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O VERBETE ‘GENEBRA’ OU UMA SUGESTÃO POLÊMICA

A Carta a d’Alembert é uma resposta ao verbete Genebra, de modo que é de interesse acompanhar em linhas gerais o seu conteúdo. A descrição e avaliação da capital calvinista propostas pelo verbete estão longe de serem ofensivas. O texto mantém, na verdade, um tom predominantemente elogioso em relação à cidade que é considerada como uma das mais prósperas da Europa (2015, p. 155). Efetivamente, em mais de um momento d’Alembert compara o progressismo de Genebra frente à defasagem social francesa. Fica- se sabendo, por exemplo, que os genebrinos já utilizavam a vacina para varíola, enquanto os médicos franceses eram contrários a essa ideia. Os cidadãos podiam pegar livros emprestado na biblioteca pública, prática que não encontrava repercussão na França. Havia ainda uma Universidade gratuita, aspecto a partir do qual d’Alembert diagnostica o avanço social genebrino frente aos seus vizinhos monarquistas. O clero, algo que também mereceu destaque, respeitava o magistrado e não detinha poder político-econômico, mais um ponto positivo para a capital calvinista.

O verbete, mesmo assim, provocou muita polêmica entre os habitantes da cidade natal de Rousseau. Na verdade, causou sérios problemas para os editores da Enciclopédia, impulsionando em certa medida o afastamento de d’Alembert do empreendimento, menos pelos elogios que indiretamente criticavam a França do que pelo fato de afirmar que teria escutado, por parte de alguns pastores, opiniões muito semelhantes às de uma seita religiosa chamada de socinianismo. O que, na prática, significava que esses pastores rejeitariam os mistérios da escritura sagrada (2015, p.162) e, o que é igualmente problemático, alguns preceitos importantes do próprio Calvino. Em acordo com d’Alembert, o respeito por Jesus e o uso da bíblia seriam as únicas coisas que os afastaria de um deísmo puro. Pierre Bayle, no verbete Socin do seu Dicionário histórico e crítico, afirma que o adepto do socinianismo teria como característica negar a

95 divindade de Jesus, a trindade, a união hipostática, o pecado original e a eternidade das penas. Tudo se passava, aos olhos dos leitores da Enciclopédia, como se a igreja protestante calvinista permitisse importantes dissensos em seu seio, o que foi muito mal recebido entre os pastores. A classificação de ‘socinianos’ causou embaraço para eles, que chegaram a pedir oficialmente retratação ao governo francês. Reação em nada desproporcional, dado que Calvino havia condenado os participantes dessa seita como hereges, fato que tornava as afirmações do verbete muito comprometedoras. Entretanto, para Rousseau, o ponto mais grave do verbete, aquilo capaz de motivá-lo a escrever uma longa carta em forma de resposta foi o conteúdo, em nada religioso, de certo parágrafo, o vigésimo terceiro, reproduzido integralmente na Carta a d’Alembert:

A comédia não é permitida em Genebra. Não tanto por se reprovarem os espetáculos em si mesmos quanto por recear, segundo se diz, o gosto por adereços, pela dissipação e pela libertinagem, que as trupes de comediantes disseminam entre a juventude. Mas não seria possível remediar esse inconveniente com leis severas e bem executada, sobre a conduta dos comediantes? Desse modo Genebra teria espetáculos e costumes, e gozaria da vantagem de ambos... Genebra reuniria à sabedoria da Lacedemônia a polidez de Atenas. (D’ALEMBERT, 2015, p. 158).

A sugestão para que Genebra aceitasse em seu seio uma companhia de teatro pública, do tipo francês, algo interditado devido a uma lei do século XVII, estava baseada na ideia de que, como é afirmado na tréplica de d’Alembert a Rousseau, o teatro poderia ser uma escola de virtude. Isso significa que o enredo das peças seria arranjado de maneira a ser uma espécie de lição de moral colocada em ação ou, ainda, preceitos morais aplicados em exemplos dramáticos (2003, p. 216)40. Assim, a tragédia daria exemplos da grandeza da

virtude e dos insucessos conduzidos pelo vício humano, e a comédia, por seu

40 A reposta de d’Alembert a Rousseau compõe o dossiê apresentado no fim da Carta a d’Alembert, edição

96 turno, seria estruturada de modo a evidenciar o ridículo dos nossos vícios. Voltarei a esse ponto.

Quando Rousseau se contrapõe a d’Alembert dizendo que Genebra não se beneficiaria com a presença de um teatro, ele entra em uma discussão antiga em torno da função social dos espetáculos, apresentando, porém, uma perspectiva original e interessante, tanto em relação aos defensores do teatro, como é o caso de Marmontel, Voltaire e Diderot quanto dos detratores, por exemplo, Nicole e Bossuet.

*

A Carta a d’Alembert não é a primeira obra do filósofo genebrino, também não se trata da primeira polêmica da qual participou, porém temos diante de nós um texto capaz de guardar em si aspectos inaugurais dignos de nota. É, por exemplo, a primeira publicação de impacto depois de ter trocado a cidade de Paris, onde morou por alguns anos, pelo campo. Primeiro, ele se mudou para uma casa oferecida pela Madame d’Épinay e, após se desentender com ela, Rousseau vai, no dia 15 de dezembro de 1757, para uma pequena casa em Montmorency, no parque Mont-Louis, cujo belvedere se abria para o vale da cidade e o lago de Saint-Gratien41. Foi nessa propriedade onde ele redigiu

41Nota de cunho histórico: Rousseau se mudou para a Ermitage no dia 9 de abril de 1756 a convite da

Madame d’Épinay. Depois de haver se desentendido e rompido amizade com a madame ela deixa a propriedade para ir se instalar em Montmorency, em uma casa cujo proprietário era Jacques-Joseph Mathas, procurador fiscal do príncipe de Condé. Melchior Grimm escreve, em 1762, na Correspondência

literária, a propósito da estada de Rousseau na Ermitage: “Madame d’Épinay, tendo na floresta de Montmorency uma pequena casa em sua propriedade, ele [Rousseau] a solicitou por muito tempo para que ela lhe emprestasse a casa, dizendo que não lhe era mais possível viver nessa horrível Paris, e que ele não poderia ter outro asilo contra os homens senão a mata e a solidão (...) Ele tornou-se absolutamente selvagem. A solidão excitou sua cabeça e fez com que seu caráter se tornasse intransigente em relação a si mesmo e aos seus amigos. Ele saiu dessa floresta depois de dezoito meses em estado de desavença com todo o gênero humano. (TROUSSON, 2004, p. 86). O relato de Grimm faz parte do livro organizado por

Raymond Trousson, cujo título é Rousseau raconté par ceux qu’on vu. Vale dizer que 1758 marcou o fim da amizade de Rousseau com Grimm e Diderot. Note-se que, além disso, nas Confissões, especificamente no Livro VIII, Rousseau dirá que foi a madame d’Épinay quem o convenceu, depois de muito insistir, a morar em sua propriedade (1959, t. I, p. 396). Em relação a Melchior Grimm, pelo que se sabe, a partir de 1758 Rousseau passou a nutrir por ele forte aversão. Se Voltaire era considerado respeitosamente pela sua qualidade literária, ainda que Rousseau detestasse sua pessoa, e se Diderot, por sua vez, não era alvo de aversão, as coisas não se davam da mesma forma quando se tratava de Melchior Grimm. Em um interessante relato, datado de 1759, François Favre conta sobre um encontro com Rousseau: “Me pareceu

que ele [Rousseau] tinha certa indisposição (grief) para com Diderot e, particularmente, para com Grimm. ‘É um homem obscuro, ele disse, um ingrato. Entremos, senhores, contudo, que não falemos mais desse monstro, não quero que esse nome macule esta casa’.” (TROUSSON, 2004, p. 69\70). Jakob Wegelin e

Johann Schulthess, em carta, dizem que “Ele [Rousseau] nomeia Voltaire sem se perturbar (...)” e sobre Diderot, que “um estrangeiro que não o conhecia e que não conhecia Diderot, perguntou-lhe sobre o que

97 durante o inverno a Carta a d’Alembert. Talvez mera mudança de atmosfera, é verdade, mas o ato mesmo de escrever em um ambiente como o do interior tem sua relevância, visto que Rousseau percebe em Paris, enquanto cidade grande e centro cultural, uma influência importante e distinta do ambiente campestre no que diz respeito ao estilo de um autor42.

É nessa época, além disso, que ele rompe sua amizade com Denis Diderot, Madame d’Épinay, Grimm, além de se afastar da maioria de seus conhecidos do meio filosófico parisiense. No caso de Diderot, Rousseau acaba perdendo não só um amigo, mas um leitor participativo, ausência que teria impacto a partir de então no estilo dos seus textos. Ao lado de Diderot ele seria mais satírico e adepto de um estilo pesado43. Ainda sobre o aspecto inaugural

da obra, seguindo a reconstituição do contexto de composição tal qual aparece no Livro X das Confissões, estaríamos falando da primeira vez em que Rousseau encontrou alegria na confecção de um livro. A razão disso talvez esteja em parte

ele considerava desse homem célebre, teve como resposta: ‘Fui amigo desse senhor [Diderot], e cessei de sê-lo, algo que disse publicamente. É por isso que nada tenho a dizer sobre o assunto. Minha máxima é contrária àquela que se segue comumente. É que fazem parecer em público que são amigos de alguém para terem a liberdade de falar mal dele em segredo’.” (TROUSSON, 2004, p. 96).

42 Em carta escrita a Jacob Vernes, de 04 de abril de 1757, Rousseau fala sobre um poema em versos

alexandrinos escrito por um pastor genebrino de nome Jacques-Antoine Roustan. O ponto que me interessa é a afirmação segundo a qual os versos precisariam ser retocados e, caso Voltaire [que morava próximo a Genebra] não quisesse fazê-lo, o poeta só poderia encontrar alguém para ajudá-lo em uma cidade como Paris, exatamente porque “(...) há uma certa pureza de gosto e uma certa correção de estilo

que não pode ser alcançada na província apesar do esforço que se tente para tanto”. (ROUSSEAU, 2012,

p. 421).

43 Informação fornecida por Jean Fabre, no artigo Deux frères ennemis: Diderot et Jean-Jacques Rousseau

(1961, p. 165). Para Jean Guéhenno, em sua biografia intitulada Jean-Jacques, en marge de ‘Confessions’, Rousseau, na época da composição do primeiro Discurso, imitara o estilo de Diderot. (1962, p. 214). Especificamente sobre a minha afirmação segundo a qual Diderot seria um leitor participativo, me remeto à Correspondência Completa de Rousseau, organizada por R. A. Leigh. No dia 17 ou 18 de janeiro de 1757 Rousseau anuncia a Diderot sua visita e lhe pede que leia as duas primeiras partes da Nova Heloísa, cujo manuscrito havia sido anexado ao bilhete (ROUSSEAU, 1967, Correspondência Completa, p. 159). Em uma carta enviada dessa vez por Diderot, datada de 10 de março, ele convida Rousseau a visitá-lo em Paris e, dentre as coisas que eles poderiam fazer para passar o tempo, Diderot menciona a possibilidade de se deterem em uma obra em andamento, a Nova Heloísa. Lembro ainda a polêmica em torno da possível influência de Diderot em relação à posição defendida por Rousseau no Discurso sobre as ciências e as

artes. Para o que nos interessa, basta apontar que em outubro 1749 Rousseau visitou algumas vezes

Diderot em Vincennes, sua habitação forçada por curto tempo, fora de Paris, porque o autor da Carta

sobre os cegos havia sido preso em razão do conteúdo polêmico dessa obra. Caminhando sozinho em

direção à prisão, Rousseau aproveitou para ler o Mercure de France quando se deparou com a questão de Moral oferecida em forma de concurso pela Academia de Dijon para o ano de 1750: se o restabelecimento das ciências e artes teria aprimorado os costumes. Ao encontrar Diderot, Rousseau teria pedido sua opinião sobre qual partido deveria tomar. Para mais detalhes sobre esse episódio, ver o artigo de Lester G. Krakeur, intitulado Diderot’s influence on Rousseau’s first Discours (1937, pp. 398-404) e a Introdução assinada por François Bouchardy, presente nas Obras Completas, (1964, t. III, pp. XXVII-XLI).

98 ligada à mudança de ares proporcionada pela saída de Paris e, por que não, pelo zelo patriótico que impulsionou o gênio de Rousseau a contestar a sugestão de d’Alembert. Vale mencionar ainda, em relação ao estado mental do filósofo genebrino, a sua saúde fragilizada e a expectativa de morte que o preocupavam no momento em que redigia a Carta a d’Alembert44. Para Ourida Mostefai, trata-

se de uma obra cujo tom pessoal iniciaria o empreendimento autobiográfico rousseauniano (2003, p. 7). Eis, portanto, um texto diferente das produções anteriores pelo estilo discursivo, o tom biográfico, pelo humor do autor durante a composição e, também, pelo fato de não estar mais ligado ao círculo de filósofos parisienses.

Avancemos em nossa análise conduzidos por um movimento de caráter cronológico retrospectivo, isto é, deixemos por enquanto o ano da publicação da obra para voltarmos alguns meses no tempo, em dezembro de 1757, com o objetivo de investigar de perto mais alguns aspectos da gênese da Carta a d’Alembert, estratégia que se impõe por estarmos lidando com um texto de ocasião cujo aspecto circunstancial precisa ser determinado em sua correta dimensão. O ano é, portanto, 1757, e Rousseau, como já foi dito, havia se mudado de Paris para a Ermitage. A troca foi abrupta e causou impressão entre seus amigos. Era em Paris, efetivamente, que se encontravam os homens de gosto, literatos e os mecenas, era lá, enfim, onde se reuniam os pensadores e cientistas mais eminentes. Se Paris, como diz Marivaux, era o mundo inteiro, todo o resto não passando de um subúrbio, Rousseau se decide pelo isolamento45. Trocara, a seus olhos, o barulho, a lama e a fumaça de Paris por

um retiro distante dezesseis quilômetros da capital francesa, na cidade de Montmorency46. Foi onde, no dia 5 de dezembro, recebeu uma última visita de

seu até então amigo, o filósofo e editor da Enciclopédia, Denis Diderot.

Quem nos conta sobre esse encontro é o próprio Rousseau no já mencionado Livro X das Confissões, de modo que minha análise desse episódio

44 Em vários momentos da correspondência de Rousseau do ano de 1758 encontramos referências à sua

saúde debilitada, seja dos correspondentes pedindo por atualização sobre o seu estado de saúde, seja do próprio Rousseau descrevendo sua situação. Em uma carta endereça a Jacob Vernes, datada de 18 de fevereiro, o tom é de despedida (Correspondência Completa, 1967, pp. 32-35).

45 A referência a Marivaux foi tirada da biografia de Raymon Trousson, Jean-Jacques Rousseau: heurs et

malheurs d’une existence (1993, p. 71).

46 Ver o Livro IV do Emílio: “Adeus, pois, Paris, cidade célebre, cidade de barulho, de fumaça e de lama,

99 estará substancialmente atrelada à perspectiva de uma das partes envolvidas. Entre o que foi conversado pelos dois amigos me interessa, particularmente, a observação feita por Diderot a respeito de um novo verbete da Enciclopédia, ‘Genebra’, redigido por Jean le Rond d’Alembert47:

Na última visita que Diderot me fez na Ermitage, ele me falou do verbete ‘Genebra’, que d’Alembert havia colocado na

Enciclopédia; ele me explicou que esse verbete, acordado com

os genebrinos do alto, tinha por objetivo o estabelecimento de uma comédia em Genebra, que em consequência as medidas tinham sido tomadas e que esse estabelecimento não tardaria a acontecer. (ROUSSEAU, 1959, t. I, p. 494\495).

Essa bem que poderia parecer a temática de uma conversação despretensiosa, ainda mais se pensarmos em Rousseau como o redator de centenas de verbetes de música, além de um importante verbete sobre economia política para a Enciclopédia48. Todavia, a aparição do tomo sétimo do

empreendimento enciclopédico, contemplando a letra ‘g’, tem um verbete em especial dedicado à cidade natal de Rousseau responsável por causar forte repercussão na França e em Genebra49. Defendo que o comentário de Diderot,

47 Sobre a relação intelectual e fraternal entre Rousseau e Diderot, além de dados cronológicos sobre a

visita em que o verbete ‘Genebra’ é mencionado, ver o livro de Arthur Wilson, Diderot: the testing years

1713-1759, principalmente o Capítulo 19 (1957, pp. 247-259) e o Capítulo 22 (1957, pp. 291-306); ver

também o artigo já mencionado de Jean Fabre, intitulado Deux frères ennemis: Diderot et Jean-Jacques (1961). Recentemente foi publicado um compêndio de artigos, organizado por Franck Salaün, abordando a relação entre os dois irmãos inimigos, intitulado Diderot, Rousseau. Un entretien à distance (2006). Sobre a relação entre Rousseau e d’Alembert, ver o artigo de Raymond Trousson, chamado Querelles de

philosophes: Rousseau et d’Alembert (1994) e o artigo de John N. Pappas, Rousseau and d’Alembert

(1960).

48 René Hubert analisa em seu livro Rousseau et l’Encyclopédie (1928) a conexão entre a formação das

ideias políticas de Rousseau e sua relação com a Enciclopédia, seja do ponto de vista de sua participação como autor de verbetes – especificamente o verbete Economia política –, mas também de um ponto de vista mais polêmico, a saber, a explicitação de um Rousseau leitor crítico de verbetes como o Direito

natural, escrito por Diderot. Na verdade, René Hubert compara os textos do verbete e do Manuscrito de Genebra, especificamente o capítulo intitulado Sociedade geral do gênero humano, com o objetivo de

apresentar argumentos capazes de explicitar o fato de que Rousseau não era, como se achava, o autor do verbete Direito natural, o que ajudou a sanar a aparência de contradição entre o que afirma o verbete e o que é estabelecido no Manuscrito de Genebra, mas também em outras obras. Vale mencionar que os verbetes sobre música escritos para a Enciclopédia e a polêmica envolvendo o verbete Genebra, estopim responsável por dar vida à Carta a d’Alembert, não são tratados pelo autor.

49 Após a publicação do sétimo Volume da Enciclopédia seus editores tiveram muitos problemas,

basicamente em razão do verbete ‘Genebra’ e a afirmação de d’Alembert sobre os pastores genebrinos que, segundo ele seriam, em boa parte, socinianos (isso significaria, entre outras coisas, que eles não

100 tal qual relatado por Rousseau, tem algo de provocador. A publicação do verbete ‘Genebra’, como foi visto, teria sido acordada com o grupo de genebrinos da aristocracia chamado ‘gente do alto’, o que é uma informação importante, capaz de direcionar o modo como essa última visita deve ser interpretada. Esse grupo teria por objetivo, segundo o relato rousseauniano, ajudar no estabelecimento de uma companhia de comédia na cidade. Antes de prosseguirmos com a análise do episódio, detenhamo-nos nesse comentário por alguns instantes para fornecer algumas explicações de ordem histórica com a intenção de entender o motivo pelo qual o tom de Diderot poder ser entendido como provocador e, ao mesmo tempo, a reação de Rousseau frente ao novo verbete enciclopédico.

1.2 SOBRE A CIDADE DE GENEBRA: ENTRE A CATEDRAL DE SAINT-