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Ao folhear pela primeira vez a publicação Legislação do Trabalho: polêmica e doutrina, da autoria de Antônio Manoel de Carvalho Neto (1926), minha primeira pergunta foi: onde estão as propostas de educação que deste texto quero extrair, para consubstanciar a tese proposta? Onde estarão as ações e pensamento de Carvalho Neto, nesta produção intelectual, capazes de me responderem se ali foram registradas propostas de educação? Como as ações de um político, desenvolvidas nas sessões do Congresso Nacional que refletiram sobre trabalho e legislação, podem ser compreendidas no seio do campo das pesquisas em História da Educação?

Em que pese a tais jargões acadêmicos reverberarem com insistência no corpo da presente pesquisa, foram eles que me fizeram alçar o corpo de “minha caça”. Na análise das preleções protagonizadas por Carvalho Neto, relator da Comissão responsável, em 1925, a apresentar o Código do Trabalho, documento que se transformaria na Legislação do Trabalho no Brasil. As falas e proposituras, reunidas em 350 laudas, foram escolhidas pelo autor e publicadas pelo Anuário do Brasil, Rio de Janeiro, em 1926. Formato em livro, capa dura, o conjunto dos discursos fora dividido pelo autor em três seções, as quais reuniram proposições de diversas sessões legislativas do Congresso Nacional, realizadas entre novembro e dezembro de 1925, cujas discussões se referiram sobre o Código do Trabalho, tema do qual Carvalho Neto fora relator; e traz, como centro do debate, a polêmica sobre o assunto, levantada, em alguns aspectos, pelo deputado federal, crítico literário, escritor, ensaísta, médico e professor Júlio Afrânio Peixoto (1876 – 1947).

O debate legislativo, objeto desta análise, fora configurado nas seguintes temáticas, conforme as discussões propositivas para o Código do Trabalho: Da duração do trabalho; Do descanso semanal; Do trabalho dos menores; Do trabalho das Mulheres; Das caixas profissionais de pensão; Das disposições especiais ao trabalho comercial; Da higiene e segurança do trabalho. Além das reflexões sobre o Código do Trabalho em questão, Carvalho Neto anexou à publicação Parecer sobre o Projeto n. 265 de 1923, emendas as quais se referem o Parecer, abordou as questões da Reforma da Constituição e o trabalho no Brasil, no que se refere às ações de Estado, relações entre indivíduo e Estado, imigração, povoamento, o poder e a polícia, bem como a educação dos “anormais”, que foi objeto de autoria daquele intelectual em 1921.

Figura 3 – Capa do livro Legislação do Trabalho: polêmica e doutrina (1926)

Para objeto de análise, nesta tese, foram selecionados os pontos da polêmica entre Afrânio Peixoto e Carvalho Neto sobre o Código de Trabalho, pelo que procurei extrair aquilo que poderia me fazer debruçar na relação estabelecida entre as proposituras do Código e a Educação. Desta forma, procurei formular ligação entre o projeto da Comissão e a fala do relator que desvelara uma legislação do trabalho pautada na linguagem jurídica, com argumentações extraídas da doutrina daquele campo e os contrapontos levantados pelo seu opositor.

Neste sentido, o debate circunscrito na publicação de Carvalho Neto contrapõe, em certa medida, de um lado um discurso que interpreta a legislação social sob as lentes da hermenêutica jurídica; e do outro o discurso do médico higienista, do professor catedrático e do literato. Dois debatedores que flamejam pontos de vista em perspectivas diferentes no sentido cultural, político e social; o que proporciona ao leitor compreender como aquele embate pode levá-lo ao entendimento dos significados que as lutas de campo podem ter para a História, ou que, por meio dela, transvertem como meio de difusão de formas de agir e ver o mundo, num determinado tempo e espaço social. Embora tenha destacado as duas falas; a do relator do Código do Trabalho e a do opositor, as lentes desta pesquisa se debruçaram e inclinaram os holofotes para o enunciado do relator.

Sendo Carvalho Neto um advogado de formação, nas proposições da Câmara Federal, o interesse daquele deputado federal nas questões sociais revestiu as manifestações em defesas feitas a partir do conhecimento no campo, a partir das referências abordadas, do repertório de ideias escolhido pelo autor. As referências, portanto, fizeram reverberar a quem filiada estava a Cultura Jurídica representada na obra de Carvalho. Dito de outra forma, de onde surgiam as ideias jurídicas evocadas por Carvalho Neto; pensadas na mobilização cultural brasileira que se convencionou chamar de modernidade29, porque trazia, para o cenário da vida brasileira, traços do pensamento europeu e norte-americano.

É preciso lembrar que os discursos localizam o homem no seu tempo. A obra de Carvalho Neto foi produzida na confluência de três fases de transição na História do Brasil. A ______________

29 Sobre as questões da modernidade no processo de formação do pensamento dos intelectuais brasileiros e o impacto que as ideias europeias tiveram para se configurar aspectos fundamentais na formação de uma cultura jurídica no Brasil, entre os séculos XIX e XX, podem ser considerados os trabalhos produzidos por Barreto (2015) e Mesquita (2015). Barreto (2015) estudou a apropriação do pensamento europeu por intelectuais como Tobias Barreto; o que deu àquele jurista de origem sergipana, a denominação de fundador da “Escola de Recife”, uma das faculdades que formou gerações de juristas e cunhou na história do Direito no Brasil, no século XIX, aspectos importantes da cultura alemã. Mesquita (2015) investigou um grupo de juristas da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (SP) e, por meio das teses doutorais daqueles intelectuais, analisou suas filiações teóricas, para compreensão da formação da cultura jurídica brasileira entre o século XIX e século XX. A leitura destas pesquisas se configura referência significativa para os estudos sobre pensadores do Direito no Brasil.

década de 1920 – a transição da chamada Modernidade brasileira –, a década de 1930 – a transição do autoritarismo do Governo Vargas, com o advento do Estado Novo, a partir de 1937 – e a transição democrática – após a derrocada do Estado Novo, em 1945. Nos três períodos elencados nos limites desta tese, foram configuradas as contribuições de Carvalho Neto para a Educação, tendo suas bases fincadas nas prerrogativas do Direito. Nos textos resultados das ações como deputado federal, nesta seção, pode-se colocar ênfase no sujeito político, legislador. Nos excertos objetos da segunda e terceira seções desta investigação, pode-se realçar a “mão do autor”, no sentido de escritor, a veia do literato.

Porém, na soma das fases do trabalho daquele intelectual sergipano, a verve do jurista, do homem douto e culto, flagra-se como condição principal de sua obra. É o advogado Carvalho quem fala. Mas não um advogado que leva na bagagem de sua trajetória o arcabouço técnico da profissão. Contudo, um advogado que já chegara às portas da Faculdade Livre de Direito com uma leitura extensa da literatura clássica europeia. Um causídico que, por seu alcance intelectual às interpretações doutrinárias, tornou-se um jurista que representou uma das referências culturais de seu tempo histórico. Carvalho Neto não apenas estudou, escarafunchou o pensamento da cultura jurídica brasileira em seu tempo e espaço social, mas se firmou como intérprete das Artes, com notável inclinação para a literatura, e se imbuiu de compromissos políticos e sociais. Aquele intelectual mediou problemas sociais, engajou-se na intervenção do Estado, ao mediar o diálogo e as lutas entre o trabalhador e os patrões. Carvalho Neto ajudou a República brasileira a estabelecer rumos para concretização das leis trabalhistas30, consolidadas na década de 1940, pelo trabalhismo de Vargas.

Em Legislação do Trabalho: polêmica e doutrina (1926) o próprio Carvalho Neto compreendeu as concepções representadas nos discursos publicados como tomadas de decisões necessárias para o desenvolvimento da Nação brasileira no contexto da industrialização, do desenvolvimento do comércio e das relações de poder exercidas entre o trabalhador e o empregador. Para aquele intelectual do Direito, haveria de se fixar e regular normas de conduta e ética entre patrões e empregados, a fim de se encontrar equilíbrio de ______________

30 Cf. Carvalho Neto, P., 1964; 1989. Numa biografia sobre o pai, Paulo de Carvalho Neto destacara o pioneirismo de Antônio Carvalho Neto nas questões da Legislação Social no Brasil. Cf. Carvalho Neto, 1926; 1932. Não foi apenas a publicação dos anais do Congresso Nacional sobre a Legislação Social, mas o que sobre ela fora matéria na imprensa que impele o estudioso a prestar atenção para a chamada ao “pioneirismo” na obra de Carvalho Neto. Sobre o tema do trabalhismo no Brasil, Cf. Gomes, 1988. Cf. Lira Neto, 2013. Sobre o trabalhismo no Brasil e sua relação com a modernidade dos anos 1920, especificamente, Cf. Pilagallo, 2009. Del Priore; Venâncio, 2010. Schwarcz; Starling, 2015. Estes autores abrem horizontes nas problematizações para as explicações culturais, econômicas, históricas, filosóficas, políticas e sociais que envolvem o processo de modernização brasileira e sua estreita relação com as questões do trabalho, desde a transição do trabalho escravo para o trabalho “livre”, ainda no Império, e as reformas realizadas na confluência do Brasil República.

forças nessas relações. O Estado haveria de ser interventor social ao modo das civilizações europeias. Existiria aí a propensão exagerada pela “imitação” de ideias, como redarguiu com insistência Afrânio Peixoto em sua célebre polêmica? Teria o Brasil que regular suas leis partindo de pontos da própria “realidade brasileira”? Às indagações de Afrânio Peixoto, Carvalho Neto propusera ver que as nações configuram seu modelo social e político a partir das referências e da circulação de ideias, dando a entender que a “imitação” poderia ser compreendida como apropriação daquilo que existia como bom exemplo para a conformação da organização da sociedade brasileira.

A circulação de concepções europeias e norte-americanas e a apropriação dessas para a configuração da sociedade brasileira, com vistas a produzir elementos constituidores de uma República, foram aspectos fundamentais para a análise em foco. Os pensamentos mobilizadores da civilização do Ocidente que marcaram o final do século XIX e metade do século XX, conduzindo-o a um modelo de modernidade, estão presentes com recorrência na obra de Carvalho Neto.

As referências que marcaram “o estilo e a língua” de Carvalho Neto, voltadas para as questões da modernidade, foram analisadas não apenas nos limites desta seção, mas também no estudo do livro Advogados: como aprendemos, como vivemos, como sofremos (1946) e do romance Vidas perdidas (1948); ambos objetos centrais desta tese. Há de se compreender que o processo criativo das ideias de Carvalho Neto no campo do Direito impregnou-se de formulações feitas por pensadores como Immanuel Kant31 (2013), que se apresentara para a chamada Idade Moderna como um dos críticos mais relevantes para os estudos sobre o conhecimento humano.

Embora Carvalho Neto não cite Kant diretamente, o leitor das suas obras jurídicas tem condições de estabelecer relação do pensamento do jurista sergipano com aspectos da argumentação do filósofo alemão, em relação à própria preocupação na produção do conhecimento, com vistas a características que marcam a tessitura do discurso argumentativo. Estes fatores são combinados com um dos aspectos mais marcantes na obra de Kant (2002), ______________

31 O filósofo alemão Immanuel Kant (1724 – 1804), um dos principais teóricos do conhecimento na/da Modernidade, foi considerado como um dos filósofos fundadores da moral e da ética social, um dos doutrinadores do pensamento jurídico moderno, tendo sido referência constante nos estudos do alemão Rudolf Von Ihering (1818 – 1892), para quem o Direito se constituiu num processo de luta regulador da ética humana. Estes dois pensadores foram, em grande medida, norteadores do processo de formação da cultura jurídica de homens que viveram o tempo de Carvalho Neto. Os indícios do legado daqueles pensadores se circunscrevem no conjunto da obra do jurista sergipano. A cultura jurídica conhecida na chamada Modernidade fora, como os testemunhos apontaram, a fonte na qual a cultura jurídica brasileira bebera daquele capital cultural e científico. Tal possibilidade tem se confirmado nos estudos desta tese e, em outros estudos brasileiros, na historiografia da educação, sobre a presença da Modernidade na configuração do pensamento jurídico brasileiro. Cf. Barreto; Mesquita; Nogueira, 2015. Cf. Carvalho, 1998; Carvalho, 2012; Vieira, 2007.

que fundamenta os princípios do entendimento kantiano sobre a moral como obrigação para o comportamento e ações do homem e a ética constituída a partir disso. Um dos indícios da circulação do pensamento kantiano na obra de Carvalho Neto está no fato de uma das referências utilizadas por aquele intelectual para a argumentação da compreensão sobre a doutrina do Direito ser tomada nos estudos de Ihering (1980) a fim de compor a linha de raciocínio que traduzisse o capital científico, cultural e social do jurista sergipano.

Os alemães, contudo, não foram os únicos a perfilarem o capital cultural, social e científico de Carvalho Neto na trajetória da configuração do habitus jurídico do intelectual brasileiro. Outros pensadores como John Locke (1978) e Montesquieu (1996) fizeram parte das leituras que Carvalho Neto, o qual possivelmente tenha adotado como fios condutores, não apenas para formulação de uma cultura jurídica, mas como pensadores tomados com vistas ao entendimento sobre o conhecimento humano.

Foram a Razão e os habitus – que impregnavam as formas dos homens e mulheres lerem o mundo e posicionarem-se diante dele, lembremos – os objetos de investigação privilegiados nos tempos modernos. A Razão, por sua vez, tomou lugar central nas temáticas que envolveram/envolvem as descobertas científicas sobre o homem e seu modo de pensar e agir. Recordo, entretanto, junto com Elias (1994), que a Razão de que aqui se tratou, refere-se a uma análise, cujo foco é o homem ocidental. É a partir deste lugar de produção que a tese aqui foi construída.

No que tange às proporções e os limites impostos nas contribuições de cada pensador sobre o entendimento do homem acerca de sua própria trajetória, é possível notar que, se para Locke (1978), as explicações sobre o conhecimento se dariam por meio da experiência e, portanto, não haveria para aquele filósofo britânico um conhecimento a priori que guiasse o ato de conhecer, para Kant (2002) existiria no ser humano uma base apriorística para a formação de seu conhecimento; por conseguinte, da Razão, como o ele poderia produzir o entendimento da vida. Em que pese às diferenças no ponto de partida para discussões acerca do pensamento liberal que alicerçou os fundamentos da Educação Moderna, foi possível compreender, na análise em foco, que os “ventos alísios” dessa modernidade tivessem pairado sobre o acervo da biblioteca de Carvalho Neto, como se pode observar nos diversos estudos realizados pela historiografia brasileira sobre os intelectuais da educação das gerações que viveram entre os séculos XIX e XX.

Em se tratando desta seção, as discussões engendradas pela densa documentação investigada, os registros encontrados no Memorial Carvalho Neto, sediado no Tribunal Regional do Trabalho / 2ª Região, bem como o depoimento do professor de Direito

Alessandro Buarque Couto, que tornou possível abordar a participação de Carvalho Neto nos assuntos do Direito do Trabalho, Direito Penitenciário e no processo de configuração da Cultura Jurídica do Brasil, tornaram possível e exequível confirmar os indícios de que aquele intelectual tivesse contribuído de forma expressiva para questões importantes da educação da sociedade brasileira, e pode ser considerado, por meio da História da Educação em Sergipe, como um dos pioneiros na busca de ações e reflexões que protagonizaram os rumos sociais, políticos e culturais do Brasil na primeira metade do século XX.

O percurso de Carvalho Neto foi compreendido, nesta investigação, na dimensão do Direito, da Política e da produção intelectual, e esses três aspectos não devem ser estudados de forma estanque nas pesquisas sobre aquele intelectual sergipano, mas sim, como observou Ibarê Dantas (2015), de maneira circunstanciada.

Não é possível abordar a trajetória do Carvalho Neto jurista, sem considerar o pensamento daquele cultor do Direito e seu envolvimento com a sociedade brasileira, sem levar em conta o lastro de seu capital cultural, social, capital científico, pois para ele próprio não haveria como delimitar fronteiras entre as ações dos homens e seu pensamento sobre o mundo no qual habita. Não haveria possibilidades de falar sobre Carvalho Neto escritor sem localizá-lo nos diversos lugares políticos por onde aquele intelectual passara.

Os discursos registrados por Carvalho Neto, bem como os testemunhos produzidos sobre aquele jurista, traduziram, em suas nuances e significações, não apenas a magia da verve literária, combinada com a sapiência doutrinária, mas também compromisso social, revelado de pronto na produção da memória, meticulosamente elaborada por aquele jurista ao longo de sua trajetória. Os testemunhos sobre as contribuições de Carvalho Neto também foram produzidos por contemporâneos daquele intelectual e diversos estudiosos da atualidade, conforme se fez ver nos limites da análise desta tese.

Nos discursos empreendidos por Carvalho Neto, objeto desta tese, impossível se empreender análise sobre a coerência e significações apenas por aquilo que o autor disse, conforme reflete Foucault (2006)32. Perquirir o autor é também estabelecer nexos entre o que ele fala ou escreve, o que e para quem publica e com quem se envolve, possivelmente, na publicação. Neste sentido, “que é o autor”, como bem problematiza Chartier (2014)33

, foi pergunta obrigatória para perscrutar a análise dos discursos de Carvalho Neto.

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32 Cf. Foucault, 2006, em relevante explicação sobre a natureza e as personificações do discurso, historicamente. 33

Cf. Chartier, 2014. Sobre as implicações e nexos que configuram a produção da noção de autor e o envolvimento da dessa com outros agentes sociais, como o editor e revisor. Chartier problematiza a complexidade que envolve a autoria, publicação e circulação de um texto.

Em se tratando dos discursos sobre Legislação do Trabalho (1926), objeto desta seção, não seria suficiente analisar o próprio autor, mas os atores, os sujeitos e agentes envolvidos nas temáticas levantadas. No interior das calorosas, enigmáticas, irônicas e engraçadas polêmicas entre Carvalho Neto e Afrânio Peixoto, foi possível vislumbrar uma espécie de embate entre o advogado e o médico, o representante da Academia Brasileira de Letras e o escritor que tivera obra intelectual reconhecida por aquela Casa, na década de 1940, mas não chegara a tomar assento em uma de suas cadeiras.

No duelo visitado, entretanto, Carvalho Neto ainda não havia escrito as obras que o fizeram reconhecido como homem culto do Direito. Mas a publicação dos anais do Congresso Nacional (1926) se constitui num indício significativo das possíveis intenções da produção de uma memória sobre o pensamento jurídico de Carvalho Neto, bem como teve elementos suficientes para se compreender a contribuição daquele intelectual na abordagem do Direito Trabalhista. Encontraram-se, pois, em disputa sobre o tema, na Casa do Povo, o médico professor que lecionou na Faculdade Livre de Ciências Sociais e Jurídicas do Rio de Janeiro, e o jovem jurista, que naquela Faculdade estudara.

No discurso do Congresso Nacional (1926), o cenário no qual foi possível vislumbrar disputas de campo, conforme nos ensina Bourdieu (2004), revelou imagens refletidas no lugar de cena da política nacional, num período de turbulências por que passava a chamada Primeira República brasileira. Num tempo em que as ideias republicanas tentavam dar lugar às antigas concepções do Império, num tempo em que a política brasileira tentava deixar para trás as marcas da República da Espada, como foram chamados os primeiros tempos republicanos. Num período em que o país vislumbrava dar adeus à Política dos Governadores e a indústria começava a despontar no cenário da economia brasileira, em tempo de revoltas tenentistas34, de urbanização, do surgimento de novas formas de trabalho, Carvalho Neto participara do interior daqueles debates e propusera, juntamente com outros políticos da