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CAPÍTULO 2 O cenário mineiro: articulando discursos e disseminando termos na

2.1 O cenário político do Estado

2.1.2 O SIMAVE e o Choque de Gestão: planejamento estadual (2004-2007)

Em 2004, um novo plano foi elaborado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado (CDES), a partir de diagnósticos e estudos elaborados pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) com o intuito de programar ações de acordo com cenários traçados para Minas, a partir de uma matriz de combinação de incertezas, pautada no contexto nacional e nas variáveis que influenciam o estado mineiro. Os cenários foram desenvolvidos com vistas a responder a três questões: “Onde estamos?”, “Aonde pretendemos chegar?” e “Como chegar lá?”.

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Os programas gerados na política Escola Sagarana não incluem Programas estratégicos, como por exemplo, o Programa Bolsa-escola, o Programa de Formação Superior de Professores – Veredas, o Programa de Modernização Administrativa e Valorização do Pessoal da Educação e o Programa de Modernização Tecnológica da Administração Central; além de vinte e sete programas educacionais permanentes, dentre eles, o Programa Agenda da Paz, o Programa Travessia para o Futuro, o Programa de Educação Infantil, o Programa de Fortalecimento do Ensino Fundamental, o Programa Estadual do Ensino Médio e o Programa de Educação Profissional. (SEE/MG, 2001)

O diagnóstico “Onde estamos?” apontava para uma perda do dinamismo econômico, que inviabilizaria a competitividade do estado numa fase de incertezas. No tocante ao papel do estado em sua dimensão social, o diagnóstico apontava para um desenho de gestão caracterizado por um “estado regulador, planejador e coordenador de políticas sociais em vez de um estado responsável pelo provimento direto de bens e serviços” (PMDI, 2004-2007, p.20). Enfatizava ainda a perda da qualidade no ensino público quando comparado com outros estados, e sugeria novos modos de financiamento, inclusive de bens e serviços públicos, como as Parcerias Público-Privadas (PPPs).

Quatro cenários/possibilidades foram apresentados no diagnóstico “Aonde pretendemos chegar?” para o período de 2003 a 2020: I- Conquista do melhor futuro; II- Desperdício de oportunidades; III- Superação de adversidades; IV- Decadência e empobrecimento. No tocante à educação, o cenário I apontava para um elevado salto na escolaridade média da população, formada por um sistema eficiente, com altos níveis de equidade e orientado por padrões internacionais de qualidade. Nesse contexto, deveria haver uma ação colaborativa entre lideranças políticas, empresariais e da sociedade, aproximando o setor público e o privado, e a competitividade do Estado, com uma gestão predominantemente eficaz e eficiente. No cenário II o crescimento da escolaridade é inercial, com sistema dual, ineficiente e de baixa qualidade. No cenário III, tem-se o avanço acelerado da escolaridade média da população num sistema eficiente e com nível alto de equidade, como condição de superação das adversidades nacionais e internacionais. Finalmente, no cenário IV o crescimento da escolaridade é inercial num sistema educacional fragilizado. Daí ser caracterizado como “decadência e empobrecimento”.

A construção destes cenários levou em conta o contexto mundial caracterizado pelo fenômeno da globalização e de desterritorialização42 das nações envolvidas, e ao mesmo tempo, por processos de interação nos microespaços e pelas novas formas de articulação e de regulação. No cenário nacional, destacam-se como tendências passíveis de poucas mudanças, dentre outras, a redefinição do papel do Estado na provisão direta de bens e serviços, o amadurecimento político da sociedade, a essencialidade da educação para a competitividade e para a empregabilidade,43 a reestruturação produtiva e a interiorização do desenvolvimento brasileiro.

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Segundo Robertson (2002), a desterritorialização envolve o estado e uma gama de atores, em decorrência da troca de escalas (local e global) no interior da economia global.

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O conceito de empregabilidade pode ser definido como um conjunto de condições que garantiriam ao trabalhador a obtenção ou manutenção do emprego. Para ter uma boa empregabilidade, o trabalhador deve ter

Prioridades e estratégias foram elaboradas por lideranças da sociedade mineira e chefes do Executivo Estadual em resposta à questão “Como chegar lá?”, integrando uma carteira de 30 Projetos Estruturadores 44 intitulada Gestão Estratégica dos Recursos e Ações do Estado (GERAES), introduzindo a partir de então o programa “Choque de Gestão: pessoas, qualidade e inovação da administração pública”, proposto pelo plano de governo “Prosperidade: a face humana do desenvolvimento” para a visão de futuro desejável.

Este período corresponde à gestão do Partido Social Democrata Brasileiro (PSDB) entre 2003 e 2010, sendo governador por dois mandatos Aécio Neves e sucessivamente seu vice-governador, Antônio Anastasia.

Tal ambiente “desejável” prioriza o capital humano, a capacidade de induzir, coordenar e regular alianças e parcerias com o setor privado e municípios, sendo prioridade a educação para a qualidade do Ensino Fundamental e a universalização e a melhoria do Ensino Médio, tendo como premissa para as mudanças “desejáveis” a modernização da gestão pública por meio de programas focados em resultados, racionalização dos custos e empenho profissional.

O caráter estratégico dos projetos implica mudanças. Demandam a cooperação de várias áreas de governo. Estão sujeitos à cobrança mais intensa por resultados. Todos esses fatores criam obstáculos à implantação dos projetos. Por essas razões, esta deve ser realizada em ambiente de gerenciamento intensivo. Além disso, na fase de análise do conjunto de projetos, deve-se avaliar a complexidade do gerenciamento. Aspectos importantes a analisar: multissetorialidade, execução descentralizada, dispersão territorial, número de entidades envolvidas na implantação e experiência gerencial do órgão responsável. (PPAG 1, 2004-2007) O Choque de Gestão, segundo o PMDI, corresponderia a um novo modo de operação do estado, saneando as finanças públicas, emprestando maior eficácia devido ao aumento de receitas e de qualidade nos gastos, além da modernização da gestão pública através de ações como a adoção de novo modelo de parceria para a execução das políticas públicas, como a avaliação de desempenho individual e institucional, como a otimização e a modernização de sistemas corporativos, como o Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade (PMPQ) e como a reestruturação organizacional do aparelho do estado.

competência profissional, estar preparado para desenvolver diferentes tarefas e atividades, ter disposição para aprender continuamente e ser empreendedor. . Para mais detalhes ver Empregabilidade. In: Dicionário de trabalho, profissão e condição docente/Organizadoras, Dalila Andrade Oliveira, Adriana Maria Cancela Duarte, Lívia Maria Fraga Vieira. Belo Horizonte: UFMG/FAE, 2010.

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Os Projetos Estruturadores foram previstos como forma de garantir ações e recursos prioritários e padrões de gerenciamento baseados no planejamento e no controle de sua execução, o que resultou em sua revisão anual.

2.1.3 A introdução do SIMAVE como programa de governo no Choque de Gestão de