qual não será alheia a reintrodução, no ano de 1996, do exame nacional de 12º ano, por disciplina, e a faculdade de as instituições de ensino superior definirem notas mínimas de acesso, a que tivemos já oportunidade de fazer referência no âmbito do Capítulo I deste trabalho.5 Tais medidas, que por si só explicam, em grande medida, a diminuição da procura deste nível de ensino, a par com a expansão da oferta instalada por parte do ensino público, consubstanciado, quer pelo funcionamento de novas instituições e de uma maior distribuição física das mesmas, quer pelo aumento e diversificação da respectiva oferta, através dos cursos disponibilizados, tem vindo a afectar, particularmente, algumas instituições de carácter particular.6

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Admite-se por hipótese, aliás, já empiricamente testada por organismos, tais como: autarquias e associações de municípios que quanto maior for a capacidade de absorção de indivíduos, com baixas qualificações, por parte do mercado de trabalho, maiores são as taxas de abandono escolar. Relação particularmente estudada ao nível do ensino secundário, mas com óbvios reflexos no nível superior.

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Refira-se, a este propósito, que, genericamente, as médias de acesso ao subsistema de ensino politécnico são inferiores às do ensino universitário.

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A capacidade financeira, sobretudo das instituições de ensino de natureza particular que dependam única e exclusivamente das receitas dos respectivos alunos, passou a estar gravemente afectada não só pela redução de alunos, no 1º ano dos cursos ministrados, como também, no caso do subsistema de ensino superior politécnico, pela redução de 1 ano de propinas, atendendo a que, com a reconversão dos Cursos de Estudos Superiores Especializados em Licenciaturas bietápicas, a realização de um qualquer curso, conducente ao grau de licenciado, em tempo útil, passou de 5 para 4 anos. Além do mais, a previsão de redução do número de jovens, com idades compreendidas entre os 0 e os 25 anos, bem como a perspectiva, anunciada no estudo promovido pelo Centro de Investigação das Políticas Educativas, datado de 1999, de diminuição de 7,7 milhares de alunos, no ensino superior, entre 2000/1 e 2005/6, auspiciam tempos difíceis para as respectivas instituições, e muito em particular, para as de ensino superior politécnico, particularmente, de natureza particular. Mais preservadas dos referidos condicionalismos demográficos ficarão, eventualmente, aquelas que sejam capazes de se afirmar junto de distintos públicos-alvo, designadamente, no âmbito da formação de activos.

As tabelas abaixo, através dos dados relativos ao número de vagas disponibilizadas entre 1994/95 e 2003/04 (tabela II) e à distribuição dos candidatos colocados por opção, só no âmbito da 1ª. fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior público, em igual período (tabela III), permitem-nos, pois, apreciar com maior rigor o crescimento da oferta instalada e o movimento de gradual aproximação entre o número de vagas e o número de candidatos, assim como entre este último e o número de colocados.

De facto, a partir dos dados constantes na tabela II abaixo, constatamos uma evolução, francamente, positiva quanto ao número total de vagas disponibilizadas entre o ano lectivo de 1994/95 e o de 2003/04, ainda que este crescimento tenha sido alvo de oscilações e até mesmo orientações diferentes, consoante os distintos subsistemas em análise.

Assim, enquanto que no subsistema de ensino superior universitário de natureza público a evolução no sentido do crescimento foi uma constante até ao ano de 2002/03, momento em que sofre uma redução na ordem dos 6,4%, no âmbito do ensino de natureza particular e cooperativo, o mesmo subsistema que até ao ano lectivo de 1998/99 tem uma variação oscilante, a partir de então inicia uma curva constante no sentido descendente.

Relativamente ao subsistema em estudo de natureza pública, poderemos, face aos dados constantes na referida tabela, assumir que foi alvo de uma tendência análoga à verificada para o subsistema universitário de idêntica natureza, ou seja; tendo crescido até ao ano lectivo de 2002/03, a partir daí sofreu uma redução de 6,7%.

Quanto à evolução do número de vagas no ensino superior politécnico de natureza particular e cooperativo evidencia alguma instabilidade, destacando-se, para o período observado, o ano de 2000/01 com uma quebra na ordem dos 21,6%, atingindo um valor que a partir de então se mantém praticamente inalterável.

Verifica-se, aliás, a partir da referida tabela, designadamente, das taxas de variação, por sistema de ensino, que existe, praticamente, uma proporcionalidade directa entre os “ganhos” de um e as “perdas” do outro. Neste contexto, o referido ano lectivo constitui um marco cronológico que assinala, de forma evidente, o início do declínio do sistema de ensino superior particular e cooperativo e, na sequência deste, do subsistema de ensino superior de natureza politécnica, dada a indissossiabilidade entre os dois. Com base ainda na tabela II e tendo em consideração que a fixação do número de vagas por subsistema está, naturalmente condicionada pela procura verificada, mas também pela oferta disponível, confirma-se a percepção de que o subsistema universitário está melhor representado no âmbito do sistema público e que, inversamente, o subsistema politécnico

tem maior representatividade no âmbito do sistema particular e cooperativo, muito embora o crescimento de que este subsistema foi alvo, durante o período entre 1994/95 e 2003/04, no âmbito do sistema público, seja assinalável (61%), chegando mesmo a ultrapassar a capacidade, quanto ao número de vagas fixadas, do subsistema de ensino politécnico de natureza particular e cooperativo, isto exactamente a partir do ano lectivo de 2000/01, ou seja, a partir do ano em que este último perde, irreversivelmente, representatividade.

Tabela II

Evolução da oferta de ensino superior

(Vagas disponibilizadas pelo ensino superior público e pelo ensino superior particular e cooperativo)

Tipo de Ensino Superior Vagas Fixadas

Ensino Superior Público Ensino Superior Particular e Cooperativo

Universitário Politécnico TOTAL TX

variação Universitário Politécnico TOTAL TX variação TOTAL TX variação Ano Lectivo N % N % N % % N % N % N % % N % 1994/95 19753 28,4 12877 18,5 32630 47,0 12930 18,6 23919 34,4 36849 53,0 69479 1995/96 20817 29,8 13489 19,3 34306 49,1 5,1 13060 18,7 22436 32,1 35496 50,9 -3,7 69802 0,5 1996/97 21945 28,1 14928 19,1 36873 47,2 7,5 16155 20,7 25106 32,1 41261 52,8 16,2 78134 11,9 1997/98 23057 27,7 17647 21,2 40704 48,9 10,4 15810 19,0 26805 32,2 42615 51,1 3,3 83319 6,6 1998/99 24596 28,2 18697 21,5 43293 49,7 6,4 18050 20,7 25744 29,6 43794 50,3 2,8 87087 4,5 1999/00 25946 29,2 20297 22,8 46243 52,0 6,8 16700 18,8 26062 29,3 42762 48,0 -2,4 89005 2,2 2000/01 26847 32,9 21195 26,0 48042 58,9 3,9 13100 16,1 20423 25,0 33523 41,1 -21,6 81565 -8,4 2001/02 27281 32,9 22074 26,6 49355 59,6 2,7 12870 15,5 20615 24,9 33485 40,4 -0,1 82840 1,6 2002/03 27441 33,0 22299 26,8 49740 59,9 0,8 12405 14,9 20910 25,2 33315 40,1 -0,5 83055 0,3 2003/04 25681 33,0 20727 26,7 46408 59,7 -6,7 11392 14,6 19970 25,7 31362 40,3 -5,9 77770 -6,4 Fonte: DSEI-OCES (2004)

A tabela III proporciona-nos uma imagem mais nítida ou, eventualmente, mais precisa do crescente aumento do grau de correspondência entre a oferta disponibilizada pelo ensino superior público e a procura, no referido período, permitindo-nos, todavia, constatar que ainda que, por um lado o número de candidatos válidos e o número de lugares disponíveis se tenha vindo, gradualmente, a ajustar, por outro, em 2003/2004, o referido desfasamento ainda é de 13,4%. Como agravante desta situação, refira-se que, nesse mesmo ano, ainda 36,4% dos candidatos foram colocados fora daquela em que recaíra, efectivamente, a sua primeira opção.7

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Isto para além do gap detectável pela confrontação entre as duas tabelas, designadamente, entre o número de vagas e o número de colocados. Por outro lado, e um tanto paradoxalmente, apesar do número de candidatos ter sido sempre superior ao número de vagas oferecidas pelo sistema de ensino superior público, continua a verificar-se a existência de vagas por preencher (sobrantes), desajustamento que, no ano lectivo de 2003/04, correspondeu a cerca de 5% do total de vagas, o que nos permitirá colocar a hipótese de se tratarem de ofertas formativas pouco atractivas, atendendo aos seus conteúdos, ausência de prestígio, relevância social ou ao local em que são disponibilizadas.

Tabela III

Distribuição dos candidatos colocados, por opção, na 1ª fase do concurso nacional de acesso

Colocados por Opção

1.ª opção 2.ª opção 3.ª opção 4.ª e mais

opções Total Ano lectivo Número de candidatos válidos N % N % N % N % N 1994/95 66464 16112 50,5 5320 16,7 3566 11,2 6893 21,6 31891 1995/96 80009 15566 46,5 5555 16,6 3862 11,5 8490 25,4 33473 1996/97 62307 15876 48,3 5841 17,8 4043 12,3 7113 21,6 32873 1997/98 52122 18629 52,5 6152 17,4 3816 10,8 6855 19,3 35452 1998/99 52652 19330 51,0 7064 18,6 4487 11,8 7020 18,5 37901 1999/00 48051 21804 59,3 6458 17,6 3566 9,7 4954 13,5 36782 2000/01 50744 23105 57,6 7250 18,1 4185 10,4 5560 13,9 40100 2001/02 45210 22127 60,8 6014 16,5 3083 8,5 5157 14,2 36381 2002/03 46293 23168 60,4 6884 17,9 3632 9,5 4695 12,2 38379 2003/04 41662 22944 63,6 6225 17,3 3082 8,5 3826 10,6 36077 Fonte: DGES, 2004

Sem prejuízo das interpretações que possamos tecer sobre esta matéria, julgamos, todavia, pertinente que, no âmbito de futuras linhas de investigação, se venha a aprofundar o estudo do eventual desajustamento entre o número de vagas por curso e a respectiva distribuição geográfica versus preferências dos candidatos.

De facto, e não obstante a análise efectuada, no âmbito do presente projecto de investigação, bem como de outras, sustentadas, porventura, por dados emanados por distintas fontes, quer numa perspectiva abrangente do sistema de ensino superior em Portugal, quer numa perspectiva mais segmentada no âmbito dos respectivos subsistemas: politécnico/universitário e público/particular, entendemos que o desenvolvimento de um estudo mais rigoroso que verse, de forma incisiva, sobre os desencontros gerados no acesso ao ensino superior, designadamente, entre a oferta e a procura, implicaria o tratamento de outras questões, como sejam:

- potencial de procura relativamente a áreas científicas emergentes ou cursos inexistentes em Portugal;

- potencial de procura em áreas geográficas do país sem oferta de ensino superior publico ou particular, politécnico ou universitário;

- grau de adequação entre a oferta de ensino superior e as necessidades presentes e futuras, numa perspectiva de desenvolvimento e modernização, por parte dos principais agentes económicos, designadamente das empresas.

Considerando, todavia, o grau de profundidade; o nível de dificuldade que a análise de tais questões exigiria, bem como a dimensão prospectiva de que se revestem, limitar-

nos-emos a enunciá-las, pela relevância que poderiam, de facto, vir a assumir, em sede de política educativa8, mas sobretudo enquanto lacuna assumida do presente trabalho, eventualmente, justificável pela necessidade de nos cingirmos à produção de um potencial contributo para a melhor compreensão do fenómeno das representações sociais construídas a propósito do ensino superior politécnico em Portugal, designadamente, para os alunos e para os empregadores da região em que as suas instituições se vieram a fixar e, indirectamente, para o progresso generalizado das mesmas, para então a partir dessa análise podermos aferir, com a legitimidade relativa que um qualquer estudo de caso proporciona sobre um qualquer fenómeno, sobre o grau de correspondência ou relação entre o conceito de ensino superior politécnico e o conceito de ensino alternativo.

2. Distribuição de estabelecimentos de ensino superior politécnico e cursos por distrito

A partir da publicação do Decreto-Lei nº 304/94, a que tivemos já oportunidade de fazer referência no âmbito do Capítulo I, verificou-se uma expansão significativa da rede pública de ensino superior politécnico através da criação de novos institutos e escolas superiores politécnicas, designadamente, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Aveiro (integrados na Universidade de Aveiro), Escola Superior de Gestão e Escola Superior de Tecnologia integradas no Instituto Politécnico do Cavado e do Ave (Barcelos), Escola Superior de Tecnologia, Gestão, Arte e Design, das Caldas da Rainha, integrada no Instituto Politécnico de Leiria (em substituição da Escola Superior de Arte e Design), Escola Superior Agrária de Elvas inserida no Instituto Politécnico de Portalegre, Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (em substituição da Escola Superior de Música) no Instituto Politécnico do Porto, Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Tomar (em substituição da Escola Superior de

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Naturalmente, que não será tarefa fácil a de concertar interesses, por vezes, tão divergentes, senão mesmo antagónicos, - como sejam: a apetência pela frequência de instituições sedeadas na orla litoral, face ao superior interesse de se fomentar um maior equilíbrio entre o litoral e o interior do país, com vista à correcção gradual das assimetrias existentes, ou então, pela frequência de determinados cursos, em que o número de diplomados é já superior à própria capacidade de absorção por parte do mercado de emprego, - mas imprescindível com vista a um melhor funcionamento do sistema e, sobretudo, em prol do progresso do país. Como refere Ludgero Marques (Fevereiro, 2005), em entrevista realizada no âmbito do presente projecto de investigação,: “a realização individual é muito importante, mas a educação deve acrescer a essa função a de promover a produção de riqueza no país.”

Tecnologia de Tomar no Instituto Politécnico de Santarém, Escola Superior de Ciências Empresariais, no Instituto Politécnico de Setúbal e Escola Superior Agrária no Instituto Politécnico de Viseu.

Mais tarde, e na sequência da publicação do Decreto-Lei nº 264/99, de 14 de Julho, e com o propósito de se expandir geograficamente o ensino superior público, foram criadas novas Escolas e áreas de formação: Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Mirandela no IP de Bragança; Escola Superior de Artes Aplicadas no IP de C.Branco; Escola Superior de Turismo e Telecomunicações de Seia no IP da Guarda; Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Felgueiras no IP Porto; Escola Superior de Tecnologia do Barreiro no IP de Setúbal; Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, no IP de Tomar; Escola Superior de Ciências Empresariais de Valença; no IP de V.Castelo e Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego, no IP de Viseu, legislação esta que terá, incontestavelmente, contribuído para reforçar a vertente de desenvolvimento regional subjacente ao conceito do subsistema em análise. (Arroteia, 2000:48-51)

A tabela IV, abaixo apresentada, permite-nos dispor de uma perspectiva relativa à forma como a respectiva oferta (instituições e cursos) de perfil politécnico se encontra geograficamente distribuída.

Tabela IV

Distribuição dos estabelecimentos e cursos de ensino superior politécnico, por distrito, no ano lectivo de 2003/04

Estabelecimentos Cursos

Público Cooperativo Particular e TOTAL Público Cooperativo Particular e TOTAL Distrito N % N % N N % N % N Aveiro 3 33,3 6 66,7 9 15 46,9 17 53,1 32 Beja 4 57,1 3 42,9 7 25 78,1 7 21,9 32 Braga 2 28,6 5 71,4 7 6 20,7 23 79,3 29 Bragança 5 55,6 4 44,4 9 34 66,7 17 33,3 51 C. Branco 6 85,7 1 14,3 7 32 94,1 2 5,9 34 Coimbra 8 66,7 4 33,3 12 39 67,2 19 32,8 58 Évora 1 100 0 0 1 1 100,0 0 0,0 1 Faro 5 55,6 4 44,4 9 29 61,7 18 38,3 47 Guarda 4 80 1 20 5 23 82,1 5 17,9 28 Leiria 5 62,5 3 37,5 8 36 75,0 12 25,0 48 Lisboa 14 29,8 33 70,2 47 54 40,6 79 59,4 133 Portalegre 4 100 0 0 4 27 100,0 0 0,0 27 Porto 11 32,4 23 67,6 34 62 40,5 91 59,5 153 Santarém 8 80 2 20 10 46 85,2 8 14,8 54 Setúbal 5 45,5 6 54,5 11 28 41,8 39 58,2 67 V. Real 1 50 1 50 2 1 50,0 1 50,0 2 V. Castelo 5 71,4 2 28,6 7 29 87,9 4 12,1 33 Viseu 6 60 4 40 10 31 59,6 21 40,4 52

Relativamente às informações disponíveis na tabela acima e ainda que confinadas a um único ano lectivo e, nesse sentido, inibidoras de qualquer avaliação da evolução da distribuição das instituições de ensino superior politécnico em Portugal, assim como dos cursos oferecidos pelas mesmas, constatámos que:

- os distritos de Aveiro, Braga, Lisboa, Porto e Setúbal disponibilizam uma oferta de ensino superior politécnico particular superior à oferta pública, quer no que respeita ao número de estabelecimentos, quer no que respeita ao número de cursos;

- o distrito de Braga ainda que só disponha de mais três estabelecimentos de ensino superior politécnico particular do que públicos (cinco e dois, respectivamente), disponibiliza, no âmbito do primeiro, um total de cursos superior a mais do triplo do existente no ensino público.

Diríamos que, globalmente, em termos geográficos, se constata uma forte incidência do ensino superior politécnico nos distritos de Porto e Lisboa. Aliás, e sem prejuízo das iniciativas preconizadas em regiões mais interiores do país e que muito têm, seguramente, contribuído para o desenvolvimento sócio-económico das mesmas, ou, no mínimo, para atenuar efeitos negativos derivados da interioridade,9 estas foram localizações de primeira escolha por parte dos particulares e entidades responsáveis pela constituição de instituições de ensino particular, não só pela dimensão do mercado, como pelo potencial económico dos candidatos e, ainda, pelo volume de empresas instaladas, entre outros factores associados ao grau de sensibilidade da população residente para a