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Visando cumprir o terceiro objetivo, Identificar os modos de conversão e compartilhamento do conhecimento utilizados pelos Empreendedores Y, procedeu-se com o processo de categorização dos dados e posteriormente a análise e discussão dos resultados.

O processo de categorização se deu com a identificação das categorias, gerais, empíricas e subcategorias. Como categoria geral tem-se conversão e compartilhamento do conhecimento. A categorização das categorias gerais findou na categorização das categorias empíricas identificadas como modos, meios e ferramentas, que se subdividiram em um conjunto de subcategorias relacionadas aos seguintes conceitos: modos (socialização, externalização, combinação e internalização), meios e ferramentas (banco de dados, benchmarking, documentos ou repositórios de conhecimentos, feiras, fóruns e passeios, intranet, mapas do conhecimento, narrativas, portais coorporativos, redes, reuniões face a face).

O quadro abaixo foi elaborado para apresentar essa categorização.

Quadro 23 - Categorização do Objetivo Específico 3: Identificar os modos de conversão e compartilhamento do conhecimento utilizados pelos Empreendedores Y.

Categorias

Gerais Empíricas Subcategorias

Conversão e

compartilhamento do conhecimento: conjunto de processos que transformam e criam conhecimentos.

Modos: diferentes formas de conversão do conhecimento.

Socialização: conversão do conhecimento tácito para um novo conhecimento tácito. Cria conhecimento compartilhado.

Externalização: conversão do conhecimento tácito para o explícito. Cria

conhecimento conceitual. Combinação: conversão do conhecimento explícito em um novo conhecimento explícito. Cria conhecimento sistêmico.

Internalização: conversão do conhecimento explícito para o tácito. Cria o conhecimento operacional. Meios: formas de

propagação Formais: organizados previamente e já definidos Informais: espontâneos e voluntários Ferramentas: instrumentos e processos utilizados na conversão do conhecimento. Bancos de dados: é um depósito de dados relevantes, ou aparentemente não, que

dão suporte às informações das organizações.

Benchmarking: o benchmarking é utilizado porque conhecimento pode ser aprendido com os outros. Documentos ou Repositórios de conhecimentos: estão estruturados em conjuntos de conhecimentos armazenados principalmente em documentos escritos. Feiras, fóruns e passeios: nestes o objetivo é promover momentos de interação informais, fazendo com que os participantes circulem, conheçam pessoas, troquem experiências e ampliem a network.

Intranet: são redes privadas e completas que permitem o gerenciamento de informações necessárias à organização através de processo e protocolos de internet. Mapas de conhecimento: estes mapas buscam mapear os conhecimentos e suas respectivas fontes nas organizações.

Narrativas: narrar é contar histórias, experiências, contextualizadas.

Portais corporativos: trata- se de um sistema online centrado no usuário, integrando e divulgando conhecimentos e experiências de equipes e usuários.

Redes: dentro das empresas o conhecimento também pode ser gerado em redes informais e auto organizadas. Reuniões face a face: gerentes adquirem dois terços de sua informação e conhecimento nessas reuniões ou em conversas telefônicas.

De acordo com os dados coletados, todos os modos de conversão do conhecimento, apresentados na fundamentação teórica por Nonaka e Takeuchi (2008), sendo eles a socialização, a externalização, a combinação e a internalização, acontecem no locus da pesquisa.

Para o processo de conversão do conhecimento, algumas ferramentas podem ser utilizadas em meios formais ou informais com o objetivo de facilitar ou auxiliar a conversão (NONAKA; TAKEUCHI, 2008). O uso dessas ferramentas de compartilhamento do conhecimento também foi analisado.

As frequências de uso dos meios ou ferramentas no processo de compartilhamento do conhecimento também foram calculadas e transformadas no gráfico a seguir.

Figura 17 - Gráfico da frequência de uso das ferramentas de compartilhamento do conhecimento

Fonte: Elaboração própria (2013).

Nesse gráfico observou-se que todas as ferramentas apresentadas teoricamente são utilizadas pelos empreendedores. No entanto, uma ficou com frequência abaixo da média: documentos ou repositórios de conhecimento.

Os modos de conversão estudados foram socialização, externalização, combinação e internalização, conforme apresentados por Nonaka e Takeuchi (2008).

A socialização cria o conhecimento compartilhado. Para Nonaka e Takeuchi (2008), a socialização é a conversão de um conhecimento tácito em outro conhecimento tácito.

Esse modo é reforçado pela empatia entre os integrantes. O Papo de Universitário caracteriza- se também como um grupo de amigos trabalhando em equipe. Essa amizade e a afinidade de valores, favorecem a empatia entre os mesmos.

Quando observado o processo de socialização do conhecimento no locus, notou-se que, os participantes estão sempre interagindo e compartilhando experiências, especialmente em rodas informais de conversa. E todos eles reconhecem que sempre compartilham o conhecimento por meio da socialização, ou seja, por meio da observação, imitação, prática e conversas informais. E o entrevistado C diz que:

Compartilhando conhecimento, surgem mais opiniões, novas ideias (Entrevistado C).

Figura 18 - Reunião do Papo de Universitário

Fonte: Facebook do Entrevistado D.

Em seguida, foi observado o processo da externalização. Para Nonaka e Takeuchi (2008), esse processo sucede a socialização sendo desencadeado pelo diálogo ou reflexão coletiva significativos e permitidos pela articulação do conhecimento tácito.

A externalização é o processo mais cobiçado atualmente pelas empresas. No Papo de Universitário observa-se que a externalização acontece à medida em que os membros expõem suas experiências e práticas adquiridas ao longo dos anos de trabalho. Isso acontece, em sua maioria, quando o assunto é a organização de eventos como o demonstrado na figura a seguir.

Figura 19 - Foto do evento 3º Fórum de Jovens Líderes

Fonte: facebook de Marcos Rodrigues.

Nesses eventos, por de palestras principalmente, a externalização, proposta por Nonaka e Takeuchi (2008), é realizada, pois, em momentos como esses, os palestrantes expõem, verbalizam e transmitem de forma explícita o conhecimento tácito conquistado com suas experiências.

Dando sequência à espiral do conhecimento, surge a combinação. De acordo com Nonaka e Takeuchi (2008), esse modo é desencadeado pela rede de conhecimento criado recentemente e pelo acumulado em outros momentos. Ela combina dois conhecimentos explícitos e cristaliza- os em novos produtos, serviços e processos. Para o entrevistado:

A ideia é que o Papo conecte os pontos mostrando que as coisas [entre faculdade e mercado] fazem sentido (Entrevistado E).

Essa combinação foi percebida enquanto os entrevistados apresentavam conhecimentos explícitos e decidiam sobre os serviços que ofereceram nos eventos observados.

Por fim, eles chegam à internalização transformando conhecimentos explícitos em tácitos. Para Nonaka e Takeuchi (2008), a internalização é o aprender fazendo, é transformar um

conhecimento explícito em tácito criando o conhecimento operacional. Sobre isso, o entrevistado declara:

Você cresce com a sua experiência e o empreendedorismo é prática, é você aprender, errar e aprender. Então todo conhecimento sobre aquilo que a gente já passou, que a gente já viveu, é o que consegue dar certo no próximo empreendimento. E a gente tem que errar cada vez melhor (Entrevistado B). Nessa fala, o entrevistado evidencia a combinação idealizada por Nonaka e Takeuchi (2008) ao expressar a relação que os seus conhecimentos possuem com a prática, o aprender fazendo.

Sobre as ferramentas utilizadas para o compartilhamento do conhecimento, 10 delas (banco de dados, benchmarking, documentos ou repositórios de conhecimentos, feiras, fóruns e passeios, intranet, mapas de conhecimento, narrativas, portais corporativos, redes, reuniões face a face), apresentadas por Davenport e Prusak (2008), Tschá (2011), Nonaka e Takeuchi (2008), Angeloni (2008) e Garvin (1993), foram analisadas.

Em primeiro lugar, sendo apontadas como as ferramentas utilizadas com maior frequência estão as feiras, fóruns, passeios e narrativas. As feiras, fóruns e passeios têm como objetivo promover momentos de interação informais, fazendo com que os participantes circulem, conheçam pessoas, troquem experiências e ampliem a network (TSCHÁ, 2011).

O Papo de Universitário, pelo que foi observado e documentado, é reconhecido pelos fóruns e feiras que oferece para o mercado. O último evento realizado, o 3º Fórum de Jovens Líderes de Alta Performance do Nordeste, contou com a presença de 2.000 participantes. E, para os entrevistados, a participação nesses eventos são oportunidades fantásticas de aprendizagem para eles mesmos e para os demais participantes.

Já as narrativas referem-se a contar histórias, experiências, contextualizadas. Segundo Terra (2000), “narrar é uma abordagem bastante poderosa para comunicar iniciativas de mudança, de modo que as pessoas envolvidas sintam-se parte de uma empresa que está tentando chegar a um lugar melhor” (TERRA, 2000, p. 151).

Essas narrativas também foram apresentadas durantes os eventos acima citados, bem como em momentos de reuniões no dia a dia. Durante essas atividades, constantemente os integrantes do Papo fizeram uso de experiências pessoais para contextualizar exemplos em suas palestras e reuniões. Com isso, nota-se que eles aproximam-se do público ouvinte e geram empatia.

A figura a seguir representa uma foto tirada por print screen do site do evento.

Figura 20 - Banner para o 3º Fórum de Jovens Líderes

Fonte: site do Papo de Universitário. Disponível em:

<www.papodeuniversitarioa.com.br>. Acesso e m 15 nov. 2013.

Em seguida, apareceu o uso de benchmarking e intranet. O benchmarking é utilizado porque conhecimento pode ser aprendido com os outros. Segundo Garvin (1993), evidentemente, nem todo conhecimento vem de reflexões e autoanálises. Às vezes, os insights mais valiosos decorrem da observação do ambiente externo para o desenvolvimento de novas perspectivas. O termo mais abrangente para o processo é benchmarking.

Já a intranet são redes privadas e completas que permitem o gerenciamento de informações necessárias à organização através de processo e protocolos de internet, de maneira que os recursos de hipertexto contidos nelas permitem que se capturem algum conhecimento tácito dos especialistas, tornando-os explícito (ANGELONI, 2003; TSCHÁ, 2011).

O benchmarking é feito com as experiências acumuladas de outros empregos anteriores ou paralelos a atuação no Papo de Universitário. E a intranet apontada foi o aplicativo WhatsApp, o qual é utilizado diariamente para a comunicação entre os entrevistados.

O terceiro bloco de ferramentas utilizadas uniu portais corporativos, redes e reuniões face a face. Um portal corporativo trata-se de um sistema online centrado no usuário, integrando e divulgando conhecimentos e experiências de equipes e usuários (ÁVILA; FREITAS JÚNIOR, 2008). Sobre as redes, dentro das empresas o conhecimento também pode ser gerado em redes informais e auto organizadas. Os detentores do conhecimento unem de forma espontânea, ou por interesses próprios, motivados por interesses comuns e compartilham conhecimentos com o objetivo principal de resolver problemas em conjunto (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Entre as redes, as redes sociais têm se destacado neste contexto. Já nas reuniões face a face gerentes adquirem dois terços de sua informação e conhecimento nessas reuniões ou em conversas telefônicas (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).

O Papo de Universitário possui um portal corporativo que representa o site do empreendimento: <www.papodeuniversitario.com.br>. As redes são formais e informais. Entre elas, destacam-se as redes sociais: facebook e twitter. E as reuniões face a face acontecem na sede do empreendimento ou bares e restaurantes, no mínimo semanalmente.

No portal corporativo, conforme ilustrado a seguir, são compartilhados textos, notícias, vídeos, informações sobre o Papo de Universitário e eventos.

Figura 21 - Foto do site do Papo de Universitário

Fonte: Site do Papo de Universitário (2013). Disponível em : <www.papodeuniversitario.com.br>. Acesso em: 24 nov. 2013.

Figura 22 - Foto da fanpage do Papo de Universitário

Fonte: facebook/papodeuniversitario. Acesso em 25 nov. 2013.

Por fim, entre as ferramentas menos utilizadas pelos entrevistados estão os bancos de dados, mapas de conhecimento e documentos ou repositórios de conhecimento. Segundo Tschá (2011), banco de dados é um depósito de dados relevantes, ou aparentemente não, que dão suporte às informações das organizações. Em inglês é chamado de database.

De acordo com as observações que foram feitas, os bancos de dados formados por amigos das redes sociais e mailing list são utilizadas com mais frequência do que as apontadas pela maioria

dos entrevistados. Uma vez que os mesmos são utilizados diariamente na divulgação e promoção de eventos, sites e fanpage.

Na foto abaixo, conseguida por meio de um print screen da fanpage do Papo de Universitário, observa-se que o empreendimento já conquistou mais de vinte e sete mil curtidas. Isso representa que eles já contam, apenas nessa fanpage, com um banco de dados de 27.430 pessoas tendo acesso a todo conhecimento que é compartilhado por meio da mesma.

Figura 23 - Foto da fanpage do Papo de Universitário com destaque para o número de amigos que curtiram a página e têm acesso a tudo que é publicado

Fonte: Facebook/papodeuniversitario. Acesso em: 24 nov. 2013.

Sobre os documentos ou repositórios de conhecimentos, lembra-se que eles estão estruturados em conjuntos de conhecimentos armazenados, principalmente em documentos escritos. Podem ser de três tipos: conhecimento externo (inteligência competitiva); conhecimento interno estrutural, (relatórios, produtos, procedimentos e técnicas) e não estrutural; conhecimento interno tácito (o conhecimento que reside na mente das pessoas, e não é passível de mensuração ou de transferência para formas estruturadas de representação e armazenamento) (DAVENPORT & PRUSAK, 1998). Sendo assim, pode-se dizer que os mesmos têm por objetivo recolher, preservar e disseminar de forma sistemática, os recursos de conhecimento da organização (TSCHÁ, 2011).

Já os mapas de conhecimento buscam mapear os conhecimentos e suas respectivas fontes nas organizações, disponibilizando para todos os conhecimentos identificados e onde encontrá-los (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).

No estudo do Papo de Universitário, os mapas de conhecimento existem apenas na memória dos entrevistados, ou seja, ainda não foi produzido nenhum material sobre os mesmos. E os documentos ou repositórios de conhecimento, de acordo com as observações, de fato não são muito utilizados pelos entrevistados.

Após apresentar os modos e ferramentas utilizados pelos entrevistados, na próxima seção é apresentado o processo de criação dos empreendimentos desenvolvidos pelos jovens estudados, baseando-se na Teoria Visionária de Filion.