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O profeta Neemias como profeta da reconstrução

No documento Ano I 1 / 2010 CURITIBA - PR (páginas 120-123)

CONSTRUINDO A CASA SOBRE UMA ROCHA

3. O profeta Neemias como profeta da reconstrução

No século V a. C. viveu no cativeiro da Babilônia o profeta Nee- mias, que depois reconstruiu a sua cidade natal, Jerusalém. Através da mensagem desse profeta contemplemos o que fez João Paulo II, e especi- almente tudo aquilo que é tarefa nossa, que Deus apresenta a todo cris- tão.

No cativeiro, Neemias foi copeiro na corte do rei persa. Esse deta- lhe é importante, porque significa que cada um pode e deve envolver-se na construção de novas estruturas da vida. Dos judeus levados à Pérsia, Neemias ficou sabendo da pobreza e da ignomínia em que viviam seus compatriotas na Jerusalém que havia sido destruída por estranhos. Ou- vindo os seus compatriotas, conscientizava-se da situação daqueles que haviam permanecido na pátria desonrada. Chorava e lamentava-se du- rante dias inteiros, jejuava e rezava – lemos no seu breve mas instrutivo livro. Esse tipo de comportamento era então algo de normal e não trazia prejuízo a ninguém, nem mesmo a um varão de Deus. Mas Neemias

conscientizou-se novamente do poder de Deus e das promessas feitas por Iahweh ao povo escolhido. Nessa difícil situação, quando parecia que não havia nenhuma saída, Neemias exclamava com zelo: “Ah! Iahweh, Deus do céu, o Deus grande e temível, que guarda a aliança e a misericórdia para com aqueles que amam e observam seus mandamentos, que teus ouvidos estejam atentos e teus olhos abertos, para ouvir a prece do teu servo. Dia e noite eu te suplico em favor dos filhos de Israel, teus servos (...). Eles são teus servos e teu povo que resgataste por teu grande poder e pela força de teu braço!” (Ne 1:5-6;10).

Dois conceitos-chaves são aqui importantes: “ouvir” e o povo, que Deus resgatou “pelo Seu grande poder e pela força de Seu braço”. Já no Livro do Gênesis, no primeiro livro da Bíblia, temos a garantia de que Deus ouvirá as preces dos homens. Mas ao mesmo tempo encontra-se ali um claro desejo: o homem deve observar os mandamentos divinos. A expressão “força de teu braço” nada mais é do que uma prova de que Deus libertou o Seu povo da escravidão do Egito. O atendimento e a sal- vação são dois fatos centrais resultantes da aliança de Deus com o ho- mem. Neemias sabe muito bem o que Deus fez pelo Seu povo. Isso lhe dá uma inquebrantável esperança.

O profeta atendeu à recomendação de Deus para reconstruir as muralhas de Jerusalém. Ele discute a sua missão com o seu patrão persa, que tem diante dele reflexos muito simpáticos, muito humanos. O rei permitiu que Neemias viajasse. “A mão benévola de Deus estava sobre mim” (Ne 2:8) – vangloria-se o profeta. Depois viaja a cavalo, a fim de iniciar a reconstrução da cidade natal destruída, que o Senhor lhe havia ordenado. Não era fácil, porque muita coisa havia sido arruinada. Arrui- nada tanto nas pessoas, nas consciências humanas e nos costumes como na opinião coletiva. Os concidadãos não acreditavam que o profeta esti- vesse preparado para isso. Apareceu até um falso profeta que quis fazê-lo desistir do cumprimento da sua missão. Mas Neemias não foi atingido por um tiro – como João Paulo II. Não lhe foi apresentada nenhuma fita cassete com uma gravação falsa – como a alguém outro. Apesar disso, o cansaço e a fadiga apoderavam-se dele cada vez mais. As pessoas com os mesmos ideais, com as quais tanto contava, exclamavam cada vez mais alto: “Decaem as forças dos carregadores, há escombros de mais; jamais chegaremos a reerguer a muralha!” (Ne 4:4). Mas o profeta não desani-

mou. Ouvindo as queixas de estranhos e dos seus, rezava: “Ouve, ó nosso Deus, como somos desprezados!” (Ne 3:33).

Neemias não se rendeu por um momento sequer. De um simples copeiro transformou-se em dirigente da terra de Judá. O entusiasmo que o acompanhou desde o início da missão jamais esmoreceu. Ele desmasca- rava a mentira e dirigia com eficiência os trabalhos. Em tudo dava o me- lhor exemplo de dedicação. Encarava a todos com coragem. O seu objeti- vo era reconstruir a cidade das ruínas, reconstruir as consciências e os costumes humanos. E fez o que havia planejado: realizou as mudanças exteriores, visíveis nas muralhas renovadas, e reconstruiu o interior hu- mano, o relacionamento do homem com Deus.

Foi dramático e muito humano o começo da missão de Neemias, mas os seus traços de caráter e a sua confiança em Deus saíram vencedo- res. Não se atemorizou com a pequenez de numerosos adversários. Pelo contrário – saiu ao encontro deles. Confiou nos seus colaboradores, não se deixou levar pela ira, não se queixou. Não o desalentou nenhuma difi- culdade. Ele soube superar as dificuldades, porque o Senhor sempre lhe dava a sugestão apropriada. Suportou tranquilamente as críticas, as zombarias e os sarcasmos.

Ele cumpriu a sua missão. Reconstruiu a cidade e renovou o po- vo. E a razão de ter conseguido isso, ele expressou nas palavras: “A mu- ralha ficou pronta (...) em cinquenta e dois dias. Quando todos os nossos inimigos o souberam e todas as nações (...) viram isso, pareceu-lhes uma grande maravilha e reconheceram que esse trabalho fora realizado graças a nosso Deus” (Ne 6:15-16).

Muitos dos que aqui se encontram presentes, muitos dos que re- zam juntamente conosco possuem em si muito do profeta Neemias. As palavras do profeta do Antigo Testamento a respeito da reconstrução da muralha podem ser relacionadas com a nossa atualidade. Todos compre- endem esta mensagem: A perfuração do poço foi concluída com suces- so... A universidade bem construída e organizada está servindo bem à sociedade... De outra forma não haveria tantos adversários.

No documento Ano I 1 / 2010 CURITIBA - PR (páginas 120-123)